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Bartolomeu Bento Amade Mussoco

História Oral: Terrorismo em Cabo Delgado (trajectória do Senhor Saíde latifo do


Distrito de Mocímboa da Praia e do Senhor Gracildo Maria Tiago de Palma).

Licenciatura ensino de Historia com Habilitação em Documentação

Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2021
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Bartolomeu Bento Amade Mussoco

História Oral: Terrorismo em Cabo Delgado (trajectória do Senhor Saíde latifo do


Distrito de Mocímboa da Praia e do Senhor Gracildo Maria Tiago de Palma).

O trambalho é de caracter avaliativo a ser entregue no


Departamento das Ciências Sociais e Filosóficas, na
Dadeira de Didáctica de Historia IV, Io Semestre, IVo ano

MA. Titos Leveque

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2021
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Índice
Introdução..................................................................................................................3

1. Historia Oral: Terrorismo em Cabo Delgado (trajectória do refugiado de guerra


do Distrito de Mocímboa da Praia)............................................................................4

1.1. Um espelho do senhor Saide Latifo quando chegou à Montepuez.................5

1.2. Trajectória do refugiado de guerra Sr. Gracildo Maria Tiago........................5

1.3. Aspectos teóricos............................................................................................7

2. Terrorismo..........................................................................................................7

2.1. Causas de terrorismo.......................................................................................7

2.2. Breve contextualização dos ataques do Norte do Moçambique


(nomeadamente província de Cabo Delgado)............................................................8

Conclusão.................................................................................................................10

Referências bibliográficas........................................................................................11
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Introdução

O presente trabalho trata sobre Historia oral, principalmente o de campo. Os


acontecimentos, acções e outros estão associados no homem, onde por ele vive ocorre
muitas diversidades culturais e problemas no tempo e no espaço. Sendo assim, estudar e
pesquisa estas questões visam proporcionar o conhecimento da vida do homem em
diferentes situações onde vive e, facilita conhecer a realidade do homem. O
conhecimento deve basear nos usos de diferentes fontes que vão facilitar descrever o
homem na sua totalidade e facilita grande empenho do estudante em relação o trabalho
de campo.

Objectivo geral

 Conhecer a importância da história oral para o campo de pesquisa

Objectivos específicos

 Explicar as trajectórias dos refugiados de guerra do senhor Saíde Latifo e


Gracildo Maria Tiago
 Descrever as trajectórias dos refugiados de guerra do senhor Saíde Latifo e
Gracildo Maria Tiago
 Auto análise do trabalho de campo.

Metodologia do Trabalho: Foi usada entrevista e questionário no campo, consulta de


referencias bibliograficas não só como tambem foi útil a internet, que que consistiu na
leitura e interpretacao dos dados, os respectivos autores estao citados dentro do trabalho
e vem nas referencias bibliografica.

Quanto a organização o presente trabalho apresenta a seguinte estrutura: Introdução


onde faz apresentação do tema de uma forma simples, e Desenvolvimento onde aborda-
se o tema de uma forma mais profunda e, critica, por fim apresenta a Conclusão seguida
da Referência Bibliográfica
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1. Historia Oral: Terrorismo em Cabo Delgado (trajectória do refugiado de guerra


do Distrito de Mocímboa da Praia)

Nome do refugiado: Saíde Latifo

Saide Latifo de 35 anos de idade, natural de Mocímboa de praia, residência actual na


cidade de Montepuez (bairro de Niuhula), casado e pai de três (3) filhos.

Segundo (Senhor Saíde Latifo), a causa principal de se deslocar da sua terra de origem
foi a guerra dos Alishabeb. Assim, afirmou que não tem noção o dia, a data e o mês
correctamente que entraram ou começaram a sinalizarem o fogo.

O entrevistado relançou que, quando percebeu dos ataques deu se em fuga com toda
família nas margens do mar no sentido de poder ter apoio, logo, a sorte não hesitou
entrou barco junto com a família para Distrito vizinho de Mocímboa nomeadamente
(Palma), com a finalidade de procurar lugar seguro. Neste caso, ficou três meses no
distrito de Palma, logo no dia 25 de Março (quase os primeiros ataques de Palma),
procedeu de novo em fuga para aldeia de (Shitunda) distrito de Palma, sendo este teve
muitos problemas a enfrentar a sua caminhada oque se refere a travessia do mar,
mangais que deixava totalmente ferido nas pernas, (Senhor Saíde Latifo)

A inda realçar que quando chegou de Shituda ficou paralisado todos seus programas e
desmotivados em seus planos, razão pela qual ficou dois (2) meses naquela pequena ilha
pensando a futura da sua família.

