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FACULDADE PITÁGORAS

LICENCIATURA EM HISTÓRIA

BRUNA ELISA ALVARENGA RIBEIRO

EDUCAÇÃO LIBERTADORA NA BNCC

Pouso Alegre

2021
BRUNA RIBEIRO

EDUCAÇÃO LIBERTADORA NA BNCC

Trabalho interdisciplinar com ênfase nas formas de


trabalhar a BNCC com base na educação de Paulo Freire.

Orientador(a): Lucas Bondarenko Pereira da Silva

Pouso Alegre

2021
Introdução
Afim de diminuir as discrepâncias educacionais existentes em todo território nacional,
a BNCC é um documento de caráter normativo que regulamenta os conteúdos,
habilidades e competências a serem desenvolvidos na educação básica. Preza pela
formação integral do indivíduo, intelecto, emocional e socialmente.
Cabe a cada profissional da educação definir a melhor forma a se tratar cada uma
destas definições. O presente trabalho mostra alguns dos recursos e metodologias
ativas da educação libertadora a serem trabalhadas com objetivo de dinamizar as aulas
e torná-las mais atrativas respeitando cada idade.
Vale lembrar que algumas destas metodologias trabalhadas podem ser utilizadas em
todo percurso, da pré-escola ao ensino médio. Apesar de soar repetitivo, elas devem
ser trabalhadas sim em cada etapa, pois a cada nova repetição surgem novas opiniões,
vivências e experiências, que naturalmente são amadurecidas com o tempo.
A BNCC
Homologada em dezembro de 2018, a BNCC é um documento que traz objetivos,
metas, competências e direitos da aprendizagem em todo território nacional, na rede
pública e privada, a fim de diminuir as desigualdades da educação básica existentes no
Brasil.
Apesar de ser comumente confundida com o currículo, estes apresentam diferenças
significativas, já que a BNCC norteia os resultados a serem alcançados, enquanto o
currículo trata-se de como a escola alcançará estes resultados. A primeira é a chegada,
o outro, o caminho.
Construída por milhares de pessoas, a Base foi formulada por alunos, professores,
equipes pedagógicas e diretivas, além de especialistas indicados por secretarias de
educação.
Dividida em 3 etapas: Educação infantil, ensino fundamental e ensino médio.
EDUCAÇÃO INFANTIL
A educação infantil é composta por 3 seguimentos de idade: bebês (1 ano e 6 meses),
crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) e crianças pequenas (4
anos a 5 anos e 11 meses). Contém 6 direitos de aprendizagens, 5 campos de
experiência e as 10 competências gerais, estas últimas acompanham o aluno até a
conclusão do ensino médio.
Os direitos assegurados na sessão deste documento voltada a crianças de até 5 anos e
11 meses são: conhecer-se, explorar, brincar, conviver, participar e expressar-se. Eles
são totalmente voltados a ludicidade, oralidade e socialização. Para maximizar a
vivência destes, o professor deve usar e abusar de jogos, brincadeiras, rodas de
conversa, produções artísticas. É perceptível que eles são interligados entre si, sendo
difícil que uma atividade contemple apenas um desses direitos, o que ajuda na
formação integral do indivíduo.
Ao desenvolver a habilidade de se autoconhecer, a criança deve ter noção de seus
próprios sentimentos, ideais, raízes e capacidades físicas. Esta é uma grande
oportunidade do ensino de história na educação infantil, pois é possível explorar a
cultura local e individual, sua ancestralidade, e hábitos sociais que interferem em sua
vida e modo de ver o mundo. Parece complexo de se realizar, mas uma simples
atividade de conversação com pais e familiares, observação e participação em eventos
culturais locais, além de atividades voltadas a personalidade de cada um, suas
características físicas e emocionais, como desenhos, e brincadeiras clássicas, por
exemplo a queimada, que ajuda a perceber suas potencialidades e dificuldades físicas,
ajudam a criança a entender de onde veio e quem ela é.
Explorando, a criança pode conhecer o mundo de forma menos abstrata por exemplo:
o professor passa uma história sobre uma joaninha. Ponto, o aluno terá uma joaninha
em seu imaginário, muitas vezes sem saber ao certo o que ela é. A exploração do
ambiente para ver o insetinho, observá-lo, tocá-lo e brincar com ele, certamente trará
