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SUMÁRIO
Unidade 1 - A Filologia.....11
Atividade 1 - Conceito, Objeto de Estudo,
Metodologia e Objetivos do Estudo da Filologia.....13
CONCEITO, OBJETO DE
ESTUDO, METODOLOGIA
E OBJETIVOS DO ESTUDO
DA FILOLOGIA
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OBJETIVOS
Ao final desta atividade, você deverá ser capaz de
- compreender o conceito, o objeto de estudo, a metodologia e os objetivos da Filologia;
- distinguir Filologia de Lingüística.
Nesta atividade, você vai adquirir uma visão geral da Filologia: vai saber qual o
seu conceito, qual o seu objeto de estudo, qual a sua metodologia e quais os seus ob-
jetivos. Vai adquirir informações imprescindíveis para o profissional de letras. Você vai
ampliar ainda mais, por meio de análise, descrição e explicação, sua compreensão sobre
os fatos lingüísticos.
Metodologia
Os estudos filológicos seguem o método histórico-comparativo, cujas técnicas permi-
tem ao filólogo reconstituir, com bastante precisão, as formas que deram origem às
diferentes palavras, esclarecem as etimologias, determinam a origem dos vocábulos e
ajudam a discernir os processos que uma dada comunidade ou um povo emprega na
sua linguagem. Tais processos podem ser identificados nos níveis fonético, fonológico,
morfossintático, semântico e, principalmente, no lexical.
Foi pela comparação que se conseguiu identificar o tronco comum de línguas como o
grego, o alemão, o latim, o sânscrito e o eslavo e constituir com estas línguas a família
indo-européia, a mais importante de todas as famílias de línguas existentes.
Etimologia
O estudo das palavras, de sua história e das possíveis mudanças de seu significado.
Fonética
É o ramo da Lingüística que estuda os sons da fala humana e de um determinado
idioma.
Fonologia
Preocupa-se com a maneira como eles se organizam dentro de uma língua, classificando-
os em unidades capazes de distinguir significados, chamadas fonemas.
Morfossintático
Estudo que considera, na análise de uma língua, as dimensões morfológicas e sintáticas.
Semântico
Refere-se ao estudo do significado, em todos os sentidos do termo.
Lexical
Relativo ao acervo de palavras de um determinado idioma. Em outras palavras, é todo o
conjunto de palavras que as pessoas de uma determinada língua têm à sua disposição para
expressar-se, oralmente ou por escrito.
Indo-Europeu
Língua que teria sido falada por volta de 3000 a. C. e que teria começado a cindir-se em
diferentes línguas no milênio subseqüente, dando origem à família indo-européia.
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Outras comparações nos mostram que o francês Il [le], o italiano cch, o espanhol
j, o português lh e o romeno ch não devem remontar ao latim -cul- diretamente (como
em auricula, oculus), mas ao latim -cl-; e o Appendix Probi (século III), que, ao lado das
formas latinas, registra formas “incorretas”que estavam em uso no latim vulgar, nos
diz, por exemplo, nas glosas 3, 4, 7, 8, 9 e 111, que realmente se deve dizer speculum non
speclum, masculus non masclus, veranculus non vernaclus, articulus non articlus, baculus non baclus e
oculus non oclus. Com o método comparativo, remontamo-nos, portanto, ao passado, até
à forma latina auricla e nos aproximaremos ainda mais da verdade histórica.
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autores, sejam escrivães (como Pero Vaz de Caminha), naturalistas (como Alexandre
Rodrigues Ferreira), poetas (como Camões ou Gregório de Matos), filósofos, historia-
dores, políticos, oradores etc. É por meio da Filologia que a memória cultural de um
povo se preserva ou se redescobre na sutileza da interpretação dos textos preservados
em edições tratadas cientificamente.
Observe a análise filológica abaixo, feita por Bragança Júnior (1997), do pro-
vérbio latino:
“Não queira irrefletidamente contar um segredo à esposa! Dificilmente aquela o
guarda quieto por um dia em seu coração”. (Uxori temere noli mandare secretum! Vix in
corde suo tenet illa luce quietum.)
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A mulher não merece a confiança de seu esposo. Um ato sem reflexão dele,
como o simples contar um segredo, pode significar problemas futuros, na medida em
que ela não sabe guardá-lo para si, revelando-o a outros.
A imagem negativa atribuída à mulher neste provérbio reforça uma posição
não privilegiada da mulher na estrutura social medieval. Referindo-se a isso, Jacques
le Goff (1984, p. 42) assim se pronuncia:
“Está fora de dúvida o facto de a mulher ter sido inferior. Nesta sociedade mi-
litar e viril, de subsistência sempre ameaçada e em que, por conseguinte, a fecundidade
é mais uma maldição (é daí a interpretação sexual e procriativa do pecado original)
que uma bênção, a mulher não estava em posição privilegiada. E bem parece que o
cristianismo pouco fez para lhe melhorar a situação material e moral. É ela a grande
responsável pelo pecado original. E é também ela a pior encarnação do mal nas formas
da tentação diabólica.”
A genealogia da mulher, remontando a Eva, não deixa dúvidas quanto ao seu
caráter tentador. Muitas vezes, nem mesmo o matrimônio cristão pode definitivamente
apagar o passado pecaminoso do sexo feminino. Henry R. Loyn, ao comparar a visão
mariana da mulher a partir do século XI com a concepção mundana da mesma, assim
nos diz:
“Seu oposto era a forte tradição misógina herdada de São Paulo e dos escritos
patrísticos, que retratavam a mulher como Eva, a suprema tentadora e obstáculo para
a salvação; era melhor casar do que se consumir – mas não muito melhor – e um
homem decidido a levar uma vida santa deveria ingressar numa ordem religiosa.”
