Você está na página 1de 17

Machine Translated by Google

Aletheia 30, p.10-26, jul./dez. 2009

O cérebro, mapa itinerante


Omar Parra Rozo

Resumo: O presente trabalho é orientado para a relação estética que deriva das conexões
cerebrais das relações neuronais. Propõe que a rede cerebral complexa é um mapa cujos
dispositivos que quebramos que nos fazem pensar, sentir e mover, apenas aqueles que se
perdem pelo caminho ou aqueles que atingem a meta sem aviso prévio. Os dois órgãos dos
sentidos presentes na relação entre a realidade interna e o contexto externo deixam claro
que nada se encontra no intelecto se não tivesse passado por eles antes. O trabalho com “a
coar”, como exemplo de percepção, sob três pontos de vista diferentes, leva à reflexão sobre
as múltiplas possibilidades do cérebro, as infinitas possibilidades de combinação e os
diversos elementos criativos que nos possibilitam sobreviver ou fazer humanos . A complexa
estrutura do cérebro com seus milhares de neurônios e suas infinitas conexões é
frequentemente comparada de forma metafórica, com uma rede telefônica, com um maquinário
intrincado e com várias semelhanças. No presente artigo, compara-se com um mapa e uma
carruagem percorridos por narrativa, estética e ciência.
Palavras-chave: Mapa, mapa cerebral, operações mentais, cor, modelos.

O cérebro, um mapa itinerante

Resumo: Este trabalho está mais voltado para a relação estética que emerge das conexões
cerebrais do que para as relações neuronais que ocorrem neste órgão. Propõe-se que a
intrincada rede cerebral é um mapa, cujos dispositivos que conduzem o percurso que faz
pensar, sentir ou agir, são os mesmos que se perdem numa curva do caminho ou que chegam
ao destino sem aviso prévio. Os órgãos dos sentidos presentes na relação entre a realidade
interna e o contexto externo nos lembram a premissa de que nada se encontra no intelecto
se não tiver passado previamente por eles. Trabalhar com a “cor”, como exemplo de
percepção, sob três pontos de vista diferentes, leva à reflexão sobre as múltiplas
possibilidades do cérebro, as infinitas possibilidades de combinação e os diversos elementos
criativos que tornam possível a sobrevivência e a sobrevivência. A complexa estrutura do
cérebro com seus milhões de neurônios e conexões infinitas é muitas vezes comparada
metaforicamente a uma rede de telefones, maquinário intrincado e vários símiles. Neste
artigo ela é comparada a um mapa e uma estrada margeada por narrativa, estética e ciência.

Palavras-chave: Mapa, mapa cerebral, operações mentais, cor, modelos.

O cérebro, um mapa em movimento

Resumo: Este trabalho tende a mostrar uma relação estética que vem das conexões cerebrais
com as relações neuronais que ali acontecem. Mostra que a intrincada rede cerebral é um
mapa, cujos aparelhos que percorrem o caminho que cria pensar, sentir ou agir são os
mesmos que se perdem em uma curva do caminho ou os que chegam à linha de chegada
sem perceber. Os órgãos dos sentidos que estão na relação entre a realidade interna e o
contexto externo, lembram a premissa de que nada do que está na mente se já não tiver
acontecido sobre eles. O trabalho com “a cor”, como exemplo de percepção, a partir de três
diferentes pontos de vista, leva à reflexão sobre as múltiplas possibilidades cerebrais, as infinitas possibilidades de combinação e o

10 Aletheia 30, jul./dez. 2009


Machine Translated by Google

tornar possível o sobrevivente e as rotinas humanas diárias. A complexa estrutura cerebral com seus
milhões de neurônios e infinitas conexões costuma ser comparada com uma rede telefônica, maquinário
complexo e comparações diversas. Neste artigo, ela é comparada com um mapa e uma estrada
margeada pela narrativa, a estática e a ciência.
Palavras-chave: Mapa, mapa cerebral, operações mentais, cor, padrões.

Que o cérebro é altamente diferenciado é claro: existem centenas de pequenas áreas


cruciais para todos os aspectos da percepção e do comportamento - desde a
percepção de cores e movimento até, talvez, a orientação intelectual de um indivíduo.
O milagre é como eles cooperam e se integram na criação de um eu. Este, de fato, é o
problema, a questão última da ciência neurológica, e não pode ser respondido, mesmo
em princípio, sem uma teoria global do funcionamento do cérebro que seja capaz de
mostrar as interações em cada nível, desde os micropadrões de respostas individuais
caminhos neurais para os grandes macropadrões da vida que levamos.

(Oliver Sacks)

Introdução

Em escrito anterior1 afirmei que existe uma série de operações mentais básicas com as
quais o ser humano enfrenta o contexto, capta a realidade e dela se apropria2 . Tal série determina
a forma de conhecer, entender, analisar, sintetizar, emitir juízos de valor, agir e sentir; execuções
cerebrais que se referem à forma como percebemos o mundo e o abordamos: estabelecemos
relações, selecionamos, integramos e associamos, temos a capacidade de reagir, registramos
experiências, combinamos crenças, valorizamos e representamos. Nessa perspectiva, temos
consciência de que o homem se apropria da realidade, no sentido expresso do termo apropriação:
captar, tomar, adquirir, interpretar, compreender, enfim, tudo o que deriva de uma mente racional,

1 No artigo Pensando e sonhando, Parra (2003) mostra que o homem é um ser que aprende graças às
suas operações mentais de relacionamento, seleção, associação, reação e registro. Da mesma forma,
que o cérebro é muito mais complexo do que uma máquina lógica, pois é capaz de imaginar, sonhar
e criar. Também reflete sobre as múltiplas conexões estabelecidas entre os neurônios, que constituem
a ferramenta com a qual podemos nos comunicar com outros seres e compreender a realidade. O
mecanismo que é gerado a partir das inter-relações neuronais não só leva à compreensão da realidade,
mas também nos capacita a sobreviver. Afirma-se que ao especificar as mínimas operações mentais
que nos aproximam do que se entende por pensamento, contornamos os processos de uma
mentalidade lógica. Além dessas fronteiras, encontramos o afetivo e o emocional: o amor, o sonho e
o devaneio, dispositivos que, como outras operações mentais, são decisivos na sobrevivência e no
desenvolvimento humano. O artigo conclui que as funções resultantes da interação entre os neurônios
nos levam a afirmar que o homem se diferencia dos demais seres por sua capacidade de pensar e sonhar.
2 Tanto no grupo de pesquisa "Relações, redes e narrativas" como no grupo "Gestão, pesquisa e
narrativa" (Grupos reconhecidos e categorizados por Colciencias-Colômbia), o autor tem projetos de
pesquisa individuais que procuram ver as contribuições que eles fornecem, por processo de investigação,
as várias disciplinas e temas do conhecimento, apontando para uma combinação entre o científico, o
artístico e o "humano". Em seu trabalho investigativo sobre o cérebro, o autor publicou os artigos
"Thinking and Dreaming", "The Mathematical Brain" e "The Metaphorical Brain".

