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Arquitetura e Urbanismo – Planejamento e Controle de Obras

Prof. Eng. Civil Rodrigo Uczak

Capítulo 3
MODALIDADE DE OBRA PARTICULAR

2.1. OBJETIVO ESPECÍFICO: Ao término deste módulo você terá o conhecimento


sobre a modalidade de natureza de obra particular, seus conceitos, suas
particularidades e como deve ser conduzida o tratamento empresa/cliente e também
conhecerá as possibilidades de empreendimentos de condomínio e de incorporação
imobiliária.

2.2. INTRODUÇÃO

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Primeiramente para que haja um empreendimento, deve haver uma necessidade


construtiva, seja uma edificação, ruas e estradas, tuneis, praças, redes de
infraestrutura em geral ou qualquer outro objeto de construção. Esta necessidade
pode vir de aspiração individual ou coletiva. Todo este processo vai envolver sempre
no mínimo duas partes interessadas nestas obras, uma delas, o contratante, que vai
solicitar o trabalho por alguma necessidade, e a outra parte o contratado, que irá
fornecer o serviço para que supra a necessidade da outra parte.
Dependendo da natureza do contratante existirá formas especificas de se conduzir o
empreendimento, pois as necessidades iram ter finalidades de utilização diferentes.
Portanto podemos classificas estes grupos de natureza particular ou iniciativa privada
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e de natureza pública. As principais diferenças entre estes dois grupos é o processo


de seleção do contratado e claro o tipo de contratante.
No primeiro grupo, natureza particular, o contratante pode ser uma pessoa física ou
jurídica, mas sempre de iniciativa privada, onde terá independência da administração
do poder público, geralmente com necessidade de edificação de patrimônio, ou
investimento imobiliário, no qual vamos tratar neste modulo. O segundo grupo,
natureza pública, o contratante será órgãos públicos, de âmbito municipal, estadual
ou federal, onde a necessidade será de cunho coletivo, para o favorecimento e
melhoria de qualidade de vida da população, esta modalidade iremos abordar no
próximo modulo, entendendo todo o processo de contratação.
Nos dias atuais a modalidade de obras particulares, está em grande expansão, devido
principalmente ao crescimento do mercado imobiliário, crescimento este que também é
reflexo de incentivos do governo federal, aumentando e facilitando o credito imobiliário
para financiamento de pessoas com renda mais baixa. Outro fator é o financeiro, pois o
investimento imobiliário tem se mostrado muito rentável e de baixo risco, despertando
interesse de investidores. O crescimento da população e estabilidade econômica
promovida pelo plano Real, também é um dos fatores que contribuem com este aumento
do mercado imobiliário.
Apesar de crescimento ajudar muito o desenvolvimento do país, principalmente nas
questões financeiras e de empregos, existem ônus, pois também foi promovido a
especulação imobiliária, elevando os valores de imóveis acima de índices de valorização
normais e o aumento dos insumos da construção e de mão-de-obra. Muitos
especialistas em mercado financeiro, preveem ou especulam a possibilidade da
chamada bolha-imobiliária, onde em um cenário pessimista, haja o aumento da
inadimplência dos pagamentos dos financiamentos concedidos, havendo assim um
acumulo de imóveis no mercado, causando a queda brusca dos valores destes imóveis,
inviabilizando estes investimentos no mercado e por fim um reflexo negativo na
economia geral do país. Claro que isto é uma hipótese negativa, mas que faz parte do
mercado ser rigoroso quanto a escolha do imóvel, evitando a supervalorização destes
imóveis e de um maior cuidado no consentimento de credito, pelas instituições
bancarias, assim promovendo um crescimento verdadeiro e solido do setor.
Claro que estas questões financeiras não são o alvo de nosso estudo, mas faz parte de
você aluno, ter conhecimento que o seu objeto de trabalho na vida profissional de vocês,
está inserida num contesto maior, onde será afetado por interesse maiores.