(LOYN 1992, p. 264)
Obviamente que o contexto sócio-político-cultural europeu durante a Idade
Média variou de região para região e com o crescente avanço das primeiras economias
mercantis, com o desenvolvimento do tear e de um incipiente comércio nas cidades,
houve uma revitalização e mudança do papel das mulheres, não mais apenas mães e
monjas, mas também trabalhadoras e parceiras comerciais.
No entanto, a indiscrição e loquacidade femininas são motivos de reprimenda
no provérbio acima. A esposa, muitas vezes casada em um matrimônio de interesse,
não seria digna de conservar consigo um segredo, já que sua natural predisposição à
falta moral a impeliria a divulgá-lo. Ao homem, pois, caberia cautela, expressa pelo
advérbio temere, “às cegas, inconsideradamente”, ou seja, sem uma reflexão prévia. Este
já deveria saber que no coração feminino, que tem em Eva o seu modelo original, não
se pode confiar. O homem deve sempre lembrar-se da inocência de Adão!
A marca discursiva do provérbio, portanto, manifesta-se em uma advertência ao
perigo, no qual os homens incorrem, quando revelam segredos às suas esposas. Pelo
tipo de construção e mensagem do texto, parece-nos mais um exemplo de uma lição
moral de conduta, expressa em latim sob a concisa forma de um provérbio. Por trás
do texto, como indicadores sociais, notamos ainda corrente um discurso eclesiástico,
que privilegia o homem como criatura suprema racional feita por Deus e que insere
a mulher num plano inferior.
Referências Bibliográficas
LE GOFF, Jacques. A civilização do ocidente medieval. Tradução de Manuel Ruas. Lisboa:
Editorial Estampa, 1984 (vol.2).
LOYN, H. R. (Org.) Dicionário da Idade Média. Rio de Janeiro: Zahar, 1992.
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Observe que não é tão fácil interpretar e/ou explicar um texto. Primeiro, pre-
cisamos saber se o texto a ser analisado é verdadeiro, original; segundo, em relação à
determinada palavra, expressão ou edição de um texto, não podemos fazer afirmações
precipitadas, devemos ter certeza do que estamos afirmando; terceiro, como o texto
pode ter sido produzido por alguém de uma cultura e em uma época diferentes da
do analista, é prudente não analisar o passado com os olhos do presente para não co-
metermos imprecisões ou até mesmo injustiças. Preocupados com essas questões, os
estudiosos da linguagem consolidaram, ao longo dos tempos, um campo do saber, uma
ciência, denominada Filologia. Na análise do provérbio, você notou que foi necessário,
ao filólogo, buscar informações em outras áreas do conhecimento para fazer determi-
nadas afirmações. Veja:
Na Lingüística – “Ao homem, pois, caberia cautela, expressa pelo advérbio temere,
‘às cegas, inconsideradamente’, ou seja, ‘sem uma reflexão prévia’. ‘A marca discursiva
do provérbio’ ”.
A Filologia é a ciência dos fatos literários, eruditos e que se referem às línguas, enquan-
to a Lingüística é a ciência dos fatos da linguagem espontânea, em todos os idiomas.
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EXERCÍCIO
As questões abaixo servirão para você mostrar que compreendeu os conceitos
que foram estudados nesta unidade. Discuta as respostas com o tutor, no próximo
encontro presencial.
LEITURA COMPLEMENTAR
O texto abaixo do professor Silvio Elia (1979, p. 1-3) trata do conceito de Filologia
e discorre sobre a relação entre a Filologia e a Lingüística. Nele você vai saber um pouco
mais sobre os conceitos básicos da Filologia, estudados nesta unidade.
Filologia
Do grego φιλóλογos, através do latim, philologus, isto é, “amigo das letras” das
obras literárias, da linguagem.
D. Carolina Michaelis de Vasconcelos (Lições de Filologia Portuguesa) estudou de-
tidamente a palavra. Depois de tratar dos radicais gregos que a compõem, acrescenta:
“Filologia é, portanto, etimologicamente: amor da ciência; o culto da erudição ou da
sabedoria em geral; e em especial, o amor e culto das ciências do escrito (geisteswis-
senschaften), sobretudo da ciência da linguagem, do verbo ou do logos que é distintivo
do homem – expressão do pensamento, manifestação da alma nacional, órgão de lite-
ratura e instrumento de nós todos, mas principalmente e sublimadamente dos letrados
que, apesar de tudo quanto contra eles se tinha dito e se possa dizer, são poderosos
obreiros de Deus.”
Pouco adiante ensina: “E, com efeito, os dois maiores pensadores da Anti-
guidade, Platão e Aristóteles... são os que nos ministraram os passos mais antigos
relativos à Filologia, são os primeiros que documentam a palavra.” Quanto a quem
teria cunhado o termo, diz: “Ignoro se Platão, o mais velho dos dois, discípulo genial
de Sócrates, o criou, ou se já lhe fora transmitida pelo mestre, cuja doutrina e cujos
processos ele expõe...”
No séc. II a.C. houve um grego erudito que aplicou a si próprio, com orgulho,
o epíteto “filólogo”: foi Eratóstenes, famoso também porque inventou o conhecido crivo
para identificação dos números primos. Em Roma, o primeiro escritor que recebeu o
nome de philologus foi um certo Ateius Praetextatus (séc. I a.C.).
A introdução da Filologia em Roma tem uma origem anedótica. Segundo
Suetônio, quando, em 172 a.C., o rei de Pérgamo, Átalo II, designou embaixador
junto ao senado Romano a Crates de Malos, este, já no fim de sua missão, ao passar
junto ao Palatino, tropeçou e caiu num fosso aberto da cloaca máxima, quebrando uma
perna. Teve assim de permanecer mais algum tempo em Roma e aproveitou os dias
para dissertar sobre questões de linguagem, atraindo a atenção de muitos romanos
ilustres. Ao partir, deixou na velha capital itálica vários discípulos de boa vontade, que
se propuseram a aplicar aos grandes nomes das letras latinas o método de pesquisas e
explicação que Crates lhes ensinara. Desde então até hoje, a Filologia não deixou de
ter adeptos, cada vez mais ardorosos.
