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LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS

Nomenclatura: Nunca utilizar o termo “surdo-mudo” para se referir à uma pessoa; utilize-se dos
termos “surdo”, “pessoa com deficiência”, “pessoa com deficiência auditiva” ou ainda,
preferencialmente, pelo seu próprio nome.

Historicamente: Existem muitos relatos desde a antiguidade sobre as pessoas que no ouviam –
desde as culturas mais antigas como as egípcias, por exemplo, para a qual os surdos eram
considerados protegidos. Outras culturas alimentavam a crença de que os surdos eram enviados
de Deus para trazer uma mensagem divina às pessoas, e, nesse sentido, a própria Bíblia
apresenta relatos de pessoas com surdez. Parte dos povos, portanto, veneravam as pessoas
surdas e as entendiam como semideuses, protegidos por um deus. Entretanto, nem por isso
pode-se dizer que não houvessem povos com compreensões diferentes sobre a surdez; alguns
outros povos, ao contrário, abandonavam essas pessoas à própria sorte, deixando-as nas
florestas para que para que morressem por inanição, desidratação ou lançados aos animais.

Nessas épocas, era muito comum que os surdos não tivessem oportunidades de expressar
opiniões ou participar ativamente e efetivamente da vida em sociedade. Tanto é, que Sócrates,
ao verificar que haviam pessoas na sociedade de sua época que não podiam utilizar a forma oral
de se comunicar, conclui: “Se não tivéssemos voz nem língua, mas quiséssemos evidenciar as
coisas aos outros, não nos proporíamos, assim como os mudos de agora, a sinalizar com as mãos,
a cabeça e o resto do corpo?". Logo, vemos que Sócrates foi um dos primeiros pensadores que
admitiu a possibilidade de estabelecer uma comunicação com pessoas surdas, ainda que de
maneira alternativa e através de sinais, mas sem especificá-los.

Aristóteles, entretanto, divergia desse pensamento porque acreditava que o pensamento estava
ligado à palavra, e assim, pessoas que não poderiam ouvir ou falar, não poderiam ser
consideradas pensantes. Na idade média, por sua vez, essas pessoas eram dependentes de
caridade, submetidos a função imposta de servir e alegrar aos nomes – sendo compreendidos
como os bobos da corte; nesse sentido, a própria igreja católica compreendia que surdos eram
inaptos para a educação ou sacerdócio e, por isso, não poderiam sequer casar sem a permissão
do Papa. Já na idade moderna, era comum encontrar surdos que vivessem em asilos, internatos
ou hospitais psiquiátricos, já que persistia a ideia de que não era possível oferta-los o direito a
educação.

Por outro lado, mais tarde, houveram pessoas que investiram seu tempo ao estudo da educação
de surdos. Entre elas, Girolamo Cardamo foi um médico e pai de uma criança surda, responsável
por, pela primeira vez, afirmar que crianças com essa deficiência poderiam sim ser educadas;
também, Pedro Ponce de León (1520-1584) era monge beneditino responsável por criar a
primeira escola para surdos, tornando-se o primeiro professor destes na história. Ainda temos
Juan Pablo Bonet, pedagogo que viveu entre 1579 e 1623: iniciou o treinamento dos surdos
através da estimulação da fala e uso do alfabeto manual (para soletração de palavras em LIBRAS)
– apesar de maior investimento nos métodos orais. Por sua vez, o francês Michael Lepech ficou
conhecido como pai dos surdos após acolhe-los em sua residência e criar os sinais metódicos –
o primeiro método efetivamente criado; vivia em uma abadia e a ideação para essa criação se
deu após perceber que as crianças não tinham ocupação e precisavam que alguém lhes
investisse tempo de ensino para ocupa-las.

ATENÇÃO: Cada país possui a sua língua de sinais e, portanto, a criação de Michael se limita a
língua de sinais francesa e não era usa mundialmente, fazendo da França, o primeiro país a ter
uma Língua de Sinais oficialmente instituída. A LÍNGUA DE SINAIS NÃO É UNIVERSAL!
Logo, no Brasil, foi por volta de 1857 que ocorreu a chegada de um surdo chamado “Juetê” – a
convite da corte brasileira para trabalhar com crianças surdas. Então, a nossa Língua Brasileira
de Sinais tem sua origem na língua francesa de sinais (embora sejam distintas), tendo em vista
a origem francesa deste surdo enviado à corte brasileira por Dom Pedro II, motivado porque
supostamente teria um neto surdo: filho de Conde Deu, casado com a Princesa Isabel. Assim
também se fundou a primeira escola de surdos do Brasil, também no ano de 1857.

Há um outro marco importante na história dos surdos e do desenvolvimento de uma língua


própria para a sua comunicação que é o acontecimento, em Milão, de um congresso sediado no
ano 1880. Este congresso tem sua relevância porque, a partir dele houve um retrocesso
considerável na garantia do direito à educação e comunicação de pessoas com deficiência
auditiva, tendo em vista que profissionais que trabalhavam com a educação e educação para
crianças surdas no mundo todo convencionaram que a forma mais eficiente de educar um surdo
era através do oralismo, de modo que as línguas de sinais passaram a ser proibidas em todo o
mundo.

Houve também no Brasil, a fundação do INES – primeiro Instituto de Educação de Surdos


brasileiro e que segue ativo no país, consolidando sua importância.

CONCEITOS DE INCONICIDADE E ARBITRARIEDADE: o sinal icônico é aquele que faz alusão ao


objeto a que quero me referir. Por outro lado, arbitrário é o sinal que não faz alusão ao objeto
a que quero me referir, necessitando de contexto e intepretação. Nesse sentido, o linguista
americano chamado Willian S., fez um estudo comparativo entre as línguas de sinais americana
e inglesa e concluiu que a língua de sinais americana (assim como a brasileira) possui mais sinais
arbitrários do que icônicos, ou seja, em sua maioria, são sinais não compreensíveis de modo
isolado e independente.

A língua brasileira de sinais ainda conta com o regionalismo: uma alteração linguística que
acontece por conta da cultura distinta entre diversos estados e regiões do país, e por conta de
sua grande extensão. Dessa forma, sinais que visem traduzir uma mesma palavra, podem ser
diferentes em cada região do país; no Sul ou no Norte, por exemplo. Vejamos: para designar a
cor verde, usam-se sinais diferentes em Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo.

Para resolver as atividades avaliativas, complementar esse conteúdo com auxílio do texto lido:

“Língua Brasileira de Sinais: Uma Conquista Histórica” - Unidade 1 (páginas 13 a 32)

MORAIS, C.E.L.[et al.] Libras. – 2. ed. – Porto Alegre: SAGAH, 2018.


SEMANA 1 – ELABORAÇÃO DO ROTEIRO DE VÍDEO.

O QUE DEVO MENCIONAR?

“Olá! Meu nome é Cristiane! Moro em Palotina; tenho deficiência física. Tenho 23 anos. Sou
formada em direito, mas atualmente sou acadêmica do segundo ano do curso de psicologia na
PUCPR, em Toledo. Obrigada pela sua atenção! Tchau!”

SEMANA 2 – POCKET LIBRAS: VAMOS PRATICAR LIBRAS?

INTRODUÇÃO À ALGUNS SINAIS BÁSICOS DE COMUNICAÇÃO EM LIBRAS:

Sinal para a palavra “olá”.

Sinal para a expressão “tudo bem?”

Sinal para a palavra “oi”


Atenção: O estado de espírito (animação ou tristeza) deve se revelar nas expressões faciais.

Sinal para a palavra “nome”

Atenção: Usar em apresentação: “meu nome é...” ou “Qual é o seu nome?”

Atenção: A pergunta é sempre sinalizada no queixo.

Sinal do pronome “meu”; para “meu nome é...”

