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EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS
AULA 02 – INCORPORAÇÃO E CONDOMÍNIOS
EMENTA
“Incorporação aspectos históricos, breve apresentação do fluxo do processo dos
empreendimentos imobiliários. Procedimento técnico e registral da incorporação
imobiliária (Lei 4591/64). Patrimônio de afetação. Responsabilidades de construtor e
incorporador. Averbação de construção (aspectos práticos e técnicos).
Comercialização. Financiamento Imobiliário. Empreendimentos residenciais e
comerciais. Legislação esparsa pertinente. Incorporação/Condomínios e o Direito
Imobiliário. Análise de Casos Concretos.”
Ao longo do seu ciclo, constitui vínculos de uma extensa cadeia produtiva, que
inclui desde a indústria de insumos até fornecedores de produtos e serviços associados
à ocupação de imóveis residenciais e comerciais, influenciando diretamente na oferta e
melhoria das condições de infraestrutura, moradia e mobilidade urbana, produzindo
impactos sobre a produção, o emprego e a arrecadação de impostos em diferentes
setores e em todo país.
VOLUME DE MERCADO
Com base nas premissas a respeito do volume lançado e no VGV (Valor Geral
de Vendas*) médio, estima-se que o valor dos empreendimentos lançados pela
incoporação imobiliária entre 2008 e 2017 seja da ordem de R$ 1,131 trilhão
(média de R$ 113,2 bilhões ao ano):
ORIGEM HISTÓRICA
Na década de 1930, por conta da Revolução Industrial que ocorria nos grandes
centros urbanos brasileiros, a demanda por imóveis cresceu exponencialmente,
acelerando o processo de urbanização e provocando um aumento suntuoso na
quantidade de imóveis novos sendo construídos. O déficit habitacional decorrente do
êxodo rural levou a mudanças na construção civil, fazendo surgir cada vez mais
empreendimentos cuja principal característica era a superposição de unidades
imobiliárias em regime condominial.
1
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Condomínio e incorporações. 11ª ed., Rio de Janeiro: Editora Forense,
2014, pgs. 191-193.
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levar a termo o empreendimento. Obtém, então, opção do proprietário,
na qual se estipulam as condições em que este aliena o seu imóvel.
Feito isso, vai o incorporador ao arquiteto, que lhe dá o projeto. O
construtor lhe fornece o orçamento. De posse dos dados que lhe
permitem calcular o aspecto econômico do negócio (participação do
proprietário, custo da obra, benefício do construtor e lucro), oferece à
venda as unidades. Aos candidatos à aquisição não dá um documento
seu, definitivo ou provisório, mas deles recebe uma “proposta” de
compra, em que vêm especificadas as condições de pagamento e
outras minúcias. Somente quando já conta com o número de
subscritores suficientes para suportar os encargos da obra é que o
incorporador a inicia. Se dá sua execução por empreitada, contrata com
o empreiteiro; se por administração, ajusta esta com o responsável
técnico e contrato o calculista, contrata os operários, contrata o
fornecimento de materiais etc.
[...] Diante desta variedade polimorfa de atividades, era com efeito
impossível definir o incorporador dentro de fórmula tradicional das
figuras componentes de qualquer contrato típico. Ele é um
corretor, porque efetua a aproximação do dono do terreno com os
compradores; mas é mais do que isso. É um mandatário, porque
opera em nome do proprietário junto aos compradores. E porque
os representa junto ao construtor, aos fornecedores, etc. É um
gestor de negócios, porque, em todas as circunstâncias eventuais,
defende oficiosamente os interesses de seus clientes, de um e de
outro lado. É um industrial de construção civil. E às vezes um
banqueiro-financiador. É um comerciante. Um pouco de tudo.
2
CHALHUB, Melhim Namem. Da Incorporação Imobiliária. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.
3
GOMES, Orlando. Contratos. 26. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008. p. 549.
