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Direitos de aprendizagem: Nada óbvios

Os verbos que iniciam os direitos são facilmente reconhecidos, mas o sentido dado a
eles vai além do senso comum
CONVIVER
O QUE DIZ A BNCC: Conviver com outras crianças e adultos, em grupos, utilizando
diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito à cultura e
às diferenças.
VISÃO APROFUNDADA: Não basta que as crianças estejam fisicamente juntas. O
trabalho deve permitir que elas interajam durante as atividades e solucionem problemas
em conjunto.
BRINCAR
O QUE DIZ A BNCC: Brincar de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com
diferentes parceiros (crianças e adultos), diversificando seu acesso a produções
culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências
emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais.
VISÃO APROFUNDADA: As crianças devem escolher com quem e como brincar. Ao
professor, cabe propor espaços, tempos e materiais para o brincar, além de propor novas
maneiras de brincar.
PARTICIPAR
O QUE DIZ A BNCC: Participar ativamente, com adultos e crianças, tanto do
planejamento da gestão da escola e das atividades propostas quanto da realização das
atividades cotidianas, como a escolha das brincadeiras, e ambientes, desenvolvendo
linguagens e elaborando conhecimentos.
VISÃO APROFUNDADA: Pode ser concretizado com assembleias, mas também com as
crianças participando do planejamento: listando atividades favoritas ou propondo
soluções para conflitos.
EXPLORAR
O QUE DIZ A BNCC: Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores,
palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da
natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas
modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.
VISÃO APROFUNDADA: Explorar é natural para as crianças, mas a BNCC propõe
buscar espaços além da sala de referência, separar materiais e instigar a curiosidade para
outros assuntos.
EXPRESSAR-SE
O QUE DIZ A BNCC: Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas
necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões,
questionamentos, por meio de diferentes linguagens.
VISÃO APROFUNDADA: A criança deve ser estimulada a se colocar, de diferentes
maneiras, de acordo com suas possibilidades: seja pelo uso da oralidade, da escrita, do
desenho, da dança, da música.
CONHECER-SE
O QUE DIZ A BNCC: Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural,
constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas
experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na
instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário.
VISÃO APROFUNDADA: O direito refere-se ao autoconhecimento em várias
dimensões: sobre o próprio corpo, a sua família e a comunidade, a própria história e
também seus interesses e gostos.
Publicado originalmente na reportagem "Chega de Aulinhas para os Pequenos", da
revista Nova Escola. Fontes: Fontes: Maria Virgínia Gastaldi, formadora do Instituto
Avisa Lá, e documento Campos de Experiências: Efetivando Direitos e Aprendizagens
na Educação Infantil.

SEM HORA CERTA PARA APARECER


Na Educação Infantil, as crianças são os maiores aliados do planejamento do professor,
mas podem ser também os maiores inimigos. Elas não trabalham com separações tão
rígidas quanto os adultos. Esse é um dos motivos pelos quais os direitos de
aprendizagem -- assim como os campos de experiência -- propostos na BNCC não
devem ser usados para engessar a rotina. Nada de criar, portanto, aulas para um direito
específico ou para um único campo de experiência: eles aparecerão a toda hora e de
maneira nem sempre previsível pelo professor.
Para lidar com essa situação, o segundo volume do caderno Brincar elaborado por Nova
Escola e pela Fundação Volkswagen, dás duas recomendações: fazer um planejamento
meio-cheio e meio-vazio e compartilhar o protagonismo. Na primeira, é importante
observar que as crianças podem ser responsáveis pelo sucesso ou pelo fracasso de uma
atividade e que isso depende do quanto se acolhem as ideias e as propostas trazidas por
elas durante a execução do planejamento. Atividades muito rígidas, que não dão espaço
para que possam colocar em jogo suas hipóteses, suas aptidões e suas vontades, estão
condenadas a falhar. No caso contado por Evandro, essa noção está presente ao
convidar às crianças a solucionarem o problema proposto e permitir que elas o fizessem
da sua própria maneira.
Entretanto, permitir que as crianças participem da definição dos rumos da atividade não
significa esvaziar completamente a função do professor. Ao compartilhar o
protagonismo, o adulto permite a participação da turma, mas também se faz presente:
seja na seleção do problema que iniciou a aula, na escolha dos materiais ou na
realização de intervenções que enriqueçam a discussão. Evandro sugere que, após uma
criança fazer a contagem dos alunos presentes na sala -- ainda que sem realizar a
correspondência um a um --, o restante da sala seja convidado a indicar outros caminhos
para resolver a questão e contar de um jeito diferente.
Na próxima etapa, nos aprofundaremos no passo a passo sobre como alinhar o
planejamento aos campos de experiências e aos objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento da BNCC.
Até lá!
Leitura complementar:

PARA SABER MAIS


 ESPECIAL: Guia da BNCC de Educação Infantil, com reportagens, testes e vídeos
sobre as principais mudanças trazidas pelo documento para essa etapa
 PLANOS DE AULA: Todos os planos de atividades de Educação Infantil com
atividades de contagem

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