Sinal do pronome “eu”

Sinal do pronome “você/ tu”

Atenção: Para dizer “qual o seu nome?”, devo usar primeiro o sinal de “você”, e após, o sinal de
“nome”.
Sinal para a palavra “idade”

Sinal para a palavra “estudar”

Sinal para a palavra “trabalhar”


Sinal para a palavra “profissões”

Sinal para a palavra “professor”

Sinal para o estado do “Paraná”

Sinal para a palavra “aprender”


Sinal para a palavra “gostar”

Sinal para a palavra “quero”

Sinal para a palavra “onde”; utilizar em “onde você mora?”

Sinal para as palavras “morar” ou “casa”


Um dos sinais para a palavra “pessoa”

Sinal para a palavra “mulher”

Sinal para a palavra “homem”


Sinal para a palavra “mãe”

Atenção: o sinal de “mulher” deve vir antes da sinalização com a mão; o sinal para a palavra
“pai” é semelhante a este, mas, antes deve vir o sinal de “homem”.

Sinal para a palavra “filho (a)”

Atenção: Também antes deste sinal, deve ser feito o sinal de “homem” ou “mulher”.

Sinal para a palavra “namorado”

Atenção: Também antes deste sinal, deve ser feito o sinal de “homem” ou “mulher”.
Sinal para a palavra “amigo (a)”

Sinal para a palavra “tio (a)”

Sinal para a palavra “sobrinho (a)”


Sinal para a palavra “irmão (a)”

Sinal para a saudação “bom dia”

Sinal para a saudação “boa tarde”

Sinal para a saudação “boa noite”


Sinal para a expressão “de nada”

Sinal para a palavra “obrigada”

Sinal para a palavra “Tchau”


O ALFABETO EM LIBRAS – DATILOLÓGICO OU MANUAL (retomado na semana 12):

Atenção: é utilizado para que possamos realizar a soletração das palavras em português, quando
elas não tiverem ou o sinalizante desconhecer o seu sinal específico. Também é utilizado para
apontar o nome de uma pessoa, país ou lugar – por exemplo.

Atenção: o alfabeto manual compõe as configurações de mão – a forma que a mão assume e é
a menor parte da língua brasileira de sinais.

Atenção: a letra A pode apresentar uma pequena variação à depender do material consultado
ou da pessoa sura sinalizante: pode ser sinalizado com a mão reta (como na figura) ou com a
mão levemente inclinada para cima.

Atenção: As letras podem ser sinalizadas tato com a mão esquerda, quanto com a mão direita –
deve-se utilizar aquela com a qual o sinalizante tiver mais habilidade. Entretanto, não é possível
alternar as mãos durante a soletração.

Atenção: Deve-se evitar o deslocamento da mão pelo espaço durante a soletração – ela deve
ficar parada (principalmente quando suas letras da palavra soletrada se repetirem).

Atenção: Não confundir as letras F e T! No sinal da letra F, o dedo polegar fica para fora; no sinal
da letra T, o dedo polegar fica para dentro.

Atenção: Não confundir as letras H, P e K! Elas têm a mesma forma de configuração de mão para
os sinais, porém em posições e com movimentos distintos.

Atenção: As letras G e Q também têm a mesma forma de configuração de mão para os sinais,
porém, a letra G é sinalizada para cima e a letra Q é sinalizada para baixo.

Atenção: Não confundir as letras A e S! No sinal da letra A, o dedo polegar fica para fora ao lado
da mão; no sinal da letra S, o dedo polegar fica para fora no meio da mão .
OS NÚMEROS EM LIBRAS:

SEMANA 3 – LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS: ASPECTOS LINGUÍSTICOS E GRAMATICAIS

Sinal da palavra “libras” em libras.

Atenção: para realizar qualquer sinal na língua brasileira de sinais, podemos utilizar tanto a mão
direita, como a mão esquerda. Em alguns casos, são necessárias as duas mãos para a realização
do sinal; também é possível utilizar uma das mãos como base para a realização de outro sinal
acima dela.

Libras é uma língua viso espacial, o que significa que ela acontece a partir da visualização e dos
movimentos motores do nosso corpo e mãos. Por isso, se diferencia da língua portuguesa, que
é uma língua oral auditiva, ou seja, que se utiliza dos canais da audição e da fala para ser
compreendida. Por se tratar de uma modalidade distinta da língua portuguesa, libras tem suas
especificidades e não é uma sinalização da língua portuguesa; assim não obedece às mesmas
regras gramaticais e não tem a mesma estrutura fonológica, semântica, pragmática. Sua
estrutura gramatical é própria e distinta.

ASPECTOS FONOLÓGICOS

Trata-se da menor parte da língua brasileira de sinais; a libras se utiliza de gestos e sinais e
acontece atrelada ao corpo ou ao espaço neutro. A língua obedece à uma espécie de janela ou
quadro, e, por isso, não pode ser sinalizada muito acima, muito abaixo ou excessivamente para
os lados em relação a este quadro, para que não saia do campo de visão do receptor. Tem uma
estrutura gramatical organizada e, a partir desses parâmetros constitutivos na formação de
palavras para a língua portuguesa e de sinais para libras, que compõe o seu vocabulário: há uma
morfologia, sintaxe e semântica própria e distinta da língua portuguesa.

Parâmetros: Como podemos olhar para a língua e descrever um sinal. Libras tem 5 parâmetros:
a) Configuração de mão: as letras do alfabeto em libras são a menor parte da língua e
compõe uma tabela de configurações de mão, assim como os números (existem outras
palavras que, para serem sinalizadas se utilizam da forma de letras ou números). Trata-
se da forma que a mão assume ao realizar um sinal. Alguns teóricos sustentavam que a
tabela de configuração de mãos seja composta por 46 sinais, mas, atualmente sabe-se
que esse número é maior – cada forma das mãos é uma configuração distinta.
Assim como cada letra do alfabeto e cada número são uma configuração de mão,
existem também, configurações que não são nem letras, nem números.

Tabela de “configurações de mão”

A título de exemplo, o sinal da “letra c” é utilizada para compor o sinal da palavra “copo”

Sinal para a palavra “copo” em libras.

b) Ponto de articulação: é o local onde o sinal é realizado – pode ser realizado junto ao
corpo (como peitoral, tronco, braços, cabeça, testa ou outros), ou então, pode ser
realizado no espaço neutro.

Atenção: Se alterarmos um dos parâmetros, altera-se também o significado do sinal. Como é o


caso das palavras “aprender” e “sábado”.
Sinal da palavra “aprender” em libras.

Configuração de mãos: em “letra c” e “letra s”;


Ponto de articulação: junto à testa;
Movimento: abrir e fechar.

Sinal da palavra “sábado” em libras.

Configuração de mãos: em “letra c” e “letra s”;


Ponto de articulação: em frente à boca;
Movimento: abrir e fechar.

Neste caso, alterando-se somente o ponto de articulação do sinal, alterou-se também, seu
significado.

c) Movimento: o deslocamento das mãos para determinadas direções afim de formar o


sinal. Pode ser unidirecional, bidirecional ou multidirecional

Sinal para a palavra “proibido” em libras; exemplo de sinal unidirecional


Sinal para a palavra “trabalhar”; exemplo de sinal bidirecional.

d) Posição da palma da mão: a troca da posição da palma das mãos pode causar alteração
na maneira como o verbo se refere ao sujeito. Á título de exemplo, temos os sinais das
palavras “cuide-se” e “cuido-me”. Ao realizar o sinal com a palma da mão virada para
fora, indico que ele se cuide; entretanto, se a palma da mão estiver virada para dentro,
indico que eu me cuido.