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importantes” fez surgir a tipificação do negócio jurídico denominado contrato de
incorporação imobiliária. Caio Mário Da Silva Pereira4 afirma que a falta de
regulação sobre a incorporação imobiliária fez surgir um cenário de completa
desproteção aos adquirentes de imóveis em construção. Conforme registra o ilustre
doutrinador, sequer a justiça sabia lidar com a falta de regulamentação sobre o
assunto:
"E foi precisamente porque faltava uma caracterização exata para a sua
atuação, como porque o negócio da incorporação não tinha a natureza
de um contrato nominado, é que não havia pronunciamentos seguros da
justiça a seu respeito."
CONCEITO DE INCORPORAÇÃO
A Lei nº 4.591/64 define o conceito de incorporação imobiliária no parágrafo
único de seu artigo 28:
Art. 28. (...) Parágrafo único. Para efeito desta Lei, considera-se
incorporação imobiliária a atividade exercida com o intuito de promover
e realizar a construção, para alienação total ou parcial, de edificações
ou conjunto de edificações compostas de unidades autônomas.
4
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Condomínio e incorporações, 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991, p.
234.
5
CHALHUB, Melhim Namem. Da Incorporação Imobiliária. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.
6
CHALHUB, Melhim Namem. Alienação fiduciária, incorporação imobiliária e mercado de capitais:
estudos e pareceres. Rio de Janeiro: Renovar, 2012, p. 241.
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imobiliários, quando celebrado esse negócio jurídico durante a
construção."
b) o construtor;
MODALIDADES CONSTRUTIVAS:
PREÇO DE CUSTO X PREÇO FECHADO
O art. 48 da lei 4.591/64 prevê que a construção pode ser contratada em dois
regimes, por empreitada ou por administração (ou “à preço de custo”), senão vejamos:
7
PENTEADO, Luciano de Camargo. Direito das coisas. 2. ed. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais,
2012, p. 461.
8
SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Direito Imobiliário – Teoria e Prática/Luiz Antonio Scavone Junior. 9ª
ed. ver. atual. e ampl. Rio de Janeiro: FOrene, 2015. p. 141.
9
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Condomínio e incorporações, 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p.
287/288.
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todavia, destaca que a influência das oscilações do custo da obra atrelada aos
episódios de problemas inflacionários da economia brasileira fizeram surgir outra
modalidade também relevante de construção, no regime de construção por
administração ou à preço de custo:
10
Art. 55. Nas incorporações em que a construção seja feita pelo regime de empreitada, esta poderá ser
a preço fixo, ou a preço reajustável por índices préviamente determinados.
§ 1º Na empreitada a preço fixo, o preço da construção será irreajustável, independentemente das
variações que sofrer o custo efetivo das obras e qualquer que sejam suas causas.
§ 2º Na empreitada a preço reajustável, o preço fixado no contrato será reajustado na forma e nas
épocas nêle expressamente previstas, em função da variação dos índices adotados, também previstos
obrigatóriamente no contrato.
§ 3º Nos contratos de construção por empreitada, a Comissão de Representantes fiscalizará o
andamento da obra e a obediência ao Projeto e às especificações exercendo as demais obrigações
inerentes à sua função representativa dos contratantes e fiscalizadora da construção.
§ 4º Nos contratos de construção fixados sob regime de empreitada, reajustável, a Comissão de
Representantes fiscalizará, também, o cálculo do reajustamento.
§ 5º No Contrato deverá ser mencionado o montante do orçamento atualizado da obra, calculado de
acôrdo com as normas do inciso III, do art. 53, com base nos custos unitários referidos no art. 54, quando
o preço estipulado fôr inferior ao mesmo.
§ 6º Na forma de expressa referência, os contratos de empreitada entendem-se como sendo a preço fixo.
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estrita observância dos critérios e normas referidos no inciso II, do artigo 53 da lei
4.591/64, sendo que as revisões da estimativa de custo da obra devem ser efetuadas
pelo menos semestralmente, em comum entre a Comissão de Representantes e o
construtor.