Aletheia 30, jul./dez. 2009 onze


Machine Translated by Google

preciso e denotativo. Mas, também, com as mesmas possibilidades, o ser humano


é capacitado para comparar e estabelecer símiles emocionais que se fundem e
mudam a forma de percepção da realidade, levando-nos a sonhar e construir
elementos simbólicos que rompem barreiras racionais e ampliam fronteiras do
conhecimento.
A multiplicidade de interpretações que podem surgir por meio da linguagem
oferece a possibilidade do surgimento de diversos significados que acarretam,
por sua vez, uma diferenciação entre o metafórico, simbólico e o exato, científico.
Por um lado, por trás de cada palavra pode-se ocultar uma gama de significados,
por outro, os termos admitem apenas um sentido, sob pena de perder o leitor. O
valor simbólico oculto em algumas expressões elementares como "seu sorriso de
anjo", "olhos de sereia", "cheira a tua memória" com carga sentimental ou
emocional difere da definição que se refere ao órgão do homem ou do animal que
é responsável pela visão e também é diferente dos múltiplos significados que
podem ser derivados do termo, de acordo com o contexto. Se pueden elaborar
signifi cados desde la misma relación sentimental “aquellos ojos que no ven y el
corazón que no siente” hasta otros referidos al ojo de la aguja, el de la cerradura
y tantos más que connotan diversidad de percepciones de la realidad y de acercamiento a mesma.
Navegamos entre o exato e o impreciso, entre a compreensão da realidade,
de forma rigorosa, lógica, precisa, em oposição à percepção emocional imprecisa,
indefinida, incerta. Observamos, por um lado, com um olhar racional, por outro
contemplamos o mundo com uma visão afetiva e, por fim, confundimos a
percepção ao misturar os dois tipos de contemplação do que nos rodeia.
Em qualquer um dos casos, cabe perguntar: como são as conexões que levam o
homem a sentir e reagir a um termo que oferece uma multiplicidade de significados,
símbolos, metáforas? Ou como se estabelecem relações racionais que não
admitem interpretações e nos fazem explicar a estrutura de um logaritmo ou o
desenvolvimento de um postulado científico?
O simples fato de estar sentado em frente a um computador conota uma
série de associações carregadas de profundidade. Quando uma pessoa direciona
sua mão para o mouse, quer alongar seu membro e quer conectá-lo com o cérebro
– de fato ele quer – ele ordena que sua mão “estenda” e se torne mais uma parte
do corpo, imediatamente os sentidos se tornam alerta. Desde as funções
fisiológicas mais elementares até as operações cerebrais mais complexas são ativadas e acionadas com um pequeno
A mão se move, os dedos tremem e um novo mundo aparece. O jogo começa,
basta pegar o mouse e pressioná-lo.
A extensão cerebral não se manifesta mais apenas no mouse, ela se expressa
também em operações que extrapolam o alcance da mão e querem se mesclar
com as funções cerebrais, envolvendo processos que se relacionam com a
construção de redes e intrincados dispositivos e reguladores de associações, um
trabalho semelhante ao executado por software, dentro do mundo da informática.
Tanto no universo mental como no cosmos informático existe uma seleção de
mecanismos que conduzem à implementação de vários mecanismos que tentam
interpretar os dados ou os elementos utilizados para se apropriarem daquilo que lhes é apresentado. Utilização

12 Aletheia 30, jul./dez. 2009


Machine Translated by Google

do cérebro e suas relações indecifráveis, incluem, além de sua fisiologia,


bases de dados complexas e gerenciamento de vários elementos por meio
de "programas especiais" que são usados para fazer conexões, fazer
diagramas, desenhos, enfim, fazer mapas que carregam a interpretação da
realidade , a
explicação das múltiplas esferas da vida e da sobrevivência.3 Formas
de associação, seleção, apropriação, reação e estimulação, entre outras
operações mentais, estão presentes em qualquer atividade, desde que
façamos nossa realidade interagir interiormente com o ambiente externo. Ao
se referir à interpretação do contexto, podem ser citados vários exemplos da
relação que o homem estabelece com o meio e com os outros; Por exemplo,
quando nos referimos ao universo da política, podemos muito bem chegar à
origem terminológica, bem como às várias posições derivadas da palavra.
Aristóteles afirmava que o ser humano é um animal político em grau superior
a qualquer outro animal gregário, principalmente por seu logos, por sua
capacidade de identificar o que é benéfico e o que é prejudicial, por sua
particularidade de perceber o bem e o mal, de poder constituir uma família e
uma polis. A palavra “política” adquire múltiplos significados e pode ser
entendida como a arte de chegar a um fim utilizando diversos meios, como o
procedimento que se segue desde o âmbito administrativo, como as diretrizes
ou diretrizes que regem o comportamento individual ou coletivo. O termo
refere-se a estruturas, diretrizes, orientações, alinhamentos, guias e uma
gama complexa de significados. Especificando ainda mais o exemplo,
podemos nos referir a uma “campanha política”; nela cada membro deve
desempenhar um papel; No jogo tem que ter um líder, um guia, isso é
predeterminado pelas circunstâncias contextuais, ele pode ter essa
característica inata, o ambiente pode obrigar ele, que "ele nasceu pra guiar",
que o contexto determina o papel dele, enfim ; Dentro da diversidade de
possibilidades, pode haver a possibilidade de encontrar um político ótimo,
um líder que se encaixe em uma seleção diferente da estabelecida, um modelo
político, um protótipo que apresente algumas características dignas de
emulação: um simples camponês, um cidadão pobre , um trabalhador
perseguido pela adversidade, enfim, uma pessoa que pela força do sacrifício
se ergueu e se transformou em um indivíduo que avança com firmeza,
franqueza, consciência social, conhecimento e uma longa lista de virtudes;
um líder que torna realidade os objetivos coletivos. O grupo é sugerido, o mesmo candidato se convenc

3 O estudo do conhecimento lança diversos olhares e posicionamentos que desviam o olhar da


ciência, da arte, da filosofia e da própria narrativa. Nos últimos anos, desde os debates da década de
1960, autores como Ulric Neisse tentaram vislumbrar o horizonte da discussão e seu livro Cognitive
Psychology (1967) tornou-se uma referência obrigatória; mas é o trabalho interdisciplinar que tem
dado preponderância à ciência cognitiva com vários autores como Gardner e seus estudos sobre a
ciência da mente e as revoluções cognitivas, Bruner e a pesquisa sobre desenvolvimento cognitivo,
Marvin Minsky com sua pesquisa sobre cognição e inteligência artificial, Changeux e seus estudos
sobre o neural, o humano, o estético e o social, e Noam Chomsky com seus modelos de linguagem e
crítica social, entre tantos outros representantes de várias disciplinas que tentam relacionar
conhecimento com ciência, filosofia, estética, realidade e cotidiano .