Sinal para a palavra “cuidar”; atenção às variações de posição da palma das mãos

e) Expressões faciais e não manuais: as expressões


faciais são importantes porque desempenham a
função gramatical língua, afim de que seja possível
distinguir as frases negativas, afirmativas;
também faz a distinção entre advérbios; de
intensidade, por exemplo e estados de humor.
Tratam-se de marcações não manuais”, que
modificam ou dão maior sentido ao sinal
realizado, em que, muitas vezes, o movimento, a
repetição e a expressão facial e/ou corporal fazem
o acréscimo ou a modificação no sentido do sinal
ou da frase. Essas marcações não manuais podem
ser gramaticais (intensidade, plural) ou não gramaticais (feliz, triste).

Expressões faciais que reafirmar os significados dos sinais; estados de humor opostos.
Frequência de repetição do sinal e expressão facial que indica
alteração na intensidade da ação.

Para resolver as atividades avaliativas, complementar esse conteúdo com auxílio dos textos
lidos:

“Língua Brasileira de Sinais: Aspectos Linguísticos e gramaticais - Unidade 3 (páginas 103 a 126)
MORAIS, C.E.L. [et al.] Libras. – 2. ed. – Porto Alegre: SAGAH, 2018.

SCHLÜNZEN, Elisa Tomoe Moriya; BENEDETTO, Laís dos Santos di; SANTOS, Danielle Aparecida
do Nascimento dos. O que é Libras? Disponível em:
<https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/47933/1/u1_d24_v21_t01.pdf>. Acesso
em: abr. 2023.

SEMANA 4 - VERBOS NA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

Atenção: Os verbos em libras são sempre conjugados no infinitivo.


Atenção: A flexão de verbos em libras é diferente e utilizam-se mais advérbios de tempo.

Sinal para o verbo “amar” em libras


Sinal para o verbo “gostar” em libras
Atenção: pode ser usado na frase “é um prazer te conhecer” em libras.

Sinal da palavra “aprender” em libras.

Sinal para o verbo “aceitar” em libras

Sinal para o verbo “beijar” em libras


Sinal para o verbo “avisar” em libras

Sinal para o verbo “correr” em libras

Sinal para o verbo “conhecer” em libras


Sinal para o verbo “comprar” em libras

Sinais para o verbo “dormir” em libras

Sinal para o verbo “deitar” em libras

Sinal para o verbo “dirigir” em libras


Sinal para o verbo “escrever” em libras

Sinal para o verbo “ler” em libras

Sinal para o verbo “esquecer” em libras

Sinal para o verbo “duvidar” em libras


Sinal para o verbo “fazer” em libras

Sinal para o verbo “procurar” em libras

VERBOS COM FORMA POSITIVA E NEGATIVA NA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

Sinais para os verbos “ter” / “não ter” em libras

Sinais para os verbos “gostar / não gostar” em libras


Sinais para os verbos “poder / não poder” em libras

SEMANA 5 – COMUNIDADE, CULTURA E IDENTIDADE SURDA

DIFERENÇAS: A comunidade surda se refere às pessoas que vivenciam uma cultura e identidade
próxima e que possuem relações baseadas a partir de elementos comuns, dentre os quais, está
a Língua Brasileira de Sinais – uma das maiores marcas da comunidade, identidade e cultura
surdas; a partir da Lei 10.436/02, essa língua foi reconhecida como língua oficial de mediação e
comunicação da comunidade surda. A comunidade é também um espaço de interação onde
surdos e ouvintes (amigos, familiares ou profissionais que auxiliam surdos) convivem, se
relacionam a partir da troca de experiências – nela compartilham suas experiências de vida a
partir da Língua Brasileira de Sinais.

A cultura surda também é marcada pela Língua Brasileira de Sinais (mas, cada país, povo ou
grupo de pessoas surdas podem ter características distintas – ou seja, aspectos culturais
distintos, em que a forma de falar ou agir gira em torno de determinado tema específico). A
cultura surda, portanto, envolve elementos que se referem às pessoas surdas – a surdez como
tema específico, pois, a surdez traz uma marca visual muito grande para dentro da comunidade
e as próprias experiências dessas pessoas são visuais (por isso a cultura surda prioriza questões
visuais e não auditivas).

Identidade surda se refere ao fato de que ao olharmos para todas as pessoas que convivem
dentro de uma mesma comunidade surda e nos identificamos – através de uma identidade
forjada pela família, instituições externas, sociedade em que se vive.

ASPECTOS PRINCIPAIS
Cultura surda: vivenciam muitas relações dentro da comunidade surda – amizade ou familiar,
por exemplo e a partir dessas relações, passam a olhar para o mundo de uma forma diferente
das pessoas ouvintes, justamente pela condição auditiva. Essa forma diferente não se trata de
uma forma inferior ou superior, mas, há uma luta dentro da comunidade surda para demonstrar
o valor da sua cultura em pés de igualdade.
Antes de uma série de avanços tecnológicos que lhe permitiram fazer adaptações, os surdos
dependiam de pessoas ouvintes para que a sua cultura fosse vivenciada da forma mais igualitária
possível. Portanto, cultura surda se refere a forma com que essa pessoa vivencia, de fato, sua
surdez – seja através do auxílio das pessoas com quem convive, das adaptações ou tecnologias.
“Cultura surda é um jeito de ser surdo; de entender o mundo e modifica-lo afim de torna-lo
acessível e habitável, ajustando-o com as suas percepções visuais, que contribuem para a
definição das identidades surdas e das almas das comunidades surdas. Isto significa que abrange
a língua, as ideias, as crenças, os costumes e os hábitos do povo surdo” (STROBEL, 2008)

Identidade surda: trata-se justamente da vivência que temos com a nossa família, pais, pares,
pessoas da convivência comunitária, que compartilhem de uma mesma classe social, etc. Somos
influenciados na constituição de nossa identidade por aquilo que ouvimos, lemos e
compartilhamos – são informações e experiências que nos forjam enquanto ser humano,
criando nossa identidade e nos auxiliando a estabelecer as nossas identidades a partir do outro.
A comunidade surda tem algumas particularidades que envolvem a audição, inclusive, na
convivência familiar. Segundo Glades Perlin, as identidades surdas se subdividem em:
a) identidade surda política: são aquelas identidades onde a pessoa, normalmente, é filha de
pais surdos – o que lhe ajuda a estabelecer uma consciência da própria surdez, se aceita como
surda e tem a Língua Brasileira de Sinais como sua primeira língua.
b) Identidade surda híbrida: são pessoas que nascem ouvintes e que, por algum motivo
específico, posteriormente se tornam surdas; portanto, em algum momento, conheceram a
estrutura do português falado e já haviam feito a aquisição da linguagem.
c) Identidade surda de transição: são surdos oralizados e, posteriormente tem contato com a
Língua Brasileira de Sinais; normalmente, filhos de pais ouvintes.
d) Identidade surda incompleta: são surdos dominados pela cultura ouvintista, ou seja,
convivem muito fortemente com a comunidade ouvinte e que, portanto, são pessoas que não
se reconhecem enquanto surdas (não participam da cultura ou identidade surdas, propriamente
ditas) e, por isso, compreendem pessoas ouvintes como superiores a si.
e) Identidade flutuante: tratam-se de surdos acomodados pela própria imposição do ouvintismo
(de uma identidade e cultura ouvinte imposta aos que nasceram surdos) e, por esse motivo,
flutua – ficando entre as comunidades surda e ouvinte, apresentando dificuldades no que se
refere à oralização, mas, também apresentando dificuldades no aprendizado da Língua Brasileira
de Sinais, já que não conseguem adquiri-la completamente.

Para resolver as atividades avaliativas, complementar esse conteúdo com auxílio dos textos
lidos:

“Comunidade, Cultura e Identidade Surda”: páginas 129 a 137 e “As diferenças educacionais
para a aquisição de L1(Libras) e de L2 (Português)”: páginas 145 a 153.

MORAIS, C.E.L. [et al.] Libras. 2. ed. – Porto Alegre: SAGAH, 2018.