11
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito de Construir – 11ª ed. Ed, São Paulo: Malheiros, 2013, págs.263/264.
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FUNDAÇÃO. AGRAVOS RETIDOS.NÃO CONHECIMENTO (1) POR
AUSÊNCIA DE REQUERIMENTO EXPRESSO - ART. 523, § 1º, DO
CPC E (2) PELO PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE. HIPÓTESE
EM QUE HOUVE ANTERIOR INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO EM FACE
DA MESMA DECISÃO ORA AGRAVADA. APELAÇÕES.
PRELIMINARES. (A) PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA. NÃO
CARACTERIZAÇÃO NO CASO CONCRETO. INAPLICABILIDADE DO
PRAZO QUINQUENAL DO ART. 1.245 DO CC/16 E ART. 618 DO
CC/02. PRAZO DE GARANTIA E NÃO DE PRESCRIÇÃO, APÓS O
QUAL NECESSÁRIA A DEMONSTRAÇÃO DE CULPA. ART. 206, § 3º,
V, CC/02. AÇÃO AJUIZADA DENTRO DO PRAZO DE TRÊS ANOS
CONTADOS DA CIÊNCIA DOS DANOS. (B) LEGITIMIDADE PASSIVA
DOS REQUERIDOS. CONSTRUTORA E ENGENHEIRO QUE
RESPONDEM POR VÍCIOS NA CONSTRUÇÃO. (C) JULGAMENTO
ULTRA PETITA NÃO CARACTERIZADO.SENTENÇA QUE SE ATEVE
AOS LIMITES DO PEDIDO INICIAL. MÉRITO. DANOS MORAIS.
CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO QUE EVIDENCIAM O
DANO MORAL E NÃO MERO DISSABOR. DANOS AO IMÓVEL QUE
GERARAM DESCONFORTO E RECEIO QUANTO À HIGIDEZ E
SOLIDEZ DA MORADIA. DESGASTE EMOCIONAL E DISPÊNDIO DE
MESES NA TENTATIVA DE OBTER OS REPAROS
EXTRAJUDICIALMENTE. INDENIZAÇÃO DEVIDA. APELAÇÃO DOS
RÉUS NÃO PROVIDA E APELAÇÃO DA AUTORA PROVIDA. (TJ-PR -
APL: 13794713 PR 1379471-3 (Acórdão), Relator: Lilian Romero, Data
de Julgamento: 01/10/2015, 10ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ:
1678 28/10/2015)
Por fim, uma última distinção que se faz necessária entre tais
modalidades construtivas decorre da forma de “comercialização” das unidades e
o reflexo desta “comercialização” em relação ao momento em que se torna
necessário o registro da incorporação.
Nota-se que o legislador mais uma vez trata a incorporação imobiliária tendo
como premissa norteadora a de que os empreendimentos serão construídos com a
finalidade de comercialização, situação que se adequa perfeitamente quando a
modalidade construtiva adotada é a de construção por empreitada, mas que torna-se
imprecisa quando tratamos da construção por administração.
12
CHALHUB, Melhim namem. Memorial de incorporação - Notas sobre a Inexigibllidade de seu
arquivamento nas hipóteses que não configurarem atividade empresarial - RDI Edição 13 - Janeiro/Junho
de 1984 - Revista De Direito Imobiliário - Co-Edição Instituto De Registro Imobiliário Do Brasil Editora
Revista Dos Tribunais, pg. 46.
13
RIZZARDO, Arnaldo – Condomínio edilício e incorporação imobiliária. 4. Ed. rev. E atual. – Rio de
Janeiro: Forense, 2015, pg. 321.
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preço fixo”, e a aproximação de pessoas interessadas em integrar um grupo que se
responsabilizará pela execução do empreendimento, sistemática na qual se encontra a
construção por administração ou “à preço de custo”:
Ainda nesse mesmo sentido: REsp 114.071⁄DF, Quarta Turma, Rel. Min.