Aletheia 30, jul./dez. 2009 13


Machine Translated by Google

No campo da política, deu-se um exemplo genérico, pois este poderia ser


citado muitos mais. Para fechar o comentário e relacioná-lo ao tema dos processos
mentais, observando o comportamento e a gestão de algum líder, podemos voltar
nosso olhar para Gardner (2004), que, além de suas abordagens sobre as
inteligências múltiplas, em sua obra Changing Minds . A Arte e a Ciência de Mudar
a Nossa Mente e a dos Outros (Flexible Minds) dedica-se a buscar as possíveis
combinações ou mudanças que ocorrem no cérebro a partir da observação do
comportamento e das estratégias de certos líderes que fazem com que seus
liderados seguidores se comportem de maneira certa maneira. São interessantes
as chamadas “alavancas”4 que provocam a mudança mental e que o autor sintetiza
em ressonância, redescrição representacional e resistência; mas o tema que nos
interessa nos processos de investigação que temos trabalhado e que nesta secção
se referem às formas associativas e aos processos de seleção, registo e reação,
pode ser apreciado num dos seus comentários, ao rever o caso de Margaret
Thatcher, uma das líderes mais importantes do Reino Unido: Como líder falando
para uma população muito grande e heterogênea, Thacher contou muito com as
histórias – especialmente “A História” – que ela contou: uma história muito
completa sobre o Estado de Reino Unido expresso em linguagem comum. Thacher
reforçou sua mensagem com recursos visuais inteligentes; por exemplo, seu
pôster de campanha de 1979 mostrava uma longa fila de homens e mulheres do
lado de fora de um escritório de desemprego. Brincando com os diferentes
significados da palavra trabalhismo, a legenda do cartaz dizia: “O Labour (ou o
Partido Trabalhista) não vai bem”. Igualmente poderosa foi a personificação da
história de Thacher em sua própria vida: suas origens modestas, sua independência
e sua coragem na guerra das Malvinas, no ataque terrorista de Brighton e no confronto político. Sua vida familiar apa
O comentário anterior conota uma forma de perceber e interpretar o mundo
e de provocar uma apreciação "mediada" dele. A combinação mental que produz
um resultado através de uma linguagem fixa elementos comunicativos que tentam
“chegar”, num espaço onde interessa tanto a resposta que se deseja como o que
se pretende comunicar; trata-se de otimizar o resultado, que a intenção da
mensagem e o que se vai transmitir estejam profundamente relacionados com o
que se espera dela, com a receção do que se comunica. Nesta ponte de
congruência entre a mensagem enviada e a recebida, surge uma estrutura de
interpretação da realidade que marca modos de ensinar, aprender e sobreviver.
Tanto na ciência como na arte e nas formas de abordar o mundo, emergem
referentes, quadros de compreensão e apreensão da realidade.
Neste ponto, podemos visualizar que uma análise detalhada de um
determinado fenômeno pode ser referenciada a partir de um quadro, um molde ou
um modelo que amplie as perspectivas do caso, por exemplo, diagramas descritivos,

4 No trabalho apresentado em 25 de maio de 2005 na Expo Gestión, Bogotá, Colômbia, "Multiple


Lenses on the Mind", o professor Gardner enfatiza – como fez em outros escritos – que o conhecimento
e a habilidade são essenciais para a criatividade. Sobre as possibilidades e referentes nas mudanças
de mentalidade, acrescenta, que estas se dão a partir do que ele mesmo chama de sete alavancas de
mudança no modo de pensar: razão, investigação, ressonância, redescrição, recompensas e recursos,
acontecimentos no mundo reais e as resistências vencidas.

14 Aletheia 30, jul./dez. 2009


Machine Translated by Google

formulários ou mapas. Estas últimas surgem como uma necessidade de representar a


realidade, o mundo circundante, o ambiente distante, o horizonte. A estrada, assim como
o lugar e qualquer elemento que signifique espaço, tempo, situação, segurança,
possibilidade de domínio, de caminho, de trânsito, implicam a criação imponderável de
um referente, de um mapa. Uma definição inicial que podemos encontrar nos diz que um
mapa é a representação geográfica da terra ou de uma de suas partes através de uma
superfície plana, mas também pode ser a representação da distribuição das estrelas no
céu ou na superfície de um corpo celeste. Pelas próprias extensões da língua, a palavra
foi transferida para outros significados e pode referir-se, numa locução violenta, a "tirar
alguém do meio... para apagá-lo do mapa", ou numa inflexão humorística que tenta dar
a entender uma ideia a outra pessoa afirmando: "se quiseres posso fazer-te um desenho
ou um mapa".
Desde as suas origens mais remotas, pretendeu-se representar o mundo e o
cosmos com técnicas semelhantes às que deram origem à escrita e à pintura, sempre
com o desejo de apropriar-se da realidade e transmiti-la aos outros para sobreviver.
Com o passar do tempo, não só a superfície foi sendo mostrada, mas também pretendeu-
se que refletisse outros aspectos que tivessem significado para quem visse e tivesse
que usar os mapas. Dessa forma, eles queriam moldar o cosmos da mesma forma que
queriam traçar o mundo com suas montanhas, rios, raças, climas e outros elementos
que cercavam o ser humano.
Atualmente, são utilizadas desde técnicas fotogramétricas até as mais sofisticadas
ferramentas computacionais que visam representar graficamente o sistema solar, bem
como as galáxias mais distantes, sem descuidar do meio ambiente terrestre com seus
recursos, formas, contornos e demais componentes. Cartograficamente, os mapas
assumem uma hierarquia de composição e uma série de relações, contextos e especificações.
Podemos facilmente falar de mapas topográficos, anamórficos, espaciais,
sinóticos, estratégicos, conceituais, mentais, regionais, turísticos, planimétricos,
orográficos, cósmicos, pictóricos, murais, numéricos, linguísticos, mapas web, e muitos
mais, de acordo com as necessidades. e as especializações que foram criadas e
derivadas das primeiras manifestações cartográficas conhecidas nas tabuinhas
babilônicas de mais de 5000 anos, expressões abrangentes do mundo, trabalhadas
profusamente pelos povos antigos e de grande importância hoje nos diversos campos
do conhecimento.
Os mapas são um elemento fundamental em alguns campos de pesquisa e
aprendizagem, como a Programação Neurolinguística, PNL. Nessa área, alude-se ao
fenômeno da realidade, que pode ser interpretado a partir das construções de linguagem
que o homem elabora e da interpretação que faz a partir de um quadro ou de uma
estrutura interna:

A PNL postula que todos nós temos a nossa própria visão do mundo, bem como que esta
visão se baseia nos mapas internos que vamos construindo através da nossa linguagem e
dos nossos sistemas de representação sensorial, como resultado das nossas experiências
de vida individuais. São esses "mapas linguísticos" que determinarão, mais do que a própria
realidade, como

Aletheia 30, jul./dez. 2009 quinze


Machine Translated by Google

vamos interpretar o mundo que nos rodeia, como vamos reagir a ele, que
sentido vamos extrair das nossas experiências e o que vamos dar ao nosso
comportamento (Dilts, 2003, p.33).

