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Contabilidade Geral I

2020/2021
Docentes: Norberto Loureiro e Rui Silva
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SEBENTA TEÓRICA

CONTABILIDADE GERAL I
LICENCIATURA EM ECONOMIA
E LICENCIATURA EM GESTÃO

DESG - UTAD
Contabilidade Geral I
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Docentes: Norberto Loureiro e Rui Silva
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A ENTIDADE E A CONTABILIDADE FINANCEIRA

I INTRODUÇÃO

A entidade ou empresa como denominamos no nosso quotidiano opera no seio de um circuito


económico em que a Contabilidade vem a desempenhar um papel fundamental.

A atividade económica consiste num conjunto de operações que utilizam os recursos disponíveis para
a produção de bens e serviços e que se dirigem basicamente à satisfação das necessidades, onde se
estabelecem múltiplas relações entre os diversos agentes económicos e que originam fluxos reais e fluxos
monetários, tal como podemos identificar na figura seguinte.

Figura 1 - A empresa e o circuito económico

gastos

rendimentos

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I.1 A CONTABILIDADE COMO ELEMENTO DE GESTÃO DAS EMPRESAS:

Poderemos tentar explicar a razão do surgimento da Contabilidade, levando a uma reflexão que nos
ajudará a melhor enquadrar este estudo.

Não sendo muito rigorosos, ou melhor, bastante simplistas, poderemos dizer que a razão do surgimento
se deve à necessidade de suprir falhas da memória humana e a necessidade de registo de acontecimentos
presentes para memória futura.

Se tentarmos referenciar um período, encontraremos com toda a certeza primeiras referências à


escrituração Contabilística, que à escrita comum. Queremos referir-nos aos períodos onde se registariam os
bens de cada indivíduo ou comunidade.

Ao longo dos tempos vários fatores impulsionariam o aparecimento da contabilidade, como o


desenvolvimento económico, associado aos tempos das invasões e conquistas, que teriam que inventariar os
espólios conseguidos, e registar as riquezas conquistadas.

Em 1494 Luca Pacioli, faz publicar a primeira obra impressa de contabilidade “Tratactus…”, e aparece
o conceito de Partidas Dobradas. Este conceito, que se mantém até aos dias de hoje, vem abandonar o mero
registo de bens ou direitos, mas faz refletir a contrapartida de cada um deles.

Poderemos tentar definir “Contabilidade”, tentando separá-la em quatro grandes grupos,


representativos da sua natureza:

✓ Contabilidade Previsional ou Orçamental, sendo a que exprime os resultados das previsões e


permite a elaboração de fundamentados planos de atividade e a formulação de regras a que a
ação se deve subordinar. Traduz a estrutura e a atividade desejável no futuro;
✓ Contabilidade Histórica, dá a conhecer o que efetivamente se fez e proporciona uma visão
retrospetiva da gestão. Mostra-nos até que ponto os objetivos fixados foram alcançados. É de
facto, uma contabilidade que reflete o passado, sendo contudo fundamental para o
estabelecimento e controlo da contabilidade previsional;
✓ Contabilidade de Custos, também conhecida por Contabilidade Analítica, de Gestão, de
Exploração ou Contabilidade Interna, que é o campo da contabilidade que se debruça
essencialmente, sobre a mensuração, acumulação e controlo dos custos, a fim de determinar o
custo dos produtos vendidos e dos serviços prestados. É uma contabilidade que regista as
operações internas das empresas de produção, analisando pormenorizadamente a exploração
da empresa;

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✓ Contabilidade Financeira, também chamada de Contabilidade Geral ou Contabilidade Externa,


que é o campo da contabilidade que se debruça, sobretudo, sobre o relato financeiro para o
exterior da empresa, incluindo a preparação das demonstrações financeiras, assim como a
acumulação de todos os dados para tal fim. Esta contabilidade descreve e abrange as relações
desenvolvidas pelas empresas entre si e com outros agentes económicos . Será sobre esta que
nos debruçaremos nesta unidade curricular.

É possivel ainda dividir a contabilidade consoante a função que desempenha:

✓ Contabilidade Nacional: descreve e abrange o conjunto de relações estabelecidas no circuito


económico;
✓ Contabilidade Pública: destinada aos agentes não empresariais do Estado;
✓ Contabilidade Familiar: compreende a atividade familiar e as suas relações com o exterior
✓ Contabilidade Financeira: já definida no ponto anterior, é aquela que se relaciona com as
empresas, fornecendo uma visão global e sintética do património da empresa.

A Comissão de Normalização Contabilística (CNC) é o principal organismo português de normalização


contabilística.

É tecnicamente independente, no qual estão representadas, a nível nacional, as entidades públicas e


privadas interessadas no domínio da contabilidade, e que funciona administrativamente e financeiramente
no âmbito do Ministério das Fianças e da Administração Interna.

Em Portugal, a evolução de normalização contabilística é expressa essencialmente em quatro grandes


fases:

✓ 1976 até 1985: É criada a Comissão de Normalização contabilística em 1976 e aprovado o


primeiro Plano Oficial de Contabilidade (POC) em 1977, baseado fundamentalmente na
normalização contabilística francesa;
✓ 1986 até 1991: A adesão, em 1986, de Portugal à EU veio trazer a obrigação de incluir no
normativo nacional as IV e VII Diretivas Comunitárias. Para o efeito foi publicado Decreto-Lei
n.º 410/89, de 21 de Novembro, que revoga o POC/77 e aprova doze novos capítulos do POC/89.
em 1991, é aprovado o Decreto-Lei n.º 238/91, de 2 de Julho, que acrescenta os capítulos 13 e
14 ao POC, sobre o tratamento contabilístico de consolidação de contas;

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✓ 1992 até 2009: A Comissão de Normalização contabilística publica diversas Diretivas


Contabilísticas e inicia-se a fase da aproximação clara às normas internacionais de
contabilidade;
✓ A partir de 2010: Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho, revoga o POC e aprova o Sistema de
Normalização Contabilística (SNC), que entra em vigor no primeiro período que se inicie em ou
após 1 de Janeiro de 2010;

II NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA – O SNC

O que é o SNC? O Sistema de Normalização é o modelo de normalização assente mais em princípios do


que em regras explícitas e deverá aproximar-se o mais possível das normas internacionais de contabilidade
emitidas pelo IASB e adotadas na União Europeia (UE), de forma a proporcionar ao nosso país o alinhamento
permanente com as diretivas e regulamentos em matéria contabilística da UE, sem ignorar, porém, as
características e necessidades específicas do tecido empresarial português.

Atualmente o SNC é composto pelos seguintes instrumentos:

- Bases para a Apresentação de Demonstrações Financeiras (BADF);


- Modelos de Demonstrações Financeiras (MDF);
- Código das Contas (CC);
- Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF);
- Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro para as Pequenas Entidades (NCRF – PE);
- Normas Interpretativas (NI) - São propostas pela CNC com o intuito de esclarecer e/ou
orientar sobre o conteúdo dos instrumentos que integram o SNC.

Todos estes instrumentos estão subordinados a uma única estrutura concetual e permitem garantir a
comparabilidade nas decisões de investimento em diferentes mercados, sendo esta comparabilidade
sustentada por normas de reconhecimento, mensuração, apresentação e de relato comuns a todas as
empresas (nacionais, europeias e internacionais que adotem as normas internacionais de contabilidade).

O SNC tem como núcleo as Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF’s) baseadas nas
Normas Internacionais de Contabilidade (NIC’s), que foram desenvolvidas com o objetivo de comunicação
com os mercados de capitais, enquanto que o POC foi não só, mas peculiarmente, desenvolvido para tratar as
exigências fiscais.

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O SNC foi aprovado pelo Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho, e entrou em vigor no primeiro
período que se inicie em ou após 1 de janeiro de 2010, revogando o POC e as 29 Diretrizes Contabilísticas que
o completavam.

Inicialmente a estrutura legal do SNC era composta por um Decreto-Lei, duas Portarias e quatro Avisos.

- Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho: promove a criação do SNC, identifica as entidades a


que se aplica, estipula os limites para as pequenas entidades, divulga as demonstrações
financeiras, define as funções da Comissão de Normalização Contabilística, revoga o POC e
define a produção e efeitos.
- Portarias: apresentam os Modelos de Demonstrações Financeiras (MDF) gerais e reduzidos
para as Pequenas Entidades) e o Código das Contas.
- Portaria n.º 986/2009, de 7 de Setembro – aprova as seguintes demonstrações financeiras:
Balanço, Demonstração de Resultados por Naturezas, Demonstração dos Resultados por
Funções, Demonstração das Alterações no Capital Próprio, Demonstração dos Fluxos de Caixa –
método direto e anexo;
- Portaria 1011/2009, de 9 de Setembro – publica o Código das Contas e as Notas de
enquadramento.
- Avisos: definem a estrutura concetual, as normas e as normas interpretativas:
- Aviso n.º 15 652/2009, de 7 de Setembro – aprova a Estrutura Concetual do SNC e trata do
objetivo das Demonstrações Financeiras, das características qualitativas que determinam a
utilidade da informação contida nas Demonstrações Financeiras, da definição reconhecimento
e mensuração dos elementos a partir dos quais se constroem as demonstrações financeiras, e
dos conceitos de capital e de manutenção de capital;
- Aviso 15 655/2009, de 7 de Setembro – pública as normas contabilísticas e de relato
financeiro (NCRF);
- Aviso 15 654/2009, de 7 de Setembro - pública as normas contabilísticas e de relato
financeiro para as pequenas entidades (NCRF – PE);
- Aviso 15 653/2009, de 7 de Setembro – publica duas Normas Interpretativas.

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Em Março de 2011 assiste-se à primeira revisão do SNC. Com o objectivo de adequar o SNC à
realidade do tecido empresarial português, em 2011 destaca-se a publicação das seguintes normas:

- Norma Contabilística para as MicroEntidades (NCRF – ME);


- Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro para Entidades do Setor não Lucrativo (NCRF-
ESNL)
Desde a sua publicação o Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho tem vindo a ser alvo de diversas
alterações. Por simplificação destacamos a legislação mais recente:

− Aviso n.º 8259/2015, de 29/07- Homologação da Norma Contabilística e de Relato Financeiro para
Entidades do Setor não Lucrativo do Sistema de Normalização Contabilística.
− Aviso n.º 8258/2015, de 29/07- Homologação das Normas Interpretativas do Sistema de
Normalização Contabilística;
− Aviso n.º 8257/2015, de 29/07- Homologação da Norma Contabilística e de Relato Financeiro para
Pequenas Entidades do Sistema de Normalização Contabilística.
− Aviso n.º 8255/2015, de 29/07- Homologação da Norma Contabilística para Microentidades do
Sistema de Normalização Contabilística.
− Aviso n.º 8254/2015, de 29/07- Homologação da Estrutura Conceptual do Sistema de Normalização
Contabilística.
− Portaria n.º 220/2015, de 24/07- Aprova os modelos de demonstrações financeiras para as
diferentes entidades que aplicam o SNC.

− Portaria n.º 218/2015, de 23/07- Aprova o Código de Contas.


− Decreto-Lei n.º 98/2015, de 02/06- Transpõe a Diretiva n.º 2013/34/UE, do Parlamento Europeu e
do Conselho, de 26 de junho de 2013, relativa às demonstrações financeiras anuais, às demonstrações
financeiras consolidadas e aos relatórios conexos de certas formas de empresas.

A publicação do Decreto-Lei nº 98/2015, de 2 de junho visou para além da transposição da diretiva n.º
2013/34/UE, proceder à unificação e clareza do sistema contabilístico, aprovado pelo Decreto-Lei n.º
158/2009, com as sucessivas alterações de que foi objeto. Refira-se que tendo em conta a obrigatoriedade de
transposição da Diretiva em apreço, existem situações em que a normalização contabilística portuguesa se
afasta das normas internacionais de contabilidade.

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Quadro resumo das alterações:

III. ESTRUTURA CONCETUAL


A Estrutura Concetual constitui um documento autónomo publicado e aprovado pelo Aviso n.º 15
652/2009, de 7 de setembro entretanto revogado pelo Aviso n.º 8254/2015 de 29 de Julho.

É o conjunto de conceitos contabilísticos estruturantes que, não constituindo uma norma


propriamente dita, se assume como referencial intrínseco a todo o sistema. Estes conceitos estão subjacentes
à preparação e apresentação das demonstrações financeiras para utentes externos.

Esta estrutura não é uma NCRF e por isso não define normas para qualquer mensuração particular ou
tema de divulgação.

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A CNC reconhece que em alguns casos pode haver um conflito entre esta Estrutura Concetual e uma
qualquer NCRF. Nos casos em que haja conflito, os requisitos da NCRF prevalecem em relação à Estrutura
Concetual.

A Estrutura Concetual tem como principal finalidade ajudar os preparadores das demonstrações
financeiras na aplicação das NCRF e, por outro lado, ajudar os utentes na interpretação da informação contida
nas demonstrações financeiras preparadas.

Para este efeito, a Estrutura Concetual estabelece e trata:

- Do objetivo das demonstrações financeiras;


- Das características qualitativas que determinam a utilidade da informação contida nas
demonstrações financeiras;
- Da definição, reconhecimento e mensuração dos elementos a partir dos quais se constroem as
demonstrações financeiras;
- Dos conceitos de capital e de manutenção de capital;

Esta Estrutura Concetual aplica-se às demonstrações financeiras (de finalidades gerais), incluindo as
consolidadas, de todas as entidades comerciais, industriais e de negócios que relatam, sejam do setor público
ou do privado.

Conjunto completo de demonstrações financeiras

As demonstrações financeiras fazem parte do processo do relato financeiro. Um conjunto completo de


demonstrações financeiras inclui normalmente um balanço, uma demonstração dos resultados, uma
demonstração das alterações na posição financeira e uma demonstração de fluxos de caixa, bem como as
notas e outras demonstrações e material explicativo que constituam parte integrante das demonstrações
financeiras. As demonstrações financeiras não incluem, porém, elementos preparados pelo órgão de gestão,
tais como relatórios, exposições, debate e análise e elementos similares que possam ser incluídos num
relatório financeiro ou anual.

Objetivo das demonstrações financeiras

O objetivo das demonstrações financeiras é o de proporcionar informação acerca da posição financeira,


do desempenho e das alterações na posição financeira de uma entidade que seja útil a um vasto leque de
utentes na tomada de decisões económicas.

As demonstrações financeiras preparadas com esta finalidade vão de encontro às necessidades comuns
da maior parte dos utentes. Contudo, as demonstrações financeiras não proporcionam toda a informação de
que os utentes possam necessitar para tomarem decisões económicas uma vez que elas, em grande medida,

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retratam os efeitos financeiros de acontecimentos passados e não proporcionam necessariamente


informação não financeira.

Pressupostos subjacentes

• Regime de acréscimo - A fim de satisfazerem os seus objetivos, as demonstrações financeiras


são preparadas de acordo com o regime contabilístico do acréscimo. Através deste regime, os
efeitos das transações e de outros acontecimentos são reconhecidos quando eles ocorram (e
não quando caixa ou equivalentes de caixa sejam recebidos ou pagos) sendo registados
contabilisticamente e relatados nas demonstrações financeiras dos períodos com os quais se
relacionem. As demonstrações financeiras preparadas de acordo com o regime de acréscimo
informam os utentes não somente das transações passadas envolvendo o pagamento e o
recebimento de caixa mas também das obrigações de pagamento no futuro e de recursos que
representem caixa a ser recebida no futuro. Deste modo, proporciona-se informação acerca das
transações passadas e outros acontecimentos que seja mais útil aos utentes na tomada de
decisões económicas.
• Continuidade - As demonstrações financeiras são normalmente preparadas no pressuposto de
que uma entidade é uma entidade em continuidade e de que continuará a operar no futuro
previsível. Daqui que seja assumido que a entidade não tem nem a intenção nem a necessidade
de liquidar ou de reduzir drasticamente o nível das suas operações; se existir tal intenção ou
necessidade, as demonstrações financeiras podem ter que ser preparadas segundo um regime
diferente e, se assim for, o regime usado deve ser divulgado.

Características qualitativas das demonstrações financeiras

As características qualitativas são os atributos que tornam a informação proporcionada nas


demonstrações financeiras útil aos utentes. As quatro principais características qualitativas, entre
as restantes, são a compreensibilidade, a relevância, a fiabilidade e a comparabilidade.

• Compreensibilidade - Uma qualidade essencial da informação proporcionada nas


demonstrações financeiras é a de que ela seja rapidamente compreensível pelos
utentes. Para este fim, presume-se que os utentes tenham um razoável conhecimento
das atividades empresariais e económicas e da contabilidade e vontade de estudar a

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informação com razoável diligência. Porém, a informação acerca de matérias


complexas, a incluir nas demonstrações financeiras dada a sua relevância para a tomada
de decisões dos utentes, não deve ser excluída meramente com o fundamento de que
ela possa ser demasiado difícil para a compreensão de certos utentes.
− Relevância - Para ser útil, a informação tem de ser relevante para a tomada de decisões
dos utentes. A informação tem a qualidade da relevância quando influencia as decisões
económicas dos utentes ao ajudá-los a avaliar os acontecimentos passados, presentes
ou futuros ou confirmar, ou corrigir, as suas avaliações passadas.
− As funções preditiva e confirmatória da informação estão interrelacionadas. Por
exemplo, a informação acerca do nível corrente e da estrutura da detenção de ativos
tem valor para os utentes, quando estes se esforçam por predizer a capacidade da
entidade para tirar vantagem das oportunidades e a capacidade de reagir a situações
adversas. A mesma informação desempenha um papel confirmatório a respeito de
predições passadas, acerca, por exemplo, do caminho em que a entidade seria
estruturada ou do resultado de operações planeadas.
− Fiabilidade - Para que seja útil, a informação também deve ser fiável. A informação tem
a qualidade da fiabilidade quando estiver isenta de erros materiais e de preconceitos, e
os utentes dela possam depender ao representar fidedignamente o que ela pretende
representar ou pode razoavelmente esperar-se que represente. (A informação pode ser
relevante mas tão pouco fiável por natureza ou representação que o seu
reconhecimento pode ser potencialmente enganador. Por exemplo, se a validade e
quantia de uma reclamação por danos sob ação legal estiverem em disputa, pode ser
inapropriado para a entidade reconhecer no balanço a quantia inteira da reclamação,
embora possa ser apropriado divulgar a quantia e circunstâncias da reclamação.)
− Comparabilidade - Os utentes têm de ser capazes de comparar as demonstrações
financeiras de uma entidade ao longo do tempo a fim de identificar tendências na sua
posição financeira e no seu desempenho. Os utentes têm também de ser capazes de
comparar as demonstrações financeiras de diferentes entidades a fim de avaliar de forma
relativa a sua posição financeira, o seu desempenho e as alterações na posição financeira.
Daqui que a mensuração e exposição dos efeitos financeiros de transações e outros
acontecimentos semelhantes devam ser levados a efeito de maneira consistente em toda a

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entidade e ao longo do tempo nessa entidade e de maneira consistente para diferentes


entidades.