Veja o vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=SNVabHIi34M
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2.3. CONCEITOS E DEFINIÇÕES NA OBRA PARTICULAR

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Podemos iniciar com a definição de obra particular, que podemos definir como a
realização material da área de engenharia e arquitetura, de tratamento livre entre duas
ou mais partes da iniciativa privada. Ou seja podemos dizer que toda obra particular
será tratada entre pessoa físicas ou jurídica e a empresa prestadora de serviço ou
pessoa física prestador de serviço. Outros interessados poderão entrar no processo,
como empresas sub-empreitadas pela empresa contratada para prestar serviços
específicos dentro do processo de execução. O objeto de contrato vai ter finalidade de
edificação ou melhoramento de patrimônio, também pode ter finalidade de investimento
financeiro, onde o contratante tem finalidade de obtenção de lucros com a venda ou
locação da edificação.
Podemos citar exemplos de edificação de patrimônio como a construção de moradia
própria, de edificações de fins comerciais, industriais, etc. Obras de investimento podem
ser prédios, condomínio horizontal, qualquer outro investimento imobiliário privado,
onde o contratante pretende obter lucros com a venda ou a locação destes imóveis.
O gestor de uma obra particular terá somente a prestação de contas com o interessado
contratante, isto é um facilitador pois não terá intervenção pública e toda a parte
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burocrática de obtenção de recursos. Como uma das características do gerenciamento


de obra particular e a possibilidade de se iniciar o serviço sem definições de algumas
etapas, podendo ter acréscimo de serviço ou execução de trabalhos não orçados
inicialmente, também é comum a mudança ou alterações do projeto inicial, pois a obra
idealizada pelo contratante, nem sempre será o que satisfará suas necessidades e
opiniões e gostos podem mudar ao longo da obra. Ou seja o gestor deve ter esta
flexibilidade em sua administração para a mudança ou acréscimo destes serviços não
acarrete em prejuízos ou atrasos, reavaliando o melhor rumo e adequações para a nova
situação.
Outros conceitos que teremos que conhecer será sobre as partes envolvidas na obra
particular. A primeira definição é o Objeto da Construção, que é a obra material certa
e determinada, como: Construção, Reforma, Ampliação ou recuperação de uma obra.
Em seguida podemos definir o conceito de Executor (Contratado), que é a pessoa
física ou jurídica habilitada para executar o objeto dentro do que foi combinado com a
outra parte. E finalmente o Beneficiário (Contratante), que é o Proprietário do terreno,
usuário ou outro interessado na execução da Obra, que tem a obrigação de pagar o
executor pelo serviço prestado.
As considerações até este ponto contemplam as obras da iniciativa privada com
proprietário único, até mesmo as obras de edifícios de múltiplas unidades de um único
contratante. Observe-se que não se deve confundir com contratantes múltiplos o caso
de uma empresa, clube, agremiação ou sindicato com muitos sócios ou membros e que
contrata obras, pois, ela é pessoa jurídica individual ou única.
Porem pode ocorrer casos que exigem estudo especial devido às características
próprias de sua regulamentação legal, sua dinâmica e seus processos. São os
empreendimentos que resultam em múltiplos proprietários de unidades autônomas na
mesma edificação. São os chamados condomínios e iremos tratar com mais detalhes
logo à frente do modulo.
Também existe casos onde a construção de unidades autônomas em planos horizontais
superpostos nos edifícios de muitos pavimentos deu origem ao novo tipo de
empreendimento chamado incorporação imobiliária, que também iremos tratar mais
especificamente ainda neste modulo.
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2.3.1. CONDOMÍNIOS

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O Código Civil de 2002 (Art. 1.231) suprimiu o termo “domínio” de seu texto substituindo-
o por “propriedade” indicando clara equivalência dos significados.
Relacionando-se os termos, “condomínio” significa, então, “compropriedade” ou
propriedade simultânea. O condomínio é o direito de propriedade de duas ou mais
pessoas sobre partes ideais de uma mesma coisa indivisa. É uma forma especial de
propriedade na qual o indivíduo não exerce seu direito com a exclusão dos outros; são
dois ou mais sujeitos que exercem o direito simultaneamente.
O Código Civil define o condomínio edilício, antes chamado condomínio de
apartamentos, também condomínio por andares, condomínio por planos ou condomínio
horizontal como uma modalidade específica de compropriedade em edifícios de um ou
mais pavimentos, construídos como unidades autônomas destinadas a residência,
comércio ou outra atividade humana.
Em cumprimento a um de seus objetivos, a NBR 12721:2006 da ABNT – Associação
Brasileira de Normas Técnicas – Avaliação de custos unitários e preparo de orçamento
de construção para incorporação de edifícios em condomínio – Procedimento provê um
melhor entendimento do conceito de unidade autônoma. A norma da ABNT apresenta
a definição de unidade autônoma como parte da edificação vinculada a uma fração ideal
de terreno, constituída de dependências e instalações de uso privativo e de uso comum.
As primeiras são de utilização reservada aos respectivos titulares de direito como, por
exemplo, salas, quartos e demais dependências e instalações internas de um
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apartamento. As dependências e instalações de uso comum são aquelas de utilização