CESAR ASFOR ROCHA, DJ de 21⁄6⁄1999, p. 158; AgRg no REsp 244.625⁄SP,
Terceira Turma, Rel. Min. CASTRO FILHO, DJ de 25⁄2⁄2002, p. 376; EREsp 59.870⁄SP,
Segunda Seção, Rel. Min. BARROS MONTEIRO, DJ de 9⁄12⁄2002, p. 281
os
Altera as Leis n 4.591, de 16 de dezembro de 1964, e 6.766, de 19 de
dezembro de 1979, para disciplinar a resolução do contrato por
inadimplemento do adquirente de unidade imobiliária em incorporação
imobiliária e em parcelamento de solo urbano.
os
Art. 1º Esta Lei altera as Leis n 4.591, de 16 de dezembro de 1964, e 6.766, de 19 de dezembro
de 1979, para disciplinar a resolução do contrato por inadimplemento do adquirente de unidade
imobiliária em incorporação imobiliária e em parcelamento de solo urbano.
Exigências contratuais
“Art. 35-A. Os contratos de compra e venda, promessa de venda, cessão ou promessa de
cessão de unidades autônomas integrantes de incorporação imobiliária serão iniciados por
quadro-resumo, que deverá conter:
II - o valor da parcela do preço a ser tratada como entrada, a sua forma de pagamento, com
destaque para o valor pago à vista, e os seus percentuais sobre o valor total do contrato;
IV - a forma de pagamento do preço, com indicação clara dos valores e vencimentos das
parcelas;
VI - as consequências do desfazimento do contrato, seja por meio de distrato, seja por meio
de resolução contratual motivada por inadimplemento de obrigação do adquirente ou do
incorporador, com destaque negritado para as penalidades aplicáveis e para os prazos para
devolução de valores ao adquirente;
Neste ponto a lei trata de uma questão que já vinha sido debatida
pelos tribunais sobre a aplicação do direito de desistência em 7
dias para compras fora do estabelecimento comercial previsto pelo
art. 49 do CDC, e que vinha sendo discutida nos casos de compra
de imóveis em stands ou à distância. Vale o debate de poderia o
legislador flexibilizar a possibilidade do exercício do direito já
garantido por outra lei também vigente.
IX - o prazo para quitação das obrigações pelo adquirente após a obtenção do auto de
conclusão da obra pelo incorporador;
X - as informações acerca dos ônus que recaiam sobre o imóvel, em especial quando o
vinculem como garantia real do financiamento destinado à construção do investimento;
XII - o termo final para obtenção do auto de conclusão da obra (habite-se) e os efeitos
contratuais da intempestividade prevista no art. 43-A desta Lei.
§ 1º Se a entrega do imóvel ultrapassar o prazo estabelecido no caput deste artigo, desde que o
adquirente não tenha dado causa ao atraso, poderá ser promovida por este a resolução do
contrato, sem prejuízo da devolução da integralidade de todos os valores pagos e da multa
estabelecida, em até 60 (sessenta) dias corridos contados da resolução, corrigidos nos termos do §
8º do art. 67-A desta Lei.
14
Análise dos Efeitos Econômicos e Financeiros dos Distratos nas Compras de Imóveis Residenciais na
Planta sobre as Empresas Incorporadoras Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias -
ABRAINC Produto 2 - Relatório Técnico Final – 2ª Versão - 30 de outubro de 2017, disponível em
<https://www.abrainc.org.br/wp-content/uploads/2018/05/1932-17-Produto-2.pdf> acesso em 05/08/2019
às 14h.
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II - a pena convencional, que não poderá exceder a 25% (vinte e cinco por cento) da quantia
paga.
§ 1º Para exigir a pena convencional, não é necessário que o incorporador alegue prejuízo.