Shitunda segundo (Saíde Latifo) não se sentia normal devido os ataques ou seja, as
pessoas daquela aldeia temiam que os terroristas se invadissem aquela ilha. Sendo
assim, sugeriu abandonar para Montepuez. Explica-nos que caminhou apé de Shitunda
até Muth (aldeia de Palma) que essa trajectória teve inúmeras consequências ou
sofrimentos: Enchimento das pernas, falta de comida e sede, foram as situações mais
carregados pelo Saíde. Portanto, chegado na aldeia de Muth enfrentou outra situação
(lugar de dormir), sem excitar com toda família foram se acomodar em baixo de árvores
(sem tapete e nem cama).

Esta aldeia levou 1 dia, pós prosseguiu a caminhada ainda apé até aldeia dos Makondes
(não conhece o nome). Neste caso, argumentou o entrevistado que a viagem teve as
situações idênticas da primeira, visto que as condições de comida e água eram
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autenticamente péssimas. Em relação a acomodação passei toda a noite em baixo de


arvores em condições dolorosas. Portanto, devido o cansaço e desespero fiquei (6) seis
dias na aldeia de Makondes.

Durante os seis (6) dias, fiquei pensando a guerra porque nos lugares que mi encontrava
imaginava que podem sofrer da mesma situação, logo consensualizei deslocar para
distrito de Mueda.

A trajectória de Mueda teve sorte, porque a minha mulher tinha uma quantia de valor e
que nos ajudou entrar um camião para Mueda. Riscos não faltam, pensando cada vez
mais de deparar os terroristas e a cabar comigo junto com a família. Mueda não
retardou, dia seguinte apanhou carro para Montepuez, (Saíde Latifo).

1.1. Um espelho do senhor Saide Latifo quando chegou à Montepuez

Quando cheguei em Montepuez fui acolhido com a minha família e, onde resido estou
num lugar de aluguer, mas a responsabilidade é de família, visto que sou desempregado
e não tenho dinheiro para tal.

O desejo do (Sr. Saíde) é de poder voltar para casa. Em relação vida actual, debruça
com toda solidariedade de não se manifestar bem, porque teve acidente de motorizada e
perda dos seus bens devido os taques protagonizados pelos lishababes. A vida cá
Montepuez é diferente do meu distrito, porque mi sinto paralisado e sem ter rumo para
mi e para a minha família. A vida de Mocímboa para mi não era difícil, tinha meus
projectos que auxiliavam minha vida dia-pós-dias.

Sendo assim, mostra com toda exactidão de sentimentos, solidariedade das perdas, da
sua terra de origem, da sua vida, dos seus projectos e da forma a família como estava
unida.

Portanto, é difícil esquecer Mocímboa da praia, porque toda minha vida, meus avos,
meus pais, minhas mães, minhas avôs, bisavós são de geração de Mocímboa, isso não
faz sentido de poder esquecer eternamente meu querido distrito.

1.2. Trajectória do refugiado de guerra Sr. Gracildo Maria Tiago

Gracildo Maria Tiago de 46 anos, natural de Namuno, sendo trabalha no Distrito de


Palma desde em 1997 até aos dias actuais.
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Tiago ressalta a sua história em relação a trajectória percorrida de Palma até onde reside
actualmente (Montepuez) no bairro de Niuhula. Primeiramente deixou nos claro que as
principais causas do seu refugio foram os ataques percorrido no doa 25 de Março de
2021, numa quarta-feira, protagonizado pelos grupos Alishaabab, (Gracildo Maria
Tiago).

O entrevistado relançou-nos que, quando percebeu dos ataques consensualizou fugir no


local de hostilidade e foi se encaixar nas matas próximo do distrito. Assim, não tive
tempo de procurar meus filhos, pós, a situação estava muita densa e, levei quase dois
dias na mata a espera da situação agilizar. Dia seguinte retornou para aldeia e
consequentemente encontrou esposa morta pelo grupo de hostilidade e quase todos
meus bens queimadas.

Quando percebi da situação da minha mulher, não tive solução à não abandonar do
lugar, dai comuniquei com a família e sugeriram mi ajudar e no dia 26 de Abril de 2021
entrei avião para pemba com todos meus filhos.