por todos ou pelos titulares de direito das unidades autônomas, para sua fruição e
acesso a elas, como é o caso dos corredores e halls dos andares, áreas recreativas, de
manobras de garagens, prumadas elétricas, colunas de esgoto, etc.
Segundo Meirelles (2005) A fração ideal é o resultado do parcelamento do terreno. A
denominação resulta do fato de que tal cota não atribui ao proprietário “quinhão
demarcado no condomínio”. Na realidade, o titular é proprietário exclusivo das
dependências e instalações de uso privativo, podendo dispor delas, porém, é co-
proprietário das dependências e instalações de uso comum. As dependências e
instalações de uso privativo são um fim na edificação, mas as de uso comum são um
meio para o usufruto pleno das outras.
Assim, como já dito anteriormente, a necessidade de regulamentação e diminuição dos
riscos na construção dos condomínios deu origem ao novo tipo de empreendimento
chamado incorporação imobiliária, regulamentada basicamente pela lei 4.591/64.

2.3.2. INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA

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Incorporação, em sentido geral, consta dos dicionários da língua portuguesa como


reunião, agrupamento, inclusão, união ou ligação de uma coisa no corpo de outra ou
agrupamento, congregação de coisas ou pessoas para formação de um só corpo. No
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campo de direito civil aplicável aos imóveis, é o caso da acessão agregada a um terreno
passando-se a construir uma só coisa com finalidade única.
De acordo com a legislação regulamentadora, incorporação imobiliária, ou
simplesmente incorporação é definida como a atividade exercida com o intuito de
promover e realizar a construção, para alienação total ou parcial, de edificações
compostas de unidades autônomas, com proprietários múltiplos, na grande maioria dos
casos. Observe-se que incorporação não pode ser entendida como um tipo de projeto,
mas sim conforme conceituada pela lei, como uma atividade e, conforme Pereira (1994),
“... a incorporação de edifício é uma atividade mercantil por natureza...”. O autor
acrescenta ainda que seu promotor constitui uma empresa comercial imobiliária. Ora,
as empresas dessa natureza sempre produzem com o objetivo principal de obter lucro
e no caso da incorporação não é diferente. Assim, no campo dos negócios imobiliários
a expressão incorporação imobiliária significa a atividade de mobilização de fatores de
produção a fim de construir e vender, antes ou durante a construção, unidades
imobiliárias em edificações coletivas, denominadas condomínios, tudo mediante
procedimentos estabelecidos por leis gerais e específicas em vigência no país.
A alienação das unidades pode ser parcial ou total, mas, pelo menos uma unidade deve
ser alienada antes ou durante o período das atividades de construção para que o
empreendimento se caracterize como incorporação imobiliária.
Desta forma, algumas situações que ocorrem na prática da engenharia e dos negócios
imobiliários podem ocasionar certa dúvida ou até confundir o perfeito entendimento do
conceito de incorporação. Dentre as situações, são mais comuns:
- Quando o edifício inteiro é construído por uma pessoa ou empresa, proprietária ou
para terceiros, e as vendas são efetuadas somente após a conclusão das obras, não se
tem a tipificação de incorporação imobiliária, mas simplesmente compra e venda de
imóvel, ou imóveis prontos.
- Os casos em que se promove a construção de edifício sem a intenção de venda de
qualquer unidade autônoma antes do final da construção, mas, ocorrendo alteração nos
planos, por razões específicas, decide-se pela alienação de certo número de unidades.
Caracteriza-se então a incorporação imobiliária a partir da venda da primeira unidade
autônoma.
- Na situação anterior, não se alienando todas as unidades autônomas da incorporação,
as restantes vendidas após a construção constituem simples venda de imóveis, ou seja,
os compradores não foram adquirentes participantes da incorporação.
Se um grupo de pessoas, co-proprietárias de um terreno, constrói, à margem da lei
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4.591/64, um edifício de unidades múltiplas, cada um com sua unidade especificada,