Uma implicação importante da característica qualitativa da comparabilidade é a de que


os utentes sejam informados das políticas contabilísticas usadas na preparação das
demonstrações financeiras, de quaisquer alterações nessas políticas e dos efeitos de tais
alterações. Os utentes necessitam de ser capazes de identificar diferenças entre as
políticas contabilísticas para transações e outros acontecimentos semelhantes usados
pela mesma entidade de período para período e entre diferentes entidades. A
conformidade com as NCRF, incluindo a divulgação das políticas contabilísticas usadas
pela entidade, ajuda a conseguir comparabilidade.
A necessidade de comparabilidade não deve ser confundida com a mera uniformidade
e não deve ser permitido que se torne um impedimento à introdução de normas
contabilísticas melhoradas. Não é apropriado que uma entidade continue a contabilizar
da mesma maneira uma transação ou outro acontecimento se a política adotada não
estiver de acordo com as características qualitativas da relevância e da fiabilidade. É
também inapropriado que uma entidade deixe as suas políticas contabilísticas
inalteradas quando existam alternativas mais relevantes e fiáveis.
Porque os utentes desejam comparar a posição financeira, o desempenho e as alterações
na posição financeira de uma entidade ao longo do tempo, é importante que as
demonstrações financeiras mostrem a informação correspondente dos períodos
precedentes.
Materialidade - A relevância da informação é afetada pela sua natureza e materialidade.
Nalguns casos, a natureza da informação é por si mesma suficiente para determinar a sua
relevância. Por exemplo, o relato de um novo segmento pode afetar a avaliação dos riscos
e oportunidades que se deparam à entidade independentemente da materialidade dos
resultados conseguidos pelo novo segmento no período de relato. Noutros casos, quer a
natureza quer a materialidade são importantes, como por exemplo, as quantias de
inventários detidas em cada uma das principais categorias que sejam apropriadas para o
negócio.
A informação é material se a sua omissão ou inexatidão influenciarem as decisões
económicas dos utentes tomadas com base nas demonstrações financeiras. A

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materialidade depende da dimensão do item ou do erro julgado nas circunstâncias


particulares da sua omissão ou distorção. Por conseguinte, a materialidade proporciona
um patamar ou ponto de corte, não sendo uma característica qualitativa primária que a
informação tenha de ter para ser útil.
− Representação fidedigna - Para ser fiável, a informação deve representar
fidedignamente as transações e outros acontecimentos que ela pretende representar ou
possa razoavelmente esperar-se que represente. Assim, por exemplo, o balanço deve
representar fidedignamente as transações e outros acontecimentos de que resultem
ativos, passivos e capital próprio da entidade na data do relato que satisfaçam os critérios
de reconhecimento.
− Substância sobre a forma - Se a informação deve representar fidedignamente as
transações e outros acontecimentos que tenha por fim representar, é necessário que eles
sejam contabilizados e apresentados de acordo com a sua substância e realidade
económica e não meramente com a sua forma legal. A substância das transações ou de
outros acontecimentos nem sempre é consistente com a que é mostrada pela sua forma
legal ou idealizada.
− Neutralidade - Para que seja fiável, a informação contida nas demonstrações financeiras
tem de ser neutra, isto é, livre de preconceitos. As demonstrações financeiras não são
neutras se, por via da seleção ou da apresentação da informação, elas influenciarem a
tomada de uma decisão ou um juízo de valor a fim de atingir um resultado ou um efeito
predeterminado.
− Prudência - Os preparadores das demonstrações financeiras têm, porém, de lutar com as
incertezas que inevitavelmente rodeiam muitos acontecimentos e circunstâncias, tais
como a cobrabilidade duvidosa de dívidas a receber, a vida útil provável de instalações e
equipamentos e o número de reclamações de garantia que possam ocorrer. Tais incertezas
são reconhecidas através da divulgação da sua natureza e extensão e pela aplicação de
prudência na preparação das demonstrações financeiras. A prudência é a inclusão de um
grau de precaução no exercício dos juízos necessários ao fazer as estimativas necessárias
em condições de incerteza, de forma que os ativos ou os rendimentos não sejam
sobreavaliados e os passivos ou os gastos não sejam subavaliados. Porém, o exercício da
prudência não permite, por exemplo, a criação de reservas ocultas ou provisões excessivas,
a subavaliação deliberada de ativos ou de rendimentos, ou a deliberada sobreavaliação de

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passivos ou de gastos, porque as demonstrações financeiras não seriam neutras e, por isso,
não teriam a qualidade de fiabilidade.
− Plenitude - Para que seja fiável, a informação nas demonstrações financeiras deve ser
completa dentro dos limites de materialidade e de custo. Uma omissão pode fazer com que
a informação seja falsa ou enganadora e por conseguinte não fiável e deficiente em termos
da sua relevância.

IV. CONCEITOS FUNDAMENTAIS

As Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro são o núcleo central do SNC e foram


adaptadas a partir das Normas Internacionais de Contabilidade adotadas pela EU.

Cada NCRF estabelece um instrumento de normalização extenso e amplo onde se determinam


os vários tratamentos técnicos a adotar em matéria de reconhecimento, de mensuração, de
apresentação e de divulgação das realidades económicas e financeiras das entidades.

Porém existem conceitos transversais, designadamente o conceito de Posição financeira e de


Desempenho.

Os elementos diretamente relacionados com a mensuração da Posição Financeira são os ativos,


os passivos e o capital próprio. São definidos como segue:

• Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de acontecimentos


passados e do qual se espera que fluam para a entidade benefícios económicos
futuros;
• Passivo é uma obrigação presente da entidade proveniente de acontecimentos
passados, da liquidação da qual se espera que resulte um exfluxo de recursos da
entidade incorporando benefícios económicos; e
• Capital próprio é o interesse residual nos ativos da entidade depois de deduzir todos
os seus passivos.

Os elementos relacionados com o Desempenho da entidade, são os que se encontram diretamente


relacionados com a mensuração do resultado - Rendimentos e Gastos.

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• Rendimentos são aumentos nos benefícios económicos durante o período


contabilístico na forma de influxos ou aumentos de ativos ou diminuições de passivos
que resultem em aumentos no capital próprio, que não sejam os relacionados com as
contribuições dos participantes no capital próprio; e

• Gastos são diminuições nos benefícios económicos durante o período contabilístico na


forma de exfluxos ou deperecimentos de ativos ou na incorrência de passivos que
resultem em diminuições do capital próprio, que não sejam as relacionadas com
distribuições aos participantes no capital próprio.

Correspondência entre as NCRF’s e as NIC é apresentada no seguinte quadro:

Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro NIC


NCRF 1 Estrutura e Conteúdo das Demonstrações Financeiras IAS 1
NCRF 2 Demonstrações de Fluxos de Caixa IAS 7
NCRF 3 Adoção pela 1ª vez das NCRF IAS 1
NCRF 4 Políticas Contabilísticas, Alterações nas Estimativas Contabilísticas e Erros
IAS 8
NCRF 5 Divulgações de Partes Relacionadas IAS 24
NCRF 6 Ativos Intangíveis IAS 38
NCRF 7 Ativos Fixos Tangíveis IAS 16
Ativos Não Correntes Detidos para Venda e Unidades Operacionais
NCRF 8
Descontinuadas IAS 5
NCRF 9 Locações IAS 17
NCRF 10 Custos de Empréstimos Obtidos IAS 23
NCRF 11 Propriedades de Investimento IAS 40
NCRF 12 Imparidade de Ativos IAS 36
NCRF 13 Interesses em Empreendimentos Conjuntos e Investimentos em Associadas IAS 28 e IAS 31
NCRF 14 Concentração de Atividades Empresariais IAS 3
NCRF 15 Investimentos em Subsidiárias e Consolidação IAS 27
NCRF 16 Exploração e Avaliação de Recursos minerais IAS 6
NCRF 17 Agricultura IAS 41
NCRF 18 Inventários IAS 2
NCRF 19 Contratos de Construção IAS 11
NCRF 20 Rédito IAS 18
NCRF 21 Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes IAS 37
NCRF 22 Contabilização dos Subsídios do Governo e Divulgação de Apoios do Governo IAS 20
NCRF 23 Os efeitos de Alteração em Taxas de Câmbio IAS 21
NCRF 24 Acontecimentos Após a data do Balanço IAS 10
NCRF 25 Impostos sobre o Rendimento IAS 12
NCRF 26 Matérias ambientais
NCRF 27 Instrumentos Financeiros IAS 32 e IAS 39
NCRF 28 Benefícios dos Empregados IAS 7
NCRF - PE Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro p/ Peq. Entid.

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Porém dada a complexividade do SNC, foram identificadas diferentes categorias de empresas.


As empresas de menor dimensão, dentro dos limites previstos, podem adoptar sistemas
contabilísticos mais simplificados, designadamente a Norma Contabilística para Microentidades
(NC-ME) e a Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF – PE.
Estas normas agrupam de forma compacta os principais aspetos de reconhecimento, mensuração
e divulgação extraídos das NCRF’s, tidos como os requisitos mínimos aplicáveis às referidas
entidades.

Os quadros seguintes identificam os limites que definem as categorias das empresas e as


normas aplicáveis a cada categoria.

Limites para definir as categorias das entidades

<

Nota: As entidades de interesse público são sempre consideradas como grandes entidades

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NCRF aplicáveis por categorias de entidades

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O SNC é obrigatoriamente aplicável às seguintes entidades:

- Sociedades abrangidas pelo Código das Sociedades Comerciais;


- Empresas individuais reguladas pelo Código Comercial;

- Estabelecimentos Individuais de responsabilidade Limitada;


- Empresas Públicas
- Cooperativas;
- Agrupamentos complementares de empresas e agrupamentos europeus de interesse
económico;
Sendo excluída a sua aplicação às entidades sujeitas à supervisão do(a):

- Banco de Portugal;
- Instituto de Seguros de Portugal;
- Comissão de Mercado de Valores Mobiliários;
Em Resumo:

A Contabilidade regista e relata tanto os fluxos gerados dentro das entidades como as relações entre
as várias entidades do circuito económico, desde que traduzidas numa mesma unidade monetária.
Servirá, acima de tudo, para que os responsaveis da empresa possam tirar lições sobre o passado,
justifiquem o presente e preparem o futuro.

Em 2010 entrou em vigor o SNC como substituição de um modelo baseado no Plano Oficial de
Contabilidade (POC) em vigor desde 1977, que revelava-se desasjustado face às modificações
verificadas na economia e na atividade das empresas. A adesão à União Europeia, a abertura
crescente da economia nacional e a maior compelxidade das empresas exigem demonstrações
financeiras harmonizadas a nível internacional.

A entrada em vigor do SNC garante que as empresas portuguesas estejam bem posicionadas em
materia de harmonização e de modernização contabilistica da União Europeia e visa contribuir para

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o aumento da competitividade das empresas portuguesas, na medida em que permite a obtençºão


de informação financeira transparente e comparável.

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1 – INTRODUÇÃO AO BALANÇO

1.1 O BALANÇO

A configuração geral do modelo adotado para o Balanço assume a forma vertical, identificando
o Ativo, o Capital Próprio e o Passivo. É assumido um formato único, que servirá de modelo para o
relato financeiro quer para as contas individuais, quer para as contas consolidadas.

Poderemos tentar utilizar as seguintes definições, para estes elementos, sendo que o Ativo é
um recurso controlado pela entidade, como resultado de acontecimentos passados e do qual
se espera que fluam para a empresa benefícios económicos futuros.

Um Passivo é uma obrigação presente da empresa proveniente de acontecimentos


passados, da liquidação da qual se espera que resulte em exfluxo de recursos da empresa,
incorporando benefícios económicos.

O Capital Próprio é o interesse residual nos ativos da empresa depois de deduzir todos
os seus passivos. Representa o valor do património da entidade, determinado pela diferença entre
o Ativo e o Passivo.

As rubricas do Balaço são classificadas segundo o critério de distinção entre Ativos e Passivos
Correntes e Não Correntes, definidos nos §§ 10 a 13 da NCRF 1 – Estrutura e Conteúdo das
Demonstrações Financeiras – VER ANEXO 1.

1.2 A INFORMAÇÃO PROPORCIONADA PELO BALANÇO

As rubricas do modelo de Balanço correspondem ao conteúdo mínimo obrigatório de


informação financeira a ser apresenta na face desta demonstração financeira. Em função da
composição dos ativos, passivos e capitais próprios de cada entidade e atendendo aos critérios de
materialidade e agregação definidos no ponto 1.5 das Bases para a Apresentação das Demonstrações
Financeiras (BADF) do SNC, uma entidade poderá excepcionalmente acrescentar outras rubricas
que sejam relevantes.

Sempre que em simultâneo para todas as datas de relato incluídas no balanço, não existam
quantias a apresentar as correspondentes linhas deverão ser removidas da demonstração a relatar.

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1.3 O RECONHECIMENTO E A VALORIMETRIA DOS ELEMENTOS PATRIMONIAIS

Em primeiro lugar no SNC chama-se à atenção para o facto das Demonstrações Financeiras
deverem ser identificadas, de uma forma clara e que permita distinguir de outra informação que
conste dos documentos de prestação de contas. Esta situação resulta do facto de só a estas aplicarem
as NCRF e portanto ser essencial possibilitar aos utentes a percepção do que foi elaborado com o seu
recurso.

Adicionalmente nas próprias DF’s cada componente deve ser identificado distintamente.
Sendo o nome da entidade, se as DF’s abrangem a entidade individual ou um grupo, o período, a
moeda de apresentação e o nível de arredondamento, exibidos de forma saliente e recorrente.

Outro fator a ter em consideração que não era explícito em termos do POC, embora presente
na 4ª Diretiva, era o princípio da não compensação de saldos. Agora, no SNC, nas BADF, o principio
ganha e clarifica-se que os ativos e passivos, e os rendimentos e gastos, não devem ser compensados.

Pretende-se que, uma vez separadamente relatado, não se prejudique a capacidade dos utentes
em compreender as transações, outros acontecimentos e condições que tenham ocorrido e de avaliar
os futuros fluxos de caixa da entidade.

Portanto será possível, por exemplo, se existirem saldos devedores e credores de clientes,
fornecedores e outras dívidas a pagar ou a receber, os apresentarmos na face do Balanço pelo seu
saldo líquido.

1.4 CAPITAL PRÓPRIO

O Capital Próprio é o interesse residual nos ativos da empresa depois de deduzir todos
os seus passivos. Representa o valor do património da entidade, determinado pela diferença entre
o Ativo e o Passivo. Corresponde à Classe 5 – Capital, reservas e Resultados Transitados do Quadro
Sintese de Contas.

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CLASSE 5 - CAPITAL, RESERVAS E RESULTADOS TRANSITADOS

Esta classe destina-se a registar as operações referentes ao capital próprio da entidade, incluindo o
resultado líquido do período e outras operações que configurem alterações no capital próprio. Inclui
as transacções com detentores de capital próprio tais como contribuições de capital, prestações
suplementares e dividendos.

CONTA 51 – CAPITAL SUBSCRITO

A conta 51 - Capital Subscrito utiliza-se nas diferentes formas jurídicas que as empresas podem
assumir e, no caso das sociedades, representa o valor nominal das partes sociais; no caso dos
comerciantes em nome individual, expressa o valor que o empresário colocou à disposição da
empresa no início ou durante a sua atividade.

Assim, esta conta evidencia o capital subscrito, devendo ser deduzido, para efeitos de
elaboração do Balanço, o eventual saldo da conta 261 - Accionistas c/subscrição ou 262 - Quotas não
liberadas. (SNC-Notas de Enquadramento ao Código de Contas). Isto signifca que face ao novo
sistema contabilístico o Balanço apenas irá reflectir o capital realizado que corresponde á diferença
entre a quantia de capital estatutário da entidade e a parte não realizada pelos sócios.

Esta conta servirá também para registar o capital fixado dos estabelecimentos individuais de
responsabilidade limitada, o capital inicial e as dotações de capital das empresas publicas e o capital
das cooperativas. Também é usada para relevar o capital inicial e adquirido dos empresários em
nome individual bem como as operações de natureza financeira efectuadas com o próprio
empresário.

Em termos genéricos, a conta credita-se pelo capital nominal subscrito e ainda pelos aumentos
de capital que entretanto ocorram; debita-se pelas reduções de capital.