III - valor correspondente à fruição do imóvel, equivalente à 0,5% (cinco décimos por cento)
sobre o valor atualizado do contrato, pro rata die;
§ 12. Transcorrido o prazo de 7 (sete) dias a que se refere o § 10 deste artigo sem que tenha sido
exercido o direito de arrependimento, será observada a irretratabilidade do contrato de incorporação
imobiliária, conforme disposto no § 2º do art. 32 da Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964.
§ 13. Poderão as partes, em comum acordo, por meio de instrumento específico de distrato,
definir condições diferenciadas das previstas nesta Lei.
§ 14. Nas hipóteses de leilão de imóvel objeto de contrato de compra e venda com pagamento
parcelado, com ou sem garantia real, de promessa de compra e venda ou de cessão e de compra e
venda com pacto adjeto de alienação fiduciária em garantia, realizado o leilão no contexto de
execução judicial ou de procedimento extrajudicial de execução ou de resolução, a restituição far-
se-á de acordo com os critérios estabelecidos na respectiva lei especial ou com as normas
aplicáveis à execução em geral.”
Exigências contratuais
“Art. 26-A. Os contratos de compra e venda, cessão ou promessa de cessão de loteamento
devem ser iniciados por quadro-resumo, que deverá conter, além das indicações constantes do art. 26
desta Lei:
III - a forma de pagamento do preço, com indicação clara dos valores e vencimentos das
parcelas;
VIII - o prazo para quitação das obrigações pelo adquirente após a obtenção do termo de
vistoria de obras;
XI - o termo final para a execução do projeto referido no § 1º do art. 12 desta Lei e a data do
protocolo do pedido de emissão do termo de vistoria de obras.
II - o montante devido por cláusula penal e despesas administrativas, inclusive arras ou sinal,
limitado a um desconto de 10% (dez por cento) do valor atualizado do contrato;
§ 2º Somente será efetuado registro do contrato de nova venda se for comprovado o início
da restituição do valor pago pelo vendedor ao titular do registro cancelado na forma e condições
pactuadas no distrato, dispensada essa comprovação nos casos em que o adquirente não for localizado
ou não tiver se manifestado, nos termos do art. 32 desta Lei.
“Art. 35. Se ocorrer o cancelamento do registro por inadimplemento do contrato, e tiver sido
realizado o pagamento de mais de 1/3 (um terço) do preço ajustado, o oficial do registro de
imóveis mencionará esse fato e a quantia paga no ato do cancelamento, e somente será efetuado
novo registro relativo ao mesmo lote, mediante apresentação do distrato assinado pelas partes e
a comprovação do pagamento da parcela única ou da primeira parcela do montante a ser
restituído ao adquirente, na forma do art. 32-A desta Lei, ao titular do registro cancelado, ou mediante
depósito em dinheiro à sua disposição no registro de imóveis.
.............................................................................................................................................
o o
Brasília, 27 de dezembro de 2018; 197 da Independência e 130 da República.
MICHEL TEMER
Torquato Jardim
Eduardo Refinetti Guardia
RESPONSABILIDADES DO INCORPORADOR
Por outro lado, em paralelo aos direitos próprios dos consumidores, o Código
de Defesa do Consumidor também prevê que, nas relações de consumo, haja uma
harmonização dos interesses dos participantes. Ou seja, uma compatibilização da
proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e
Professor Danilo Borges Paulino.
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tecnológico do país, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem
econômica prevista no artigo 170 da Constituição Federal.
Sendo assim, o ideal é que haja por parte do incorporador, respeito às normas
legais e, sobretudo, aos direitos básicos dos consumidores, de forma tal que sua
atividade econômica possa evoluir adequadamente, gerando emprego e renda. Em
contrapartida, o Estado deve garantir que a proteção de direitos individuais não venham
a suplantar os direitos coletivos nem tampouco causem prejuízos ao desenvolvimento
econômico, afinal de contas, são as empresas que geram emprego e renda no país.