para uso ou usufruto próprio, levando esse plano até o final da construção, tal
empreendimento não se classifica como incorporação, e está exposto a grandes riscos.
· Neste último caso, mesmo havendo alienação durante a construção por parte de um
dos proprietários de unidade autônoma, não fica caracterizada a incorporação. A
incorporação é obrigatoriamente constituída de agentes mínimos tais como o
incorporador e os adquirentes. O incorporador, em geral proprietário do terreno, que
poderá ser também o construtor, se habilitado, vende aos adquirentes as frações do
terreno para construção e entrega futura de suas unidades autônomas.
Como se pode depreender, a incorporação imobiliária também é popularmente
conhecida como o negócio de venda de imóveis “na planta”, no qual se presume haver
o objetivo primordial da obtenção de lucro, sendo, pois, uma atividade mercantil.
O projeto a ser concretizado na modalidade de incorporação imobiliária pode assumir
formas e portes diversos, como a construção de apenas um ou vários edifícios
verticalizados ou conjuntos de construções térreas ou assobradadas. Poderá ter
finalidades residenciais ou não-residenciais, como é o caso de edifícios de salas
comerciais para escritórios, consultórios, laboratórios e outros, ou ainda lojas
comerciais, como pode ser o caso dos shoppings centers, quando há vendas de lojas.
Uma incorporação sempre compreende, no mínimo, um edifício com mais de uma
unidade autônoma, podendo, como já mencionado, abranger grupos de edifícios. Para
esse último caso, a legislação vigente (Art. 6 da Lei n° 4.864/65) prevê que os conjuntos
de edifícios podem formar uma só incorporação ou pode-se estipular seu
desdobramento em várias incorporações individualizadas, dependendo dos interesses
e conveniências para determinação da estrutura mais apropriada para o
empreendimento, considerando-se os fatores de influência. Essa faculdade atende de
modo especial à necessidade de executar obras de grande porte, uma vez reconhecida
a dificuldade de execução simultânea de todos os edifícios do conjunto, por razões de
ordens estratégicas, econômicas, técnicas, administrativas ou gerenciais.
De fato, nem sempre é possível levantar, a um só tempo, os recursos financeiros para
a totalidade das construções, assim como o mercado consumidor pode também se
encontrar em momento de não absorver o grande número das unidades imobiliárias,
além do promotor da incorporação nem sempre ter disponibilidade suficiente de
recursos humanos satisfatoriamente adequados para as funções gerenciais e
administrativas. Pode ser também que, naquele momento, não seja estrategicamente
oportuna a aquisição de equipamentos necessários à execução de todo o conjunto de
obras. Em resumo, essa flexibilidade pode trazer uma série de benefícios aos
promotores dos empreendimentos de maior porte, tendo em vista que os fatores
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expostos acima podem estar presentes individual ou combinadamente, somando-se uns


aos outros.
As regulamentações de caráter legal e técnica das incorporações se constituem das leis
e normas a seguir, onde a 1ª é a fundamental e as demais lhe são complementares:
- Lei no 4.591, de 16 de dezembro de 1964;
- Lei no 4.864, de 29 de novembro de 1965;
- Lei no 9.514, de 20 de novembro de 1997;
- Lei no 10.931, de 2 de agosto de 2004;
- Lei no 11.101, de 9 de fevereiro de 2004 e
- NBR 12721:2006 - a ABNT, em atendimento ao prescrito na lei de 1964, provê
tratamento aos aspectos técnicos das incorporações imobiliárias.

2.4 SELEÇÃO E CONTRATAÇÃO DE OBRAS PARTICULARES

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Na modalidade de obra particular a seleção e contratação são feitas livremente, sem


regras ou normas definidas, conforme o interesse, necessidade ou conveniência do
contratante e do contratado. Nesta modalidade não há qualquer dispositivo ou órgão
legal que obrigue a se adotar procedimentos ou normas de seleção e contratação.
Portanto podemos dizer que a obra particular tem particularidades de ter a liberdade e
até informalidade de negociação entre as duas partes.
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Apesar desta liberdade, onde não há regras neste processo, existem certas rotinas que
são praticadas usualmente observando certos critérios, no qual podemos descrever
abaixo:

- Por comparação de preços: um tipo de concorrência dentre um grupo de construtores


igualmente habilitados e capacitados para produzir o mesmo padrão de qualidade de
obra. O contratante seleciona as empresas construtoras julgadas aptas para o serviço
e estas são consultadas a respeito do interesse em participar da concorrência.
Naturalmente, se todas são julgadas aptas, ganhará a que fornecer o menor preço para
a obra. Bastante aplicável ao caso de obras mais comuns e tradicionais sem inovações
tecnológicas ou sofisticação de acabamentos.