51 - Capital

• Reduções de capital Subscrição do Capital inicial


Aumentos de capital

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MOVIMENTOS ASSOCIADOS À CONSTITUIÇÃO DE EMPRESAS

A. Empresas em Nome Individual

Nas empresas em nome individual, que não assumam a forma de Estabelecimento Individual
de Responsabilidade Limitada (EIRL), ou sociedade unipessoal por quotas, o capital, em geral, é
variável, aumentando com os lucros e com as entradas adicionais, e diminuindo com os prejuízos e
os levantamentos efetuados pelo empresário. Deste modo, no final de cada ano, esta conta pode
apresentar saldo devedor ou credor. No caso das empresas individuais recomenda-se a consideração
das seguintes contas de 2º grau:

511 Capital Inicial - Regista a diferença entre os valores ativos e passivos, afetos ao negócio,
com que o empresário inicia a atividade.

Exemplo 1

A. Guerra constituiu, em 1/1/n uma empresa em nome individual, para a qual contribuiu com
os seguintes valores:

Depósito no Banco: 16 000 €


Um edifício: 64 000 €

Lançamento:

Contas movimentadas
Dia Op. N.º Descrição Valores (euros)
Débito Crédito
Valores ativos com que A. Guerra iniciou a sua 511 80 000,00
atividade
Valores ativos com que A. Guerra iniciou a sua 12X 16 000,00
atividade
Valores ativos com que A. Guerra iniciou a sua 43X 64 000,00
atividade
Totais A Débito 80 000,00
A Crédito 80 000,00

512 Capital Adquirido - Relativo à acumulação de resultados, positivos e negativos, que não
tenham sido retirados ou supridos através da conta particular do empresário. O resultado de
cada um dos períodos será evidenciado na apropriada conta, ou seja, a conta 818 - "Resultado
líquido do período". Esta subconta tem assim a particularidade de acolher os movimentos que
nas demais empresas se registam na conta 56- "Resultados transitados". Se o saldo for credor

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significa que os lucros acumulados superam os prejuízos acumulados; se devedor representa


uma acumulação de prejuízos superiores aos lucros.

Exemplo 2

A. Guerra realiza durante o período de n um lucro de 52 000,00 €. Este valor não foi alterado
(retirado através da conta particular) durante o período de n + 1, devendo ser, no fim do período
de n + 1, transferido para a adequada subconta.

Lançamento no fim do período n + 1:


Dia Op. N.º Descrição Contas movimentadas Valores
Débito Crédito (euros)
Transferência de lucro relativo ao ano n 818 512 52 000,00
Totais A Débito 52 000,00
A crédito 52 000,00

513 Conta Particular - Abrange as operações de entradas e saídas de valores relativas ao


empresário; sendo pois a conta de ligação entre a empresa e o empresário para registar eventuais
operações particulares. Registam-se nesta conta todas as entregas e levantamentos feitos pelo
titular da empresa durante cada período económico à própria empresa, ou ainda os pagamentos
e recebimentos efetuados pela empresa e de conta do seu titular. É claro que apenas se deverão
registar os factos que alterem o património comercial da empresa. Assim, as despesas efetuadas
pelo empresário, por exemplo, na aquisição de mobiliário doméstico não deverão ser
consideradas nesta conta, desde que em tal aquisição não tenham sido utilizados valores afetos a
atividade empresarial. É debitada por todos os levantamentos efetuados pelo empresário e
creditada pelas entregas por si efetuadas.

Exemplo 3

Durante o período de n + 1, A. Guerra levantou dos cofres da empresa 52 000 €. As entregas


adicionais efetuadas neste período totalizaram 15 000 €.

Dia Op. N.º Descrição Contas movimentadas Valores


Débito Crédito (euros)
Levantamentos efetuados 513 111 52 000,00

Totais A Débito 52 000,00


A Crédito 52 000,00

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Entregas adicionais:

Dia Op. N.º Descrição Contas movimentadas Valores


Débito Crédito (euros)
Entregas adicionais efetuadas 111 513 15 000,00

Totais A Débito 15 000,00


A Crédito 15 000,00

B. Sociedades

Os contratos de sociedade podem estabelecer que algumas partes de capital beneficiem de


determinados privilégios, com o objetivo de recompensar os fundadores da sociedade, ou então de
atrair novos capitais. Por outro lado, o capital é suscetível de ser reembolsado, conferindo ou não
direitos. Estas situações são passíveis de registo através da criação de sub contas apropriadas (por
exemplo):

511 Ordinário (partes de capital que não conferem direitos especiais)


512 Privilegiado (partes de capital que concedem determinados privilégios)
513 Amortizado – (partes de capital reembolsadas aos titulares)

Desdobramentos:
511 Ordinário
5111 Subscrito e não realizado
512 Privilegiado
5121 Subscrito e não realizado
513 Amortizado
5131 Com fruição
5132 Sem fruição

B1. Sociedade por Quotas

Nas sociedades em nome coletivo e por quotas é possível evidenciar duas fases: subscrição e
realização do capital subscrito.

- Pela subscrição do capital da sociedade:


262 511

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- Pelo pagamento do capital subscrito (entradas em dinheiro):

11/12 262
liberação do capital

No caso de os sócios, para além das entradas em dinheiro, realizarem entradas em espécie, far-se-á
o lançamento correspondente ao registo destes bens consoante a sua natureza (debitando as contas
relativas aos bens que constituem valores ativos e creditando as que representam valores passivos).
Se um sócio entregar à sociedade um valor superior ao que subscreveu, a diferença corresponde a
um empréstimo que tal sócio fez a sociedade, também denominado suprimento, a registar na
subconta 2532-Suprimentos.

Quanto às despesas de instalação e expansão, originados pela constituição de uma sociedade, não
cumprem, face ao SNC os requisitos de ativo intangível, previstos na NCRF 6, uma vez que não são
ativos controlados pela empresa, nem irão gerar quaisquer benefícios económicos futuros. O
parágrafo 68 da NCRF 6 dá como exemplo, as despesas de instalação como dispêndios que deverão
ser considerados como gastos do período em que são incorridos devendo ser contabilizados numa
subconta apropriada de gastos (p.ex. 6265 – Contencioso e notariado).

Exemplo 4

Quatro investidores decidiram constituir uma sociedade por quotas com capital social de
40.000€, detendo cada um dos sócios 25% do capital. Na data da escritura publica a totalidade
do capital subscrito foi realizado em dinheiro. A empresa suportou despesas com a
constituição da sociedade no montante de 2 000€.

Dia Op. N.º Descrição Contas movimentadas Valores (euros)


Débito Crédito
Subscrição do Capital da Sociedade 2621 – Sócio A 10 000,00
2622 – Sócio B 10 000, 00

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2623 – Sócio C 10 000, 00


2624 – Sócio D 10 000, 00
51 - Capital 40 000,00
Totais A Débito 40 000,00
A Crédito 40 000,00
Realização do Capital da Sociedade 12 – D.Ordem 40 000,00
2621 – Sócio A 10 000, 00
2622 – Sócio B 10 000, 00
2623 – Sócio C 10 000, 00
2624 – Sócio D 10 000,00
Totais A Débito 40 000,00
A Crédito 40 000,00
Dispendio incorridos com a 6265 - Contencioso e 2 000,00
constituição da sociedade Notariado 12 – D. Ordem 2 000,00

Totais A Débito 2 000,00


A Crédito 2 000,00

Sociedade Anónima

Nas sociedades anónimas pode-se configurar as seguintes fases: emissão, subscrição, rateio e
liberação das ações.

Emissão e subscrição:

261 511
VN VN
valor nominal das

No caso do valor de subscrição ser acima do par (Valor Subscrição > Valor Nominal), teremos:

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Em que:
VN- valor nominal das ações emitidas P - prémio de emissão (valor
de subscrição - valor nominal).

Liberação:

12 261
liberação das ações subscritas

Exemplo 5

Cinco investidores decidiram constituir uma sociedade anónima com capital social de
50.000,00€, subscrito a par pela totalidade, conforme proporção seguinte:

Sócio A – 10%, Sócio B – 10%, Sócio C – 40%, Sócio D – 30%, Sócio E – 10%

Os subscritores A e B realizaram a totalidade do capital por si subscrito por meio de cheque. C


apenas realizou metade do capital que subscreveu, também por cheque. D realizou o capital
subscrito em espécie, designadamente através da entrega de 1 viatura (valor: 10.000€) e
mercadorias diversas (2.000€). Por fim E ainda não realizou o capital que subscreveu.

Dia Op. N.º Descrição: Contas movimentadas


Subscrição do Capital da Sociedade Débito Crédito
2621 – Accionista A 5 000,00
2622 – Accionista B 5 000,00
2623 – Accionista C 20 000,00
2624 – Accionista D 15 000,00
2625 – Accionista E 5 000,00
a 51 - Capital 50 000,00
50 000,00 50 000,00

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Op. N.º Descrição: Contas movimentadas


Dia Realização do Capital da Sociedade Débito Crédito
12 – D.Ordem 20 000,00
32 – Mercadorias 2 000,00
434 – AFT – Equipamento Transporte 10 000,00
a 2621 – Accionista A 5 000,00
a 2622 – Accionista B 5 000,00
a 2623 – Accionista C 10 000,00
a 2624 – Accionista D 12 000,00

32 000,00 32 000,00

Sociedade em Comandita

Nas sociedades em comandita por ações os movimentos são semelhantes aos analisados para as sociedades
anónimas; no caso de sociedades em comandita simples são iguais aos que foram referidos para as
sociedades em nome coletivo.

Cooperativas:

A - Constituição do capital social:

A1 - Subscrição do capital social

262 511
subscrição dos títulos de
capital

A2 - Realização do capital social

11/12 262
realização do valor dos títulos
subscritos

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B- Entrada de novos cooperadores

Partindo do princípio que em regra, os estatutos da cooperativa estabelecem, para admissão de novos
cooperadores, o pagamento não só do valor do título de capital, mas também de uma jóia (determinada
importância fixa que deverá ser considerada uma reserva estatutária), os lançamentos serão os seguintes:

B1 - Subscrição dos títulos:

262 511

títulos subscritos

B2 - Realização:

262
VN
11/12

Vn+ J 552

Em que:
VN- valor nominal dos títulos subscritos
J - jóia

C- Saída de cooperadores por demissão

Os membros de uma cooperativa podem solicitar a sua saída nas condições estabelecidas
nos respetivos estatutos e, normalmente, é-lhes restituída a parte no capital.

Exemplo 6

O Sr. Lopes possuidor de 500 títulos de capital no valor nominal unitário de 5€ deixou de
ser cooperador. A sua conta corrente como cliente apresenta um saldo devedor de 1.500€.

✓ Anulação dos títulos:


511 262
2.500 2.500

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✓ Liquidação da sua conta:


262 111 211
2.500 1.000 1.500

D- Saída de cooperadores por exclusão

Os membros de uma cooperativa podem ser excluídos, por decisão da assembleia geral e
normalmente, por força dos estatutos, o valor do capital realizado reverte a favor da sociedade.

Exemplo 7

Por unanimidade na assembleia-geral foi excluído da sociedade o Sr. Lopes possuidor de


1000 títulos no valor nominal de 5 €.
511 552
5.000 5.000

RESTANTES CONTAS DA CLASSE 5


52 — AÇÕES (QUOTAS) PRÓPRIAS
Corresponde à quantia de ações ou quotas próprias adquiridas, a qual inclui respetiva componente
de prémio ou desconto. Tendo presente as disposições legais aplicáveis, esta matéria é tratada na
NCRF 27 – Instrumentos Financeiros.

521 Valor nominal


522 Descontos e prémios
A conta 521 — Valor nominal é debitada pelo valor nominal das ações ou quotas róprias adquiridas.
Ainda na fase de aquisição, a conta 522 — Descontos e prémios é movimentada pela diferença entre
o custo de aquisição e o valor nominal. Quando se proceder à venda das ações ou quotas próprias,
para além de se efetuar o respetivo crédito na conta 521, movimentar -se -á a conta 522 pela
diferença entre o preço de venda e o valor nominal. Simultaneamente, a conta 522 deverá ser
regularizada por contrapartida da conta 599 — Outras variações no capital próprio — Outras, de
forma a manter os descontos e prémios correspondentes às ações (quotas) próprias em carteira.

53 — OUTROS INSTRUMENTOS DE CAPITAL PRÓPRIO


Esta conta será utilizada para reconhecer as prestações suplementares ou quaisquer outros
instrumentos financeiros (ou as suas componentes) que não se enquadrem na definição de passivo
financeiro nos termos da NCRF 27 – Instrumentos Financeiros.

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54 – PRÉMIOS DE EMISSÃO
Reconhece-se nesta conta a diferença entre os valores de subscrição das acções (quotas)
emitidas e o seu valor nominal.

55 – RESERVAS
Utiliza-se para reconhecer as quantias colocadas em reservas, sejam elas obrigatórias (legais,
estatutárias, …) ou voluntárias, e cujo tratamento é definido pela NCRF 27 – Instrumentos
Financeiros.

56 – RESULTADOS TRANSITADOS
Esta conta reconhece as quantias dos resultados liquidos e os dividendos antecipados provenientes
do periodo anterior e ainda as quantias que nos termos das NCRF devam afectar positiva ou
negativamente os resultados de periodos anteriores, e que não devam ser incluídos no resultado do
periodo.

57 — AJUSTAMENTOS EM ATIVOS FINANCEIROS


Evidencia os ajustamentos decorrentes, designadamente, da utilização do método da equivalência
patrimonial em subsidiárias, associadas e entidades conjuntamente controladas.

571 Relacionados com o método da equivalência patrimonial


5711 Ajustamentos de transição
Esta conta regista os saldos dos ajustamentos de transição aquando da primeira aplicação do
SNC. 5712 Lucros não atribuídos
Esta conta será creditada pela diferença entre os lucros imputáveis às participações e os lucros que
lhes forem atribuídos (dividendos), movimentando-se em contrapartida a conta 56 – Resultados
Transitados.
5713 Decorrentes de outras variações nos capitais próprios das participadas

Esta conta acolherá, por contrapartida das contas 411 a 413 os valores imputáveis à participante na
variação dos capitais próprios das participadas, que não respeitem a resultados.
579 Outros

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58 EXCEDENTES DE REVALORIZAÇÃO DE ACTIVOS FIXOS TANGÍVEIS E INTANGÍVEIS


Esta conta é creditada em consequência da revalorização dos activos fixos tangíveis e intangíveis e
é debitada por contrapartida da conta 56 — Resultados transitados, em função da realização da
revalorização. Essa realização ocorre pela depreciação, abate ou venda do bem, nos termos definidos
na NCRF 6 – Ativos Intangíveis e na NCRF 7 – Ativos Fixos Tangíveis.

581 Reavaliações decorrentes de diplomas legais


5811 Antes de imposto sobre o rendimento
5812 Impostos diferidos
589 Outros excedentes
5891 Antes de imposto sobre o rendimento
5892 Impostos diferidos

59 OUTRAS VARIAÇÕES NO CAPITAL PRÓPRIO


Esta conta é utilizada para reconhecer outras variações no capital próprio que não tenham
enquadramento nas outras contas da classe 5.
Compreende as quantias reconhecidas diretamente no capital próprio, por força das NCRF.
Designadamente, têm aqui cabimento as diferenças de conversão de demonstrações financeiras
expressas em moeda diferente da do relato (NCRF 23 – Efeitos da Alterações nas Taxas de Câmbio),
ajustamentos derivados de impostos diferidos (NCRF 25 – Impostos sobre o Rendimento) e a
contabilização de subsidios (NCRF 22 - Subsídios e Outros Apoios das Entidades Públicas)

591 Diferenças de conversão de demonstrações financeiras


592 Ajustamentos por impostos diferidos
593 Subsídios
5931 Subsídios atribuídos
5932 Ajustamentos em subsídios
594 Doações
599 Outras

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1.5 INVESTIMENTO

Numa conceção ampla, investimento é toda a aplicação de recursos, logo, todos os ativos de
uma empresa são investimento.

Num sentido mais restrito, investimento corresponde à afetação de poupança na aquisição de


meios duradouros geradores de rendimento 1 . Estes podem respeitar a bens de equipamento e
outros utilizados duradoura e diretamente na produção de bens e serviços – ativosfixos tangíveis e
intangíveis – ou a ativos geradores de rendimentos como juros, participação nos lucros, rendas,
royalties ou mais-valias – investimentos financeiros.

A classe 4 do código de contas do SNC inclui os investimentos que têm caráter de permanência
e continuidade, ou seja, espera-se que não sejam realizados (vendidos ou consumidos) no decurso
normal do ciclo operacional da entidade. Correspondem, por isso, a ativos não correntes, esperando-
se a sua permanência na entidade por um período superior a 12 meses.

Estão contempladas as seguintes subclasses de investimentos:

41 Investimentos Financeiros
42 Propriedades de Investimento
43 Ativos Fixos Tangíveis
44 Ativos Intangíveis
45 Investimentos em curso
46 Ativos não correntes detidos para venda

A natureza do bem não é o atributo determinante na classificação dentro da classe, mas sim a
sua função no processo produtivo ou na atividade da empresa.

Principais rubricas desta Classe segundo o SNC:

✓ Ativos Fixos Tangíveis;

1
1 Nesta perspetiva os inventários não são investimento pois, embora gerem rendimento, não têm como objetivo permanecer na empresa
duradouramente. O mesmo se passa com a aquisição de ações próprias, pois embora com carácter duradouro, não geram rendimento.

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Compreende as quantias, líquidas de depreciação e de perdas de imparidade 2


acumuladasassumidas à data de relato, pelos ativos abrangidos pela NCRF 7 – Ativos Fixos
Tangíveis. Compreende também os respetivos adiantamentos por conta de investimentos
cujo preço esteja fixado.

✓ Propriedades de Investimento;

Compreende as quantias líquidas assumidas, à data de relato, pelos ativos abrangidos pela
NCRF 11 – Propriedades de Investimento.