O cérebro é comparável a um mapa em escala5, no qual, com muito


esforço, é possível sentir alguns detalhes, mas não entrar. Você pode
conhecer os rios, mas não o ímpeto das correntes ou os habitantes que
navegam em seu meio; ou os relevos mas não a sua intensidade, o seu rigor,
o segredo que os seus caminhos escondem. O mapa do cérebro assemelha-
se a uma localização dentro de outro atlas regulado pelo ADN, uma carta de
navegação análoga a uma colmeia encarregada de produzir mel, semelhante
à de outras colmeias mas com características especiais, a partir das quais
cada abelha como cada célula cumpre seu papel e se comunica com os
demais; alguns irão para um campo florido, outros para outro, cada um ficará
a cargo de uma flor e todos viverão com base em seu propósito comum. Cada
parte do favo de mel, como cada célula do plano cerebral, será organizada em
grande detalhe e algumas delas serão impressas com olhos que remetem ao
amor, enquanto outras registrarão dados exatos. O trabalho conjunto do favo de mel permitirá ao dono pensar
O mapa cerebral está aí, pronto para ser interpretado neurobiologicamente,
epistemologicamente, cientificamente e artisticamente. Seus neurônios
prontos para inspeção apontarão seus filamentos para a compreensão de um
cubo, assim como para a impressão de uma cor, ou para a abordagem estética
de uma metáfora. Os olhos de sereia, a que nos referimos anteriormente, bem
podem evocar o mar como uma imensidão cheia de ternura ou com um
sentimento de desolação; o cubo seco pode nos remeter a um trabalho minucioso que devemos realizar ao ten

5 O mapa do cérebro é tão complexo que já se fala em diferenças individuais que estabelecem os contrastes
entre os órgãos de diferentes indivíduos, especificando que um cérebro é tão diferente de outro quanto uma
impressão digital, mesmo que as diferenças não sejam tão óbvias para a olho nu. vista. Por vários anos, o
trabalho foi feito em um molde ou referente que indica algumas generalidades cerebrais características. Nessa
ordem de ideias, existem várias investigações e trabalhos que apontam para a criação de mapas e referências
que tentam explicar a funcionalidade e a estrutura cerebral com programas especiais, diagramas, mapas de
pontos, enfim. No mesmo conceito de mapa, trabalhado por vários autores (Buzan, Kaplan, Ontoria, Gardner,
Foster, Kaplan, Norton, entre outros) procura-se sempre a relação existente com as formas de ver, apreciar e
interpretar a realidade que nos rodeia, o que se pode chamar de “representação do mundo” (pré-socráticos,
Schopenhauer, Piaget, Popper, Hawking…). Com a obra "Human Cognitive Neuropsychology" de Andrew W.
Ellis e Andrew W.Young (1988) é trabalhado um horizonte cognitivo onde são destacados os conceitos de
modularidade e expostas as arquiteturas funcionais (modelos) das funções estudadas. Nesta abordagem, os
sintomas clínicos (as habilidades afetadas e preservadas) são analisados em relação a um modelo de
processamento normal. Os componentes do modelo (representados por “caixas”) constituem os chamados
módulos, razão pela qual falamos de teoria modular (Chávez, Izarraraz, Medrano e Quiroz, 2004).
Com os pressupostos levantados, visa-se a aproximação de uma cartografia que tente estabelecer correlações
cognitivo-topográficas, buscando novos significados na neuropsicologia cognitiva com o propósito de avançar
nos problemas específicos dos pacientes.
Para abordar um mapa cerebral e um possível modelo cognitivo, são realizadas múltiplas investigações e
estudos que buscam estabelecer relações e diferenças entre o cognitivo teórico e o cérebro estrutural fisiológico,
apenas dois exemplos que podem ser consultados e aprofundados a esse respeito, um em o chamado “mapeamento cerebral”
(Chávez et al., 2004) e outro sobre uma soma de experiências condensadas em um “atlas computadorizado do cérebro”.
Dentro desta, um grupo de cartógrafos vem construindo um mapa tridimensional que vai além da simples
descrição de sua estrutura, funcionalidade, idade, sexo, informações e histórico familiar, até a possibilidade de
seu uso na identificação de patologias, malformações e prevenção de anomalias (BBC Mundo.com, 2001).

16 Aletheia 30, jul./dez. 2009


Machine Translated by Google

modelar ou especular sobre um teorema. As estruturas simpáticas e emocionais nos


acompanham e nos caracterizam desde o nascimento e muito antes, a partir da mesma
estrutura genética. Variadas experiências permitem-nos mostrar que a nossa apreensão
racional, a percepção das cores, até as melodias e outras concepções abstractas nos
acompanham desde o nascimento, são o nosso mapa e o nosso guia. Tem razão
Buzan6 quando nos faz exercitar no desenvolvimento de nossos mapas mentais,
Antonio Ontoria7 quando nos convida a exercitar nosso potencial na construção de
mapas conceituais e Robert S. Kaplan e David P. Norton8 quando abordam os mapas
estratégicos.
O cérebro humano é capaz de fazer mapas, cujas convenções vão se
transformando graças às combinações neurofisiológicas que nele ocorrem, devido ao
trabalho conjunto que se gera na interligação dos hemisférios cerebrais que
estabelecem seu padrão de apreensão do mundo, compreendê-lo , analise, avalie e
responda. Nessa perspectiva, o cérebro utiliza uma série de frames que não são
necessariamente sequenciais para perceber as mensagens que lhe são enviadas pelo
mundo externo e interno ao seu redor. Faz seus mapas e seus modelos9 . Uma tarde
chuvosa em que a pessoa contempla a água que cai pode ter inúmeros significados,
desde o simples ato de precipitação de algumas gotas, até a chuva de louvor, pedras,
estrelas, ouro, ideias, a temível chuva ácida e a chuva amiga . Escusado será dizer que
no plano estético onde um autor, como o escritor argentino Jorge Luis Borges, joga
com as palavras, associa imagens que dão a cada leitor a infinita possibilidade cerebral
de estabelecer relações com o seu meio, com a sua família, com o seu sentir, pensar e
agir. É fácil fazer o exercício de associação com situações múltiplas no seguinte poema:

A CHUVA
De repente a tarde clareou
porque a chuvinha já está caindo.
cair ou cair A chuva é uma coisa
que certamente acontece no passado.

6
Tony Buzan. Psicóloga britânica, membro da Mind Foundation e presidente do World Mind Club.
É autor, até hoje, de aproximadamente 82 livros sobre o tema da mente e seu manejo para atingir seu domínio de forma
eficiente e criativa. Preocupava-se também com a forma como o homem aprende, razão pela qual, no final dos anos 70, criou
uma ferramenta de aprendizagem diferente da tradicional. Ele é o criador da técnica de mapeamento mental, que visa superar
os obstáculos da expressão escrita e oferecer um método eficiente para a produção e troca de ideias.