- Por livre eleição: seria a livre escolha de uma construtora já conhecida ou que o
contratante julga, após investigações e coleta de informações, ser apta a produzir o
padrão de qualidade desejado a um preço também compatível com sua expectativa.
Assim, não haverá concorrência entre construtoras, mas uma simples negociação de
ajustes da proposta do contratado, para que se obtenham condições que satisfaçam
ambas as partes. No caso, o quesito mais importante para o contratante é a qualidade
da obra e a reconhecida confiabilidade do contratado.

- Por concorrência de qualidade e preço: onde se leva em conta os dois fatores


simultaneamente. Normalmente este é, por exemplo, o caso de obras com
características especiais de tecnologia ou acabamento. O contratante selecionará as
construtoras concorrentes procurando conhecer o seu padrão de qualidade por visitas
a obras já executadas ou em execução, ou através de informações de antigos clientes.

Como podemos notar, todo o processo de seleção tem um item em comum, a coleta de
informações sobre a possível contratada, pois esta informação terá origem através de
consultas de antigos contratantes, ou pela observação de obras já realizadas. A procura
das empresas que desempenham o serviço com boa qualidade terá vantagens, pois
nem sempre o fator custo será o primeiro quesito a ser levado em consideração no
processo de seleção. Podemos dizer que este critério terá condições muito intimas, que
variará conforme os critérios de cada contratante. Ou seja empresas que tem um
histórico de prestação de serviço de qualidade e de satisfação, terá preferencia e poderá
impor valores mais interessantes para empresa contratada. Por isso o estabelecimento
no mercado de empresas do ramo da construção civil e difícil, pois sempre será uma
disputa entre baixo custo e qualidade.
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2.5 TIPOS DE CONTRATOS

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Apesar da possibilidade do serviço ser realizado sem formalizações legais, podemos


classificar alguns tipos de contratos que podem ser realizados em obras particulares,
que tem a função de combinar os termos e condições de serviço e pagamento dos
empreendimentos da iniciativa privada.

2.5.1 CONTRATOS DE CONSTRUÇÃO POR EMPREITADA

O empreiteiro (CONSTRUTOR - pessoa física ou jurídica legalmente habilitada), com


autonomia na condução dos trabalhos, calcula e assume todos os encargos econômicos
do empreendimento, oferecendo ao contratante um produto de preço fixo (reajustável,
em regimes inflacionários). Pode ser contratado somente pela mão-de-obra.
O proprietário (contratante) paga um preço fixo unitário ou global, previamente
combinado entre as partes, para receber a obra pronta de acordo com as condições do
contrato (especificações, prazo, condições de pagamento, etc.).
Formas de pagamento:
− PREÇO GLOBAL, podendo o pagamento ser dividido em várias vezes.
− PREÇO UNITÁRIO - pagamento de acordo com medição do que foi executado.
− SÉRIES - preço por partes em que for dividida a obra (fundação, estrutura, etc.).

Obrigações das partes:


− EMPREITEIRO - obrigado a cumprir o contrato e executar fielmente o projeto.
− PROPRIETÁRIO - obrigado a pagar ao empreiteiro o combinado e receber a obra
concluída, quando estiver de acordo com o projeto e o contrato.
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O construtor poderá subempreiteira a obra ou parte dela, sem se isentar das


responsabilidades contratuais e de encargos legais da profissão. O mesmo princípio
vale para projetos estruturais e projetos de instalações mas não vale para projeto
arquitetônico.

