Byong faz questionamentos de como o neoliberalismo se manifesta diante da
liberdade, do sujeito e algumas crises que se verificam na relação entre esses conceitos. A noção de liberdade que sempre esteve acompanhada da autonomia, no contexto neoliberal passa a ser uma forma de controle não só do corpo, mas também da mente. Na medida em que o indivíduo exerce o que considera liberdade, está cada vez mais alimentando uma série de estrutura que vão atuar para manipula-lo. Denominado pelo autor de Big Data, esse conjunto de informações que acessamos nos mais diversos percursos que traçamos na internet, alimenta os algoritmos sobre nosso perfil e ajudam a despertar necessidades e desejos através das emoções, transformando assim o cidadão em consumidor. Byung faz um paralelo com o discurso de Foucault sobre a biopolítica e a sociedade disciplinar, formada por ambientes e instalações de confinamento. Família, escola, prisão, quartel, hospital e fábrica representam esses espaços disciplinares de reclusão onde havia preocupação em adestrar, docilizar e controlar corpos para maior produtividade do trabalho. O sujeito disciplinar passa de um meio de confinamento a outro. Ele se movimenta, portanto, em um sistema fechado. A topeira, segundo Byong, é o animal da sociedade disciplinar. Representa esse sujeito que viviam confinados, que tinham ações limitadas e eram observados pelo panoptico tradicional, observados e monitorados por todos os lados de maneira tangível. Entretanto, no contexto neoliberal as formas de produção pós-industriais, imateriais e em rede, insistem em mais abertura e dissolução de fronteiras. A toupeira, entretanto, não pode tolerar essa abertura. Em seu lugar assume a serpente. Ao contrário da toupeira, a serpente não se movimenta em espaços fechados; é a partir do movimento que abre espaço. A toupeira é trabalhadora. A cobra, por sua vez, é empreendedora. Então, enquanto, na sociedade disciplinar o indivíduo era explorado pela sua condição de trabalho e pela personificação do chefe; na sociedade neoliberal, o individuo é motivado a auto exploração, a ultrapassar seus limites, a romper fronteiras. A liberdade do trabalhador, assim como na comunicação são alimentandos por formas de controle e coesão através do um panóptico digital, como se metaforicamente estivessem dentro de uma estrutura social vigiados por todos os lados. Portanto, a dominação não precisa mais ser de fora para dentro, agora ela acontece de dentro para fora. A psicopolitica se alimenta justamente dessa passionalidade, velocidade e liberdade, que cria indivíduos cada vez mais acelerados sem tempo nem apreço por reflexões. No campo político, o indivíduo é muito mais passional do que racional. Assim, torna-se mais fácil manipular um individuo mergulhado nas emoções do que refletindo racionalmente. Abastecida por esse enredo e pelas ações dos indivíduos nas mais variadas formas de comunicações virtual, a psicopolítica controla a mente, pensamento e ideologia. Ela se configura como uma técnica de dominação que, ao invés dos antigos métodos opressores, recorre a um poder sedutor, inteligente, tecnológico, que estabelece uma lógica de alienação e autoexploração. A saída encontrada por Byong para essa ditadura digital que possui um controle de dados cada vez mais eficientes e sofisticados, é idiotismo. O idiota por sua própria natureza é o desligado, desconectado, é o moderno herético que dispõem de livre escolha, que pratica a liberdade. O plano de imanência, ao qual ele tem acesso, é a matriz da dessubjetivação e da despsicologização. É a negatividade que arranca o sujeito de si mesmo e o liberta na imensidão do tempo vazio.