Ainda voltando a situação de Palama o Sr. Tiago, o intervalo de 25 de Marco à 26 de


Abril a vida de Palma foi muita desastrosa, porque para conseguir comida era muito
difícil e ainda não bastasse oque restava naquele distrito no mercado era muito caro. Por
exemplo, 25kg de arroz correspondia à 7.000,00 mts, 1kg de Omo correspondia à
550,00 mts, (Gracildo Maria Tiago).

Oque concerne a trajectória de Palma para Pemba não teve riscos e quando cheguei no
distrito de Pemba fui acolhido pela família. Assim, não foi suficiente viver em Pemba,
percebi que devo prosseguir com a viagem para Namuno no sentido de realizar
cerimónias da minha ex-mulher. Depois desse processo retornei para Montepeuez onde
mi encontro actualmente junto com meus filhos.

No caso de Montepuez, actualmente resido numa casa de aluguer com todos meus filhos
sem ajuda familiar. O Tiago afirma que é difícil voltar para Palma, visto que perdi tudo
oque tinha, ou seja, quando pensa a situação da morte mulher e perda dos seus projectos
e, afirma que, pode voltar por força maior.

Tiago lamenta a vida actual e o da antigo, a situação da vida é totalmente difícil, seja
onde viver e como sustentar a família. Assim, Tiago ainda argumenta que é difícil
pensar em coisa dignas, porque o que viu e oque perdeu não será possível recuperar.
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O principal desafio de Tiago na actualidade é de poder encarar na melhoria da vida e da


sua personalidade (forma de pensar) e lamenta os danos feitos pelos grupos Alishaabab
e perda da esposa e dos seus bens e, sugeria que para superar e se sentir livre é ter paz e
ver seus filhos a crescerem e estudar sem hostilidade vista no distrito de Palma.

Figura 1. A foto ilustra o refugiado sr Gracildo Mária Tiago de guerra no distrito de


Palma.

Fonte: Foto tirada por estudante de Historia

1.3. Aspectos teóricos


2. Terrorismo

Terrorismo é um dos instrumentos utilizados por grupos militarizados, por guerrilheiros.


Ou seja o terrorismo é violência armada contra civis e uma forma instrumental de fazer
disseminar o pânico no seio de um povo, um governo ou um Estado.

Segundo Gross (2006) O terrorismo ou se admite “primeiro e antes de mais um


fenómeno social”, ou considera -se uma forma de “resistência violenta ao Estado ou ao
serviço dos interesses do Estado, pois os objectivos políticos são precisamente os que
conferem significado ao terrorismo.

Se admitirmos que o terrorismo tem inerente uma componente política, então a


violência (ou a ameaça do seu uso) visa mudanças de regime ou a obtenção de mais
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autonomia, enquanto inflige efeitos psicológicos e assim obtém publicidade negativa


capaz de pressionar as comunidades locais ou à escala global a alterar o seu
comportamento, (Hoffman 2006).

Apter (1997) Há autores que vão mais longe, ao argumentarem que a violência política
não deve ser rotulada de terrorismo, dada a sua importância histórica no contexto das
revoluções Inglesa (séc. XVII), Americana (1775-1783) e Francesa (1789-1799) que
foram movimentos de ampla base popular e que envolveram as sociedades da época. O
terrorismo de Estado está associado à Revolução Francesa e ao uso oficial e regular da
guilhotina (morte rápida e pública), como meio para atingir um fim.

2.1. Causas de terrorismo

As possíveis causas do terrorismo. Elas são políticas, económicas, sociais e ideológicas,


(Joaquim Francisco Pinheiro, 1979).

Causa política é o descrédito da própria política e dos políticos, no seio de vastas


camadas da população, especialmente as mais jovens. Com um discurso enfadonho e
repetitivo, muitas vezes demagógico, mas deixando aos militantes tarefas menores, sem
resultados práticos visíveis, política e políticos podem fazer nascer nos jovens mais
agressivos ou fanáticos o desejo de se filiarem em organizações· que ofereçam o
atractivo da acção imediata, como é o caso das organizações terroristas.

Joaquim Francisco Pinheiro, (1979) Outra possível causa serão as graves tensões
existentes no seio das sociedades modernas. São exemplos de problemas geradores
dessas tensões: o desemprego em escala elevada, as deficiências que prolongam
demasiado o ensino, mas sem que este dê preparação ou garantias para a vida prática, as
dificuldades para conseguir o primeiro emprego, as injustiças que geram ódios, a
corrupção que desespera, etc.