2.5.2 CONTRATO DE CONSTRUÇÃO POR ADMINISTRAÇÃO

É aquele em que o construtor se encarrega da execução de um projeto (obra) mediante


remuneração fixa ou percentual sobre o custo da obra, correndo por conta do
proprietário todos os encargos financeiros do empreendimento.
O administrador (construtor) e um executor dependente das deliberações do dono da
obra no que se refere ao andamento da obra, ressalvada a parte técnica, que e sempre
de responsabilidade exclusiva de profissionais habilitados.
Os custos são aqueles necessários para se atender ao projeto e suas especificações,
sem um preço global inicial fixo. O administrador não se obriga a executar a obra por
um preço certo e determinado. O custo deverá estar dentro de certos limites conhecidos
e previsíveis no meio técnico e no mercado (custo/m2 para determinado padrão de
acabamento).
Em ambos os tipos de contrato, o contratado pode se isenta da compra ou fornecimento
de material, deixando o contratante com esta obrigação de fornecer recursos,
dependendo do administrador somente gerir o andamento da mão de obra e somente
administrar os insumos da construção, sem se envolver na sua compra.

SUGESTÃO DE LEITURA

Leia os textos a seguir:


Artigo publicado por Eduardo Quiza, publicado em 30 de Abril de 2014. disponível em:
http://incorporacaoimobiliaria.com/2014/04/30/estudo-indica-que-consumidores-estao-
dispostos-a-pagar-mais-por-imoveis-que-apresentem-inovacoes-tecnologicas/

Texto do palestrante Guilherme Machado, título, O Estouro da bolha e o mercado


imobiliário em 2014, publicado em 26/03/2014, disponível em:
http://www.guilhermemachado.com/estouro-da-bolha-imobiliaria-e-mercado-imobiliario-
em-2014/
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Artigo publicado por Eric Bomfati e Maclovia Corrêa da Silva, disponível em:
http://revistas.utfpr.edu.br/pb/index.php/revedutec-ct/article/viewFile/1141/738

2.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em obras de natureza particular, o fator custo/benefício será um dos maiores


parâmetros, para avaliar a viabilização de qualquer empreendimento, mesmo que seja
para uso pessoal do contratante, pois é desejo de todos de ter a melhor qualidade de
vida, com o mínimo custos possíveis e por outro lado, também o empreendimento de
investimento, tem como meta reduzir custos de execução, sem perder a qualidade, pois
assim aumenta a sua margem de lucro sobre o empreendimento que tem seu preço de
venda ou locação estabelecido pelo mercado imobiliário e não por margem estipulada
pelo investidor.
Assim podemos fazer uma ligação com o assunto tratado no módulo anterior e com o
assunto deste módulo, pois a garantia desse retorno financeiro ou de viabilidade do
projeto, vai depender muito de toda a parte de planejamento e controle de obras. Como
já estudamos no modulo anterior, nós vimos que um bom planejamento e um bom
controle de obras aumenta a eficiência de serviços, a continuidade de tarefas e a
redução de desperdício e retrabalhos, garantindo menor custo de execução.
Então podemos concluir que o conhecimento de todas as particularidades do mercado
da construção civil, dos fatores que interferem neste mercado e fundamental para o
planejamento inicial e estudos de viabilidades de qualquer empreendimento da iniciativa
privado, sendo assim o papel fundamental do profissional responsável pela elaboração
deste planejamento para o sucesso do empreendimento e satisfação dos clientes.
Agora que pudemos entender melhor sobre a modalidade de obras particulares, solicito
que faça a atividade proposta. No próximo módulo iremos abortar sobre a outra
modalidade de obra, de natureza pública, sua forma de seleção e contratação, a
legislação que rege todo o processo destas obras e entendimento de como administrar
os recursos. Bons estudos!

2.7 REFERÊNCIAS

Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964. Dispõe sobre o condomínio em edificações


e as incorporações imobiliárias. Diário Oficial da União de 21 de dezembro de 1964.
Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4591.htm. Acesso em
21/07/2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12721:2006. Avaliação


de custos unitários de construção para incorporação imobiliária e outras disposições
para condomínios edilícios - Procedimento. Rio de Janeiro, 2006.
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FERREIRA, M. L. R. Gestão de Contratos de Construção e Montagem Industrial.


Niterói:
Editora da Universidade Federal Fluminense. 2004. 87 p.

CHALHUB, Melhim Namem. Da Incorporação Imobiliária. 2ª ed. Rio de Janeiro:


Livraria
Editora Renovar. 2005.

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