15
BENJAMIN, Antônio Herman V. MARQUES, Cláudia Lima. BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de
Direito do Consumidor. 3ª ed. ver. atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Triunais. 2010. pg. 103.
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SÚMULA Nº 83/STJ. INCIDÊNCIA. JULGADO DE ACORDO COM A
JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. 1. As razões do presente agravo
são totalmente dissociadas daquelas trazidas no recurso especial, de
modo que a inovação recursal impede o conhecimento do pleito. 2. Em
que pese o contrato de incorporação ser regido pela Lei nº
4.591/64, admite-se a incidência do Código de Defesa do
Consumidor, devendo ser observados os princípios gerais do
direito que buscam a justiça contratual, a equivalência das
prestações e a boa-fé objetiva, vedando-se o locupletamento ilícito.
3. O incorporador, como impulsionador do empreendimento
imobiliário em condomínio, atrai para si a responsabilidade pelos
danos que possam resultar da inexecução ou da má execução do
contrato de incorporação, incluindo-se aí os danos advindos de
construção defeituosa. (...) (STJ - AgRg no REsp: 1006765 ES
2007/0273156-9, Relator: Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA,
Data de Julgamento: 18/03/2014, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 12/05/2014) (grifos nossos).
16
STJ, AgRg no REsp 1006765/ES 2007/0273156-9, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira
Turma, julgado em 18/03/2014 e publicado em 12/05/2014.
17
STJ, REsp nº 1.560.728/MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino. Terceira Turma, data do
julgamento: 18/10/2016.
18
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que
haja intervindo nas relações de consumo.
Professor Danilo Borges Paulino.
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CONSUMO. CONFIGURAÇÃO. LEI DE INCORPORAÇÕES. 4.591/64.
NÃO AFASTAMENTO DA APLICAÇÃO DO CDC.PRINCÍPIOS DA
JUSTIÇA CONTRATUAL E DA BOA-FÉ. RECURSO CONHECIDO E
NÃO PROVIDO. 1. "(...) 2. Em que pese o contrato de incorporação
ser regido pela Lei 4.591/64, admite-se a incidência do Código de
Defesa do Consumidor, devendo ser observados os princípios
gerais do direito que buscam a justiça contratual, a equivalência
das prestações e a boa-fé objetiva, vedando-se o locupletamento
ilícito." (AgRg no REsp 1006765/ES 2007/0273156-9, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado em 18/03/2014 e publicado
em 12/05/2014). 2. Recurso conhecido e não provido. PODER
JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇAACÓRDÃO (TJPR - 7ª C.Cível -
AI - 1237143-2 - Região Metropolitana de Maringá - Foro Central de
Maringá - Rel.: Fábio Haick Dalla Vecchia - Unânime - - J. 31.03.2015)
(grifos nossos).
VICIOS CONSTRUTIVOS
19
Hely Lopes Meirelles in Direito de Construir – 9ª ed. Ed, Malheiros, 2005, págs.292/293
20
Idem.
21
Idem.
22
Idem.
Professor Danilo Borges Paulino.
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a execução de obras na unidade residencial dos autores, de modo a
fazer cessar alegado mofo. Cumprimento da decisão antecipada
reconhecida. Dano moral configurado in re ipsa, decorrente dos
defeitos observados na construção do imóvel, com repercussão sobre
o seu uso. (...) Publique-se. Brasília (DF), 22 de abril de 2015. (STJ -
AREsp: 688837 RJ 2015/0070820-5, Relator: Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, Data de Publicação: DJ 11/05/2015) (grifos nossos).
Assim, com base no estabelecido no art. 39 do CDC C/C com a ABNT NBR
15575, tem-se que a vida útil mínima das edificações adquiridas no âmbito do CDC
possuem garantias ainda mais longas que a de 5 anos prevista pelo art. 618 do Código
Civil.
23
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:
(...) VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas
expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);
Professor Danilo Borges Paulino.