BOTELHO, Paula. Educação inclusiva para surdos: desmistificando pressupostos. Disponível em:
<http://www.fio.edu.br/site2013/images/NAU/DA-%20educsurdos.pdf>.

SEMANA 6 – CONTINUAÇÃO DOS VERBOS:

Atenção: Quaisquer um desses sinais de verbos e palavras podem ser utilizados também para
seus sinônimos.
Sinal para o verbo “evitar” em libras

Sinal para o verbo “mentir” ou “mentira” em libras

Sinal para a palavra “verdade” em libras


Sinal para o verbo “perguntar” em libras

Sinal para o verbo “ajudar” em libras

Sinal para o verbo “responder” em libras

Sinal para o verbo “roubar” em libras


Sinal para o verbo “sentir” em libras

Sinal para o verbo “viajar” em libras

Sinal para o verbo “visitar” em libras

Sinal para o verbo “viver” em libras


Sinal para o verbo “obedecer” em libras

Sinal para o verbo “encontrar” em libras

Sinal para o verbo “copiar” em libras

Sinal para a palavra “surdo” em libras


Sinal para a palavra “feliz” em libras

Sinal para a palavra “ouvinte” em libras

Sinal para a palavra “comunidade” em libras


Sinal para a palavra “cultura” em libras

Sinal para o verbo “apresentar/mostrar” em libras

Sinal para o verbo “atrasar” em libras


Sinal para o verbo “brincar” em libras

Sinal para o verbo “chorar” em libras

Sinal para o verbo “comer” em libras

Sinal para o verbo “conversar” em libras


Sinal para o verbo “entender” em libras

Sinal para o verbo “ensinar” em libras

Sinais para o verbo “continuar” em libras

Para resolver as atividades avaliativas, complementar esse conteúdo com auxílio do texto lido:

RIBEIRO, Sátila Souza; MATOS, Aline Pereira da Silva; PIMENTEL, Susana Couto. Inclusão de
estudantes surdos no ensino superior: contribuições dos recursos de tecnologia. Disponível
em:<http://www.uefs.br/vcbei/INCLUSAO%20DE%20ESTUDANTES%20SURDOS%20NO%20ENS
INO%20SUPERIOR%20CONTRIBUICOES%20DOS%20RECURSOS%20DE%20TECNOLOGIA%20ASS
ISTIVA.pdf>

SEMANA 7 – A EDUCAÇÃO BILINGUE DOS SURDOS

Pedagogia bilingue é o conjunto de técnicas, princípios, estratégias e métodos de educação e


ensino a partir dos quais se visa aperfeiçoar e estimular competências e habilidades dos
indivíduos. Nesse sentido, tornar o indivíduo bilingue significa dá-lo conhecimento ou domínio
sobre duas línguas – deve ter as mesmas competências de falar, ouvir, ler ou escrever em uma
língua diferente da sua língua nativa; em relação à comunidade surda, ser bilingue é dominar a
leitura e escrita da língua portuguesa, ao mesmo tempo que domina os gestuais da língua
brasileira de sinais. Portanto, deve saber sinalizar obedecendo as regras e estruturas desta outra
segunda língua.
A pedagogia bilingue tem como visão e abordagem a tentativa de integrar a cultura surda por
meio do ato educativo, ou seja, priorizar o entendimento e a inclusão da cultura e pessoas surdas
dentro do ambiente escolar, afim de ajudar o surdo a desenvolver seu processo identitário e
organizar sua dimensão individual para com a sua dimensão social. Ao tratar das relações de
uma pessoa surda, sua educação e a pedagogia bilingue é possível estabelecer um vínculo com
as relações de poder que expressam influência e impacto social na vida de um indivíduo –
suscita-se uma discussão muito pertinente afim de desenvolver na sociedade um olhar de
aceitação para o viés distinto da cultura surda – os surdos tem uma identidade e cultura
diferentes; a partir do momento que estas são aceitas, tanto para os surdos quanto para aqueles
que com eles convivem, a audição deixará de ser um fator crucial e facilitará a educação
(principalmente bilingue) desse indivíduo. Retira-se a noção de inferioridade sobre o sujeito
frente aos ouvintes.
A compreensão que os surdos tentam disseminar é que a pedagogia bilingue e a cultura surda
dão conta de tudo e que, a partir do momento que as pessoas e a sociedade enquanto
promotora do direito à educação acadêmica, formal ou informal dos surdos passam a focar no
desenvolvimento profissional do sujeito como portador de uma língua e cultura diferente, torna-
se possível destruir a barreira comunicativa existente entre surdos e ouvintes

Atenção: O surdo que nasce numa família ouvinte, tem contato prioritariamente com a língua
portuguesa e frequenta um ambiente educacional que estimule o aprendizado da língua
portuguesa, normalmente terá a Língua Portuguesa como sua primeira língua (L1) e a Língua
Brasileira de Sinais como sua segunda língua (L2), ao contrário de um surdo que já nasce inserido
na cultura surda através da convivência com pais surdos, que terá a Língua Brasileira de Sinais
como primeira língua (L1) e a Língua Portuguesa como segunda língua na modalidade escrita
(L2).

A pedagogia bilingue pressupõe então:


a) Reconhecimento da língua e da diferença cultural dos surdos (multiculturalismo);
b) A inserção da língua brasileira de sinais nos conteúdos didáticos e em todos os contextos
sociais e
c) O professor como alguém responsável por mediar a diferença cultural e, a partir dela,
compreender e ensinar a pessoa surda com respeito às tais diferenças – promovendo a
conscientização de todas as partes do ambiente pedagógico acerca da cultura surda e
da importância que a língua brasileira de sinais assume nessa cultura, assim como
políticas públicas que garantam o acesso dessa população à uma educação plena e
demais direitos comuns a todos os cidadãos.

Para resolver as atividades avaliativas, complementar esse conteúdo com auxílio do texto lido:

FERNANDES, S. Letramentos na educação bilíngue para surdos: caminhos para a prática


pedagógica. Disponível em: https://dlcv.fflch.usp.br/sites/dlcv.fflch.usp.br/files/06_16.pdf

SEMANA 8 – ADJETIVOS
Sinal para a palavra “bonito” em libras

Sinal para a palavra “feio” em libras

Sinal para a palavra “baixo” em libras

Sinal para a palavra “baixo” em libras


Sinais para a palavra “limpo” em libras

Sinal para a palavra “sujo” em libras

Sinal para a palavra “perigoso” em libras


Sinal para a palavra “nervoso” em libras

Sinal para a palavra “difícil” em libras

Sinal para a palavra “fácil” em libras


Sinal para a palavra “ansioso” em libras

Sinal para as palavras “raivoso” ou “raiva” em libras

Sinais para a palavra “caro” em libras

Sinal para a palavra “barato” em libras


Sinal para a palavra “legal” em libras

Sinal para a palavra “calmo” em libras

Sinal para a palavra “cansado” em libras

Sinal para a palavra “cheiroso” em libras


Sinal para a palavra “educado” em libras

Sinal para a palavra “corajoso” em libras

Sinal para a palavra “delicioso” em libras

Sinal para a palavra “envergonhado” em libras


ROTEIRO DE VÍDEO E LEVANTAMENTO DA QUANTIDADE DE SINAIS NECESSÁRIOS:

Olá: 1 sinal

Tudo bem: 1 sinal

Meu nome é Cristiane: 2 sinais


- Usar sinais em “nome” e em “Cristiane”

Tenho 23 anos: 2 sinais


- Usar sinais em “idade” e em “23”

Moro em Palotina: 2 sinais


- Usar sinais em “moro” e em “Palotina”

Estudo na PUC/Paraná, em Toledo – 4 sinais


- Usar sinais em “Estudar”, em “PUC”, em “Paraná” e em “Toledo”

Sou formada em direito: 2 sinais


- Usar sinais em “formada/graduada” e em “direito (curso)”