✓ Trespasse (goodwill);

Rubrica destinada a apresentar as quantias respeitantes ao trespasse (goodwill), cujo


tratamento está previsto, designadamente, na NCRF 14 – Concentração de Atividades
Empresarias, na NCRF 15 – Investimento em Subsidiárias e Consolidação e NCRF 12 –
Imparidade de Ativos.

✓ Ativos Intangíveis;

Rubrica destinada a apresentar as quantias, líquidas de amortizações e perdas por


imparidade acumuladas, dos ativos tratados pela NCRF 16 – Ativos Intangíveis, à data de
relato. Também relevam as quantias de ativos intangíveis decorrentes da aplicação da NCRF
26 – Matérias Ambientais.

✓ Ativos Biológicos;
Onde se apresentam as quantias dos ativos biológicos de atividades agrícolas, tratados pela
NCRF 17 – Agricultura, que tenham características de não corrente.

✓ Outros Investimentos Financeiros

Rubrica destinada à apresentação das quantias de ativos classificáveis como financeiros nos
termos da NCRF 27 – Instrumentos Financeiros, com caráter não corrente e que não sejam
incluídas noutras rubricas do ativo não corrente.

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i) RECONHECIMENTO:

Atendendo ao conceito de ativo presente na estrutura concetual, há dois fatores essenciais


para reconhecer um investimento:

- Seja provável que venham a fluir benefícios económicos para a entidade, associados ao
elemento a reconhecer;

- O custo do elemento deve ser mensurado com fiabilidade.

ii) MENSURAÇÃO:

- Regra geral: Os bens do ativofixo devem ser valorizados ao custo deaquisição ou ao custo de
produção.

- Há, contudo, algumas especificidades que serão analisadas de seguida em cada subclasse de
investimentos como a introdução do critério do justo valor emdeterminado tipo de ativos.

IVA

Regra geral: as operações inerentes aos investimentos são passíveis de IVA.

A locação de imóveis e transações sujeitas a IMT (Imposto Municipal sobre a Transmissão


Onerosa de Imóveis) estão isentas de IVA.

O sujeito passivo poderá deduzir o imposto pago: 24322-IVA ded. investimentos

O imposto suportado na aquisição, fabrico ou importação, locação, utilização,transformação e


reparação de viaturas de turismo2, barcos de recreio, helicópteros, aviões, motos e motociclos não é
dedutível - este é acrescido aocusto de aquisição do ativo.

1.5.1 Ativos Fixos Tangíveis (NCRF Nº 7)

i) DEFINIÇÃO

Os ativos fixos tangíveis (AFT) são ativos não correntes e incorporam os elementos que “sejam
detidos por uma empresa para uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, para

2
Veículo automóvel que não se destine unicamente ao transporte de mercadorias, ao uso agrícola ou que não tenha mais de 9
lugares, sendo misto ou de passageiros

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arrendamento a outros, ou para fins administrativos e se espera que sejam usados durante mais do
que um período” (NCRF 7, §6)

Inclui igualmente as benfeitorias e as grandes reparações que sejam de acrescer ao custo


daqueles investimentos, ou seja, estas reparações acrescentam vida útil ao bem logo devem ser
reconhecidas e adicionadas ao valor inicial do investimento realizado.

São ainda considerados AFT os bens detidos em regime de locação financeira conforme
disposto da NCRF 9 – Locações.

Quando os elementos do AFT são adquiridos tendo como contrapartida a obtenção desubsídios
de Governo, deve aplicar-se o disposto na NCRF nº 22.

Assim, a conta de AFT está desagregada da seguinte forma:

43 Ativos Fixos Tangíveis


431 Terrenos e recursos naturais
432 Edifícios e outras construções
433 Equipamento básico
434 Equipamento de transporte
435 Equipamento Administrativo
436 Equipamento Biológicos
437 Outros ativos fixos tangíveis
438 Depreciações acumuladas
439 Perdas por imparidade acumuladas

ii) RECONHECIMENTO

O reconhecimento dos AFT deve atender aos critérios definidos para o reconhecimento de
um elemento do ativo (§7):

Elevada probabilidade de fluírem benefícios económicos para a entidade, associados


ao elemento a reconhecer

+
O custo do elemento deve ser mensurado com fiabilidade

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Alguns aspetos a considerar:

a) Quando um bem é composto por diferentes componentes de montante significativo com


vida útil diferente ou que proporcionem benefícios económicos num modelo diferente então a
contabilização deve ser efetuada por componentes, para se proceder à depreciação pelo uso de taxas
e/ou métodos diferentes.

b) É necessário distinguir as grandes reparações e manutenções subsequentes das reparações


e manutenções correntes. No primeiro caso, tendo em conta que os dispêndios subsequentes
permitem aumentar a vida útil do bem e, por isso, os benefícios económicos futuros, esses
dispêndios devem ser capitalizados (reconhecidos como ativo) no balanço. No segundo caso, os
dispêndios devem ser reconhecidos como gastos na medida que apenas permitem restaurar ou
manter os benefícios económicos futuros.

Exemplo: A substituição de peças para aumentar a capacidade produtiva de uma máquina ou


a adopção de processos produtivos que reduzam os custos oepracionais devem ser consideradas
como ativos. Os dispêndios com a assistência diária e com os consumíveis devem ser reconhecidos
como gastos.

Grandes reparações – ativo (BALANÇO)

Pequenas reparações – gasto (RESULTADOS)

III) MENSURAÇÃO

Aquando o reconhecimento de um elemento como AFT é necessário proceder à sua mensuração.


NCRF nº 7:

a) MENSURAÇÃO AQUANDO DO RECONHECIMENTO

INICIAL Modelo do custo

A aquisição de um AFT a título oneroso deve ser reconhecida ao seu custo de aquisição. O
custo de um item do AFT inclui (§17):

− o seu preço de compra incluindo os direitos de importação e impostos de compra não


reembolsáveis, após dedução de descontos e abatimentos;
− quaisquer custos diretamente atribuíveis para colocar o ativo na localização e condição
necessárias para colocar o bem em funcionamento (ex. custos de instalação, custos de
preparação do local…);

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− a estimativa inicial dos custos com o desmantelamento e remoção do item ou


restauração do local no qual está localizado, no final da sua vida útil, em cuja obrigação
uma entidade incorre (tal obrigação é reconhecida de acordo com a NCRF n.º 21)

Exemplos de custos diretamente atribuíveis (§18):


− Custos de benefícios dos empregados
− Custos de preparação do local
− Custo de entrega inicial e de manuseamento;
− Custos de instalação e montagem;
− Testes do funcionamento do ativo;
− Honorários de profissionais, tais como arquitetos e engenheiros;
− Custos com a aquisição de elementos para fins de segurança e ambiente (por exemplo
componentes para armazenamento de químicos perigosos);
Nota: Juros de empréstimos obtidos para a aquisição, construção ou produção de um AFT,
enquanto estiverem a decorrer as atividades necessárias para colocar o bem pronto para o uso
pretendido, podem reconhecer-se no custo do AFT (§23) (de acordo com os critérios previstos na
NCRF nº 10).

Exemplos de dispêndios não reconhecidos como custo de um item do AFT (§20):


− Custos de abertura de novas instalações
− Custos de introdução de um novo produto ou serviço (publicidade, por exemplo)
− Custos de condução do negócio numa nova localização
− Custos administrativos e outros gastos gerais.

REGRA: Devemos ter sempre em linha de conta se o dispêndio incorrido pela entidade é
necessário para colocar o elemento do AFT em funcionamento no local adequado. Todos os
custos/rendimentos que ocorrem em paralelo, ainda que associados, mas sem os quais o elemento
pode funcionar, não devem ser considerados no valor do elemento a mensurar.

No caso do AFT ser produzido pela entidade o ativo deve ser mensurado ao custo de produção
(§23) (inclui custos com matérias-primas, mão-de-obra e outros gastos).

Caso o ativo seja adquirido em troca de outro ativo, monetário ou não, deve ser mensurado ao
justo valor. Se o item adquirido não for avaliado ao justo valor (porque não é possível determinar
com fiabilidade o justo valor do bem adquirido ou do bem cedido ou porque a troca carece de
substância comercial), então o seu custo é mensurado pela quantia escriturada do bem cedido (§25).

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NOTA: Um elemento do AFT que não tenha sido adquirido nem produzido, mas que resulte de
uma doação deve ser mensurado ao justo valor3.

B) MENSURAÇÃO SUBSEQUENTE (APÓS O RECONHECIMENTO INICIAL)

Modelo do Custo

Após o reconhecimento como um ativo, um item do AFT deve ser escriturado pelo seu custo,
menos depreciações acumuladas e quaisquer perdas por imparidade acumuladas (§31).

Modelo de Revalorização

Após o reconhecimento como um ativo, um item do AFT, cujo justo valor possa ser mensurado
de forma fiável, deve ser escriturado por uma quantia revalorizada, que é o seu justo valor à data da
revalorização menos qualquer depreciação acumulada subsequente e perdas por imparidade
acumuladas subsequentes (§32).

Nota sobre o Justo Valor: O justo valor no caso de terrenos deve ser determinado com base em
pareceres de avaliadores profissionais. No caso das instalações e de equipamentos o justo valor pode
ser o valor de mercado determinado por avaliação (ex. revistas da especialidade). No caso de
elementos específicos do AFT raramente vendidos e para os quais é difícil encontrar um mercado
ativo que forneça um justo valor fiável, a entidade pode estimar o justo valor utilizando uma
estimativa do rendimento ou através do custo de reposição depreciado. A frequência com que se
deve proceder às revalorizações depende da volatilidade do justo valor que, naturalmente, varia em
cada tipo de bem.

A escolha da política contabilística nesta matéria (uso do modelo de custo ou do modelo de


revalorização) deve ser aplicada a uma classe inteira de AFT garantindo assim a comparabilidade e
a consistência da informação das demonstrações financeiras.

3
“O justo valor é o valor estabelecido num acordo de venda já existente ou o valor ditado pelo mercado ativo ou o valor resultante de
uma transação entre partes conhecedoras e dispostas a realizá-la” (Borges et al., 2007)

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CONTABILIZAÇÃO:
Aquisição de AFT a título gratuito (doação)

594 – Doações 43X - AFT


€ €

2) Aquisição ao exterior, benfeitorias ou grandes reparações

43X – AFT 24322 11/12/2711


€ € €

3) Construídos pela própria empresa:

a) Concluída no próprio período:

741 – Trab. p/ pp. 43X - AFT


entidade
€ €

b) Se em 31/12/n o AF não estiver concluído:

− 453 (Débito)/741(Crédito): pelo valor gasto no(s) período(s)

− 43x(Débito)/453 (Crédito): pelo valor total da obra (aquando da sua conclusão)

4) Trabalhos efetuados por 3ºs por conta de ativos fixos:

a) Ano n e ano n+1:

− 453(Débito); 2432x(Débito);2711(Crédito)

b) Quando estiver apto a funcionar:

− 43x(Débito);453(Crédito)

− 43x(Débito); 2432x(Débito);11/12/2711(Crédito) pelo remanescente

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5) Transferência de Inventários para AFT

38x 43x - AFT

€ €

6) Despesas de Conservação e Reparação

2432 6226 11/12


€ € €

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IV) DEPRECIAÇÃO DOS ATIVOS FIXOS TANGÍVEIS:

DEFINIÇÃO: A depreciação é a imputação sistemática da quantia depreciável de um ativo


durante a sua vida útil (§51).

Representa uma operação contabilística que visa registar o desgaste do investimento no


processo produtivo da entidade, espelhando assim a realidade económica na medida em que permite
equilibrar os custos com o desgaste do bem e os benefícios económicos por ele gerados.

Os bens do ativo fixo tangível têm, normalmente uma vida útil limitada, por isso devem ser
depreciados em função da sua utilização. A depreciação de um AFT inicia quando este está disponível
para uso (§ 56) e termina quando for reconhecido ou quando for classificado como detido para a
venda, debitando a conta 46 – Ativos não correntes detidos para venda. No caso dos terrenos, tendo
estes uma vida útil ilimitada não são, regra geral, sujeitos a depreciação (§59).

A quantia depreciável de um ativo deve ser determinada após a dedução do valor residual do
ativo(o valor residual é muitas vezes insignificante ou de difícil quantificação, por isso, normalmente
considera-se que é igual a zero) e deve ser calculada, período a período, durante a sua vida útil (§
54).

Tal como foi já referido acima sobre o reconhecimento dos elementos do AFT, sempre que um
elemento do AFT seja composto por itens cujo custo e vida útil seja significativamente diferente,
estes devem ser registados separadamente e depreciados de acordo com a vida útil de cada
componente (§ 44 a 48).

MÉTODOS DE DEPRECIAÇÃO:

Os métodos de depreciaçãodevem refletir o modelo por que se espera que os benefícios


económicos do ativo sejam consumidos pela entidade.

✓ Métododa linha reta;


✓ Métododo saldo decrescente;
✓ Método das unidades de produção.

Há dois elementos essenciais para o cálculo da Quota de Depreciação:

Quantia depreciável: diferença entre o valor inicial (VA) e o valor residual (Vr)

✓ VA – valor do custo reconhecido no momento inicial

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✓ VR – valor pelo qual se espera vender o bem no final da sua vida útil
✓ vida útil do bem – período estimado de utilização do bem

Algumas notas sobre a vida útil:

1. Como se estima a vida útil de um bem do ativo fixo tangível?

- Através da experiência da empresa com ativos semelhantes


- Na estimativa da vida útil devem ser considerados (§ 57, NCRF 7):
✓ O uso esperado do ativo (capacidade esperada);
✓ O desgaste normal e rutura física esperados (v.g. n.º de turnos);
✓ A obsolescência técnica (v.g. avanços tecnológicos);
✓ Limites legais ou semelhantes sobre o uso do ativo (v.g. datas de extinção de
locações).

2. O valor residual e a vida útil devem ser revistos pelo menos no final de cada ano
financeiro (§57).

3. Sempre que se entender alterar a vida útil estimada, os gastos de depreciação do


período corrente e futuros devem ser estimados com base na estimativa da vida útil
remanescente – nunca devem ser feitas as correções em Capitais Próprios (cf. NCRF 4-
Políticas contabilísticas, alterações nas estimativas contabilísticas e erros).

I. MÉTODO DA LINHA RETA (QUOTAS CONSTANTES):

Segundo o nº 1 do art. 4º do Dec- Reg 25/2009, o cálculo das depreciações faz -se, em regra,
pelo método da linha reta.

Este critério assenta no pressuposto de que o desgaste é diretamente proporcional ao tempo,


decorrendo daqui uma quota anual de depreciação constante ao longo da vida do bem (critério
rígido).

A depreciação no período t será:

Qt = (Valor Aquisição – Valor Residual)/n

Em que n = número de anos de vida útil do bem

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A grande vantagem deste método é a sua simplicidade de cálculo e de aplicação, pois uma vez
encontrado o valor anual de depreciação, repete-se até ao fim da vida do bem. Apresenta-se,
como principal crítica, o facto de não entrar em linha de conta com o aumento das despesas de
conservação, tendencialmente crescentes com a idade do bem, sobrecarregando os últimos
períodos de vida útil desse bem.

II. MÉTODO DO SALDO DECRESCENTE:

Este é um método de depreciação acelerada originando um débito decrescente durante a


vida util do ativo. Os encargos são maiores nosprimeiros anos e menores nos ultimos. O Fisco
aceita que as empresas utilizem este método para pagarem menos impostos nos primeiros anos.

A quota de depreciação é maior nos primeiros anos de vida útil do bem, do que nos últimos.
Segundo o nº 2 do art. 4º do Dec-Reg 25/2009, pode optar-se pelo cálculo das depreciações pelo
método das quotas decrescentes, relativamente aos ativos fixos tangíveis novos, adquiridos a
terceiros, construídos ou produzidos pela própria empresa, e que não sejam:

a) Edifícios;

b) Viaturas ligeiras de passageiros ou mistas, exceto quando afetas à exploração de


serviço público de transportes ou destinadas a ser alugadas no período da atividade
normal do sujeito passivo;

c) Mobiliário e equipamentos sociais.

Cálculo:

taxa de 1,5 se vida útil < 5 anos


Quota de
Valor contabilístico no início * depreciação (Dec. * 2,0 se vida útil = 5 ou 6 anos = Depreciação
Reg. 25/2009) 2,5 se vida útil > 6 anos
do período

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NOTA AOS MÉTODOS DO SALDO DECRESCENTE:

Quando a quota anual, calculada de acordo com a aplicação da taxa inerente ao método do
saldo decrescente, for inferior àquela que resulta da divisão do valor a depreciar pelo número de
anos de vida útil que restam, a contar do início do período em causa, poderá ser aceite como gasto,
até ao termo da vida útil, uma depreciação de valor correspondente ao resultado daquela divisão.

III. MÉTODOS DA SOMA DOS DÍGITOS DOS ANOS:

Este é um método de depreciação acelerada.

À semelhança do anterior método, a quota de depreciação é maior nos primeiros anos de


vida útil do bem, do que nos últimos.

Qt = k *(n −t +1) , em que:

K = (Vaqn−Vr)  K = nA
t t
t =1 t =1

Vantagens: Elimina o inconveniente do outro método.

Permite diferimento no pagamento de impostos.

Desvantagens: Maior dificuldade de cálculo das quotas de depreciação.

IV. MÉTODO DAS UNIDADES DE PRODUÇÃO (DESGASTE FUNCIONAL)

A depreciação é calculada em função do uso/capacidade produtiva estimada para o bem.

As quotas de depreciação são determinadas com base em unidades que exprimem aatividade
desenvolvida pelo ativo, durante os sucessivos períodos da suavida útil.