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Referência Bibliográfica
BOURCIEZ, Edouard. Eléments de Linguistque Romane. 4ª. Ed. Paris: Klincksieck,
1956.
BIBLIOGRAFIA
BÁSICA
BUENO, Francisco da Silveira. Estudos de Filologia Portuguesa. São Paulo: editora Saraiva,
1967.
BRAGANÇA JÚNIOR, Álvaro Alfredo. A fraseologia medieval latina: reflexo de uma socieda-
de. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras, 1997.
Disponível em http://www.filologia.org.br/revista/artigo/3(7)43-53.html, acessado
em 06/05/2008.
MELO, Gladstone Chaves de. Iniciação à filologia e à lingüística portuguesa. Rio de Janeiro:
Acadêmica, 1981.
VASCONCELOS, Carolina Michaëlis de. Lições de Filologia Portuguesa, seguidas das Lições
Práticas de Português Arcaico. Lisboa: Dinalivro, 1946.
COMPLEMENTAR
ORLANDI, Eni e RODRIGUES, Suzy L. (orgs.). Introdução às ciências da linguagem – dis-
curso e textualidade. Campinas: Pontes Editores, 2006.
ILARI, Rodolfo. Lingüística românica. São Paulo: Ática, 1992.
ELIA, Silvio. Preparação à lingüística românica. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1979.
RESUMO DA ATIVIDADE
A atividade 1 teve por objetivo apresentar o conceito de Filologia.Você aprendeu que
a Filologia estuda a cultura e as civilizações de um povo, em determinada época da sua
história, por meio de documentos e textos literários. Aprendeu que a Filologia é uma
ciência com objeto formal estabelecido, os textos escritos; com método investigativo
próprio, o método histórico-comparativo e com objetivos específicos, fixar, interpretar
e comentar os textos. Aprendeu também que a Filologia busca concentrar-se no estudo
de ‘textos’ (obras literárias), ao passo que a Lingüística propõe-se a alcançar o conheci-
mento da língua em si mesma, como fato social da linguagem.
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ROMÂNICA
A FILOLOGIA
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A FORMAÇÃO
DA ROMÂNIA
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OBJETIVOS
Ao final desta atividade, você deverá ser capaz de
- conceituar a România;
- identificar os perídos da România;
- distinguir as fases da evolução das línguas românicas.
Nesta disciplina, cujo nome é Filologia Românica, você tem como objeto de es-
tudo os documentos literários escritos nas chamadas línguas românicas. Para proceder a
este estudo você precisa entender como se deu a formação da România e a conseqüente
evolução das línguas ali originadas.
Conceito de România
A formação da România é decorrência do percurso histórico do Império Ro-
mano e da língua latina, desde a expansão territorial, por intermédio de guerras, até a
dissolução e queda do Império. As conquistas do Império Romano contribuíram para a
divulgação do latim como língua oficial do Império. Como conseqüência disso, o contato
dos romanos com as diferentes famílias lingüísticas dos povos dominados deu origem
a novas línguas, denominadas línguas românicas. Os estados que se formaram após o
domínio romano se autodenominavam como romanos, sendo que a unidade lingüística
e cultural dos territórios outrora sob domínio romano ficou conhecida como România.
O termo România surgiu a partir de romanus, que formou
o advérbio romanice ou “à maneira ou costume romano”,
Romance que originou um novo advérbio, romance, que se aplicava a
Cada uma das variedades surgidas da evo-
qualquer texto ou composição escrita em uma das línguas
lução do latim vulgar, falado pelas popu-
lações que ocupavam as diversas regiões vulgares. O termo România foi usado modernamente para
da România e que se constituiu na fase se referir a toda área ocupada por línguas de origem latina,
preliminar de uma língua românica. sendo que os limites da România atual e do antigo Império
Romano não coincidem.
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Pode-se apontar como fatores que contribuíram para que o latim não se mantives-
se como a língua falada em todo o Império; a romanização superficial, a superioridade
cultural dos vencidos e a superposição maciça de populações não-romanas. Por meio
dos movimentos de propagação do catolicismo e das grandes navegações, as línguas
românicas chegaram a novos continentes e atingiram o status de línguas oficiais, como
o português, o espanhol, o francês e o italiano.
O texto que servirá de base para este estudo está no capítulo 4, intitulado “A
România”, de Bassetto (2005, p. 177-186), que dá início ao seu trabalho conceituando
o termo România como o conjunto dos territórios onde se falou latim ou onde se fala
atualmente uma língua românica, incluindo a sua literatura e a cultura de seu povo. Antes,
porém, o autor discorre sobre a origem do termo România. Leia o trecho abaixo. Ele
o(a) ajudará na compreensão do conceito de România.
Conceito de România
Documentado pela primeira vez por Paulo Osório, discípulo de Santo
Agostinho, em Historiae Adversus Paganos (VII,6,43), o termo România parece
ser um criação popular, já que ao citá-la Paulo Osório acrescenta “ut vulgariter
loquar” (“para falar de modo popular”). Inicialmente, como “romano” se opunha
a “bárbaro”, no sentido de “estrangeiro”, ou seja, “não latino” ou “ não grego”,
România se opunha a barbaria e barbaries; nesse sentido, no período clássico
encontra-se o termo Barbaria. Quanto a România, porém, não se sabe quando
passou a ser corrente; a expressão de Paulo Osório faz supor que se trata de um
termo usual na língua falada, designando todo o império romano ou o mundo
romano. Curiosamente, atestação de România coincide com o período em que o
mundo romano se esfacelava e os godos pretendiam construir a Gótia sobre as
ruínas da România. O termo ocorre também no biógrafo de Santo Agostinho,
Possídio, que qualifica os vândalos de “Romaniae eversores”.