Atualmente, curso o segundo ano do curso de psicologia: 4 sinais


- Usar sinais em “Atualmente”, em “cursar”, em “segundo ano” e em “psicologia”

Eu gosto de aprender Libras: 3 sinais


- Usar sinais em “gostar”, em “aprender” e em “libras”

Obrigada pela atenção! Tchau: 3 sinais


- Usar sinais em “obrigada”, em “atenção” e em “tchau”

SEMANA 9 – PROPOSTAS EDUCACIONAIS E SOCIAIS VOLTADAS À COMUNIDADE SURDA:

É muito importante reconhecer a história da educação de surdos e qual a importância deste


processo de evolução ocorrido durante vários anos. Há algum tempo, os surdos eram
considerados incapazes, à ponto de o governo brasileiro lhes conceder uma aposentadoria
especial por esse motivo, já que não se considerava possível à época que pessoas surdas
tivessem um trabalho ou uma vida produtiva em quaisquer das suas áreas.
Apesar de haver muito ainda a ser feito no que se refere à garantia dos direitos humanos
fundamentais às pessoas surdas, muito evoluímos.
A oferta do direito à educação aos surdos está dividida em fases – por volta do ano de 1500,
quando Michael Lepesch, pai dos surdos, trabalhava com os surdos dentro de uma abadia em
Paris, seu ideal era organizar os sinais metódicos franceses. Foi a partir dessa época que se
tornou possível muito se pensar a respeito de como educar os surdos: muitos países pensaram
esse ensino a partir de uma forma ou abordagem chamada oralista: uma visão clínica da surdez,
onde predominava a ideia da necessidade de que o surdo passasse a ouvir, e, para isso juntavam-
se as abordagens educacionais com outras relacionadas a saúde – terapias e outras ferramentas
que, em tese, poderiam devolver a audição ao surdo à certa força. Se configura a partir da busca
pela recuperação ou reabilitação do surdo, então chamado de deficiente auditivo (hoje,
corretamente, pessoa com deficiência auditiva). O oralismo foi predominante durante muitos
anos e, embora atualmente tenha enfraquecido, ainda existem pessoas com essa visão a
respeito da surdez – nas escolas oralistas os surdos aprendiam a falar, desenvolviam a habilidade
da leitura labial.
Depois desta fase, quando os educadores passaram à percepção de que a repetição de palavras
e exercícios orais poderia não ser tão eficiente para a educação de surdos, passa-se a adotar o
bimodalismo: tem duas modalidades – a fala e a sinalização ao mesmo tempo e às vezes, a
depender do contexto, é utilizado. Por sua vez, a terceira fase se caracteriza pela comunicação
total.
Na comunicação total a ideia é que o surdo possa se utilizar de todos os recursos pedagógicos,
visuais e estratégicos com os quais ele tenha contato – podendo sinalizar, falar, mostrar imagens
e inclusive escrever, desde que você consiga atingir o objetivo da comunicação efetiva com outra
pessoa. Ainda há o bilinguismo, que propõe que a criança tenha garantida a acessibilidade para
uma educação formal ou mercado de trabalho a partir de duas línguas: LIBRAS como L1 e língua
portuguesa na modalidade escrita como L2.
Atualmente devemos considerar outras questões que envolvem a própria pedagogia bilingue -
já que se trata de uma perspectiva bicultural, em que duas línguas fazem referência à duas
culturas diferentes (da comunidade ouvinte e da comunidade surda). Envolve-se ainda, a
inclusão de pessoas surdas, a construção da identidade dessas pessoas, suas relações sociais e
a valorização e legitimação da cultura surda.
Em se tratando do recorte educacional, em 1880 aconteceu o congresso de Milão – no qual o
oralismo ficou instituído como uma forma universal e obrigatória para se educar os surdos em
todo o mundo, inclusive se proibindo o uso das línguas de sinais vigentes em quaisquer países.
Já em 1950, William Stokoe realizou um estudo comparativo da Língua de Sinais Americana com
o Inglês, concluindo que as línguas de sinais tinham a capacidade de utilização, obedecendo a
todos os critérios linguísticos como uma língua natural e genuína. A partir disso, determinou que
as línguas de sinais de quaisquer países não eram meramente linguagem, mas, sim uma língua.
No Brasil em 2002, a partir da Lei da Língua Brasileira de Sinais, essa língua foi reconhecida como
língua oficial de comunicação e mediação entre as culturas ouvinte e surda.

Para resolver as atividades avaliativas, complementar esse conteúdo com auxílio do texto lido:
PLINSKI, R.R.K.; MORAIS, C.E.L.; ALENCASTRO, M.I. Propostas educacionais e sociais
direcionadas às pessoas surdas. IN: Libras. – Porto Alegre: SAGAH, 2018 p. 57-71

SEMANA 10 – ADVÉRBIOS DE TEMPO

Atenção: Na LIBRAS, a flexão verbal se dá por meio dos advérbios de tempo. Utiliza-se os sinais
de “presente”, “passado” e “futuro”. Após, é possível introduzir outros sinais referentes à
passagem do tempo. O advérbio de tempo deve estar sempre no início da frase, para marcar o
tempo do verbo.
Sinal para a palavra “passado” em Libras.

Sinal para a palavra “presente” em Libras.

Sinal para a palavra “futuro” em Libras

Sinais para a palavra “hoje” em Libras.


Sinal para a palavra “amanhã” em Libras.

Sinal para a palavra “ontem” em Libras.

Sinal para a palavra “manhã” em Libras.

Sinal para a palavra “tarde” em Libras


Sinal para a palavra “noite” em Libras.

Sinal para a palavra “semana” em Libras.

DIAS DA SEMANA EM LIBRAS:

Sinal para a palavra “segunda-feira” em Libras

Sinal para a palavra “terça-feira” em Libras


Sinal para a palavra “quarta-feira” em Libras

Sinal para a palavra “quinta-feira” em Libras.

Sinal para a palavra “sexta-feira” em Libras.

Sinal para a palavra “sábado” em Libras.


Sinal para a palavra “domingo” em Libras.

Sinal para a palavra “ano” em Libras

Sinal para a palavra “mês” em Libras.

Sinal para a palavra “agora” em Libras.


Sinal para a palavra “depois ou próxima” em Libras

MESES DO ANO EM LIBRAS:

Sinal para a palavra “janeiro” em Libras

Sinal para a palavra “fevereiro” em Libras

Sinal para a palavra “março” em Libras


Sinal para a palavra “abril” em Libras

Sinal para a palavra “maio” em Libras.

Sinal para a palavra “junho” em Libras.

Sinal para a palavra “julho” em Libras.


Sinal para a palavra “agosto” em Libras

Sinal para a palavra “setembro” em Libras.

Sinal para a palavra “outubro” em Libras


Sinal para a palavra “novembro” em Libras.

Sinal para a palavra “dezembro” em Libras.

SEMANA 11 – COMO PREPARAR UMA AULA OU TREINAMENTO ACESSÍVEL?