7 Antonio Ontoria Pena. professora de espanhol. Tem trabalhado na construção de um modelo reflexivo de professor e
pesquisador em sala de aula. Seus principais estudos têm se concentrado em desenho curricular, técnicas de dinâmica de
grupo e, principalmente, estratégias cognitivas por meio dos chamados mapas conceituais.
8 Os professores Kaplan e Norton, com experiência de trabalho em mais de trezentas empresas, criaram uma ferramenta
denominada "mapas estratégicos" com o objetivo de especificar e comunicar estratégias internas de negócios, identificar
processos-chave, alinhar investimentos em pessoas, tecnologia e capital, identificar falhas e estabelecer ações corretivas.
(Kaplan e Norton, 2004).
9 O termo “modelo” refere-se a um molde ou módulo que serve como parâmetro ou ponto de partida comparativo. É
comum ouvir falar do "modelo" como algo que deve ser imitado, seja por sua espiritualidade, jeito de ser, beleza física e
outros atributos; De certa forma, esta concepção alude a um quadro de “excelência”.
Por outro lado, o modelo pode referir-se a uma amostra que se refere a uma realidade (vestuário, arquitetura, ciência). Em
última análise, o modelo pode ser concebido como a representação de uma realidade que fornece vários elementos,
estratégias e ações para atuar sobre ela (realidade). Geralmente, o modelo implica comparações, símiles, analogias e
interações que derivam de sua estrutura (Parra, 2005, p.77).

Aletheia 30, jul./dez. 2009 17


Machine Translated by Google

Quem a ouve cair recuperou o


tempo em que a sorte lhe revelou
uma flor chamada rosa e da
curiosa cor vermelha.

Esta chuva que cega as janelas


iluminará as uvas negras de
uma vinha num certo pátio que já
não existe nos subúrbios
perdidos. A tarde molhada traz-me
a voz, a voz desejada, do meu pai que volta e que não morreu.

Depois da leitura, recordações, experiências, situações passadas,


presentes e futuras, vêm-nos à memória emoções, podem mesmo estar
presentes associações que convidam a uma outra leitura, a realizar um projeto, uma visita, enfim.
Reiterando a conjunção de ideias e emoções que levam à construção
mental de um mapa e estabelecendo uma relação – para completar o exercício
– podemos trazer um relato do mesmo escritor sobre os mapas e sua relação
com o procedimento científico:

…Nesse Império, a Arte da Cartografia alcançou tal Perfeição que o mapa de


uma única província ocupava uma Cidade inteira e o mapa do Império, uma
Província inteira. Com o tempo, esses Mapas Excessivos não satisfizeram e
os Colégios de Cartógrafos elaboraram um Mapa do Império, que era do
tamanho do Império e coincidia exatamente com ele.10

O cérebro é como um mapa, a web é um mapa. Você se aproxima de um


desenho cartográfico, tenta se localizar e identificar um lugar, e pode se perder,
se ao menos não souber que o Norte está no topo, o Leste está à direita e o
Oeste está do outro lado. e sul na parte inferior. Os ensinamentos da infância
vêm imediatamente à mente quando enfatizavam que qualquer um poderia se
orientar facilmente colocando a mão direita na direção do sol nascente, no
leste; Dessa forma, o Norte ficava necessariamente na frente, o Sul atrás e o
outro braço indicava o sol poente, o Oeste ficava do lado oposto ao Leste,
indicado pelo braço esquerdo... o mesmo ocorre com as indicações dos
diferentes mapas que atualmente marcam e determinam as coordenadas do
espaço-tempo, o comportamento humano, a perspectiva social, por exemplo, o
mapa da web e o das novas tecnologias, um ponto de referência que direciona
nosso caminho, a mesma direção que Dante outrora caminhou de mãos dadas
com seu mentor Virgil11 em busca de uma explicação

10 No conto “Do rigor da ciência” Borges (1993, p.143) ironicamente expressa como a precisão de um
processo, no caso dos cartógrafos de um império, pode levar a uma obsessão pela perfeição que,
inclusive, ele elimina o próprio processo, a finalidade, e inutiliza a ciência que ironicamente chama de
Arte da Cartografia, a tal ponto que o mapa inútil acaba sendo entregue às “inclemências do sol e dos invernos”.
11 A alusão ao mentor, mestre, guia ou companheiro remete ao intrincado caminho que percorreu o
autor da Divina Comédia, com um mapa extraordinário que partia da turbulenta Terra, até a sublime Glória,

18 Aletheia 30, jul./dez. 2009


Machine Translated by Google

transcendental para o amor e a vida. Em todo caso, sempre precisaremos de


uma rota e, claro, de um companheiro, de um guia, de um conselheiro, seja o
mesmo que conduziu Dante ao Paraíso, seja o simples professor da segunda
série para nos lembrar que à direita existe o leste, à esquerda o oeste, na
frente do norte, atrás do sul...
Quando voltamos o olhar para as tecnologias nas quais, gostemos ou
não, nos encontramos imersos, vemos que a situação que ocorre com o
mouse do computador, no momento em que pressiono o lado direito do
instrumento, leva me para obter certas comunicações diferentes do que
posso obter quando pressiono o lado oposto; Da mesma forma, se algum
estímulo penetrar no lado esquerdo do meu cérebro, ele se apresentará, de
outra forma, se a irrupção ocorrer no lado direito. Não há reflexão sobre esse
contraste e apenas consciência, pois Roger Sperrry, com seu Prêmio Nobel
(1981) nos apresentou as diferenciações cerebrais e nos fez pensar que existe
um aglomerado de atividades que são geradas nos hemisférios e que são
construídas e reconstruído sinergicamente, aumentando o poder intelectual e
criativo, graças às possíveis combinações derivadas da inter-relação entre as
diferentes atividades e entre os hemisférios. Nessa perspectiva, dispomos de diversas ferramentas para
Rodolfo Llinás12, cientista colombiano que tem se destacado nas áreas
de neurologia e fisiologia, com mais de meio milhar de trabalhos científicos e
um número significativo de textos especializados, afirma que a realidade
pode ser bem vista com os olhos do Insider olhando para o que é "lá fora" como em um jogo virtual:

Nossa pesquisa em neurociência tem como objetivo fundamental transformar


o conhecimento das propriedades das diferentes partes do sistema nervoso
em uma teoria sobre o funcionamento global do cérebro.
Por exemplo, o estudo dos sistemas sensoriais busca descobrir a relação
entre a função das células sensoriais com propriedades receptivas gerais
(fotorreceptores) e a função das células com propriedades mais específicas.
Supõe-se que o procedimento geral consiste em delegar a análise de
detalhes sensoriais a componentes cada vez mais especializados e,
portanto, mais eficientes. Mas como algo pode ser mais eficiente se se
afasta cada vez mais do nível de observação direta oferecido pelos sentidos
e se aproxima dos recessos abstratos e ocultos da função cerebral?
Acontece que a função cerebral é a que elabora a realidade, algo que não é
fácil de fazer (Llinas, 2002, p.132-133).