No Oriente, encontram-se várias atestações de România, empregado
como sinônima de Império Romano tanto Ocidental como Oriental. Assim,
Santo Atanásio (295-373) considera Roma a “capital da România”: Μητρόπολτς
ή ΄Ρώμη της ΄Ρωμανίας. Também Santo Epifânio (315-403) diz que o espírito demoníaco
dominou Ario e o levou a pôr fogo na Igreja. Fogo “ό κατείληφε πãσαυ τηυ ΄Ρωμαυαυ σχ́εδόυ,
μάλιστα της άυατολης τὰ μέρη”. (“que incendiou quase toda a România, sobretudo as partes
do Oriente).
No Ocidente, România mantém o sentido político equivalente a Império
Romano, como o atesta o historiador dos godos Jordanes, em Getica, 25: “Diuque
cogitante (Visigothae) tandem communi placito legatos ad Roma-
niam direxere, ad Valentem imperatorem, fratrem Valentianiani”.
(E refletindo por muito tempo, finalmente os visigodos, Visigodos
de comum acordo, enviaram legados à România, ao im- Povo antigo da Germânia, que, do séc.
perador valente, irmão de Valentiniano). Posteriormente, III ao V, invadiu os impérios romanos do
sobretudo onde se falava uma língua românica. Quando Ocidente e do Oriente. Dividiam-se em
Carlos Magno fundou o chamado Sacro Império Romano, ostrogodos (godos do Leste) e visigodos
România adquiriu também um sentido político, como o (godos do Oeste).
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Períodos da România
România Antiga
Bassettto (2005) identifica a România Antiga como um conjunto de territórios
com um total de 301 províncias. O texto apresentado a seguir (p. 179) o(a) ajudará a
entender o conceito de România Antiga.
România Antiga
Como se notou, as primeiras atestações da România indicam que o termo era
sinônimo de Império Romano ou Orbe Romano, com denotação étnica e política no
Ocidente e apenas política no Oriente. A esse conjunto de territórios, que nos pri-
meiros decênios do século II d.C. atingiu sua extensão máxima, com um total de 301
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România Medieval
România Medieval
A redução da România Antiga começou, portanto, já no século II d.C.. As
invasões dos povos germânicos e eslavos, como se viu, causaram a fragmentação pri-
meiramente política e posteriormente lingüística da România. O Império do Oriente
subsistiu ainda por cerca de dez séculos; ali, porém, o predomínio da língua e da
cultura gregas sempre foi incontestável, embora o latim tivesse sido a língua oficial
por muito tempo.
Assim, com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, o conceito de
România passou a ser principalmente cultural e lingüístico e eventualmente político.
A România Medieval abrange as regiões em que se continuou a falar o latim vulgar,
agora em rápido processo de fragmentação rumo a dialetos e línguas românicas atra-
vés da fase romance. Trata-se de uma România reduzida, composta pela Itália, Récia,
Gália, Ibéria, ilhas mediterrâneas, Dalmácia e Dácia, territórios onde, grosso modo,
nasceriam os dialetos e as línguas românicas. Perderam-se as já citadas regiões fraca-
mente romanizadas; os Bálcãs, como o atestam dados do substrato em vários pontos,
desromanizaram-se mais lentamente. A Dalmácia continuou pertencendo ao Império
do Ocidente na divisão de 395, depois da morte de Teodósio, o Grande, enquanto a
região do leste, dita “Praevalitana”, passou a pertencer ao do Oriente. Assim, a antiga
Dalmácia permaneceu por mais um século e meio sob a influência de Roma, tendo
sido dominada por Constantinopla em 535; com isso, sua evolução lingüística acom-
panhou em parte a das línguas românicas ocidentais. Explica-se desse modo que o
ragusano, dialeto da região de Ragusa ao sul, só tenha desaparecido no século XV; e o
dalmático, língua falada ao longo da costa do mar Adriático e cujo último reduto foi a
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ilha de Veglia ou Querso (esl. Krk), donde o nome veglioto, descoberto e estudado por
Matteo Bartoli, desapareceu somente no fim do século passado.
A perda desse território da România começou durante a Idade Média; os diale-
tos românicos foram sendo lentamente empurrados em direção ao mar, tornando-se
substrato das línguas eslavas hoje ali dominantes. A Dácia, mesmo isolada e totalmente
cercada por falares não românicos, nunca deixou de fazer parte da România, bem
como pequenas ilhas lingüísticas onde se falam variedades consideradas dialetos do
romeno.
Na Gália, perdeu-se a parte oriental da Bélgica e parte da Bretanha, ocupada
pelos bretões celtas provenientes, no século VI, das ilhas britânicas e falantes de uma
variedade lingüística do ramo celta britânico, como o címrico e o córnico. Na Península
Ibérica, exclui-se apenas o País Basco, na divisa com a França e ao longo do golfo de
Biscaia; seu território, porém, vem sendo diminuído através dos séculos; hoje abrange
aproximadamente a metade do espaço que ocupava no século XVI.
No continente africano, as perdas da România foram grandes. A África Romana
constava da Africa Proconsularis (região da antiga Cartago), da Mauretania Caesarensis,
Tingitana e Numidia, ou seja, do Marrocos à Tripolitânea em termos atuais. Todo o
norte africano havia sido bem romanizado até Leptis Magna, na província da Africa
Proconsularis; nos territórios mais ao oriente, a presença grega era grande e a latiniza-
ção extremamente tênue. Com a invasão dos vândalos e a subseqüente formação do
primeiro reino bárbaro dos vândalos (429-534) em território do Império, a cultura
latina começou a ser erradicada do norte da África; com a tomada de Cartago por Abd
EI-Malik, em 698, e implantação do domínio árabe, os traços da cultura latina foram
quase totalmente eliminados, tanto que nem o domínio de franceses e espanhóis em
séculos posteriores conseguiu reanimá-los.
Com todas essas perdas, a România Medieval representa a fase territorialmente
menos extensa, mas foi nela que as línguas românicas se formaram.