Dentro das instituições de ensino básico, médio ou superior há a obrigação de garantir por força
de lei, a inclusão de pessoas surdas ou com deficiência auditiva em seu meio. A lei 10.436/02
não rege apenas o direito à educação dessas pessoas, mas, a partir dela aprova-se o Decreto
5.626 que regerá a garantia de direitos como a saúde, educação, lazer e outros direitos
fundamentais básicos.
Pensando nas escolas de educação e classes bilingues e que são abertas tanto aos alunos surdos
como aos ouvintes, é necessário que em todos os níveis de educação estejam à disposição
ferramentas que permitam o respeito às singularidades linguísticas desse público e atendimento
às suas necessidades particulares – integrando surdos e ouvintes e, inclusive, ofertando a
presença de um interprete de LIBRAS nas classes e o ensino na língua de instrução LIBRAS,
adotando esses mecanismos com o objetivo de promover o acesso pleno às informações e
conhecimento compartilhados no contexto educacional para esse público e incluindo-os
inclusive quanto aos métodos avaliativos.
Em se tratando da educação formal de surdos dentro de uma instituição ou organização, deve-
se considerar que:
1. O docente deve construir materiais mais visuais e didáticos, como fotos de modo que o
surdo seja capaz de absorver o conhecimento de modo efetivo;
2. A instituição, em todos os níveis de ensino e pública ou particular, que não seja de
natureza bilingue deve promover a inclusão de alunos surdos através da oferta de um
tradutor, intérprete de LIBRAS – que só pode atuar se tiver certificação após a análise
de uma banca examinadora. Portanto, o profissional contratado para realizar a
mediação comunicativa entre surdos e ouvintes no ambiente educacional ou em
qualquer outro, deve ser devidamente habilitado.
3. Os métodos avaliativos devem priorizar a língua brasileira de sinais como primeira língua
do surdo e observar a língua portuguesa como segunda língua.
4. É preciso considerar que a escrita do surdo acontece de maneira similar e
correspondente ao seu pensamento, que não se processa da mesma maneira que para
os ouvintes. Enquanto para os ouvintes o pensamento se processa em português, para
os surdos se processa em LIBRAS – motivo pelo qual a estrutura gramatical e
desenvolvimento de sua escrita será distinta. Portanto, a compreensão do surdo deve
ser mensurada a partir de formas alternativas (gravada, por exemplo), facilitando a
expressão do conhecimento adquirido e evitando equívocos sobre sua competência.
5. Sugere-se também o uso de maneira legal e consciente de dispositivos eletrônicos.
6. No caso das apresentações de vídeos, estes devem ser sempre legendados,
independentemente da presença ou não de um intérprete.
7. Os termos técnicos e termos em outro idioma de determinada área do conhecimento e
que não são de uso comum devem ser sempre apresentadas de forma escrita.
8. O uso de mapas mentais e infográficos, materiais impressos ou glossários podem auxiliar
muito no processo inclusivo ou de aquisição de conhecimento.
9. Evitar o uso de ditados, tendo em vista que o entendimento do surdo é literal e, por isso,
ditados populares e metáforas não fazem sentido para o surdo.

Para resolver as atividades avaliativas, complementar esse conteúdo com auxílio dos textos
lidos:

GALASSO, Bruno José Betti et al. Processo de Produção de Materiais Didáticos Bilíngues do
Instituto Nacional de Educação de Surdos. Revista Brasileira de Educação Especial [online].
2018, v. 24, n. 1 [Acessado 07 junho 2023], pp. 59-72. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/S1413-65382418000100006>. ISSN 1980-5470.

SEMANA 12 – EDUCAÇÃO BILINGUE DE SURDOS É MODALIDADE DE EDUCAÇÃO ESCOLAR:


APROVAÇÃO DA LEI 14.191/21

A nova lei veio ao encontro de uma luta antiga da comunidade surda, que é o
reconhecimento da importância de termos a educação bilingue dos surdos como uma
modalidade de ensino. A partir da aprovação da lei 14.191/21 a educação bilingue de surdos
passa a ser uma modalidade de ensino escolar, deixando de ser dependente da educação
especial e passando a ser citada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação – o legislador a
incluiu no texto dessa lei, em seu artigo 3°, que passou a vigorar com a seguinte redação:

(Art. 3°...) INCISO XIV: Diversidade humana, linguística, cultural e identitária das pessoas
surdas, surdo-cegas e pessoas com deficiência auditiva.

Já o CAPÍTULO 5-A, também é inserido na Lei de Diretrizes Bases da Educação com a seguinte
redação:

Art. 60-A. Entende-se por educação bilíngue de surdos, para os efeitos desta Lei, a
modalidade de educação escolar oferecida em Língua Brasileira de Sinais (Libras), como
primeira língua, e em português escrito, como segunda língua, em escolas bilíngues de
surdos, classes bilíngues de surdos, escolas comuns ou em polos de educação bilíngue de
surdos, para educandos surdos, surdo-cegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos
com altas habilidades ou superdotação ou com outras deficiências associadas, optantes pela
modalidade de educação bilíngue de surdos.

§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio educacional especializado, como o


atendimento educacional especializado bilíngue, para atender às especificidades linguísticas
dos estudantes surdos.

§ 2º A oferta de educação bilíngue de surdos terá início ao zero ano, na educação infantil, e
se estenderá ao longo da vida.

§ 3º O disposto no caput deste artigo será efetivado sem prejuízo das prerrogativas de
matrícula em escolas e classes regulares, de acordo com o que decidir o estudante ou, no
que couber, seus pais ou responsáveis, e das garantias previstas na Lei nº 13.146, de 6 de
julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), que incluem, para os surdos oralizados,
o acesso a tecnologias assistivas.

Art. 60-B. Além do disposto no art. 59 desta Lei, os sistemas de ensino assegurarão aos
educandos surdos, surdo-cegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas
habilidades ou superdotação ou com outras deficiências associadas materiais didáticos e
professores bilíngues com formação e especialização adequadas, em nível superior.

Parágrafo único. Nos processos de contratação e de avaliação periódica dos professores a


que se refere o caput deste artigo serão ouvidas as entidades representativas das pessoas
surdas.”

Esses avanços trarão à comunidade surda muitos bons frutos, principalmente por conta da
importância de ter se tornado a LIBRAS uma língua de instrução. Antes do advento dessa lei,
os surdos frequentavam escolas regulares que não tinham a obrigatoriedade de ser ofertado
o ensino em LIBRAS como língua de suporte ou sua utilização enquanto uma língua de
instrução. Essa lei torna possível que, além de escolas de educação de surdos, tenhamos
também classes ou polos de educação bilingues, que priorizem o uso de LIBRAS como a
primeira língua e a Língua portuguesa como a segunda língua.

Não apenas os surdos, mas, outras parcelas da comunidade surda são abrangidas por essa
lei: surdos (propriamente ditos, com uma identidade política surda, a aceitação de sua
condição e a condição de usuários de LIBRAS), surdo-cegos e pessoas com deficiência
auditiva que são sinalizantes. A lei também contempla: surdos com altas habilidades,
superdotação ou outras deficiências associadas que façam necessário o uso da Língua
Brasileira de Sinais.

Está garantida a possiblidade de oferta de um profissional de apoio especializado, conforme


as necessidades do aluno. Também a oferta da educação bilingue terá início ao zero ano de
vida e perpassará todos os níveis de ensino – o que é muito diferente daquilo que era
ofertado antes do advento da lei: quando tínhamos apenas algumas escolas de educação
bilingue, em localidades específicas que obtiveram aprovação de leis municipais.
Se o estudante ou sua família optarem por não realizar a matrícula em uma escola
especificamente de educação bilingue, está garantido seu direito de estudar em uma escola
regular com oferta de um tradutor-intérprete de LIBRAS e tecnologias assistivas para o caso
de o estudante ser oralizado. Entretanto, com o advento dessa lei, é possível que as escolas
de educação bilingue passem a ser mais difundidas.

O que está disposto nessa lei é um objetivo que não se concretizará em um curto espaço de
tempo, já que o governo federal, os federados (em cada estado) e o ministério de educação
precisam de um tempo para readequar o sistema de ensino à lei. Por esse motivo, a nova lei
propôs a alteração do artigo 78- A da Lei de Diretrizes e Bases da Educação no sentido de
que: os sistemas de ensino, em regime de colaboração, desenvolverão programas
integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue e intercultural aos
estudantes surdos, surdo-cegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas
habilidades ou superdotação ou com outras deficiências associadas, com os seguintes
objetivos: I - proporcionar aos surdos a recuperação de suas memórias históricas, a
reafirmação de suas identidades e especificidades e a valorização de sua língua e cultura, e,
II - garantir aos surdos o acesso às informações e conhecimentos técnicos e científicos da
sociedade nacional e demais sociedades surdas e não surdas.”