maiores resultados de aprendizado. Aulas passeio são grandes aliadas a este direito.
Que criança tem que brincar, todo mundo sabe, porém em sala de aula a brincadeira
deve ser direcionada, contendo objetivos e avaliação. A ludicidade é de suma
importância, pois prende a atenção do aluno, tirando o ar maçante que o ambiente
escolar pode trazer. O eixo caderno-quadro repetidas vezes é cansativo, desmotivador,
já em brincadeiras diversas a criança tem mais oportunidades de aprendizado, além de
aprender cumprir regras de convivência.
O direito a convivência representa a concretização da possibilidade da criança ter
convívio com os mais diferentes tipos de pessoas, absorvendo experiências diversas.
Na escola ele pode ser vivido em conversas extraclasse, com funcionários da
instituição, palestrantes e convidados, podendo ser utilizado também o recurso da
aula passeio e participação em escolhas democráticas tomadas dentro de sala.
A participação é fundamental para uma gestão democrática, independentemente da
idade. Ela pode vir em forma de votações simples, como qual brincadeira será
realizada, o prato a ser feito em conjunto ou que história irá ser lida.
Expressar-se é poder extravasar o que se pensa e sente, a produção artística é
impactante neste direito, já que o aluno muitas vezes não saberá colocar em palavras
o que sente, mas em desenhos, músicas, danças e gestos. Cabe ao professor o olhar
atento às criações de seus alunos, sabendo que elas podem dizer muito mais que uma
fantasia, podendo relatar situações abusivas vividas por elas.
Já os campos de experiência são: “Traços, sons, cores e formas” “Espaços, tempos,
quantidades, relações e transformações”, “O eu, o outro e o nós”, “Corpo, gestos e
movimentos” “Escuta, fala, pensamento e imaginação”.
O campo “Traços, sons, cores e formas”, representando em códigos alfanuméricos
como TS, é relacionado a criações bi e tridimensionais, além da música. Para explorá-lo
podem ser utilizados desenhos, dobraduras, esculturas, recorte e colagem,
musicalidade, quebra-cabeças, entre outras atividades a serem pactuadas entre
professor e aluno.
“Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações” (ET em códigos), fala
sobre o mundo ao seu redor em quantificações e regras sistêmicas. Neste campo são
trabalhadas a ordem de uma rotina, as partes do dia (manhã, tarde e noite), noções
espaciais de perto, longe, frente, trás, esquerda, direita, cima, baixo, bem como
localização temporal em dias, semanas, meses, anos, e estações do ano.
EO nos códigos, “O eu, o outro e o nós”, vem com noções de cidadania e convivência.
Nele são trabalhados o respeito as regras, valorização a bens públicos, e também o
autocuidado e autoestima. Rodas de conversa, brincadeiras com normas, formulação
conjunta de regras para a sala, faz de conta de banhos, monitoração quanto a
momentos de higiene, trocas de produções artísticas entre alunos, trabalhos em
equipe são algumas metodologias ativas a serem aplicadas neste campo.
Trabalhando a psicomotricidade, “Corpo, gestos e movimentos” (CG) faz com que a
criança explore seu corpo tanto no cotidiano, quanto em manifestações artísticas. Os
jogos e brincadeiras corporais, como pique, pega bandeira, casinha, dono da rua,
bolinhas de gude, dentre tantos outros que são a cada dia mais esquecidos em
detrimento da tecnologia da informação, ainda são a melhor maneira de trabalhar a
coordenação motora com ludicidade. Também podem ser trabalhados teatro e dança.
O último campo “Escuta, fala, pensamento e imaginação” (EF) age sob a criatividade e
expressividade da criança, nos momentos de fala e escuta. A contação de histórias e o
reconto feito pelos alunos, além da capacidade de criar pequenos textos usando
professor como escrivão são as grandes aliadas deste campo.
ENSINO FUNDAMENTAL
No ensino fundamental são trabalhadas de forma hierárquica: Áreas do conhecimento,
componentes, unidades temáticas, objetos de conhecimento e habilidades.
Áreas do conhecimento: são os 5 campos do saber, que agrupam os componentes
curriculares por similaridades, são eles:

Linguagens: língua portuguesa,


arte, educação física, língua Ciências humanas: geografia e história.
inglesa.
Ensino religioso: ensino
religioso