U = nº unidades de atividade (Km, hora, nº de unidades produzidas...) previsto para a vida útil
do ativo;

qt = quota depreciação por unidade de atividade prevista:


𝐴
𝑞𝑡 =
𝑈
ut = nº unidades de atividade desenvolvida no ano t;

𝑄𝑡 = 𝑞𝑡 𝑋 𝑢𝑡

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Vantagem: Proporciona a contabilização anual de uma depreciação que se aproximado grau


de utilização (desgaste físico) do ativo.

Desvantagem: Não haverá depreciação no período em que o AFT não seja utilizado.

iv.1) Contabilização das Depreciações

Quando os respetivos elementos tiverem uma vida útil limitada, ficam sujeitos a uma
depreciação sistemática.

Será registada na conta 64 – “Gastos de depreciação e de amortização”

O montante da depreciação anual é creditado na conta 438 – “Ativos Fixos Tangíveis –


Depreciações acumuladas” por contrapartida da conta 642 – “Gastos de depreciação e de
amortização – Ativos Fixos Tangíveis”.

438x 642x

€ pelo valor da depreciação do período€

Regime fiscal das depreciações:

Dec-Reg nº 25/2009

1) Métodos previstos:

• Regime geral – depreciação em linha reta, mas em determinadas situações:


depreciação por quotas decrescentes, art. 4º nºs 1 e 2.
• Regime especial – nº 3 do art.4º Dec Reg 25/2009:

“Quando a natureza do deperecimento ou a atividade económica do sujeito passivo


o justifique podem, ainda, ser aplicados métodos de depreciação e amortização diferentes
dos indicados nos números anteriores, mantendo-se os períodos máximos e mínimos de
vida útil, desde que, mediante requerimento, seja obtido o reconhecimento prévio da
Direção -Geral dos Impostos, salvo quando daí não resulte uma quota anual de
depreciação ou amortização superior à prevista nos artigos seguintes.”

2) Depreciações e amortizações por duodécimos

No ano da entrada em funcionamento ou utilização dos ativos, pode ser praticada a quota anual
de depreciaçãoou amortização, ou uma quota de depreciação ou amortização, determinada a partir
dessa quota anual, correspondente ao número de meses contados desde o mêsda entrada em

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funcionamento ou utilização desses ativos. Contudo, no ano em que se verificar a transmissão, a


inutilização ou o termo de vida útil dos mesmos ativos só são aceites depreciações ou amortizações
correspondentes ao número de meses decorridos até ao mês anterior ao da verificação desses
eventos.

V) DESRECONHECIMENTO DOS ATIVOS FIXOS TANGÍVEIS:

A quantia escriturada de um item do AFT deve ser desreconhecida:

- No momento da alienação (v.g. venda, locação, doação); ou


- Quando não se esperam benefícios económicos futuros do seu uso ou alienação (v.g.
abate, sinistro).

O ganho ou perda decorrente do desreconhecimento de um item do AFT (e obtido pela


diferença entre os proventos líquidos, se os houver6, e a quantia escriturada) deve ser incluído nos
resultados, quando o item for desreconhecido (a menos que a NCRF 9 - Locações exija de forma
diferente numa venda e relocação). Os ganhos não devem ser classificados como rédito.

Desreconhecimento quando não se esperam benefícios económicos futuros.

1) SINISTRO DE UM AFT:

a) Não coberto pelo seguro:

43x 6872 Sinistros 438x Dep. Acum.

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b) Coberto pelo seguro

b1) Valor indemnização < Quantia Escriturada do ativo: 6872


b2) Valor indemnização > Quantia Escriturada do ativo: 7872

43X 6872/7872 438X

Saldo 6872/7872 = mais ou menos valia

2) ALIENAÇÃO (VENDA) DO AFT:

Quando a quantia escriturada do ativo é recuperada essencialmente através da sua venda e


não através do uso, esse ativo deve ser detido para venda (NCRF 8 – Ativos não correntes detidos
para venda e unidades operacionais descontinuadas)

Os elementos do AFT nesta situação devem ser registados na conta 46 – Ativos não correntes
detidos para venda. Contudo, só devemos registar como tal se:

− o ativo está disponível para venda imediatamente;

− a sua venda tem de ser altamente provável, ou seja, tem de haver interesse, empenho e
motivação da gestão na sua venda, sendo desenvolvidos esforços significativos para publicitar a
venda e encontrar um comprador.

Deve esperar-se que a venda ocorra no período de um ano, após a sua reclassificação (na
conta 46).

NOTA IMPORTANTE: Uma entidade não deve depreciar um elemento do ativo não corrente
que esteja classificado como “detido para venda”. Os gastos de venda e juros suportados devem ser
reconhecidos em resultados como gasto de financiamento.

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CONTABILISTICAMENTE:

1. Reclassificação do AFT

43x 46x 438x Dep. Acum.

€ € € €

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2. Cálculo das mais/menos valias na alienação:

Mais/menos valias na alienação: diferença entre a quantia pela qual o bem é alienado e a
quantia escriturada ou justo valor.

+/- Valia = Valor venda – Quantia Escriturada

+/- Valia = Valor venda – (Valor Aquisição – Depreciações Acumuladas – perdas por imparidades
acumuladas).

(Valor Aquisição – Depreciações Acumuladas – perdas por imparidades acumuladas) =


Quantia escriturada

- Se VV > Quantia escriturada => mais valia => movimenta-se 7871;


- Se VV < Quantia escriturada => menos valia => movimenta-se 6871

46x 7871 ou 6871 11/12/278

€ € € €

3) ABATE DO AFT

a) O bem não está totalmente depreciado:

43x 6873 abates 438x Dep. Acum.

€ € € €

b) O bem está totalmente depreciado:

43x 438x Dep. Acum.

€ €

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1.5.2. ATIVOS INTANGÍVEIS (NCRF Nº 6)

i) Definição

Um ativo intangível é um ativo não monetário identificável sem substância física (NCRF 6: § 8)
detido para uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, para arrendar a outros, ou para
finalidades administrativas.

A matéria de intangíveis é de um cariz extremamente complexo na medida em que esta


constitui a maior fonte de valor de uma organização, contudo não se encontram refletidos na
contabilidade devido à dificuldade em verificar os critérios de reconhecimento de ativo. Com a NCRF
6 as entidades vêem aumentar a limitação do conjunto de elementos que podem ser reconhecidos
no balanço como ativo intangível, comparativamente ao POC. Por exemplo, os dispêndios com a fase
de investigação de um novo produto ou serviço, os dispêndios com a constituição e arranque de uma
organização, entre outros, reconhecidos como ativo no POC, deixam de ser reconhecidas como ativo
à luz da NCRF devido a uma maior restrição dos critérios de reconhecimento.
Apresenta-se, de seguida, o quadro de contas contemplado no SNC para os ativos intangíveis:

44 – Ativos Intangíveis
441 – Trespasse (goodwill)
442 – Projetos de desenvolvimento
443 – Programas de computador
444 – Propriedade intelectual
…..
446 – Outros ativos intangíveis
448 – Amortizações acumuladas
449 - Perdas por imparidade acumuladas

ii)Reconhecimento

O reconhecimento de um ativo intangível deve atender às seguintes características:

• IDENTIFICALIDADE (§12) – um elemento cumpre este requisito se for separável, e a


entidade o puder vender, transferir, licenciar, arrendar ou trocar seja individualmente ou em
conjunto com um contrato, ativo ou passivo relacionado. Por outro lado, o ativo é identificável

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se for proveniente de direitos contratuais ou outros direitos legais (por exemplo direitos de
autor, direitos de propriedade, registo de passes de jogadores de futebol, etc.).
• CONTROLO (§13) - um elemento cumpre este requisito se a entidade tem o poder de
controlar os benefícios económicos futuros que fluam do recurso subjacente e também se
pode restringir o acesso de terceiros a esses benefícios. Normalmente, esse poder é dado por
direitos legais. Na ausência destes, será mais difícil demonstrar-se a existência de controlo.

Contudo, a propriedade legal não é uma condição essencial para existir o controlo por parte da
entidade. Por exemplo, o conhecimento técnico e pode gerar benefícios económicos para a entidade.

É possível controlar esses benefícios? Sim, desde que exista um dever legal dos empregados
manterem a confidencialidade sobre o conhecimento adquirido. Ou, no caso de uma carteira de
clientes, desde que existam direitos contratuais sobre eles.

• BENEFÍCIOS ECONÓMICOS FUTUROS (§17) - podem incluir ganhos da venda de produtos


ou serviços, poupanças de custos, ou outros benefícios resultantes do uso do ativo pela
empresa.

Para além destes 3 requisitos, o elemento tem ainda de cumprir os critérios gerais para ser
reconhecido como ativo: elevada probabilidade de fluírem benefícios económicos para a entidade e
a possibilidade de mensurar o valor/custo do ativo de forma fiável (§18).

Face aos critérios de reconhecimento apresentados percebe-se claramente que nem todos os
recursos intangíveis são reconhecidos como ativos. Quando não se verificarem os critérios de
reconhecimento os dispêndios incorridos devem ser reconhecidos como gastos do período.

As marcas próprias, as carteiras de clientes, a especialização do pessoal, o passe de jogadores,


o Goodwill adquirido numa concentração de atividades, etc., são recursos com elevado valor para as
entidades na medida em que proporcionam benefícios económicos. Contudo, a identificação
separada desses elementos e o controlo dos benefícios que eles geram nem sempre se verifica o que
impede o seu reconhecimento como ativo intangível. Este problema agrava-se quando esses
elementos são gerados internamente e não adquiridos. Por exemplo, a entidade não tem controlo
sobre o conhecimento técnico do pessoal pois este pode mudar de empresa. O mesmo acontece com
a carteira de clientes pois os clientes podem mudar de fornecedor. Contrariamente, a aquisição de
uma marca é objeto de um registo de propriedade o que permite cumprir com os requisitos de
reconhecimento de um ativo intangível.

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Há elementos do ativo intangível que podem estar contidos numa substância física (§4). Por
exemplo, um disco compacto (no caso de software informático) ou documentação legal (no caso de
licenças ou patentes). Como classificar este tipo de elementos? Ativo intangível ou ativo fixo
tangível?

Nestes casos, urge definir qual o elemento mais significativo (juízo de valor). Se o elemento
mais significativo for o tangível, então aplica-se o disposto na NCRF 7 – Ativos Fixos Tangíveis. Se o
elemento mais significativo for o intangível, então aplica-se o disposto na NCRF 6.

No que respeita ao software, se o funcionamento de uma máquina depender da existência do


software, então, este é considerado parte integrante da respetiva máquina, sendo portanto
considerado um ativo fixo tangível. Contrariamente, se o software não é parte integrante do
hardware correspondente, então o software é classificado como ativo intangível (o código de contas
do SNC contempla uma subconta específica para os programas de computadores).

iii) MENSURAÇÃO INICIAL

O critério geral a aplicar para mensurar os ativos intangíveis no momento do reconhecimento


é o modelo do custo (§ 24). Contudo, o critério de mensuração pode variar consoante o ativo seja
gerado internamente ou adquirido a terceiros, conforme evidencia o quadro abaixo:

Custo Aquisição Ativos intangíveis adquiridos


Adquiridos por meio de um subsídio (NCRF 22)
Justo Valor Adquiridos em concentração de atividades (NCRF 14)
Adquiridos por troca de ativos
Custo de Produção Ativos intangíveis gerados internamente

A) AQUISIÇÃO DE ATIVOS INTANGÍVEIS

O valor atribuído à aquisição de um ativo intangível depende se esse ativo é adquirido


separadamente, como parte de uma concentração de atividades empresariais, por meio de um
subsídio do Governo ou por troca de ativos. Estes elementos adquiridos cumprem com os
requisitos de ativo intangível pelo devem ser reconhecidos como tal no balanço.

• Aquisição Separada – se o ativo intangível é adquirido separadamente, então o seu custo é


mensurado com maior fiabilidade. Neste caso, aplica-se o MÉTODO DO CUSTO. O custo
equivale ao preço de compra adicionado de todas as despesas suportadas para colocar o ativo
em situação de utilização (por exemplo, direitos de importação, impostos não dedutíveis,

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custos associados à preparação do ativo para o uso pretendido, custos para testar o
funcionamento do ativo, juros no âmbito da NCRF nº 10) (§27 e 28). O reconhecimento de
custos na quantia escriturada do ativo cessa quando este estiver na condição necessária para
ser capaz de funcionar da forma pretendida (§30).

• Aquisição como parte de uma concentração de atividades empresariais – mensuração


ao JUSTO VALOR. A inexistência de um mercado ativo pode dificultar a aplicação deste
método. O preço mais adequado é, por vezes, o preço de oferta para adquirir a
concentração (ver NCRF 14).
• Aquisição através de subsídio concedido pelo Governo – mensuração ao JUSTO VALOR,
quer do ativo quer do subsídio (ver NCRF 22).
• Aquisição por troca de ativos – podem ainda ser adquiridos ativos intangíveis em troca
de outros ativos. A mensuração do ativo adquirido em troca de outro ativo, deve ser
feita ao justo valor. Se o item adquirido não for mensurado pelo justo valor (porque não
é possível determinar com fiabilidade o justo valor do bem adquirido ou do bem cedido
ou porque a troca carece de substância comercial), então o seu custo é mensurado pela
quantia escriturada do bem cedido (§45).

Em síntese, o reconhecimento torna-se mais fácil quando os ativos são adquiridos. Por outro
lado, o método do custo é o critério base de reconhecimento, podendo ser aplicado o justo valor nas
situações analisadas.

Contudo, a inexistência de um mercado ativo para estes bens dificulta a aplicação deste método
aos ativos intangíveis.

B) ATIVOS INTANGÍVEIS GERADOS INTERNAMENTE

No âmbito da NCRF 6 o reconhecimento destes ativos gerados internamente é bastante


complicado, devido à dificuldade em identificar a sua capacidade de gerar benefícios económicos
futuros e de determinar com fiabilidade o seu custo (§51). Para avaliar se um ativo intangível gerado
internamente satisfaz os critérios de reconhecimento, deve separar-se a formação do ativo em: fase
da pesquisa e fase do desenvolvimento (§52). Deverão os dispêndios suportados na fase de pesquisa
e de desenvolvimento ser reconhecidos como ativo? Para responder à questão é necessário separar
a fase da pesquisa da fase da investigação:

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- Fase de pesquisa (investigação) – pesquisa original e planeada, com o objetivo de


obter novos conhecimentos científicos ou técnicos;
- Fase de desenvolvimento - aplicação tecnológica das descobertas, anteriores à fase de
produção comercial ou uso.

À luz da NCRF 6 todos os dispêndios incorridos na fase da pesquisa devem ser reconhecidos
como gastos do período em que ocorrem (§54), devido à incerteza existente nesta fase sobre a
descoberta de algo em concreto que venha a gerar benefícios económicos futuros.

Relativamente aos dispêndios da fase de desenvolvimento estes podem ser capitalizados uma
vez que ocorrem já numa fase mais avançada, sendo possível determinar com maior fiabilidade a
sua capacidade para gerar benefícios económicos futuros.

Contudo, mesmo neste caso é necessário verificar ainda um conjunto de critérios para que
estes dispêndios possam ser reconhecidos como ativo (§57):

- Viabilidade técnica de concluir o ativo intangível de modo a que este possa ser usado
ou vendido;
- Intenção de concluir o referido ativo intangível e de o usar ou vender;
- Capacidade de venda ou de uso do ativo intangível;
- Demonstração da existência de um mercado para a venda do ativo intangível ou
output do mesmo, ou então provar a sua utilidade para a empresa;
- Disponibilidade de adequados recursos técnicos, financeiros e outros para concluir o
desenvolvimento do intangível, de modo a que este esteja disponível para uso ou para
venda;
- Capacidade para quantificar com fiabilidade os custos suportados com o ativo
intangível durante a sua fase de desenvolvimento.

Para a mensuração inicial de um ativo intangível aplica-se o método do custo de produção,


devendo ser incorporados todos os dispêndios incorridos desde a data em que o ativo satisfaz os
critérios de reconhecimento. Devem ser incorporados os custos diretamente atribuíveis e
necessários à criação, produção e preparação do ativo e até que este seja capaz de funcionar da forma
pretendida (por exemplo, custos com materiais e serviços, taxas com o registo de um direito legal,
juros, de acordo com a NCRF 10).

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Os gastos já considerados em demonstrações financeiras anteriores não podem, em data


posterior, voltar a ser imputados ao custo do ativo intangível (§71), mas apenas os gastos
subsequentes ao momento do reconhecimento inicial como ativo, se bem que, muitas vezes, seja
difícil atribuir dispêndios subsequentes diretamente a um ativo intangível (a natureza dos
intangíveis fazcom que, muitas vezes, não haja adições ou substituições de parte dos mesmo) e, como
tal, tais dispêndios serão reconhecidos como gasto (§20).

As entidades incorrem normalmente noutros dispêndios para gerar benefícios económicos


futuros (por exemplo a fidelização de clientes, quotas de mercado, etc.). Contudo, estes dispêndios
não se podem identificar individualmente e reconhecer-se separadamente (não se distinguem do
custo de desenvolver a entidade/negócio no seu todo) não cumprindo por isso com os critérios de
reconhecimento de ativo intangível. Para além disso, o custo destes elementos gerados internamente
não pode ser mensurados com fiabilidade. Estes são osrecursos a que normalmente se designa de
goodwill gerado internamente. Sendo assim, os dispêndios incorridos não devem ser reconhecidos
como ativo nemcomo gastos do período dada a dificuldade em mensurá-los com fiabilidade

iv) Reconhecimento como gasto

Regra geral um dispêndio com um ativo intangível deve ser reconhecido como GASTO, a menos
que cumpra os critérios de reconhecimento.