atravessando os horrores do Inferno, o escorregadio caminho do Purgatório ao sublime Paraíso e o


“Flashing Light” que completa o círculo e torna o mapa explicável: “Eu era antes dessa nova visão o
mesmo que o geômetra que tenta a quadratura do círculo, e não importa o quanto ele pense sobre isso,
ele não consegue encontrar o começo; Queria ver como a imagem se adaptava ao círculo e como se inscrevia nele…” (Dante, 1971, p.369).
12 Esse pesquisador pode muito bem ser descrito como um cartógrafo do cérebro, um artista que se
aventura na ciência com um novo olhar sobre o intrincado mundo dos neurônios. Para este cientista, a
função mais importante do cérebro é a potencialidade que nele se apresenta e que o torna capaz de
prever, a partir de um núcleo: “o self”. A interação com o mundo externo não pode ser entendida sem a
existência, no cérebro, de previsão, que fornece uma localização e funcionalidade claramente estruturadas.

Aletheia 30, jul./dez. 2009 19


Machine Translated by Google

Nessa ordem de ideias, é o cérebro que elabora seu mapa, aquele que
constrói a realidade, aquele que fabrica as convenções e as interpreta. Ao tentar
decifrar essas convenções, constrói-se um contexto interno que interpreta e
reconstrói a realidade externa numa constante inter-relação que faz o homem
progredir, inventar, recriar e sobreviver.
O neurobiólogo francês Jean-Pierre Changues, sempre questionando a
composição do cérebro, os processos que são gerados nesse órgão
maravilhoso, a herança que recebeu e o impacto permanente no meio ambiente,
relembra em uma obra, uma mistura de ciência e estética : Razão e prazer,
como se manifestam as conexões cerebrais, por que se produz o prazer estético
e, sobretudo, confirma a abordagem do cérebro como órgão maleável e pronto
para a mudança, instrumento que analisa os componentes e faz um todo menor
que o soma de suas partes. Ao responder à pergunta sobre a possibilidade da
"existência de neurônios especializados em pintura" e depois de especificar
que devemos tentar ir além das considerações que reduzem a assimilação de
uma atividade como a pintura a uma pequena porção, uma simples molécula
ou um neurônio, referindo-se a alguém que observa uma imagem, diz:

Consideremos primeiro o caso do espectador. Diante da pintura, o olho capta os


traços físicos da superfície colorida. Ele converte a radiação luminosa por ele
refletida em impulsos elétricos que chegam ao cérebro.
Ele analisa esses sinais e depois reconstrói uma representação interna da pintura.
Em resumo, antes de mais nada, há uma sucessão de etapas de análise que vão
da retina ao córtex visual, passando pelo tálamo. Formas, cores e movimentos
são tratados separadamente ao nível do córtex cerebral (Changeaux, 1996, p.112).

Expressamos que o cérebro é como um mapa, maleável e em permanente


construção, como nos ensina Changues em sua abordagem dos cruzamentos
neurais que produzem a compreensão e apreciação da estética; acrescentemos
que se trata de um mapa detalhado, que não omite nenhum canto, exatamente
o mesmo mapa que Borges quis traçar ao longo de toda a sua obra, em histórias
como a de Tlön, Uqbar, Orbis Tertius (Borges, 1972) em que não só se entretém
construindo um mapa, mas inventa um planeta com suas várias convenções:
uma filosofia muito particular, religião, ciência, literatura, especialmente
geometria, que compreende "duas disciplinas um tanto diferentes: a visual e a
tátil" ( p.21 ). Uma geometria que ignora paralelos e se adapta ao movimento
humano. Uma perspectiva que vê a construção de um mapa, de um planeta, de
um mundo ou de uma realidade através dos sentidos, um mapa que só pode
ser compreendido pelo homem e construído e reconstruído coletiva e
perenemente: "Tlön será um labirinto, mas é um labirinto tecido pelos homens, um labirinto destinado aos homen
Entrando no mundo da narração e da construção de universos que tentam
explicar a realidade, citemos uma história que tem como ponto de partida ou
gatilho da trama um acontecimento simples e imperceptível que na boca de um
personagem do escritor argentino Ernesto Sábato , pinta a realidade interior através de uma

vinte
Aletheia 30, jul./dez. 2009
Machine Translated by Google

elemento externo: uma janela perdida em uma pintura, da qual, por sua vez,
observa-se a realidade externa, numa inter-relação que movimenta o texto e deixa
sem fundamento qualquer interpretação racional possível, endossando as eternas
perguntas sem resposta: Onde termina a realidade e a ficção ou o contrário?
onde os sonhos se materializam e a vigília termina?
Nesta obra, primeiro romance escrito por Ernesto Sábato, a trama gira em
torno de si mesma a partir das formas, das cores e da percepção que as pessoas
têm delas. Seu principal protagonista é um pintor que quer explicar o assassinato
que cometeu à sua amada, María Iribarne, a única mulher, o único ser que
entendeu sua existência e seu sentido de ser e estar no mundo. María conseguiu
ver onde outros não podiam, perceber a multiplicidade de imagens e mundos
através de uma janela, elemento simbólico presente desde o início do romance:

No Salão da Primavera de 1946 apresentei um quadro chamado Maternidade. Foi no


estilo de muitos outros antes dele: como dizem os críticos em seu dialeto
insuportável, era sólido, era bem arquitetado... Uma garota desconhecida... olhou
para a cena na janela e ao fazê-lo Eu tinha certeza de que ela estava isolada do
mundo inteiro... Era como se a pequena cena na janela começasse a crescer e invadir
toda a tela e toda a minha obra (Sábato, 1985, p.16-17).

A janela, a construção mental, a soma de linhas, composições, cores, formas


e pensamentos dão indícios dos lampejos e irradiações mentais do protagonista.
Precisamente a obra, fiel à sua estrutura, volta à figura da janela para fechar o
mundo do pintor:

A través de la ventanita de mi calabozo vi cómo nacía un nuevo día, con un cielo ya


sin nubes… Al menos puedo pintar, aunque sospecho que los médicos se ríen a mis
espaldas, como sospecho que se rieron durante el proceso cuando mencioné la
escena da janela. (Sábato, 1985, p.135-137).

Ao longo do romance, personagens e situações se entrelaçam que nos


remetem às cores e à indiferenciação delas. As cores, as formas, as linhas estão
aí, o cérebro percebe-as, interpreta-as, constrói-as e reconstrói-as, dá-lhes
significado através de uma linguagem científica, precisa, exacta ou através de
uma linguagem simbólica, estética, de múltiplos significados, ou simplesmente
através linguagem cotidiana que busca se relacionar com os outros. Em ambos
os casos, o cérebro estabelece múltiplas conexões.
Visto que em suas pesquisas, Changeaux, ao se referir à concepção estética
do cérebro, afirma que a contemplação é uma forma de recreação, de participação
no mundo do outro, de chegar a interpretar algumas de suas conexões e
construções mentais, ele confirma a partir do ciência, o sentimento do artista que,
na boca de Sábato, é um mundo simbólico que mostra um estado de espírito.

