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UNIVERSIDADE TIRADENTES

DIRETORIA DE PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
MESTRADO E DOUTORADO EM EDUCAÇÃO

DISCIPLINA: FUNDAMENTOS EPISTEMOLOGICOS E METODOLÓGICOS


DA PESQUISA
MESTRANDO/DOUTORANDO: CAROLINNE DA SILVA EVANGELISTA

BIBLIOGRAFIA: LHAN, Byung-Chul. Psicopolítica: O neoliberalismo e as novas técnicas de


poder. Tradução Mauricio Lieses. Editora Ayine. Belo Horizonte. 2018

Aprendizagens adquiridas com o debate:

Byong faz questionamentos de como o neoliberalismo se manifesta diante da


liberdade, do sujeito e algumas crises que se verificam na relação entre esses conceitos.
A noção de liberdade que sempre esteve acompanhada da autonomia, no contexto
neoliberal passa a ser uma forma de controle não só do corpo, mas também da mente.
Na medida em que o indivíduo exerce o que considera liberdade, está cada vez mais
alimentando uma série de estrutura que vão atuar para manipula-lo. Denominado pelo
autor de Big Data, esse conjunto de informações que acessamos nos mais diversos
percursos que traçamos na internet, alimenta os algoritmos sobre nosso perfil e ajudam
a despertar necessidades e desejos através das emoções, transformando assim o
cidadão em consumidor.
Byung faz um paralelo com o discurso de Foucault sobre a biopolítica e a
sociedade disciplinar, formada por ambientes e instalações de confinamento. Família,
escola, prisão, quartel, hospital e fábrica representam esses espaços disciplinares de
reclusão onde havia preocupação em adestrar, docilizar e controlar corpos para maior
produtividade do trabalho. O sujeito disciplinar passa de um meio de confinamento a
outro. Ele se movimenta, portanto, em um sistema fechado. A topeira, segundo Byong,
é o animal da sociedade disciplinar. Representa esse sujeito que viviam confinados, que
tinham ações limitadas e eram observados pelo panoptico tradicional, observados e
monitorados por todos os lados de maneira tangível. Entretanto, no contexto neoliberal
as formas de produção pós-industriais, imateriais e em rede, insistem em mais abertura
e dissolução de fronteiras. A toupeira, entretanto, não pode tolerar essa abertura. Em
seu lugar assume a serpente. Ao contrário da toupeira, a serpente não se movimenta
em espaços fechados; é a partir do movimento que abre espaço. A toupeira é
trabalhadora. A cobra, por sua vez, é empreendedora. Então, enquanto, na sociedade
disciplinar o indivíduo era explorado pela sua condição de trabalho e pela personificação
do chefe; na sociedade neoliberal, o individuo é motivado a auto exploração, a
ultrapassar seus limites, a romper fronteiras.
A liberdade do trabalhador, assim como na comunicação são alimentandos por
formas de controle e coesão através do um panóptico digital, como se metaforicamente
estivessem dentro de uma estrutura social vigiados por todos os lados. Portanto, a
dominação não precisa mais ser de fora para dentro, agora ela acontece de dentro para
fora.
A psicopolitica se alimenta justamente dessa passionalidade, velocidade e
liberdade, que cria indivíduos cada vez mais acelerados sem tempo nem apreço por
reflexões. No campo político, o indivíduo é muito mais passional do que racional. Assim,
torna-se mais fácil manipular um individuo mergulhado nas emoções do que refletindo
racionalmente. Abastecida por esse enredo e pelas ações dos indivíduos nas mais
variadas formas de comunicações virtual, a psicopolítica controla a mente, pensamento
e ideologia. Ela se configura como uma técnica de dominação que, ao invés dos antigos
métodos opressores, recorre a um poder sedutor, inteligente, tecnológico, que
estabelece uma lógica de alienação e autoexploração.
A saída encontrada por Byong para essa ditadura digital que possui um controle
de dados cada vez mais eficientes e sofisticados, é idiotismo. O idiota por sua própria
natureza é o desligado, desconectado, é o moderno herético que dispõem de livre
escolha, que pratica a liberdade. O plano de imanência, ao qual ele tem acesso, é a
matriz da dessubjetivação e da despsicologização. É a negatividade que arranca o
sujeito de si mesmo e o liberta na imensidão do tempo vazio.

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