Há, no entanto, algumas despesas incorridas para proporcionar benefícioseconómicos futuros


mas nenhum ativo é adquirido ou criado que possa serreconhecido. Tais despesas devem ser
reconhecidas como gasto no período emque ocorrem, destacando-se os seguintes exemplos:

Exemplos de despesas reconhecidas como gasto (§ 69)

- Despesas com atividades de arranque, tais como custos legais ou desecretariado com a
constituição de uma entidade legal;
- Despesas com atividades de formação;
- Despesas com atividades de publicidade e promocionais;
- Despesas de mudança de local ou reorganização de uma entidade (no seutodo ou em
parte).

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V) MENSURAÇÃO SUBSEQUENTE

Após o reconhecimento inicial há necessidade de atualizar o valor dos ativos, tendo em conta
as amortizações já ocorridas, bem como qualquer perda de imparidade registada.

- Modelo do custo – um ativo intangível deve ser reconhecido peloseu custo inicial
menos qualquer amortização acumulada ou perdas de imparidade acumuladas;

- Modelo de revalorização – um ativo intangível pode aindaser contabilizado pelo valor


reavaliado que é o justo valor à data da reavaliação menos qualquer amortização
acumulada subsequente e quaisquer perdas de imparidade acumuladas.

Problema do método de revalorização: O § 72 da Norma requer a determinação do justo valor


com referência a um mercado ativo. O modelo derevalorização só deve ser usado se existir um
mercado ativo para o ativointangível em causa, com base no qual seja possível determinar um
valoraceitável por duas pessoas, igualmente informadas, e que estejam dispostas atransacioná-lo. A
problemática aqui inerente deriva do facto da grande maioria destes ativos não ter histórico de
mercado, nomeadamente quando esses ativos são desenvolvidos pela própria empresa, tendo a
caraterística de serem únicos (e.g. marcas próprias).

• Mercado ativo – é um mercado onde todas as seguintes condições existam:

- sejam homogéneos os elementos negociados dentro do mercado;


- possam ser encontrados compradores e vendedores dispostos a negociar em qualquer
momento; e
- os preços estejam disponíveis ao público.

VI) AMORTIZAÇÕES

Estimativa da vida útil

De acordo com a NCRF 6 a amortização de um AI com VIDA ÚTIL FINITAdeve ser efetuada de
acordo com o modelo do consumo esperado dosbenefícios económicos.

A determinação da vida útil pode basear-se em fatores como (§90):

- o uso esperado do bem;

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- informação pública sobre estimativas de vida útil de ativos semelhantes;


- ciclos de vida típicos;
- obsolescência tecnológica;
- período de controlo sobre ativos e limites legais, etc.

Por exemplo, é natural que os softwares de computador tenham vida útil curta devido à elevada
obsolescência tecnológica. Por outro lado, a vida útil de um ativo intangível que resulte de direitos
contratuais ou outros direitos legais não deve exceder o período desses direitos, mas pode ser mais
curta dependendo do período durante o qual a entidade espera usar o ativo (§94).

No caso de um AI com VIDA ÚTIL INDEFINIDA não se deve proceder aqualquer amortização
(§89 e 107). Considera-se vida útil indefinida quando nãohouver limite previsível para o período
durante o qual se espera que o ativo gereinfluxos de caixa para a entidade. Estes elementos devem
ser sujeitos,anualmente, a um teste de imparidade, de acordo com a NCRF 12, que compare aquantia
escriturada com o seu valor recuperável (§ 108). Sempre que a vida útilindefinida não se revelar
adequada deve proceder-se à alteração da vida útilindefinida para vida útil definida devendo a
contabilização da alteração daestimativa ser feita de acordo com a NCRF 4 – Políticas
Contabilísticas,Alterações nas Estimativas Contabilísticas e Erros8.
Período de amortização (ativos intangíveis com vida útil finita)

A quantia depreciável deve corresponder ao custo, ou outro valor substituto docusto, menos o
seu valor residual e deve ser imputada numa base sistemática aolongo da sua vida útil (§ 97 e 101).
A amortização deve iniciar quando o ativoesteja disponível para uso e deve cessar quando for detido
para venda ou quandofor desreconhecido (a data que ocorrer mais cedo).

Métodos de amortização (ativos intangíveis com vida útil finita)

Pode ser utilizado o método das unidades de produção ou o método da linhareta. O método
utilizado deve ser o que melhor reflete o modelo do consumoesperado dos benefícios económicos.

Regra geral o custo com a amortização é reconhecido como gasto do período. Ométodo de
amortização utilizado bem como a vida útil estimada devem serrevistos pelo menos uma vez por ano
(à semelhança do que já vimos para os ativos fixos tangíveis).

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Contabilização:

1) Aquisição ao exterior

44X – AI 24322 Iva Dedutível Inv. 11/12/2711

€ € €

2) Aquisição de AI a título gratuito (doação)

594 – Doações 44x – AI

€ pelo justo valor €

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3) Produzidos pela própria empresa (em desenvolvimento):

742 – Trab. p/ pp. entidade 44x - AI

€ pelo valor do trabalho €

4) Amortizações

643x 448x - AI

€ €

VII) DESRECONHECIMENTO DOS ATIVOSINTANGÍVEIS:

Um elemento do ativo intangível deve ser desreconhecido do balanço “no momento da


alienação ou quando nenhuns benefícios económicos forem esperados do seu uso e alienação”
(NCRF 6, § 112).

Da eliminação ou alienação do ativo intangível podem resultar ganhos ou perdas (reconhecidos


na Demonstração de Resultados), cujos montantes devem ser apurados pela diferença entre os
proveitos líquidos obtidos na alienação e o valor contabilístico do ativo (NCRF 6: §113).

CONTABILISTICAMENTE:

1. Reclassificação do AI

44x 46x 448x Amort. Acum.

€ € € €

2. Cálculo das mais/menos valias na alienação:

Mais/menos valias na alienação: diferença entre a quantia pela qual o bem é alienado e a
quantia escriturada ou justo valor.

+/- Valia = Valor venda – Quantia Escriturada

+/- Valia = Valor venda – (Valor Aquisição – Depreciações Acumuladas – perdas por
imparidades acumuladas).

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(Valor Aquisição – Depreciações Acumuladas – perdas por imparidades acumuladas) =


Quantia escriturada

- Se VV > Quantia escriturada => mais valia => movimenta-se 7871;


- Se VV < Quantia escriturada => menos valia => movimenta-se 6871

3) Registo da alienação:

46x 7871 ou 6871 11/12/278

€ € € €

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Abate dos ativos intangíveis:


Nota: Os abates só se efetuam se os ativos em causa não tiverem qualquer valor realizável ou
não correspondam a qualquer direito e após totalmente amortizadas.

44x 448x Am. Acum.

€ €

1.6 INVENTÁRIOS E ATIVOS BIOLÓGICOS


Os inventários são existências e portanto um ativo “detido para a venda no decurso ordinário
da atividade empresarial; no processo de produção para venda; ou na forma de matérias ou
consumíveis a serem aplicados no processo de produção ou nas prestações de serviços (§NCRF
18,6).

De acordo com o SNC, os inventários serão contabilizados nos termos da NCRF 18 –


Inventários, e os Ativos Biológicos (animais e plantas vivos) conforme definido na NCRF 17 –
Agricultura.

Os inventários dizem respeito por exemplo a (NCRF 18, §8):

MATÉRIAS-PRIMAS – correspondem aos inventários que não se destinam à venda mas a serem
incorporados diretamente em novos produtos. São os principais inventários objeto de
transformação no processo industrial. Por exemplo: o algodão numa fiação, o tecido numa empresa
têxtil, o couro na indústria do calçado, a argila na indústria da cerâmica, o ferro na indústria pesada,
o malte na indústria cervejeira,

MATÉRIAS SUBSIDIÁRIAS – São os inventários necessários para a produção, mas que não têm
um peso relevante no processo fabril. Por exemplo: os botões na indústria do vestuário, etc.

PRODUTOS EM CURSO – são os inventários que se encontram numa fase do processo produtivo
sem, no entanto, terem atingido a fase final de fabrico, ou seja, estarem aptos para venda.

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MERCADORIAS – inventários adquiridos para posterior venda, não estando sujeitos a qualquer
transformação dentro da empresa. Os inventários das empresas comerciais são registados nesta
conta, enquanto, nas empresas industriais, esta conta registará apenas aqueles bens que
complementam a oferta da entidade e que são produzidos por terceiros

A classificação é feita em função da natureza da empresa ou da fase de transformação.

ATIVOS BIOLÓGICOS- Compreendem os ativos biológicos que correspondem a animais e


plantas vivas que se encontrem na atividade agrícola.

De referenciar que nesta classe existe a importante classificação da conta COMPRAS, que
compreende o custo das aquisições de matérias-primas e de bens aprovisionáveis destinados a
consumo ou venda. Esse custo inclui as despesas adicionais de compra (transporte, seguros, IVA não
dedutível, despesas com importação, etc.).

Esta conta será sempre saldada em contrapartida da respetiva conta de Balanço, atrás referida,
e em respeito pelo método de custeio utilizado na entidade, quer seja no “Sistema de Inventário
Permanente” ou no “sistema de Inventário Intermitente”.

A organização dos inventários na empresa pode acontecer de duas formas:

A) Sistema de Inventário Permanente (S.I.P.)

No S.I.P. é possível determinar permanentemente o valor dos stocks em armazém e apurar em


qualquer momento os resultados obtidos nas vendas ou na produção. Obrigatório para empresas de
média e grande dimensão.

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Movimentação:

descrição débito crédito

compra 311 + IVA 11 / 12 / 22

SIP (entrada) 32 / 33 / 34 / 35 / 36 311

Venda 11 / 12 / 21 711 + IVA

SIP (saída) 611 32 / 33 / 34 / 35 / 36

Resultado Bruto das Vendas= Vendas Líquidas (saldo da conta 71) – Custo das
Mercadorias Vendidas e Matérias Consumidas (saldo da conta 61)

Segundo este sistema:

− a conta 31 está permanentemente saldada;


− as contas 32/33/34/35/36 refletem o valor dos inventários em armazém;
− a conta 61 reflete o gasto com as mercadorias vendidas e com as matérias consumidas até a data, ou
seja, por cada venda é registado o correspondente custo;
− a conta 71 reflete as vendas líquidas.

A) Sistema de Inventário Intermitente (SII)

No S.I.I. o valor dos stocks em armazém e dos resultados apurados só é determinável através de
inventariações diretas dos valores do armazém, efetuadas periodicamente. Só aceite para pequenas
empresas.

Para se determinar o valor dos inventários e dos resultados das vendas tem que se
proceder previamente à inventariação directa dos bens em stock.

CMVMC = Ei + Compras Líquidas – Ef ± Reclassificação/Regularização

Saldo da conta 32 Saldo da conta 31 Determinadas pela Saldo da conta 38


(inclui despesas contagem das
com aquisição) existências em

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Movimentação:

31 22

Compras a crédito

21 71
Vendas a crédito

Transferência
de compras 32 61

CMVMC

Efetuado no período estabelecido pela empresa


De acordo com este sistema de inventário:

▪ A conta 31 Compras representa as compras feitas até à data;


▪ As diferentes contas de inventários não são movimentadas durante o período
económico, pelo que os seus saldos representam o valor de existência inicial do
período.
▪ O CMVMC (gasto) é determinado no final do período, ou seja, extra
contabilisticamente, após a determinação do valor da existência final por
inventariação física

Mensuração:

Os inventários devem ser valorizados pelo custo ou valor realizável líquido, dos dois, o mais
baixo.

O custo dos inventários deve incluir (§10):

− custos de compra,
− custos de conversão e
− outros custos incorridos para colocar os inventários no seu local e na sua
condição atuais.

Custos de compra: soma do respetivo preço de compra com:

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− os direitos de importação e outros impostos suportados pela entidade, e


− os custos de transporte, manuseamento e outros custos diretamente
atribuíveis àaquisição de bens acabados, materiais e serviços.

Nota: os descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes deduzem-se ao preço


de compra na determinação dos custos de compra.

2. Custos de conversão: incluem custos diretamente relacionados com aprodução (p.ex. mão-
de-obra direta) e gastos gerais de fabrico.

3. Outros custos: p. ex. custos de concepção para clientes específicos que sejam de
considerar somente até ao momento em que os bens sejam colocados no seu local (armazém por
exemplo) e na sua condição atual (§15).

− Transportes, fretes e comissões a cargo do comprador;

− Seguros, depósito e guarda em trânsito;

− Impostos sempre que não sejam repercutíeis a terceiros

− De inspeção e conservação se são por conta do comprador.

Valor realizável líquido:

Preço de venda estimado no decurso ordinário da atividadeempresarialmenos os custos


estimados de acabamento emenos os custos estimados necessários para efetuar avenda.

Fórmulas de custeio

Custo específico: para os itens que não sejam geralmenteintermutáveis e de bens ou


serviços produzidos esegregados para projetos específicos

Casos restantes:

− Custo médio ponderado ou


− FIFO: first in, first out

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ii) Movimentação dos Descontos:

DESCONTOS FINANCEIROS – descontos obtidos e concedidos em


pagamentos/recebimentos:
− descontos de pronto pagamento (p.p.) e de antecipação de pagamento.

DESCONTOS COMERCIAIS – todos os que não sejam de pagamento, obtidos na compra


e cedidos na venda de mercadorias: descontos de quantidade.

DESCONTOS EM COMPRAS:

Descontos Documento Débito Crédito


Financeiros Extra-fatura Recibo 221 782

Na fatura Fatura-recibo 31 11/12 e 782


Comercias Extra-fatura Notas de crédito 221 318

Na fatura Fatura 31 221

iii) Reclassificação e regularização de inventários e ativos biológicos (conta 38):


Destina-se a servir de contrapartida ao registo de quebras, sobras, saídas e entradas por
ofertas, bem como quaisquer reclassificação de inventários e ativos biológicos, em resultado de
variações nestas contas não derivadas de compras, vendas ou consumos, como por exemplo:
transferências para ativos fixos tangíveis, beneficiação de inventários ou ativos biológicos em estado
de uso entre outros.

Esta é uma conta transitória e portanto deve estar saldada. O momento em que é saldada varia
em função do sistema de inventário utilizado. Se SIP, em simultâneo com o registo da operação que
lhe deu origem, se em SII, no final do ano, aquando da inventariação física.

38 – REGULARIZAÇÕES DE INVENTÁRIOS – MOVIMENTAÇÃO:

• QUEBRAS E SOBRAS:

Quebras /sobras normais - as verificadas com alguma regularidade e resultantes do período


da atividade porque são inerentes ao processo produtivo. Se a quebra/sobra for considerada normal
não se faz qualquer lançamento, porque se assume que afeta o custo unitário dos restantes
inventários, mantendo-se o valor global dos mesmos.

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Podem expressar-se através de um dos seguintes procedimentos:

Podem provocar alteração das quantidades e do custo unitário, mantendo-se o valor global dos
inventários em armazém. Neste caso não será necessário qualquer lançamento.

Alterações das quantidades e do valor global, mantendo-se o custo unitário. Neste caso os
lançamentos serão os seguintes:

Sobra anormal

382 7842

Quebra anormal
382 6842 24342
Quebra Quebra + €
IVA

CASO DOS SINISTROS (com recebimento de indemnização)


Custo dos bens sinistrados> indemnização

Pelo sinistro:

382 6841 24342

Sinistro Sinistro IVA


+ IVA

Pela Indemnização:

6841 11/12/278

Se Indemnização> Custo dos bens sinistrados

382 6841 24342


IVA
Sinistro Sinistro
+ IVA

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Pela Indemnização:

7841 11/12/278
€ €

• OFERTAS

Ofertas a terceiros (por ex. clientes) dos próprios inventários:

6884 24332 38
Valor do IVA + Valor do IVA Valor de
Valor de custo Custo

Ou

6884 681 24332 38


IVA
Valor de liquidado Valor Valor de
custo do IVA Custo

NOTA: As ofertas e amostras, por regra estão sujeitas a IVA, exceto se forem de pequeno valor. Por
pequeno valor, entende-se as que não ultrapassam, o valor global de 15 €, com IVA excluído,
considerando-se ainda que em termos globais o valor de tais ofertas não poderá exceder 5‰ do
volume de negócios do ano anterior.

Ofertas de terceiros (por ex. fornecedores)

38 784
€ €

1.7 Contas a Receber e a Pagar

Clientes;

Nesta rubrica incluem-se as quantias de ativos financeiros relativos a dívidas a receber de


clientes, líquidas de perdas de imparidade acumuladas, à data de relato, cujo tratamento
contabilístico é efetuado pelas NCRF 20 – Rédito e NCRF 27 - Instrumentos Financeiros.
Adiantamento de Clientes;

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Compreende as quantias de passivos financeiros respeitantes a adiantamentos de clientes da


entidade em transaçõescujo preço não esteja previamente fixado, cujo tratamento contabilístico se
insere na NCRF 27 - Instrumentos Financeiros.

Fornecedores;

Compreende as quantias de passivos financeiros por dívidas a pagar a fornecedores, à data


de relato, cujo tratamento é abrangido pela NCRF 27 - Instrumentos Financeiros.

Adiantamento a Fornecedores;

Compreende as quantias de ativos financeiros respeitantes a adiantamentos a fornecedores


de bens e serviços e de investimento, cujo preço não esteja fixado, e cujo tratamento é abrangido
pela NCRF 27 - Instrumentos Financeiros.

Pessoal;

Nesta rubrica estarão evidenciados os encargos com ordenados, salários e outras


remunerações, bem como valores com outros devedores e credores, por exemplo os sindicatos.

