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Um vendedor externo, Genivaldo, contratado pela empresa “Atacado Geral Ltda.

”, que atua no setor


de distribuição de doces e balas em geral, recebeu em sua CTPS anotação acerca da exceção do
artigo 62, inciso I da CLT, eis que o empregador não realiza controle formal da jornada de trabalho.
Em seu labor Genivaldo comparecia à empresa pela manhã e elaborava um roteiro de visitas, a
partir de carteira de clientes de área definida pela empresa, prevendo no mínimo 20 (vinte) visitas
diárias. Por volta das 8:30 da manhã Genivaldo saía da empresa para realizar as visitas do roteiro,
mantendo constante contato por telefone, quando informava o horário de chegada e saída em cada
cliente. Encerradas as visitas o vendedor enviava o relatório através de e-mail ao Supervisor da
área de venda. Como mencionado Genivaldo não registrava em controle de frequência a sua
jornada, que em média era de 10 horas, sem intervalos, de segundas a sábados. Dispensado após
dez anos de serviços prestados, sob o fundamento de justa causa por ato de concorrência desleal
em prejuízo da empresa, Genivaldo propôs Reclamação Trabalhista em face de sua ex-
empregadora, onde pretende a descaracterização da justa causa, o pagamento de horas extras e
seus reflexos e pagamento de empréstimo que ele autor fez ao sócio da empresa. Em audiência
realizada, a conciliação proposta pelo juiz foi infrutífera. Em sua defesa a empresa “Atacado Geral
Ltda.” sustenta nada dever a título de horas extras, dada à exceção a que estavam sujeitos os seus
vendedores, e que a justa causa encontra-se caracterizada na medida em que o empregado nas
suas horas vagas como era proprietário de estabelecimento comercial em sociedade com sua
esposa, vendia outros produtos alimentícios no varejo, especialmente batatas fritas e salgadinhos
em geral. A contestação foi apresentada ao advogado de Genivaldo que rechaçou por negativa
geral os fatos narrados na defesa e reiterou o conteúdo da petição inicial. Ato contínuo o juiz iniciou
a instrução informando que dispensava o interrogatório do autor e do preposto, perguntando às
partes se tinham provas, o advogado do autor informou que apresentaria duas testemunhas e a ré
que apresentaria apenas uma testemunha. Iniciada a colheita da prova oral, as testemunhas do
autor informaram nada saber acerca dos fatos relacionados à justa causa e confirmaram que o
autor estava submetido a controle informal de horário eis que se reportava a empresa nos exatos
termos narrados na petição inicial. A testemunha da empresa, que exercia a função de diretor
comercial com participação acionária de 40% do capital social da empresa, foi contraditada pelo
advogado do autor, sob o fundamento de exercício de cargo de confiança na empresa e por ser
sócio do empreendimento. A contradita não foi acolhida, sendo que o juiz se baseou nessa decisão
no fato de que a testemunha convocada embora diretor não tinha real interesse na demanda. O
advogado apresentou protestos, que restaram consignados em ata de audiência. A testemunha da
empresa foi ouvida e nada acrescentou com relação às horas extras, mencionando tão somente
que o trabalho do autor era realizado externamente sob a supervisão do depoente. Com relação à
justa causa seu depoimento foi no sentido que ele havia investigado o fato pessoalmente e
constatou que o autor era sócio minoritário de estabelecimento comercial localizado em frente a um
clube onde eram vendidos no varejo toda a espécie de salgadinhos e por fim com relação ao
empréstimo informou que de fato a empresa era devedora. A instrução foi encerrada e as partes
não tiveram a oportunidade de apresentarem alegações finais e ato contínuo o juiz prolatou a
sentença (novamente o Advogado protestou pedindo para constar em ata, pois gostaria de
apresentar alegações finais). Na sentença o Magistrado indeferiu todos os pedidos iniciais
improcedentes com fundamento na prova produzida em audiência, imputando ao autor as penas
de litigância de má fé no percentual de 20% e atribuiu custas processuais definidas em lei. Nos
autos constava pleito do autor no sentido de concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, assim
publicada a sentença o advogado de Genivaldo apresentou medida processual visando o exame
desse ponto omisso da decisão, bem como rebateu a falta de fundamentação da decisão com
relação a litigância de má fé. O juiz recebeu a medida processual referenciada no parágrafo
anterior, julgando-a improcedente sob o fundamento que não havia qualquer omissão no julgado,
novamente, inconformado o autor no prazo apresentou medida processual objetivando reforma da
decisão, que restou em juízo de admissibilidade denegada por falta de preparo. Mais uma vez o
autor inconformado aviou nova medida processual.
Pergunta-se:

1 - Identifique os problemas jurídicos no caso em estudo?


2 - Trace uma linha processual encaixando os atos processuais no caso em comenta?
3 - Qual a finalidade do protesto apresentado pelo advogado do autor?
4 - O juiz poderia dispensar as alegações finais das partes e não efetuar a renovação da conciliação
antes de prolatar sentença?
5 - Qual a medida processual utilizada pelo autor para o exame dos pontos omissos da
sentença? Qual o prazo? Se tivesse sido acolhida a medida quais os seus efeitos?
6 - Qual a medida processual apresentada pelo autor após o indeferimento da medida
processual em relação à omissão? Qual o prazo e o marco inicial desse prazo?

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