România Moderna
Por último, Bassetto (2005, p. 181-183) apresenta o terceiro período da România: a
România Moderna. Afirma que este período é o mais amplo dos três, graças às conquistas
de novos territórios, especialmente da África, pelos portugueses e espanhóis, no fim
do século XV; quando, com objetivos religiosos, econômicos e comerciais, se lançaram
ao mar para conquistar novas terras. Leia o trecho apresentado a seguir e conheça as
regiões que fazem parte da România Moderna.
România Moderna
A fase moderna da România começa no fim do século XV, quando portugueses
e espanhóis, levados pelo êxito da reconquista da Península Ibérica, atacaram o norte da
África; os portugueses ocupam Tânger e Ceuta (1471) e os espanhóis, Melila (1497) e
Oram (1509) na região do atual Marrocos. Ao mesmo tempo, os portugueses projetam
contornar a África para continuar a combater o islamismo e completar a reconquista,
além de reaver a Terra Santa com a ajuda de um certo Padre João, da Abissínia, que
se supunha cristão. A esses objetivos religiosos juntaram-se outros, econômicos e
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comerciais, como estabelecer relações diretas com a África Oriental, tendo em vista
escravos, ouro, especiarias e outras mercadorias.
Iniciaram-se, assim, as grandes navegações com a descoberta da Ilha da Madeira
(1419), dos Açores (1431) e Cabo Verde (1445). Vasco da Gama encontra a rota para as
Índias em 1498, contornando o cabo das Tormentas e, em 1500, Pedro Álvares Cabral
chega ao Brasil. Cristóvão Colombo descobre a América Central em 1492, seguido por
numerosas expedições que incorporaram grande parte das Américas ao reino espanhol
e nelas implantaram a língua castelhana. A primeira grande expedição francesa para
a América do Norte é de 1524 e a seguinte de 1534, chefiadas respectivamente pelo
florentino Verrazano e por Jacques Cartier. Samuel de Champlain (1567-1635) é o
primeiro governador do Canadá, com autoridade sobre a Terra Nova, Nova Escócia
e Nova França; com a chegada de mais de 10.000 colonos franceses, outra língua
românica é implantada no Novo Mundo. Nas Antilhas, o francês foi introduzido em
São Cristóvão (1625), São Domingos, Guadalupe, Martinica (1635) e Haiti (1655); no
continente da América do Sul, o francês só é falado na Guiana Francesa.
Na África, o português foi implantado com as sucessivas conquistas na Guiné
Portuguesa, Angola, Moçambique e nas ilhas de Príncipe e São Tomé. As possessões
espanholas na África não chegaram a implantar o espanhol, como em Rio d’Ouro (na
altura das Canárias) e na Guiné Espanhola. O francês convive ainda hoje com dialetos
locais nas antigas possessões da África Ocidental Francesa (1904), África Equatorial
Francesa (1852-1905), em Madagascar (1896), Marrocos e Congo Francês. A Algéria
pertenceu à França de 1830 a 1962, ano em que lhe foi concedida a independência
completa, condicionada apenas à concessão de garantias aos franceses ali residentes.
Em 1906, cerca de 13% da população era francesa; com a independência, muitos desses
franceses denominados “pieds noirs” (“pés pretos”) emigraram. Por causa do grande
número de variedades dialetais autóctones, o francês ainda hoje é a língua de cultura
tanto nos países do norte da África (Argélia, Tunísia, Marrocos) como nos territórios
centrais do continente, que foram antigas possessões francesas.
No Oriente, o português se fixou nos pequenos enclaves conquistados na Índia:
Diu, Damão, Goa, Mangalor; com a ocupação militar desses territórios por Nehru,
em 1961, a situação do português ficou difícil. Já em Macau,
na foz do rio Sikiang na China, o português evoluiu para
um dialeto crioulo ainda hoje existente, tendo acontecido Enclave
o mesmo em Jaua, Málaca e Singapura e em alguns pontos Terreno ou território encravado noutro.
da ilha do Ceilão, onde se fala o crioulo malaio-português.
Também o castelhano das Filipinas veio a se transformar em
um tipo crioulo. De modo semelhante, na ilha de Curaçao, próxima da Venezuela, nas
Antilhas, formou-se uma variedade crioula, denominada “papiamento”, com base inicial
portuguesa mas atualmente com forte influência castelhana, que dispõe até de modesta
literatura e é usada em jornais e revistas, embora a ilha seja uma possessão holandesa.
Em fins do século passado, as possessões francesas no Oriente compreendiam a Co-
chinchina (1862), o Cambodja (1863), o território do atual Vietnam (1883), Laos (1893)
e Tonkin, ao norte (1884); na Península da Índia, pertenceram à França os enclaves de
Yanaon, Mahé e Pondichery; na Oceania, as ilhas Marquesas, Tahiti e Tuomotu entre
outras. Mais permanente é a influência do francês nas ilhas da Oceania do que nos
territórios do continente asiático, onde o francês permaneceu nos meios cultos.
Convém ainda lembrar as migrações, que têm levado milhares de falantes de
uma língua românica para países ou regiões de língua não românica, em busca de
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EXERCÍCIO
As questões abaixo o(a) ajudarão na compreensão do conceito de România. Dis-
cuta as suas respostas com o tutor, no próximo encontro presencial.
1. Analise as afirmações abaixo e escolha a que melhor conceitua o termo România.
Justifique, em um texto de, no máximo, 5 linhas, sua escolha.
a) Se o Império sobreviveu como ideal de ordem política durante toda a Idade Média, a
unidade lingüística e cultural dos territórios romanizados não impressionou menos os
antigos, romanos ou bárbaros. Para denominar essa diversidade lingüística e cultural,
emprega-se o termo România.
b) Em termos restritos, conceitua-se, lingüisticamente, a România como toda a área
geográfica que, em virtude das conquistas romanas, foi latinizada. Convém lembrar,
porém, que essa latinização não constituiu substrato étnico uniforme. Em temos amplos,
a România abrange toda a área geográfica por onde se expandiram os idiomas neolatinos
na África, na América, na Ásia e na Oceania.