Estado e Outros Entes Públicos;

Compreende os ativos ou passivos correntes por quantias a favor ou em dívida, resultantes de


impostos, taxas e contribuições obrigatórias derivadas de relacionamento das entidades com o
Estado e outros entes públicos com autoridade para lançar tributos.

Financiamentos obtidos;

Compreende as quantias referentes a passivos financeiros, classificados como correntes, tal


como estabelecido na NCRF 27 - Instrumentos Financeiros. Também abrange as quantias por
responsabilidades de um locatário numa locação financeira, nos termos na NCRF 9 – Locações.

Acionistas / Sócios;

Rubrica destinada á quantias correntes respeitantes às posições financeiras derivadas do


relacionamento da entidade com os seus detentores de capital, agindo nessa qualidade.

Outras Contas a Pagar ou Receber;

Compreende as quantias de ativos ou passivos financeiros, correspondentes a contas a pagar


ou receber, que não estejam inseridas nas demais contas, e cujo tratamento é estabelecido na NCRF
27 - Instrumentos Financeiros.

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Diferimentos;

Rubrica que por força da base de acréscimo assumido no ponto 2.3 das BADF, se destinam
especificamente a evidenciar as quantias respeitantes a despesas e pagamentos (Gastos a
reconhecer), ou receitas e recebimentos (Rendimentos a reconhecer), que antecedem o momento
do uso ou consumo de recursos, ou à data de relato, devam ser reconhecidos nos períodos seguintes.

Provisões;

Compreende as quantias de provisões reconhecidas e mensuradas, cujo tratamento é definido


na NCRF 21 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes, bem como na NCRF 26 –
Matérias Ambientais.

1.8 Meios Financeiros Líquidos

Caixa e Depósitos Bancários;

Rubrica destinada à apresentação das quantias de ativos monetários que se enquadrem no


conceito de caixa e seus equivalentes, tal como definido na NCRF 3 – Demonstração dos Fluxos de
Caixa.

Outros Instrumentos Financeiros;

Nesta rubrica inscrevem-se as quantias respeitantes a ativos financeiros detidos para


negociação, com caráter corrente e que não sejam incluídos noutras rubricas do ativo corrente, cujo
tratamento é definido na NCRF 27 - Instrumentos Financeiros.

Alguns pontos especiais:

1.8.1 Aplicações Financeiras de Curto Prazo:

Instrumentos financeiros vs. Investimentos Financeiros – NCRF 27Instrumentos Financeiros

Um instrumento financeiro é um qualquer contrato que origina ativos financeiros (ex. contas
a receber, participações de capital, ações,obrigações, etc.), passivos financeiros (ex. empréstimos
bancários,empréstimos obrigacionistas, etc.), instrumentos de capital próprio daprópria entidade
(ações ou quotas que compõe o capital social) ou instrumentos derivados para cobertura de risco
(ex. cobertura de riscocambial, taxa de juro, do preço de matérias primas, etc.) (Rodrigues, 2005).

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A NCRF 27 – Instrumentos Financeiros – apresenta as seguintes definiçõesdos elementos que


constituem instrumentos financeiros (§5):

a) Ativo financeiro:

É qualquer ativo que seja:

a. dinheiro;
b. um instrumento de capital próprio de uma outra entidade (ex. investimento
em ações);
c. um direito contratual:
i. de receber de uma outra empresa dinheiro ou outro ativofinanceiro
(ex. dívidas a receber) ou,
ii. de trocar ativos financeiros ou passivos financeiros com outra entidade
em condições que sejam potencialmente favoráveis para a entidade (ex.
empréstimos concedidos);
d. ou um contrato que seja ou possa ser liquidado em instrumentos de
CapitalPróprio da própria entidade.

b) Passivo financeiro:

É qualquer passivo que seja:

a. uma obrigação contratual:


i. de entregar dinheiro ou outro ativo financeiro a uma entidade; ou (ex.
dívidas a pagar)
ii. de trocar ativos financeiros ou passivos financeiros com outra entidade
em condições que sejam potencialmente desfavoráveis para a entidade
(ex. empréstimos obtidos); ou
b. um contrato que seja ou possa ser liquidado em instrumentos de Capital
Próprio da própria entidade.

A NCRF 27 não se aplica a investimentos em subsidiárias, associadase empreendimentos


conjuntos, sendo estas matérias tratadas nas NCRF 13 e 15.

Deste modo, quando a NCRF 27 se refere a investimentos em instrumentos decapital próprio,


que devem ser mensurados pelo justo valor ou então pelo modelodo custo (quando não é possível
obter o justo valor), está a referir-se ainvestimentos em instrumentos de capital próprio de

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entidades que não sejam subsidiárias, associadas e empreendimentos conjuntos, isto é, os


investimentosque são reconhecidos na conta 414 – Investimentos financeiros –
Investimentosnoutras entidades (a estudar mais adiante)

i) Conta 14 – Outros Instrumentos Financeiros:

Definições

Considera-se que o instrumento financeiro está detido para negociação (§16) se for adquirido
ou incorrido com a finalidade de venda ou recompra no curto prazo e se integrar parte de uma
carteira de instrumentos financeirosidentificados que sejam geridos em conjunto e para os quais
existaevidência de terem recentemente proporcionado lucros reais (ex. aquisiçãode ações e
obrigações de curto prazo, bilhetes do tesouro, etc.). Destaforma, pela sua elevada liquidez
considera-se um ativo corrente sendocontabilizado na conta 14 – Instrumentos Financeiros.

14 – Instrumentos Financeiros

142 Instrumentos financeiros detidos para negociação


1421 Ativos financeiros
1422 Passivos financeiros
143 Outros ativos e passivos financeiros (justo valor através dosresultados)
1431 Outros ativos financeiros
1432 Outros passivos financeiros

Reconhecimento e Mensuração

Uma entidade deve reconhecer um instrumento financeiro apenas quando aentidade se torne
parte das disposições contratuais do instrumento (§6)

De acordo com os parágrafos 15 e 16 da NCRF 27 e ainda no âmbito da nota de enquadramento


à conta 14- Instrumentos financeiros, os instrumentos financeiros detidos para negociação devem
ser mensurados ao justo valor e as suas alterações devem ser reconhecidas na demonstração dos
resultados. Deste modo, e no âmbito da mensuração subsequente prevista na NCRF 27, os ganhos e
perdas devem ser imediatamente reconhecidos em resultados.
Assim, não só perdas potenciais devem ser reconhecidas (numa conta 661- Perdas por
reduções de justo valor - em instrumentos financeiros), como devem também evidenciar-se

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potenciais ganhos (numa conta 771 Ganhos por aumentos de justo valor - em instrumentos
financeiros).
Os custos de transação suportados com os instrumentos financeiros detidos para negociação
não devem ser considerados na mensuração inicial dos mesmos, sendo então considerados gastos
do período (§7).

De acordo com o princípio da consistência uma entidade não deve alterar a sua política de
mensuração subsequente de instrumento financeiro enquanto tal instrumento for detido, seja para
passar a usar o modelo do justo valor, seja para deixar de usar esse método (§17).

ii) Desreconhecimento de ativos financeiros

Uma entidade deve desreconhecer um AF apenas quando (§30):

a. os direitos contratuais ou fluxos de caixa resultantes do ativo financeiro expiram; ou


b. entidade transfere para outra parte os riscos significativos e benefícios relacionados
com o AF.

iii) Desreconhecimento de passivos financeiros

Uma entidade deve desreconhecer um PF ou parte de um PF apenas quandoeste se extinguir,


ou seja, quando a obrigação estabelecida no contrato sejaliquidada, cancelada ou expirada. (§33)

A diferença entre a retribuição recebida e o montante desreconhecidodeverá ser incluída na


demonstração dos resultados

Contabilização:

a) Pela aquisição

11/12 1421
V.aq. V.aq.

b) Pelo rendimento dos títulos (juros ou dividendos):

11/12 2412 7884


€ € €

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Pelo registo das alterações ao justo valor

a) Se ocorrer um ganho nos títulos:

771 14xx
€ €

b) Se ocorrer uma perda nos títulos:

14xx 661
€ €

Pela alienação

a) Se existir ganho na venda:

11/12 14 7884
€ € €

b) Se existir perda na venda

11/12 14 6886
€ € €

1.8.2 Gastos e Operações com o Pessoal


i) CONCEITOS

Os recursos humanos implicam gastos:

− remunerações fixas e/ou variáveis recebidas pelos trabalhadores vinculados à


empresa por contrato individual de trabalho;
− remunerações fixas e/ou variáveis atribuídas aos órgãos sociais da empresa;
− contribuições para a Segurança Social;
− seguros obrigatórios e facultativos efetuados a favor do pessoal
− gastos de caráter social
− formação profissional
− indemnização por despedimento
− atribuição de benefícios de reforma

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Contabilisticamente, são de considerar Gastos com Pessoal os relativos aos órgãos estatutários
e pessoal vinculado à empresa (trabalho dependente).

Os honorários pagos a trabalhadores independentes contratados como serviços externos.

ii) CONTRIBUIÇÕES, IMPOSTOS E OUTROS ENCARGOS INERENTES AOS GASTOS COM O


PESSOAL:

Os rendimentos do trabalho dependente estão, de um modo geral, sujeitos às seguintes


contribuições e impostos:

− contribuição para a Segurança Social


− IRS

ii) CONTRIBUIÇÕES PARA A SEGURANÇA SOCIAL

a) Regime geral dos trabalhadores por conta de outrem

Não são consideradas remunerações para efeitos da Segurança Social, essencialmente:

− despesas de transporte
− ajudas de custo
− indemnizações pela não concessão de férias
− complementos de subsídios na doença e complementos de pensão
− subsídios pagos pelas entidades patronais aos trabalhadores a prestar serviço militar
− subsídios concedidos a trabalhadores para estudos dos filhos ou frequência de infantários
− subsídios destinados ao pagamento de despesas com assistência médica ou hospitalização
do trabalhador ou seus familiares
− valores mensais de despesas de representação atribuídos a gestores/outros profissionais,
cujos cargos o exijam
− abonos para falhas
− indemnização paga ao trabalhador pela cessação, antes de findo o prazo, do contrato a
termo
− valores das refeições tomadas pelos trabalhadores em refeitórios da entidade

− subsídios de refeição não sujeitos a IRS

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iii) IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DO TRABALHO (IRS)

Trabalho dependente (categoria A)

Não são sujeitos a IRS (art. 2º CIRS)

− subsídios de refeição na parte em que não exceda 50% do limite legal estabelecido

− abonos para falhas na parte em que não exceda 5% da remuneração mensal fixa

− ajudas de custo e importâncias auferidas pela utilização de automóvel próprio, na parte em


que ambas não excedam os limites legais anualmente fixados

− abonos de família e respetivas prestações complementares que não excedam os limites legais

− (…)

As entidades devedoras de rendimentos da categoria A, estão obrigadas a:

− deduzir o imposto no momento do seu pagamento ou colocação à disposiçãodos respetivos


titulares e proceder à sua entrega até ao dia 20 do mêsseguinte àquele em que foi deduzido
(art. 98º a 101º CIRS)

iv) PROCESSAMENTO E PAGAMENTO DOS GASTOS C/ O PESSOAL

A contabilização das remunerações é efetuada, de uma forma normalizada,nas seguintes


fases:

1ª fase: processamento das remuneraçõesdentro do mês a que respeitam

2ª fase: processamento dos encargos sobre remunerações (parte patronal)dentro do mês a


que respeitem

3ª fase: pagamento das remunerações líquidas ao pessoal, dos impostos econtribuições ao


Estado e de quaisquer outras retenções efetuadas.

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FASE I : Processamento das remunerações

631/632 245 242 2311/2312


V.B. Seg Social IRS VL

VL: vencimento líquido = V.B. – ((V.B. *taxa SS) + (V.B. * taxa IRS))

FASE II : Processamento dos encargos sociais (da entidade patronal)

245 635
€ €
Seg. social a cargo da empresa

FASE III : Pagamento das remunerações e descontos

a) Pagamento das remunerações

11/12 2311/2312
€ €

b) Pagamento às restantes entidades

11/12 245 242


€ € €

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1.9 IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO – CONTA 243 – IVA

1.9.1 INTRODUÇÃO
Na conta 24 – Estado e Outros Entes Públicos, registam-se exclusivamente as relações com o
Estado, Autarquias Locais e outros Entes Públicos que tenham características de impostos e de
taxas.

Imposto = É uma prestação pecuniária, unilateral, a pagar ao Estado, por força da lei, para
fazer face às despesas públicas e outros objetivos de caráter económico e social.

Incidência
Fases do Imposto Lançamento
Liquidação
Cobrança

Incidência Definição geral e abstrata feita pela lei, dos atos ou situações sujeitas a imposto e
das pessoas sobre as quais recai o dever de o prestar.
Lançamento Conjunto de operações que conduzem à identificação do sujeito passivo, do
imposto e à determinação da matéria coletável.
Liquidação Aplicação da taxa à matéria coletável para determinar o montante do imposto.
Cobrança Operação administrativa que garante a entrada de dinheiro nos cofres do Estado.

IVA – Imposto geral sobre os produtos e serviços que assegura uma igualdade de tributação
ao nível do consumidor final, entre os produtos criados no país e os importados, independentemente
da extensão dos circuitos de produção e de distribuição ou da natureza dos meios intervenientes.

Podemos, então, apresentar como características do IVA:

− Imposto sobre o consumo (imposto indireto)


− Imposto plurifásico
− Garante uma igualdade tributária, dado que é proporcional ao preço do
produto ao nível do consumidor final.
− Assenta na compensação entre fronteiras, dado ser tributado no país de
destino.
− Imposto com pagamentos fracionados.
− Imposto que não é suportado pela empresa.

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Incidência:

De acordo com o artº 1º do CIVA, estão sujeitos a imposto:

− Todas as transmissões de bens e prestações de serviços, efetuadas a título oneroso por um


sujeito passivo, agindo como tal e que tenham lugar no território nacional;

− Importações de bens;

− Operações intracomunitárias, efetuadas no território nacional, tal como estão sujeitas no


RITI.

Na generalidade todas as atividades económicas estão sujeitas a IVA, dado o IVA incidir sobre
quase a totalidade dos bens e serviços transacionados. No Regime Geral, quem liquida IVA nas
Vendas e Serviços Prestados é que tem direito a deduzir o IVA suportado nas aquisições.

Todavia estão previstas algumas isenções (artº 19º e 25º do CIVA), que respeitam a um
conjunto de atividades cujo seu interesse geral e social o justifica:

− Isenções simples / incompletas = o operador económico não liquida IVA, mas também não
tem direito a deduzi-lo. O IVA suportado repercute no preço das suas vendas.
− Isenções completas (taxa zero) = O operador económico não liquida o imposto, mas pode
deduzi-lo. É o que sucede nas vendas de bens para países comunitários. Neste regime os
agentes económicos deverão mencionar nos documentos contabilísticos “IVA regime de
isenção”.

Base Tributável

O valor sobre o qual incide a taxa de imposto é constituído pelo valor de venda de bens e
serviços constantes na fatura, excluídos os descontos, bónus e abatimentos, dado que o IVA
pretende ser um imposto que incide sobre o valor da operação (artº 10º e 17º do CIVA).

Apuramento do Imposto

O valor a pagar ao Estado será a diferença entre o valor liquidado nas vendas e o valor
suportado nas compras.

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Taxas:

Estão previstas no art. 18º do CIVA e variam conforme:

As operações sejam realizadas no Continente ou nas Regiões Autónomas


A natureza da transação
Continente Regiões Autónomas

Taxa Normal 23% 16%

Taxa Intermédia 13% 9%

Taxa Reduzida 6% 4%

Declaração Periódica:

Em regime de periodicidade mensal, a declaração periódica deve dar entrada, por via
eletrónica, ate ao 10º dia do 2º mês seguinte àquele a que respeitem as operações.

Em regime de periodicidade trimestral, a declaração periódica deve dar entrada, por via
eletrónica, ate ao 15º dia do 2º mês seguinte ao trimestre do ano civil a que respeitem as
operações.

1.9.2 IVA SUPORTADO E IVA DEDUTÍVEL

24.31 IVA Suportado

Esta conta, de uso facultativo, é debitada pelo IVA suportado em todas as aquisições
de existências, imobilizado ou outros bens e serviços. Credita-se por contrapartida das
respetivas contas subcontas de 24.32 e/ou, quanto às parcelas de imposto não dedutível, por
contrapartida das contas inerentes às respetivas aquisições ou da rubrica 6812, quando for
caso disso.

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1. AQUISIÇÃO DE INVENTÁRIOS

2432 IVA
11 / 12 / 221 31 24.31 dedutível
Valor dos Valor dos bens Imposto Imposto
bens mais sem imposto suportado € dedutível
imposto Imposto não
suportado dedutível

2. REALIZAÇÃO DE INVESTIMENTOS (AQUISIÇÃO DE AF)

11 / 12 / 2711 43x 24.31 2432 IVA dedutível


Valor dos Valor dos bens Imposto Imposto
bens mais sem imposto suportado dedutível
impost
o Imposto não
suportado dedutível

3. AQUISIÇÃO DE OUTROS BENS E SERVIÇOS

11 / 12 / 2211 62 24.31 2432 IVA dedutível


Valor dos Valor dos bens Imposto Imposto
bens mais sem imposto suportado dedutível
impost
o Imposto não
suportado Dedutível (ou
681)

I. CASO ESPECIAL DO IVA SUPORTADO – O PRO-RATA

A utilização da conta IVA suportado é aconselhável no caso de sujeitos passivos mistos,


ie, empresas que desenvolvem atividades com direito à dedução e, simultaneamente,
atividades que não conferem direito à dedução.

É o caso de uma empresa que presta serviços de assessoria contabilística e informática e,


simultaneamente, se encontra reconhecida para a prestação de serviços no âmbito da formação
profissional.