Há recreação no sentido de que o espectador não é um sujeito passivo diante da


pintura. Ao contemplar a obra, projeta nela seus "estados

Aletheia 30, jul./dez. 2009 vinte e um


Machine Translated by Google

interno”, ele fixa sua atenção em uma parte da pintura, depois em outra,
atribui um significado a tal figura, a tal objeto um valor simbólico. Chega
mesmo a atribuir estados mentais, emoções e intenções às personagens
que entram na composição, juntando-se assim à operação realizada pelo
artista (Changeaux, 1996, p.116).

No meio do mundo que Sábato recria, não só em El túnel, mas em toda a


sua obra, existe um fascínio pelas formas e cores, o mesmo que o fez afastar-se
da ciência e ingressar na literatura e na pintura. Essa obsessão, manifestada em
todos os momentos, pode ser vista na história que citamos, através de um
personagem chamado Allende, casado com María Iribarne, cego "com olhos
inúteis bem abertos", mas capaz de ver e perceber o que os seres humanos mais
experientes ignoram , até mesmo o universo criado e recriado pelo protagonista.
Ao chegar a este ponto e refletir sobre a captação da realidade através dos
órgãos dos sentidos, percebe-se a forma de inter-relação fisiológica com o cérebro
e confirma-se que a interpretação da realidade interna como externa a Através de
metáforas ou interpretações e sensações, supõe algum zonas cerebrais ou uma
totalidade organizada para esse fim. Mas, tanto nas investigações que se
apresentam, como nos enquadramentos artísticos e na vida quotidiana, persistem
dúvidas sobre a lógica e o mecanismo que nos conduz ao processamento
metafórico que ocorre no cérebro.

A interpretação da realidade interna e externa através de metáforas supõe


algumas zonas cerebrais ou uma totalidade organizada para esse fim.
Sabe-se da complexidade do processo de captação visual de uma
imagem como a da Pantera Cor-de-Rosa, da combinação dos sons do
trem em seu trânsito, do vago cheiro de um arroz especial desde a
infância, da pele sensível a um carícia e de sua memória, o mesmo que
uma canção que revoluciona os neurônios e movimenta as fibras ocultas
do cérebro metafórico, trazendo a lembrança e as múltiplas sensações
de um amor perdido. Os sentidos fornecem referentes, tanto cognitivos
quanto sensíveis, mas a pesquisa e o progresso científico não são
suficientes para responder por que um símbolo ou uma metáfora o faz reagir, mover, sentir e pensar (Parra, 20

Se tomarmos como referência na elaboração dos construtos, modelos ou


planos mentais, a amálgama de formas e nuances e dentro desta combinação
apenas a percepção das cores, podem ser citados vários estudos relacionados a
este campo que oferecem diferentes perspectivas e paisagens . Herbert George
Wells, um dos escritores mais representativos da ficção científica e principalmente
da visão futurística do destino humano, aborda em sua história sobre "A Terra
dos Cegos" um antigo problema sobre o homem que pode ver e uma geração de
seres humanos privado de tal faculdade. O personagem principal hesita, vacila
diante da realidade, não só da percepção das cores, mas da percepção total; ele
não sabe o que está enfrentando, em uma cidade onde a visão não faz o sentido
que faz para os outros, onde a cor e as formas são uma adição irreal. Os olhos do protagonista são aparelhos sem

22 Aletheia 30, jul./dez. 2009


Machine Translated by Google

função específica, eles não são dotados de escuridão e os sentidos de seu


possuidor são atrofiados. A narração convida a um olhar para outra realidade,
para um horizonte sem luz e sem cor. Oliver Saks, professor de neurologia,
angustiado com o relato de Wells, o cita em uma de suas obras. Em suas
histórias clínicas ele conduz o leitor e, claro, o paciente a enfrentar a anomalia
chamada doença e a tentar, não tanto se curar, mas aprender a conviver com
ela. Este neurologista bem poderia ser classificado como um cartógrafo do
cérebro que identifica ou tenta encontrar as convenções que respondem ao mistério do saber, do pensar e
Sacks pode ser considerado um dos representantes do pensamento
prático, neurologista e psiquiatra, observador profundo que se detém ao mesmo
tempo nos problemas dos surdos, dos cegos e dos seres desprovidos de várias
funções; Discípulo, pelo menos reconhecido por ele mesmo, do famoso
neurologista Alexander R. Luria, ele admite, sem hesitar, que deve sua paixão
pela ciência e suas possíveis interpretações da vida e do contexto que a cerca,
ao pesquisador russo. Saks distingue-se pelo compromisso com a sua profissão
e com o quotidiano dos doentes a quem tem acesso e aos quais subtrai
costumes, formas de pensar e de ver o mundo:

Embora tenha sido possível definir a lesão primária do cérebro do Sr. I - dano
a parte de seu sistema de construção de cores - ainda ignoramos
completamente as mudanças que devem ter ocorrido como consequência na
função cerebral em um nível "superior" . Jonatan I. não só perdeu a percepção
das cores, mas também das imagens, inclusive dos sonhos coloridos. Por
fim, ele parecia perder até a memória da cor, de modo que ela deixou de fazer
parte de seu conhecimento mental, de sua mente (Sacks, 2005, p.65).

Este fragmento da história "O caso do pintor daltônico" aborda o problema


central da construção dos "fantasmas" das cores que assaltam o cérebro e para
os quais ainda não há respostas. Um universo onde o mapa do cérebro traça
suas próprias convenções e, a partir de lesões ou imobilizações, gera novas
conexões sem explicações racionais, como no caso de Mr. I. onde os processos
de representação e significado deram lugar a uma nova concepção.

Voltando a Sábato, podemos observar outra reflexão importante sobre o


daltonismo, de uma perspectiva que não a da neurologia. O escritor utiliza uma
narrativa que mistura pensamentos e sensações: estar preso, paranóico,
repreendido, morto, habitando o inferno, perseguido e perseguido por uma
divindade cujos lábios podem revelar com ironia a mais aterradora e desejável
intimidade do ser humano. ser capaz de perceber o mundo, o passado, o presente e o futuro:

Oh deuses da noite!
Oh, deuses das trevas, do incesto e do crime, da
melancolia e do suicídio!
Oh, deuses dos ratos e das cavernas,
dos morcegos, das baratas!