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tem firmado o entendimento de que a progressão do vício dá azo a inúmeros vícios
ensejadores do dever de indenizar do fornecedor. Neste sentido:
Art. 722. Pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não ligada a outra
em virtude de mandato, de prestação de serviços ou por qualquer
relação de dependência, obriga-se a obter para a segunda um ou mais
negócios, conforme as instruções recebidas.
Deste modo, torna-se imprescindível que tal incumbência seja de fato satisfeita
plenamente pelo corretor, sob risco de ser responsabilizado pelos prejuízos decorrentes
24
Medina, José Miguel Garcia. Código Civil comentado/ José Miguel Garcia Medina, Fábio Caldas de
Araujo. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014.
Professor Danilo Borges Paulino.
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da falha em seu dever de informação, como vemos em inúmeros casos julgados pelos
tribunais pátrios:
FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO
FINANCIAMENTO PARA CONSTRUÇÃO
Programa MCMV - Minha Casa Minha Vida – Programa criado com aporte
significativo de recursos do Orçamento Geral da União no FAR – Fundo de
Arrendamento Residencial – e com recursos de financiamento do FGTS. A partir de
março de 2009, passou-se a financiar a produção e aquisição de habitação de interesse
social, destinando-se à aquisição da primeira moradia às famílias de mais baixa renda.
É um programa que conta com subsídios proporcionais à renda familiar e possui
parâmetros de atendimento regionalizados fixados em Lei.
1. Memorial de incorporação;
6. Certidões do imóvel;
12. Contrato-padrão;
6. CERTIDÕES DO IMÓVEL
O alvará será emitido pelo órgão próprio do município. Deverá estar com o
prazo de validade vigente.
12. CONTRATO-PADRÃO
PATRIMÔNIO DE AFETAÇÃO.
Seja por motivos de melhores práticas em termo de governança e
transparência na gestão econômico-financeira de uma incorporação, inclusive para
obtenção de financiamentos, seja para encontrar melhores alíquotas de impostos
Professor Danilo Borges Paulino.
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federais, muitos incorporadores vêm adotando o regime de patrimônio de afetação em
seus empreendimentos.
O núcleo patrimonial afetado também será afastado dos riscos assumidos pela
empresa que sejam estranhos à obra. Assim, por exemplo, os valores recebidos pela
venda das unidades não poderão ser usados para cobrir dívidas que não estejam
relacionadas ao próprio empreendimento.
INSTITUIÇÃO
Quando a afetação pode ser realizada: A afetação pode ser feita a qualquer
momento, seja concomitantemente à incorporação, seja posteriormente, até a
conclusão do empreendimento.
POSSIBILIDADE DE REEMBOLSO
VALOR DO TERRENO
DENÚNCIA DA INCORPORAÇÃO
LIQUIDAÇÃO DA INCORPORAÇÃO
CANCELAMENTO DA INCORPORAÇÃO
A Lei Federal 10.931 de 2004 instituiu o sistema especial tributário, o qual rege
as incorporações imobiliárias que adotem o patrimônio de afetação. A empresa que
adota o regime especial tributário encontra como vantagem um sistema de
recolhimento de tributo simplificado, com uma alíquota menor. A aderência ao regime
fiscal diferenciado necessita de algumas cautelas específicas como cadastro perante a
Secretaria da Receita Federal. Confira as peculiaridades do RET a seguir.
IMPOSTO REDUZIDO
FORMA DE PAGAMENTO
ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL
Direito – São Paulo (EPD). Concluiu o curso Contract X – From Trust to Promise to
Contract, sobre Direito Contratual, pela universidade de Harvard – EUA. Professor das
matérias de Contratos Imobiliários e Litígios Imobiliários das Pós Graduações lato
sensu em Direito Imobiliário e em Direito Notarial da Maringá-Pós, e da matéria de
Incorporação e Condomínios da Pós Graduação lato sensu em Direito Imobiliário,
Registral e Notarial da Unifil/Londrina. Presidente fundador da Comissão de Direito