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A fase latina
A fase latina compreende o período de formação do Império Romano (aproxi-
madamente do século VI a.C. ao século V ou VI d.C.), em que o latim, tanto na variante
vulgar quanto na clássica, tornou-se a língua do Império. Convém ressaltar que o latim,
levado pelos legionários, colonos, comerciantes e funcionários públicos romanos, im-
pôs-se pela força das próprias circunstâncias: tinha o prestígio de língua oficial, servia
de veículo a uma cultura superior, era o idioma da escola.
Para entender um pouco mais o latim que serviu de base para a formação das línguas
românicas, leia o trecho abaixo, de Bassetto (2005, p. 184), que afirma que o latim vulgar,
como toda língua ou dialeto falado em regiões amplas, apresenta uma uniformidade
básica com variantes mais ou menos notáveis.
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Fase Latina
Quanto a essas variedades do latim vulgar, muito se tem discutido. Levados pelo
propósito de dar às línguas românicas uma fonte única, romanistas do século passado
exageram em salientar uma homogeneidade quase absoluta, dificilmente sustentável.
Contudo, as divergências de pormenor entre as línguas românicas postulam bases
latinas vulgares diversificadas e explicadas pela época em que a região foi latinizada,
pelas distâncias em relação ao centro e pela dificuldade de acesso e de comunicação.
Desse modo, as regiões de colonização mais antiga teriam um latim mais arcaico,
enquanto as mais recentes apresentariam uma língua mais evoluída. A distância da
Ibéria e da Dácia, em relação a Roma, explicaria os arcaísmos do latim vulgar dessas
regiões, o mesmo acontecendo com a Sardenha, pelas dificuldades de acesso, além das
inibições normais decorrentes de se considerar a ilha como terra de degredo. Essas
circunstâncias, porém, podem ter sido atenuadas pela presença da administração e os
outros fatores apontados.
A fase romance
Você já sabe que a modalidade do latim que mais substancialmente contribuiu
para a formação das línguas românicas foi a falada pelos colonos e soldados. Quando
os romanos conquistavam outros povos, ao lodo dos soldados seguiam pedagogos,
funcionários e outros profissionais necessários à consolidação da conquista. A língua
foi, evidentemente, ensinada nas escolas fundadas, ao mesmo tempo em que se infiltrava
na massa popular, impondo-se como instrumento de maior cultura e como idioma do
conquistador.
Tudo indica que os romanos não impunham diretamente a língua latina, mas
fato é que as circunstâncias gerais e o serem eles os conquistadores determinavam o
predomínio do latim sobre as línguas nativas. Desta ou daquela forma, o certo é que
essas línguas acabaram absorvidas pelo latim falado. Mas a absorção não se poderia dar
sem conseqüências diferenciadoras e, semelhantemente ao que sucede a qualquer língua
falada por uma coletividade estrangeira, o latim foi-se alterando, em função das necessi-
dades regionais, dos hábitos fonéticos do povo conquistado e da época da romanização
da província. Enquanto perduraram a unidade política e a influência conservadora das
escolas, aquelas alterações iam-se infiltrando, discretamente, porém.
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Para uma melhor compreensão dessa fase embrionária das línguas neolatinas,
chamada de romance, leia o trecho abaixo, de Basseto (2005, p. 185).
Fase Romance
Esta fase abrange o período em que o latim vulgar começa a se modificar até
se transformar nas línguas românicas modernas. Trata-se de um processo lento, que se
estende por séculos e acabou por alterar estruturalmente o latim vulgar e fragmentar
sua unidade no plano territorial. Cronologicamente, é muito difícil estabelecer datas,
mesmo aproximadas; entretanto, admite-se que a perda da quantidade vocálica e sua
substituição pelo acento de intensidade e outras modificações fonéticas se deram nos
séculos IV e V. As modificações morfológicas e sintáticas, como a substituição dos casos
por torneios preposicionados, a criação dos artigos, a conjugação passiva só analítica,
as formas verbais perifrásticas etc. tornam-se claras apenas nos séculos VII ou VIII.
Essas breves averiguações mostram que não houve nenhum limite cronológico claro
entre o latim e as línguas românicas, não sendo, portanto, possível dizer quando o latim
vulgar deixou de ser falado, pois foi um processo gradual sem maiores injunções, cujo
“terminus ad quem” são as línguas românicas.
Chegou-se, assim, a uma época em que esse conjunto de modificações fez
com que o latim já não fosse mais entendido. A esse tipo de linguajar se deu o nome
de romance, originário do Romanice fabulare, oposto ao Latine loqui. A primeira atestação,
muito clara, da existência desse romance é o já citado cânon 17 das resoluções do
Concílio de Tours. Sabendo-se que qualquer modificação em grandes instituições, como
a Igreja, é lenta, pode-se afirmar com segurança que já antes do século IX o povo em
geral ou grande parte dele só falava o romance e não entendia mais latim, conhecido
apenas por aqueles que freqüentavam as escolas e essas eram poucas, destinadas pre-
ferencialmente a nobres e clérigos.
Da mesma forma que o latim vulgar, as variedades não foram escritas. Os que
escreviam, faziam-no em latim medieval, sob as mais diversas denominações, como
latim patrístico, litúrgico, eclesiástico, dos diplomas, das chancelarias, notarial, dos
tabeliães etc., ainda que nesses documentos se encontrem muitos termos romances,
mais numerosos que os do latim vulgar em textos literários. A atitude das pessoas
cultas em relação ao romance era semelhante à dos escritores e gramáticos latinos
relativamente ao sermo plebeius. Entretanto, em razão de essa elite culta, não houve de
fato interrupção entre a literatura latina tardia e a literatura latina medieval; os modelos
para a prosa e para o verso continuaram a ser os clássicos, residindo a dificuldade, cada
vez maior, no manejo de uma língua não mais falada ordinariamente; nesse contexto,
surgem os glossários, destinados a facilitar a leitura de textos em latim, língua que já
soava diferente, como quando lemos textos do português arcaico.