Aletheia 30, jul./dez. 2009 23


Machine Translated by Google

Ó violentos e inescrutáveis
deuses do sono e da morte!
(Sábato, 1976, p.235)

Com esta epígrafe, Sábato abre as portas do seu “Relatório sobre o Cego”
que, nas suas palavras, constitui a encenação de um sonho. Neste capítulo de
seu romance Sobre heróis e túmulos, um dos personagens centrais, Fernando
Vidal Olmos, um cego, relata uma investigação que o levou a perceber uma
conspiração infernal e antiga realizada pela Sagrada Seita dos Cegos, que rege
o mundo. . Para os cegos de Sábato, a privação da visão não é um problema,
mas uma característica que os torna seres demoníacos que percebem o mundo
de uma maneira diferente e sua falta é uma força que os leva a dominá-lo. A cor
dá lugar à sua negação, ao transitar por labirintos escuros, à gestão de relações
onde a luz não tem sentido e só interessa "a natureza secreta e atroz do universo dos cegos".
Por seu turno, o escritor português José Saramago, famoso prémio Nobel,
traz-nos um significativo relato sobre a falta de visão, cor, formas e figuras,
numa das suas obras, Ensaio sobre a cegueira, mostrando a abrangência de
uma doença surpreendente que está a apoderar-se de uma vila, incutindo nos
seus habitantes uma estranha epidemia branca que se alastra rapidamente e
confere aos seus habitantes características especiais, despertando os instintos
mais baixos e ocultos, as paixões mais transbordantes, as mais dissonantes
face a um fenómeno epidemiológico invulgar e avassalador : ficar cego sem
nenhuma explicação lógica. Os pacientes são obrigados a se trancar em um
local especial onde dão vazão a seus instintos mais básicos e revelam seu
desejo de sobrevivência:

O cego explicou que estava no carro, esperando o semáforo ficar verde, e


que de repente perdeu a visão, que pessoas vieram ajudá-lo, que uma
mulher mais velha, pela voz dela, disse que isso pode ser nervosismo, e
que depois um homem o acompanhou até em casa, porque ele não se
conteve. Eu vejo tudo branco, doutor (Saramago, 1998, p.23).

Os exemplos podem ser multiplicados, apenas escolhemos o fenômeno da


cor para tentar visualizar algumas convenções que o cérebro utiliza, desde a
neurologia e a narrativa. Um estudo cuidadoso de pacientes com transtornos
mentais pode determinar que os múltiplos fatores que afetam o comportamento
convergem em uma linha sutil e fractal que pode manifestar a falta de alguma
atividade ou função e que, por sua vez, aguça as habilidades e habilidades em
Outro, por exemplo , um paciente com limitações complexas –autismo– pode
carregar um enorme potencial para desenvolver suas habilidades em outra área,
como desenhar sem omitir detalhes.
Como conclusão, como porta de entrada para novas investigações e
relações, podemos vislumbrar que brincar de cartógrafo, traçar as convenções
que tentam explicar o universo cerebral é se aventurar em um mar sem limites em busca de um horizonte

24 Aletheia 30, jul./dez. 2009


Machine Translated by Google

que se distancia cada vez mais, uma realidade que se constrói e se reconstrói dia após
dia e que esconde as convenções mais íntimas, os caprichos do conhecimento, as
reviravoltas emocionais e as múltiplas possibilidades de atuação.
Desenhar mapas, fazer linhas, desenhos, referentes, significa caminhar em busca
de uma realidade, sabendo que o constructo, o mapa, pode dar sentido ao contexto, pode
construir uma ponte entre o cosmo externo e a fábrica de pensamentos e emoções
internas. Se acertarmos a linha, vamos aproveitar, vamos nos vangloriar das possibilidades
de estabelecer diretrizes, parâmetros, convenções; se falharmos, resta o desafio de
embarcar em uma nova aventura. É disso que é feita a vida, mudanças e transformações
contínuas, enganos dos sentidos, novas construções da realidade, pensamentos e
explicações lógicas dos acontecimentos, transformações extraordinárias dos mesmos,
sonhos e esperanças, busca. Conhecemos cada vez melhor o mapa cerebral, mas não
estamos avançando aos trancos e barrancos na compreensão das convenções ou dos
vestígios que ali se encontram.

Referências

BBC Mundo. com. (2001). Ciência. Um mapa cerebral 3D. Recuperado em 21 de março de
2008. Disponível em: <http://news.bbc.co.uk/hi/spanish/science/
newsid_1696000/1696690.stm.> Acessado
Borges, JL (1993). O criador. Madri: Editorial Alliance SA
Borges, JL (1972). Ficções. Barcelona: Círculo de leitores.
Changeaux, JP (1996). Razão e prazer. Barcelona: Tusquets Publishers, SA
Chávez, CME, Izarraraz, SV, Medrano, RC Á., & Quiroz, REM (2004).
Mapeamento cerebral. Boletim eletrônico de notícias Neutronic. 4. Acesso em 1º de
março de 2008. Disponível em: <http://www.neutronic.com.ar/NeutronicWeb/
Boletin4.htm> Acessado.
Dilts, R. (2003). O poder da palavra. Barcelona: Edições Urano.
Gardner, H. (2004). Mentes flexíveis. A arte e a ciência de saber mudar a nossa opinião e a
dos outros. Barcelona: Ediciones Paidós Ibérica SA
Gardner, H. (2005, maio). Múltiplas, lentes na mente. Sinética, Separata.
Disponível: <http://portal.iteso.mx/portal/page/portal/Sinectica/Historico/
Numeros_anteriores06/028/SEPARATA%> Acesso em 03/03/2008.
Kaplan, RS e Norton, DP (2004). Mapas estratégicos. Barcelona: Edições
Gerenciamento

Llinas, RR (2002). O cérebro e o mito do eu. O papel dos neurônios no pensamento e


comportamento humano. Bogotá: Editora Norma.
Ontoria, PA et al. (1993). Mapas conceituais. Madri: Narcea, SA
Vinha, OU (2003). Pense e sonhe. Revista Avanços na Enfermagem, XXI(1), 24-31.
Parra, RO (2004). O cérebro metafórico. Avanços na Revista de Enfermagem, XXIII(2),
82-91.
Sabato, E. (1985). O tunel. Bogotá: Editorial Planeta Colombiano.
Sabato, E. (1976). Sobre heróis e sepulturas (ed. XVIII). Buenos Aires: Editorial
Sul Americano.

Aletheia 30, jul./dez. 2009 25


Machine Translated by Google

Sacos, Oliver. (2005). Um antropólogo em Marte. Barcelona: Editorial Anagrama SA


Saramago, J. (1998). Ensaio sobre a cegueira. Madri: Grupo Editorial Santillana,
SA
________________________________
Recebido em setembro de 2008 Oleado em maio de 2009

Omar Parra Rozo – Graduado em Filologia e Letras, com Mestrado em Administração Educacional e
Doutorado em Filosofia e Letras, com ênfase em Letras. Assessor e consultor de projetos: BID, Projeto
Innovar, Projeto Inovar Século XXI. Diretor da Revista de Pesquisa Hallazgos. Universidade Santo Tomas Bogotá DC

Endereço para contato: omarparra@correo.usta.edu.com

26 Aletheia 30, jul./dez. 2009

Você também pode gostar