Para atingir tais objetivos, de acordo com as alterações do artigo 79-C da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação, a União apoiará técnica e financeiramente os sistemas de ensino no
provimento da educação bilíngue e intercultural às comunidades surdas, com
desenvolvimento de programas integrados de ensino e pesquisa e esses programas serão
planejados com participação das comunidades surdas, de instituições de ensino superior e
de entidades representativas das pessoas surdas. Outros objetivos importantes da nova lei,
e que foram inseridos no mesmo artigo, são: a) fortalecer as práticas socioculturais dos
surdos e a Língua Brasileira de Sinais; b) manter programas de formação de pessoal
especializado, destinados à educação bilíngue escolar dos surdos, surdo-cegos, com
deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou superdotação ou com
outras deficiências associadas; c) desenvolver currículos, métodos, formação e programas
específicos, neles incluídos os conteúdos culturais correspondentes aos surdos e d) elaborar
e publicar sistematicamente material didático bilíngue, específico e diferenciado. Esses
objetivos deverão ser alcançados através da elaboração de um Plano Nacional de Educação
que seja inclusivo.

É muito importante que os docentes se atentem à questão da formação das pessoas surdas,
tendo em vista que essa é uma grande tendência que se configura para os próximos anos, a
partir do advento dessa lei. Por esse motivo os docentes devem buscar, através da educação
bilingue, um diferencial na sua vida profissional ao trabalharem com a inclusão de pessoas
da comunidade surda, bem como deve buscar fazer a diferença na vida profissional dessas
pessoas (trata-se de uma via que beneficia ambos os lados da relação educacional). Nossos
desafios nesse sentido, na prática e apesar da lei (já que seus efeitos não são imediatos) são:
a) a formação de professores bilingues nas áreas de ciências humanas e exatas do ensino
fundamental e médio, b) a aceitação do valor de LIBRAS enquanto a língua predominante
na comunidade surda e a c) criação de um material didático adaptado ao bilinguismo e que
seja inclusivo.
SEMANA 13- ESPECIFICIDADES E CURIOSIDADES SOBRE A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS:

Atenção: LIBRAS não pode ser reduzida à mímica ou gestos. É, na verdade, língua viso
espacial. Essa língua possui fonologia, morfologia, sintaxe, semântica e pragmática como
todas as outras línguas, mas, de maneira distinta.

Atenção: Sendo língua, LIBRAS não é linguagem. Possui também regionalismo.

Atenção: As frases não necessariamente obedecem a ordem sujeito – verbo – objeto. Pode
ser dita corretamente com a estrutura objeto – sujeito – verbo, por exemplo. Quando o
surdo é oralizado e, por isso, tem maior contato com a língua portuguesa, é natural que ele
apresente uma tendência a sinalizar as frases na mesma estrutura que utilizada na língua
portuguesa (sujeito – verbo – objeto)

Atenção: Em LIBRAS não se faz uso de preposições, artigos, verbos de ligação ou


conjunções, pois, esses elementos já estão incorporados nos sinais.

Atenção: Na semana 13, foram revisados outros principais conceitos vistos nas semanas
anteriores.

TIPOS DE FRASES:

Atenção: nesse quesito, as expressões faciais são muito importantes, pois, desempenham
uma função gramatical na língua e são determinantes para a compreensão do tipo e sentido
da frase sinalizada!

a) Frases afirmativas: utilizadas para afirmar algo. Nesse caso, a expressão facial deve ter
concordância (ou expressão neutra) em relação à frase que está sendo sinalizada.
Exemplo: “Eu encontrei meu amigo” ou “eu sei dirigir”

b) Frases negativas: utilizadas para negar algo. Nesse caso, a expressão facial deve ser de
contrariedade, aversão ou estranheza em relação à frase que está sendo sinalizada. Ou
então, cabe a utilização de verbos na forma negativa. Posso ainda, sinalizar o “não” com
o dedo indicador.
Exemplo de frase: “Eu não gosto de você”
Exemplo de verbo negativo:

Sinais para o verbo “gostar”: “Não gostar” em Libras


Sinais para o verbo “ter”: “Não ter” em Libras

c) Frases interrogativas: utilizadas para fazer uma pergunta. Nesse caso, a expressão facial
deve ser de dúvida em relação à frase que está sendo sinalizada.
Exemplo: “Você sabe LIBRAS?” ou “Você gosta de chocolate?”

d) Frases exclamativas: utilizadas para esboçar com intensidade uma reação. Nesse caso,
a expressão facial deve ser de espanto ou surpresa em relação à frase que está sendo
sinalizada.
Exemplo: “Nossa! Você gosta mesmo de salada?” ou “Nossa! Como você dança bem!”
ou “Não acredito! Você namora?!”

Atenção: Advérbios de intensidade (como, por exemplo, muito ou pouco) também são
enfatizados pela expressão facial.

TIPOS DE VERBOS:

a) Verbos simples ou não direcionais: não mudam em função do sujeito que está sendo
referenciado na frase sinalizada.
Exemplo: Gostar; “Eu gosto de você” ou “Ele gosta dela” são frases nas quais o verbo
será sempre sinalizado da mesma maneira.
Outros exemplos: amar, aprender, entender, estudar e outros.

b) Verbos direcionais: Seus sinais concordam com o que está sendo referenciado na frase
sinalizada.
Exemplo: Se eu sinalizar “preciso que você ME ajude”, o sinal do verbo “ajudar” deve ser
feito apontando para a minha direção, mas, se eu sinalizar “eu vou TE ajudar”, o sinal
do verbo deve ser feito apontando para a sua direção.
Exemplo: Se eu sinalizar “meus amigos estão ME aconselhando”, o sinal do verbo
“aconselhar” deve ser feito apontando para a minha direção, mas, se eu sinalizar “eu
quero TE aconselhar”, o sinal do verbo deve ser feito apontando para a sua direção.
Outros exemplos: perguntar, responder, ensinar e outros.

c) Verbos com incorporação da negação: implica mudança na forma de sinalização para


expressar negação (já foram detalhados no tópico acima).
Exemplos: gostar/ não gostar, saber/ não saber, ter/ não ter, querer/ não querer, poder/
não poder e outros.
MARCAÇÃO DE TEMPO:

Atenção: Na LIBRAS, a flexão verbal e marcação do tempo se dão por meio dos advérbios de
tempo. Utiliza-se os sinais de “presente”, “passado” e “futuro”. Após, é possível introduzir outros
sinais referentes à passagem do tempo. O advérbio de tempo deve estar sempre no início da
frase, para marcar o tempo do verbo (alguns exemplos já foram expostos na aula da semana 10)

SEMANA 14:

Atenção: o texto base para a aula dessa semana não pôde ser impresso e, por isso, segue abaixo:

MELAZZI, Carina. Projetos promovem a inclusão de pessoas surdas no mercado de trabalho.


Publicado em 06/04/2022. Guia de Rodas. Disponível em: https://guiaderodas.com/inclusao-
de-pessoas-surdas-no-mercado-de-trabalho%ef%bf%bc/

PROJETOS PROMOVEM A INCLUSÃO DE PESSOAS SURDAS NO MERCADO DE TRABALHO:

As iniciativas valorizam as potencialidades dos participantes e possibilitam o exercício da


cidadania:

Entrar no mercado de trabalho tem sido uma tarefa árdua para muitos brasileiros,
principalmente aqueles que têm deficiência auditiva. Além das barreiras da qualificação
profissional, as pessoas surdas precisam enfrentar questões como preconceito, falta de
acessibilidade nos ambientes e dificuldade na comunicação dentro das empresas. Apesar do
cenário desanimador, existem alguns projetos engajados para reverter essa situação.
Um deles é o “Surdo Cidadão”, desenvolvido pelo Instituto Consultor Social, que tem o objetivo
de apresentar o mercado de trabalho às pessoas com deficiência auditiva e permitir que elas
tenham acesso aos seus direitos. Para isso, a iniciativa produz e disponibiliza, gratuitamente,
animações que abordam questões que vão desde a entrevista de emprego até o
comportamento no ambiente de trabalho e a socialização profissional do surdo.
A Divisão de Qualificação e Encaminhamento Profissional (DIEPRO) do Instituto Nacional de
Educação de Surdos (INES) também desenvolve ações para capacitar e encaminhar pessoas
surdas ao mercado de trabalho. Os participantes têm acesso a vagas de estágios e/ou
treinamentos (somente para alunos do CAp-INES) e a cursos de qualificação. Além disso, as
empresas conveniadas recebem assessoria técnica para receber os profissionais de forma
adequada.