Outra causa: a livre exaltação da violência como substituto da política, deixando correr
sem contestação séria as justificações leninistas, sartrianas, marcusianas, etc., da
violência. É uma causa ideológica, exacerbada, quantas vezes, pela propaganda da
violência, feita involuntariamente por alguns meios da comunicação social, em especial
os audiovisuais.
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Finalmente, como causa social, não se pode deixar de referir a desumanização da vida
nas sociedades modernas, especialmente nas grandes cidades e seus satélites
dormitórios.

Para as organizações terroristas, trata-se do aproveitamento da liberdade e da tolerância,


reinantes naquelas sociedades, para deflagrar e prosseguir a acção violenta,
precisamente quando pareceria mais natural e lógico recorrer à contestação pacífica de
possíveis injustiças.

2.2. Breve contextualização dos ataques do Norte do Moçambique


(nomeadamente província de Cabo Delgado)

Segundo International Crisis Group do Relatório África N°303 (2021) Receia-se que a
província moçambicana Cabo Delgado, dominada por muçulmanos, se possa tornar na
próxima fronteira da rebelião jihadista no continente. Desde 2017, os militantes
moçambicanos, apoiados pelos Tanzanianos e outros estrangeiros, têm frustrado os
esforços das fracas forças de segurança de os derrotar e perpetradas atrocidades contra
os civis. Milhares faleceram e centenas de milhares foram deslocados.

Cabo Delgado é uma província há muito preparada para o conflito. Em 2007, parte da
juventude frustrada dos distritos do Sul, dominada pela etnia dos Makua, começou a
contestar a autoridade de dirigentes religiosos locais, particularmente os que estão
próximos do Conselho muçulmano oficial do país.
Em meados de 2010, militantes da etnia Mwani do distrito costeiro de Mocímboa da
Praia juntaram-se ao confronto. Seu activismo tinha um matiz islâmica: pediam a
proibição do álcool, enquanto se opunham à escolarização de crianças nas escolas do
estado e ao direito de trabalhar das mulheres.

Internacionais Crisis Group do Relatório África N°303 (2021)


No início, os militantes eram chamados de criminosos. Agora,
as autoridades chamam-lhes de “terroristas”. Ao fazê-lo,
reconhecem que o problema é maior do que o que se pensava
inicialmente, mas a retórica promove a percepção de que o
jihadismo global é a única razão da ameaça. Os combatentes da
região vizinha da Tanzânia, muitos dos quais pertencem às
redes Islâmicas que proliferaram na costa do Swahili da África
Oriental contam, de facto, entre os militantes dirigentes.

Mas a maior parte dos combatentes do grupo é moçambicana, e integra pescadores


pobres, pequenos comerciantes frustrados, antigos agricultores e jovens desempregados.
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Suas motivações para se juntarem e permanecerem no do grupo são variadas, mas


menos ditadas pela ideologia que pelo desejo de afirmar seu poder localmente e obter
benefícios materiais que lhes podem advir pela força das armas.

Conclusão
O concerne a conclusão do trabalho é de referenciar que terrorismo é um dos
instrumentos utilizados por grupos militarizados, por guerrilheiros. Ou seja o terrorismo
é violência armada contra civis e uma forma instrumental de fazer disseminar o pânico
no seio de um povo, um governo ou um Estado. Assim, ela corresponde as possíveis
causas, políticas, económicas, sociais e ideológicas.
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Referências bibliográficas

Apter, D. E. (1997). “Political Violence in Analytical Perspective”, in: The


Legitimization of Violence. Basingstoke: Palgrave

Gross, E. (2006). The Struggle of democracy Against Terrorism: Lessons from the
United States, the United Kingdom, and Israel. Virginia: University of Virginia Press.

Hoffman, B. (2006). Inside Terrorism. New Iorque: Columbia University Press.

Pinheiro, J. F, (1979). Terrorismo Internacional. Conferência Proferida no Instituto da


Defesa Nacional, ao curso de defesa nacional em Fevereiro de 1982. Portugal.

Internacional Crisis Group, Relatório África N°303 (2021). Conter a Insurreição em


Cabo Delgado, Moçambique, Maputo/Nairobi/Bruxelas.
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