O processo modificador, em direção ao romance e às línguas românicas, co-
meçou bem cedo sob a influência dos substratos e dos adstratos, já durante o período
do bilingüismo. Datam desses primórdios os empréstimos léxicos das línguas itálicas
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(toscano, prenestino, paduano etc.), que Quintiliano considera como verba peregrina
(“palavras estrangeiras”), embora afirmando “licet omnia Italica pro Romanis habeam”
(“ainda que considere romanas todas as [palavras] itálicas”) em sua Institutio Oratoriae
1.5.56. Com a queda do Império, as forças do substrato e do superstrato aceleram o
processo, ocasionando o que W. von Wartburg denominou Ausgliederung, desmembra-
mento ou fragmentação lingüística da România.
A evolução desse processo modificador e fragmentador era percebida por
observadores, como São Jerônimo (348-420), discípulo de Aelius Donatus, ao afirmar
que o latim se modificava “et regionibus quotidie... et tempore” (Comm. ad. Gal. 2.3).
A hipérbole expressa pelo quotidie (“diariamente”) denota a rapidez da fragmentação
lingüística aos olhos do autor. Os regionalismos e os empréstimos léxicos se multi-
plicam e se fortalecem. A ausência de um fator de unificação, como havia sido, por
exemplo, a administração romana, facilitou a ação, embora inconsciente, das tendências
modificadoras na fonética, na morfologia, na sintaxe e no léxico.
Nessa fase, a fragmentação da România foi tão grande que nenhuma variedade
lingüística conseguiu a princípio destacar-se como comum a alguma região mais vasta,
conforme se vê na história de cada uma das línguas neolatinas ou românicas: o português,
o galego, o espanhol, o catalão, o francês, o provençal, o franco-provençal, o italiano,
o rético e o romeno.
EXERCÍCIO
A questão abaixo servirá para você mostrar que compreendeu os conceitos que
foram estudados até aqui. Discuta a sua resposta com o tutor, no próximo encontro
presencial.
1. Levando em conta tudo o que você aprendeu, até o momento, sobre as fases da evo-
lução das línguas românicas, redija um texto de, no máximo, 10 linhas sobre os aspectos
que caracterizam cada uma delas.
a língua literária da Itália, caso único entre as línguas românicas. Esse retorno ao mo-
delo medieval, já literário, explica a manutenção das mesmas feições lingüísticas, tanto
que um leitor italiano de hoje não encontra maiores dificuldades em compreender a
Divina Commédia de Dante, a não ser uma ou outra expressão. A grande aceitação da
variante florentina entre os intelectuais obstou que outros dialetos chegassem à con-
dição ambicionada de língua literária.
No conjunto das línguas românicas, os motivos principais que levam uma
variedade dialetal à categoria de língua literária são de ordem cultural e política. Onde
nenhum desses motivos foi suficientemente forte, nenhuma variedade lingüística
conseguiu sobrepor-se às demais; é o que se deu com o rético, em cujo ramo ociden-
tal pelo menos cinco dialetos ainda disputam o privilégio de ser a língua literária. Na
Romênia, a falta de unidade política fez com que a verdadeira literatura romena só
surgisse no século XIX.
Em conclusão, cada língua românica tem sua historia característica e uma tra-
jetória própria, que convém conhecer.
EXERCÍCIO
Para fixar melhor seu entendimento sobre a leitura anterior, responda às ques-
tões abaixo:
1) Qual o primeiro dialeto reconhecido como língua oficial?
2) Qual a importância da cantiga de amor “No mundo non m’ei parella”, de Paay Soarez
de Taveiroos?
3) Além do francês e do português, que outras línguas românicas surgiram?
4) Quais os principais motivos do surgimento das línguas românicas?
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LEITURA COMPLEMENTAR
Apresentamos como leitura complementar o texto “O acesso dos romances à
escrita: os primeiros documentos em romance”, de Rodolfo Ilari (1992, p. 198-202).
Nele o autor discorre sobre as condições de acesso dos romances à escrita e apresenta
exemplos de transcrições de textos antigos que revelam o aparecimento do romance
na escrita.
Ipsa verba
Consideremos primeiro os documentos que foram redigidos em ro-
mance para registrar com exatidão as palavras textuais de alguém: (“ipsa ver-
ba”). Trata-se de documentos de caráter político ou cartorial, que interessou redigir
em romance por uma preocupação de fidelidade à fala dos interessados, quando o usa
do latim poderia ter conseqüências indesejáveis.
(a) Os “Juramentos de Estrasburgo”
O texto de “Juramentos de Estrasburgo”, o mais antigo documento românico
que sobreviveu até nós, data de 842; consiste nas fórmulas de juramento pronuncia-
das para sancionar a aliança de dois herdeiros do Império de Carlos Magno, Luís, o
Germânico, e Carlos, o Calvo, e a promessa de se apoiarem reciprocamente contra o
irmão mais velho e inimigo comum, Lotário. Para ser compreendido pelos vassalos
de Carlos, o Calvo, que eram francos romanizados, Luís, o Germânico, pronunciou
seu juramento em romance e depois em germânico; em seguida, as vassalos dos dais
príncipes juraram em sua própria língua. O historiador que registra o episódio foi
testemunha ocular dos fatos e é até provável que tenha participado da redação da fór-
mula do juramento. Nessas circunstâncias não há dúvida de que o texto que chegou
até nós reproduz fielmente as palavras efetivamente pronunciadas, e que estas deviam
ser compreensíveis a todos os vassalos de fala românica que participaram do ato.