Matemática: matemática Ciências da natureza: ciências

As linguagens devem ser trabalhadas com expressividade, enfatizando as atividades


pouco tradicionais. Festivais de talentos, jogos diversos, rodas de conversa, clubes do
livro, cantinho da leitura, caça-palavras, cruzadinhas e produções artísticas variadas
são boas formas de trabalho neste campo. Comumente, são usados os desenhos, que
de fato são muito importantes pois alinham expressão de sentimentos e visões de
mundo com a coordenação motora. Mas vale lembrar que esta não é a única forma de
explorar as artes, devendo sempre que possível trazer outras manifestações artísticas
e culturais para o universo da sala de aula.
O campo das ciências humanas é importante pois traz cargo cultural para que o aluno
entenda de onde veio, qual sua cultura e como preservá-la, além do respeito a
diversidade cultural de nosso país e globo e como funcionam as estruturas sociais.
Feiras de países, cineminhas em sala, seminários, rodas de conversa, visita a museus e
criação do próprio museu em sala são metodologias ativas que dinamizam a aula e
trazem o foco do aluno para o conteúdo de maneira lúdica.
A matemática que é tão temida por todos estudantes deve ser dinamizada, já que a
repetição sistêmica, sem atividades significativas repelem o aluno do desejo de
aprender. “Inventar moda” como dizem os mais antigos, é fundamental. Não só
inventar como reinventar quantas vezes necessário. Utilização de materiais concretos,
desafios, observações da realidade, bingos, jogos da memória, liga pontos, colorir
partes do desenho de acordo com o resultado, construção de sólidos geométricos, são
alguns métodos interessantes.
Crianças e adolescentes costumam ser bastante curiosos a respeito do mundo ao seu
redor, por isso as ciências estão entre as matérias mais queridas, aliando a teoria e a
prática é sucesso garantido. Feiras de ciências, experimentos, visita a laboratórios,
observações a olho nu e microscópios são exemplos de atividades que tornam a
ciência mais palpável e cotidiana.
O ensino religioso sofreu grandes alterações ao longo de sua história, antes focado
apenas no calendário católico, hoje chega a trabalhar até temas controversos como
política e sexualidade. Nesta disciplina são reforçados valores morais e o respeito às
diferenças, pode falar apenas de uma religião central ou de diversas, no entanto sem a
tentativa de conversão. Nesta disciplina podem ser feitas rodas de conversa, trocas de
experiências, cineminha em sala, dinâmicas de grupo, entre outras.
Quanto a outras dimensões do ensino fundamental, os componentes curriculares são
as já conhecidas matérias; as unidades temáticas tratam dos conteúdos que devem ser
trabalhados em cada série e cada componente curricular; os objetos de conhecimento
são as especificidades de cada unidade; e as habilidades são as competências a serem
desenvolvidas ao aprenderam o determinado conteúdo.
ENSINO MÉDIO
Já para o ensino médio, a BNCC compreende quatro competências: competências
específicas de linguagens e suas tecnologias, competências específicas de matemática
e suas tecnologias, competências específicas de ciências da natureza e suas tecnologias
e competências específicas de ciências humanas e sociais e suas tecnologias. Dentro
das quais existem os itinerários, que são a escolha do estudante.
São eles: Investigação científica; Processos criativos; Mediação e intervenção
sociocultural; Empreendedorismo. Compões 1200 horas obrigatórias, enquanto as
competências são de 1800 horas.
Para trabalhar com as competência obrigatórias, os professores devem usar de
experiências significativas, contextualizando com o dia a dia do adolescente, além de
usar aulas dinâmicas concretizando as vivências da sala de aula, nestas cabem a cada
professor identificar a melhor forma de trabalhar. Como sempre seminários, rodas de
conversa, debates e júris simulados são boas metodologias a serem utilizadas.
Conclusão
A educação, como tudo em sociedade, se modifica com o tempo. Alguns profissionais
se prendem a tendências educacionais que não cabem mais no mundo atual. É
inegável que algumas práticas de tendências tradicionais ainda podem ser utilizadas,
porém devem ser feitas com cautela, sempre observando se são significativas aos
alunos. O professor deve sempre se atualizar a respeito de novas tendências e
metodologias ativas, para que seu educar não fique obsoleto. Cabe a ele investir em
formações continuadas e uma mente aberta a uma nova sala de aula. O passado é rico,
nos mostra erros e acertos, mas o mais importante é uma educação no presente que
faça o futuro melhor!
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular.

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