A importância do intérprete de Libras para a comunidade surda:


Acessibilidade no mercado de trabalho:

No Brasil, cerca de 5% da população é surda, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de


Geografia e Estatística (IBGE). Esse número representa 10 milhões de pessoas, sendo que 2,7
milhões têm deficiência auditiva severa. Para garantir a inclusão dessa parcela da sociedade no
mercado de trabalho, foi criada a Lei nº 8.213/91, que aborda a questão das cotas para pessoas
com deficiência.
De acordo com a legislação, empresas de 100 a 200 funcionários devem destinar 2% de suas
vagas para beneficiários reabilitados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e pessoas com
deficiência. Para companhias de 201 a 500 colaboradores, o número sobe para 3%; de 501 a
1.000, aumenta para 4%; e aquelas com mais de 1.001 empregados devem reservar 5% do total
de vagas. Em caso de descumprimento, a multa pode chegar a mais de R$ 200 mil.
Apesar da criação da lei, as pessoas surdas ainda encontram dificuldade para entrar no mercado
de trabalho, porque a maioria das empresas fica limitada à contratação do percentual previsto
na legislação. Outro entrave que faz parte da realidade de quem tem deficiência auditiva é o
despreparo das companhias para receber os profissionais de forma adequada.
Nesse caso, algumas medidas que podem ser adotadas pelas empresas para criar um ambiente
acessível e contribuir com a integração de pessoas surdas no local de trabalho incluem: a)
Contratação de um intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais) para reuniões, cursos,
treinamentos e outros tipos de eventos internos, b) Adoção de tecnologias assistivas que
facilitam o dia a dia de trabalho do profissional e o relacionamento com pessoas sem deficiência
auditiva e c) Realização de cursos e treinamentos para ensinar os colaboradores ouvintes a se
comunicar em Libras, favorecendo a integração com os funcionários surdos.
Dentro desse contexto, a área de Recursos Humanos tem um papel fundamental no processo
de inclusão de pessoas surdas nas companhias. Ela deve identificar os obstáculos e promover as
adequações necessárias, para estabelecer um ambiente de trabalho humanizado e inclusivo,
capaz de valorizar as potencialidades dos funcionários com deficiência auditiva.

TERMOS CORRETOS RELACIONADOS À COMUNIDADE SURDA:

Os termos “mudo”, “surdo-mudo” são incorretos para se referir à uma pessoa com surdez, já
que são extremamente pejorativos por fazerem alusão à pessoas que não podem falar – (claro,
excetuando as pessoas que, por algum tipo de comprometimento na função da fala, não pode
mesmo falar) esse termo remete à obrigatoriedade de que surdos fiquem calados diante das
injustiças episódios de exclusão dos quais são vítimas. Assim, o termo correto para se referir às
pessoas com surdez é “surdo”, que não é um termo pesado, e sim, apenas uma característica de
identificação; também, a maneira mais educada de trata-las é chamando-as pelo seu próprio
nome - somente ao não conhecer seu nome é que deve se utilizar a expressão “surdo”, “pessoa
com deficiência ou “pessoa com deficiência auditiva”, no caso de pessoas que tiveram perda
auditiva, mas, não utilizam LIBRAS como forma de comunicação (nunca, “deficiente”).Todos
aqueles que tem a LIBRAS como sua primeira língua e meio principal de comunicação devem ser
chamados, quando as pessoas desconhecem seu nome, de surdos.

LIBRAS é a língua da comunidade surda brasileira, utilizada para a comunicação entre pessoas
surdas brasileiras; cada país possui a sua própria língua de sinais. Nesse sentido, o termo correto
de se referir a essa língua é “Língua Brasileira de Sinais” ou “LIBRAS” e não “Linguagem de Sinais”

Ouvintismo: termo muito utilizado por pessoas surdas que sempre viveram a partir de uma
perspectiva ouvinte, significa um conjunto de representações dos ouvintes, a partir do qual o
surdo está obrigado a olhar-se narrar-se como se fosse ouvinte, negando parte de sua própria
identidade.

Visão clínica da surdez: vivemos durante muitos anos uma grande opressão em relação à
reabilitação das pessoas surdas como se ela fosse obrigatória; os surdos eram obrigados a voltar
a ouvir. A comunidade surda luta pelo direito de ser surda – a partir do momento em que há a
aceitação da língua e da surdez, há a aceitação do sujeito; quando há a aceitação do sujeito e
lhe permitimos ser quem ele é (surdo), há respeito à identidade dele. Nesse sentido, a visão
clínica é uma visão que, sobretudo no ambiente educacional, se preocupa apenas com questões
relacionadas à saúde e perfeito funcionamento físico, entendendo o sujeito surdo como um
paciente doente em sua audição e que necessitam ser tratados a todo custo com cirurgias,
terapias e outros métodos – essa visão deve ser evitada.

Oralismo: Se configura a partir da busca pela recuperação ou reabilitação do surdo, então


chamado de deficiente auditivo (hoje, corretamente, pessoa com deficiência auditiva). O
oralismo foi predominante durante muitos anos e, embora atualmente tenha enfraquecido,
ainda existem pessoas com essa visão a respeito da surdez – nas escolas oralistas os surdos
aprendiam a falar, desenvolviam a habilidade da leitura labial. Trata-se de uma imposição da
maioria (ouvinte) à minoria linguística (as pessoas com surdez).

A comunidade surda se refere às pessoas que vivenciam uma cultura e identidade próxima e
que possuem relações baseadas a partir de elementos comuns, dentre os quais, está a Língua
Brasileira de Sinais – uma das maiores marcas da comunidade, identidade e cultura surdas; a
partir da Lei 10.436/02, essa língua foi reconhecida como língua oficial de mediação e
comunicação da comunidade surda. A comunidade é também um espaço de interação onde
surdos e ouvintes (amigos, familiares ou profissionais que auxiliam surdos) convivem, se
relacionam a partir da troca de experiências – nela compartilham suas experiências de vida a
partir da Língua Brasileira de Sinais.

Ser surdo: significa olhar para a identidade surda como algo que está dentro dos componentes
que constituem as identidades essenciais com as quais se agenciam as dinâmicas do poder. É
uma experiência na convivência do ser na diferença.

Bimodalismo: uma forma de trabalhar com a Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa
em conjunto (dois modos); pressupõe a fala e a sinalização ao mesmo tempo.

Na comunicação total a ideia é que o surdo possa se utilizar de todos os recursos pedagógicos,
visuais e estratégicos com os quais ele tenha contato – podendo sinalizar, falar, mostrar imagens
e inclusive escrever, desde que você consiga atingir o objetivo da comunicação efetiva com outra
pessoa.

O bilinguismo: propõe que a criança tenha garantida a acessibilidade para uma educação formal
ou mercado de trabalho a partir de duas línguas: LIBRAS como L1 e língua portuguesa na
modalidade escrita como L2.

Atenção: Alguns desses termos são novos e outros consistem em uma revisão, na semana 14,
dos conteúdos trabalhados nas semanas anteriores

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