No caso desses sujeitos passivos, o imposto é apurado com base no método Pro Rata:

Resulta de uma fração que tem no numerador o montante anual, imposto excluído, das
transmissões de bens e prestações de serviços que conferem direito à dedução, e no

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denominador, o montante anual, imposto excluído, de todas as operações efetuadas


pelo sujeito passivo, incluindo as isentas de imposto.
São excluídas do referido cálculo, as transmissões de bens do AFT e as operações
imobiliárias e financeiras que tenham caráter acessório;
O Pro rata é calculado com base no valor das operações registadas no ano anterior.
Assim no final do ano é objeto de correção com base nos valores reais apurados.

Contudo, a lei admite a possibilidade de o sujeito passivo misto optar pela Afetação Reali.e.,
contabilizar, em separado, as operações que conferem direito à dedução das que não conferem esse
direito e, desta forma, deduzir a totalidade do imposto suportado nas atividades que confiram direito
à dedução, desde que comunique tal intenção, com antecedência, à DGCI.

24.32 – IVA Dedutível

No caso de se utilizar a rubrica 2431, a conta 2432 terá o seguinte movimento:

2431 2432 2435


Saldo

Se não houver utilização prévia da 2431:


2432 2435
Valores do IVA Saldo
dedutível relativo
às aquisições

Nesta conta são relevados apenas os quantitativos de imposto suportado, que dada a natureza
das operações subjacentes sejam suscetíveis de dedução nos termos previstos nos artigos 19º a 25º
do CIVA.

Movimento esquemático (caso não se opte pela utilização da 2431):


1. AQUISIÇÕES DE INVENTÁRIOS

11 / 12 / 221 31 2432
Valor dos
Valor dos bens Imposto
bens mais sem imposto dedutível
imposto Imposto não
dedutível

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2. REALIZAÇÃO DE INVESTIMENTOS (AQUISIÇÃO DE AF)


11 / 12 / 2711 43 2432
Valor dos Valor dos bens Imposto
bens mais sem imposto dedutível
imposto Imposto não
dedutível

3. AQUISIÇÕES DE OUTROS BENS E SERVIÇOS


11 / 12 / 2211 62 24323 ZX
Valor dos Valor dos Bens Imposto
bens mais sem imposto dedutível
imposto Imposto não
suportado dedutível

4. ADIANTAMENTO A TERCEIROS POR FORNECIMENTO DE BENS E SERVIÇOS


11 / 12 228/ 39 / 455 / 2713 2432
Valor
Valor total do adiantamento, Imposto
adiantamento sem Imposto dedutível
Imposto não
dedutível

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AQUISIÇÕES INTRACOMUNITÁRIAS
O regime de IVA nas transações intracomunitárias (RITI) foi aprovado pelo DL nº 290/92
que transpõe para o direito nacional a Diretiva nº91/680/CEE de 16/12.

Há dois tipos de transações:

Aquisições intracomunitárias ≠ importação


Transmissão intracomunitária ≠ exportação

Exemplo: a aquisição de mercadorias a um fornecedor alemão implica os seguintes


movimentos:

312212 – Compra de mat.prima /


221y – Fornecedor c/c – Bergstrasser aquisição
Leitz, Gbm intracomunitária / IVA dedutível

2433122 – IVA liquidado/operações 2432112 – IVA dedutível/existências/


gerais/taxa normal/aquisição aquisições intracomunitárias
intracomunitária

Transmissões intracomunitárias (Isentas de IVA):

711 – Produto 125 2111 – Cliente XYZ -

Aquisições a países terceiros (IVA liquidado no pais de destino pelos serviços alfandegários)
31 2432 2211
€ € €

1. 9.3 IVA LIQUIDADO 2433

1. VENDAS E SERVIÇOS PRESTADOS

71/72 2433 11 / 12 / 21

Preço do Bem Imposto devido Preço do Bem


e imposto

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2. RECEBIMENTOS ANTECIPADOS

218 / 276 2433 11 / 12

Adiantamento Imposto Quantidade


sem IVA devido recebida

a. EMISSÃO DA FATURA RESPEITANTE À TRANSAÇÃO

71 / 72 2433 211
Preço do
Bem Imposto quantidade
ou serviço devido faturada

b. REGULARIZAÇÃO DO ADIANTAMENTO (ANULAÇÃO)

211 24341 218/ 276


regularizaçã
Valor o
adiantament Adiantament
o do imposto o
+ Imposto liquidado

3. OFERTAS DE EXISTÊNCIAS PRÓPRIAS

38 X 2433 6884
Preço de
Preço de custo Imposto custo
devido e imposto

Não é obrigatória a liquidação do IVA quando a oferta não exceda 5‰ do volume de vendas ou
15€/unidade (IVA excluído).

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9.4 IVA REGULARIZAÇÕES 2434

1. Subcontas:

1.1) Movimentadas ao longo do ano:

24341 - Regularizações mensais (ou trimestrais) a favor da empresa

Retificações ou correções de faturas emitidas pela


empresa em que se tenha liquidado imposto a mais;
Idem em faturas emitidas por fornecedores em que
se tenha deduzido imposto a menos;
Descontos comerciais, extra-fatura, concedidos a
clientes*;
Descontos de p.p. concedidos a clientes e quando
não englobados na fatura;
Devoluções de vendas por clientes;
Incobrabilidade de créditos, resultantes de
sentença judicial;
Anulação de entregas adiantadas de clientes

* O imposto só deverá ser regularizado se a nota de crédito emitida sobre o cliente mencionar
expressamente o imposto creditado.

24342 Regularizações mensais (ou trimestrais) a favor do Estado

Retificações ou correções das faturas emitidas pela


empresa em que se tenha liquidado imposto a menos;
Retificação ou correção de faturas emitidas por
fornecedores, em que se tenha liquidado imposto a mais;
Descontos comerciais, extra-fatura, concedidos por
fornecedores;
Descontos de p.p. concedidos pelos fornecedores,
resultantes de pagamento de faturas que não os tenham
englobado;
Devolução de compras a fornecedores;
Inexigibilidade de débitos a fornecedores relativas a
operações sujeitas a impostos;
Anulação de adiantamentos a terceiros relativos a
fornecimentos de bens/serviços sujeitos a imposto.

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1.2) Movimentadas no final do ano:

24343 - Anuais por cálculo do Pró-Rata definitivo

Debita-se quando a empresa tiver direito a uma dedução Credita-se quando a empresa tiver de efetuar uma entrega
complementar, que resulta de um pró-rata definitivo complementar de imposto, que resulta de um pró-rata
superior ao pró-rata provisório, isto é, a empresa definitivo inferior ao pró-rata provisório, isto é, a empresa
deduziu menos do que poderia ter deduzido. deduziu mais do que teria direito a deduzir.
Movimenta-se em contrapartida da 7888 no caso de Movimenta-se em contrapartida da 6888 no caso de
inventários e outros bens ou serviços. No caso de bens inventários e outros bens ou serviços. No caso de bens de
de investimento a conta em contrapartida será a 43x. investimento a conta em contrapartida será a 43x.

24344 - Regularizações anuais por variações do pró-rata definitivo


(específica para bens de investimento – AFT)

Debita-se, por contrapartida do crédito Credita-se, por contrapartida do débito da


da conta 7888, quando o pró-rata definitivo conta 6888, quando o pró-rata definitivo de
de determinado ano for superior ao PR determinado ano for inferior ao PR definitivo
definitivo do ano de utilização do bem de do ano de utilização do bem de investimento
investimento (AFT). (AFT).

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Haverá lugar a retificação sempre que o Pro rata definitivo,calculado relativamente a cada um dos
anos de vida útil do bem,diferir - para mais ou para menos - em 5 ou mais pontospercentuais
relativamente ao Pro rata definitivo, apurado no anode início de utilização.

⇒Prazo para retificação:

até 4 anos após o início de utilização: Bens móveis


até 19 anos após o início de utilização: Bens imóveis

2) Movimentação esquemática:

A) Regularizações a favor da empresa provenientes de:

A1) Devoluções de vendas

211 717 24341

Quantitativo Preço do Imposto


creditado bem correspondent
em devolvido e
conta à devolução
corrente

A2) Descontos e abatimentos em vendas (fora da fatura)

211 686/718 24341

Quantitativo Desconto Imposto


creditado correspondent
em concedido e
conta ao desconto
corrente

A3) Anulação do adiantamento de clientes

211 218 / 276 24341

Quantitativo adiantamento Imposto


creditado
em liquidado
conta aquando do
corrente adiantamento

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B) Regularizações a favor do Estado, provenientes de:

B1) Sinistros em Existências

6872 38X 24342

Quantitativo Preço de Imposto


corresponden
global custo te
da existência ao preço de
sinistrada custo

B2) Devoluções de compras

221 317 24342

Quantitativo Preço do bem Imposto


corresponden
debitado em devolvido te
conta
corrente à devolução

B3) Descontos e abatimentos em compras (fora da fatura)

221 318/782 24342

Quantitativo Valor do Imposto


debitado em desconto correspondente
conta
corrente ao desconto

B4) Anulação de adiantamentos a fornecedores

221 228 / 39 24342


Quantitativo Adiantamento Imposto suportado
e deduzido
debitado em aquando
conta
corrente do adiantamento

C) Regularizações anuais por cálculo do pró-rata definitivo:

C1) Retificação em bens do AFT, quando o pro-rata provisório for superior ao definitivo:

24343 43X

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C2) Retificação em outros bens e serviços, incluindo existências, quando o pro-rata provisório for superior
ao definitivo e se mostrar difícil a imputação específica:

24343 6888

C3) Retificação em bens do AFT, quando o pro-rata provisório for inferior ao definitivo:

43X 24343

C4) Retificação em outros bens e serviços, incluindo existências, quando o pro-rata provisório for inferior ao
definitivo e se mostrar difícil a imputação específica:

7888 24343

D) Regularizações anuais por variação dos pró-ratas definitivos

D1) Quando o pró-rata definitivo de determinado ano for superior ao do ano de de inicio de utilização dos
ativos fixos:

7888 24344

D2) Quando o pró-rata definitivo de determinado ano for inferior ao do ano de inicio de utilização dos
ativos fixos:

24344 6888

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1.9.5 IVA APURAMENTO 2435

Movimentação esquemática:

1. Apuramento do Saldo:

2432 2433
Imposto
suportado e Imposto
dedutível liquidado
2435
24341
Regularizaçõe 2434
s 2
Regularizaçõ
a favor da es
empresa a favor do
Estado
2437
Crédito sobre
o Estado
reportado ao
período
anterior

2. Transferência do saldo credor apurado (IVA a


pagar):
2436 2435

3. Transferência do saldo devedor apurado (IVA a


receber):

2435 2437

2436 - IVA A Pagar

1. Pagamento do imposto apurado pelas empresas:

12X 2436

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2. Pagamento do imposto liquidado oficiosamente:

12X 2436

2437 - IVA A
Recuperar
1. Reporte do crédito sobre o Estado para períodos
seguintes:

2437 245

2. Solicitação do reembolso do crédito sobre o


Estado:

2437 2438

2438 IVA - Reembolsos Pedidos

1. Apresentação do pedido / deferimentos do pedido (reembolso):

2437 2438 12

apresentação dopedido reembolso do crédito

2. Apresentação do pedido / indeferimentos do pedido:

2437 2438 2437

apresentação do pedido anulação do pedido,


porindeferimento

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2439 IVA – Liquidações Oficiosas

1. Falta de apresentação da declaração periódica (imposto liquidado)

2436 2439

2. Entrega da declaração periódica, no prazo de 60 dias, o valor da liquidação oficiosa é anulado,


prevalecendo os valores apurados pela empresa:

2439 2436

3. Não entrega a declaração periódica no prazo de 60 dias, então terá que pagar o montante liquidado
oficiosamente:

11/12 2436

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2 – INTRODUÇÃO À DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS

Demonstração de Resultados: pretende evidenciar a posição económica ou de desempenho da


empresa através da relação entre os rendimentos obtidos e os gastos incorridos.

A sua forma no SNC vai assumir a forma vertical, sendo a apresentação dos resultados mais
de acordo com as orientações internacionais - por exemplo, mostra o resultado por ação.
É útil na predição da capacidade da entidade para gerar fluxos de caixa a partir dos seus
recursos básicos existentes;
É útil na formação de juízos de valor acerca da eficácia com que a entidade pode
empregar recursos adicionais.

GASTOS: diminuições de benefícios económicos no período, resultando daíreduções nos capitais


próprios, com excepção das distribuições aos subscritores de capital.

Reconhecimento de gastos:

Os gastos são reconhecidos na demonstraçãodos resultados quando tenha surgido


umadiminuição dos benefícios económicos futurosrelacionados com uma diminuição num ativo ou com
um aumento de um passivo e que possam ser mensurados com fiabilidade.

As classificações dos gastos alteram-se:

61 – Custo mercadorias vendidas e consumidas


62 – Fornecimentos e serviços terceiros
63 – Gastos com o pessoal
64 – Gastos de depreciação e amortização
65 – Perdas por imparidade
66 – Perdas por redução do justo valor
67 – Provisões do período
68 – Outros gastos e perdas.
69 – Gastos e perdas de financiamento

RENDIMENTOS: aumentos de benefícios económicos no período, resultando daíacréscimos nos


capitais próprios, com excepção das entradas por parte dos subscritores de capital.

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Reconhecimento de rendimentos

Um rendimento é reconhecido nademonstração dos resultados quando tenhasurgido um


aumento de benefícios económicos futuros relacionados com umaumento num ativo ou com uma
diminuição de um passivo e que possa ser quantificado com fiabilidade.

As classificações dos rendimentos alteram-se:

71 – Vendas
72 – Prestações de serviços
73 – Variações nos inventários de produção
74 – Trabalhos para a própria entidade
75 – Subsídios à exploração
76 – Reversões
77 – Ganhos em aumentos do justo valor
78 – Outros rendimentos e ganhos. Inclui alienações de ativos não correntes,
sinistros
79 – Rendimentos e ganhos em financiamento

Mensuração dos elementos dasdemonstrações financeiras:

Mensuração é o processo de determinaras quantias monetárias pelas quais oselementos das


demonstrações financeirasdevam ser reconhecidos e inscritos nobalanço e na demonstração
dosresultados.

São utilizadas diferentes bases de mensuração emgraus diferentes e em variadas combinações


nasdemonstrações financeiras:

Custo histórico
Custo corrente
Valor realizável (de liquidação)
Valor presente
Justo valor

A base de mensuração geralmente adotadapelas entidades ao preparar as suasdemonstrações


financeiras é o custo histórico.

Este é geralmente combinado com outras basesde mensuração.

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Por exemplo, os inventários são geralmenteescriturados pelo mais baixo do custo ou


dovalor realizável líquido, os títulos negociáveispodem ser escriturados pelo seu valor
demercado e os passivos por pensões de reformasão escriturados pelo seu valor presente.

Relativamente à Demonstração dos resultados, uma importante alteração reside na proibição de


classificar como extraordinários quaisquer rendimentos e gastos referidos quer nesta demonstração,
quer no anexo.

Há, ainda, alteração na ordem de apresentação dos rendimentos e gastos (partindo-se, agora, do
rédito gerado pelas vendas e serviços prestados), bem como na classificação dos resultados parcelares.
Assim, é evidenciado o resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos (o qual
incluí as linhas de outros rendimentos e ganhos e outros gastos e perdas, linhas essas que vão receber
determinados rendimentos e gastos que, à luz do POC, poderiam ser classificados como extraordinários
ou financeiros), o resultado operacional (antes de gastos de financiamentos e impostos), o resultado
antes de imposto seguindo-se, finalmente, o resultado líquido. A Demonstração dos resultados reserva
ainda espaço para apresentar: a parte do resultado líquido que se refere a entidades descontinuadas, a
parte do resultado líquido atribuível aos interesses minoritários e o resultado por ação.

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ANEXOS

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BIBLIOGRAFIA
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ALMEIDA, Rui; DIAS, Ana; CARVALHO, Fernando (2009), SNC Explicado, AFT Edições Técnicas.
BENTO, José, MACHADO José Fernandes (2006), Plano Oficial de Contabilidade, Porto Editora, 27ª Edição
GRENHA, Carlos; CRAVO, Domingos; BAPTISTA, Luís; PONTES, Sérgio (2009), Anotações ao Sistema de
Normalização Contabilística, OTOC.
MONTEIRO, S., MANUEL PEREIRA, J., GOMES, P., GOMES, R., (2008)“Sebenta de Contabilidade Financeira II”,
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NABAIS, C.; NABAIS, F.; (2010) “Prática Contabilística de acordo com o SNC”, 2ª edição, Lidel.
PINTO, A.; MOUTINHO, A.; PAIS, C.; AREOSA, J.; CORREIA, L.; GRAÇA, M.; FREIRE, M.; FERNANDES, O.; BARATA,
P.; DIAS, P., REIS, P.; PONTES, S.; CASADO, T.; NASCIMENTO, V. (2008) Normas Internacionais de Contabilidade:
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RODRIGUES, João (2005), “Adopçãoem Portugal das Normas Internacionais de Relato Financeiro”, Porto
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RODRIGUES, João (2009), “Sistema de Normalização Contabilística Explicado”, Porto Editora.

Legislação:
Aviso N.º 15652 / 2009 de 7 de Setembro

Aviso N.º 15653 / 2009 de 7 de Setembro

Aviso N.º 15654 / 2009 de 7 de Setembro

Aviso N.º 15654 / 2009 de 7 de Setembro

Declaração de Retificação n.º 67-B / 2009, de 10 de Setembro

Decreto-Lei N.º 158 / 2009, de 13 de Julho

Portaria N.º 986 / 2009, de 7 de Setembro

Portaria N.º 1011 / 2009, de 9 de Setembro

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