Eis a transcrição do juramento:
Pro Deo amur & pro christan poblo & nostro comun salvament, ‘d’ist di in avant
quand Deus savir & podir me dunat, si salvarei eo cist mon fradre Karlo & in aiudha
& in cadhuna cosa, si cum om per dreit son fradra salvar dift, in o quid il mi altresi
fazet et ab Ludher nul plaid nunquam prindrai ki, meon vol, cist meon fradre Karle
in damno sit.
(Por amor a Deus e pelo povo cristão e nossa salvação comum, deste dia em diante,
enquanto Deus me der saber e poder, assim salvarei eu este meu irmão Carlos, e
na ajuda e em cada coisa, assim como homem por direito seu irmão salvar deve,
enquanto ele a mim da mesma forma fizer, e de Lotário nunca aceitarei nenhum
acordo que, por minha vontade, seja em prejuízo a este meu irmão Carlos.)
línguas modernas; a grafia latina teria então interferido na grafia do romance, para a
qual não havia convenções; (ii) os Juramentos teriam sido redigidos num dos tantos
dialetos arcaizantes da região d’oil (lembre-se que há no norte da França alguns diale-
tos mais arcaizantes do que o frâncico, por exemplo, o normando e picardo); (iii) seus
redatores teriam procurado expressar-se numa espécie de língua comum, compreen-
sível para falantes de vários dialetos; o arcaísmo seria assim o preço pago por escrever
numa espécie de koiné.
Essas hipóteses chamam à atenção as condições peculiares em
que os Juramentos foram escritos, e têm um interesse exemplar: inter-
Koiné
ferência do latim, presença de traços “dialetais” (em oposição à poste-
Dialeto utilizado como língua
rior definição de standards nacionais) e busca do caráter de koiné são três
franca
características presentes em muitos dos primeiros textos românicos.
(b) Alguns documentos de caráter legal
Imagine-se, em pleno século X, uma demanda pela propriedade de terras entre
os clérigos de um convento, versados em latim literário, e seus adversários, falantes
da língua vulgar. É óbvio que toda a discussão e todos os depoimentos necessários
seriam feitos nesta última, mesmo que a sentença final fosse pronunciada em latim; e
a preocupação em evitar equívocos levaria a anotar “ipsis verbis”, isto é, em romance
todos os testemunhos. Aparentemente, foram escriturados nessas condições quatro
termos de testemunho referentes a outras tantas demandas de terras julgadas entre
960 e 963 na região da Campânia, que se conservam até hoje na biblioteca do mosteiro
de Montecassino.
Eis uma dessas fórmulas, em que a testemunha diz que uma determinada pro-
priedade pertenceu durante 30 anos sem qualquer contestação a um certo Pergoaldo;
a língua é o vulgar italiano numa variedade tipicamente meridional:
(Sessa, marco de 963)
Sao cco kelle terre, per quelle fini que tebe monstrai, Pergoaldi foro, que ki contene,
& trenta anni le possette.
(Sei que aquelas terras, naqueles limites que te mostrei, (e) que aqui (a abreviação)
contém foram de Pergoaldo, e as possuiu por trinta anos.]
Podemos supor razões análogas para que fosse registrado no romance portu-
guês este testamento em que uma monja da região portuguesa de Barcelos lega todos
os seus bens ao mosteiro de Vairão em 1193 do calendário gregoriano.
In Christi Nomine, Amen. Eu Elvira Sanchiz offeyro o meu corpo ààs virtudes de
Sam Salvador do mônsteyro de Vayram, e offeyro con o meu corpo todo o herda-
mento que eu ey em Cantegàus e as tres quartas do padroadigo dessa eygleyga e todo
hu herdamento de Crexemil, assi us das sestas como rodo u outro herdamento: que
u aia o moensteiro de Vayram por en secula séculorum. Amen.
Fecta karta mense septembri era MCCXXXI. Menendus Sanchis testes. Stephanus
Suariz testes. Vermúú Ordoniz testes. Sancho Diaz testes. Gonsalvus Diaz testes.
Ego Gonsalvus Petri presbyter notavit.
BIBLIOGRAFIA
BÁSICA
BASSETTO, Bruno Fregni. Elementos de Filologia Românica: história externa das línguas. 2ª.
ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2005.
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COMPLEMENTAR
ILARI, Rodolfo. Lingüística românica. São Paulo: Ática, 1992.
MELO, Gladstone Chaves de. Iniciação à filologia e à lingüística portuguesa. Rio de Janeiro:
Acadêmica, 1981.
RESUMO DA ATIVIDADE
Nesta atividade, você aprendeu que a formação da România é decorrência do
percurso histórico do Império Romano e da língua latina; que o termo România surgiu
a partir de romanus, que formou o advérbio romanice, ou “à maneira ou costume roma-
no”, que, por sua vez, originou um novo advérbio, romance, que se aplicava a qualquer
texto ou composição escrita em uma das línguas vulgares. Você aprendeu também que,
modernamente, România se refere a toda área ocupada pelas línguas de origem latina.
Aprendeu, ainda, que, levando-se em conta as mudanças ocorridas no tempo e no espaço
relativas à abrangência dos territórios considerados românicos, distinguem-se três fases
na história da România: a România Antiga, a România Medieval e a România Moderna.
Em relação à história interna, você estudou, finalmente, as fases por meio das quais o
latim, em sua variedade vulgar, originou as línguas românicas: a fase latina, a fase romance
(intermediária) e a fase das línguas românicas modernas.
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O LATIM
VULGAR
a t i v i d a d e 3
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OBJETIVOS
Ao final desta atividade, você deverá ser capaz de
- saber o que é latim vulgar e as fontes para seu estudo;
- reconhecer as características do latim vulgar;
- conhecer as transformações no sistema vocálico e no sistema consonantal ocorridas
na passagem do latim clássico ao latim vulgar;
- conhecer os principais fatores responsáveis pela dialetação do latim vulgar.
A difusão dessa língua deve-se à conquista que seus falantes realizaram. Sabemos
que o sucesso e a propagação de uma língua estão diretamente relacionados ao sucesso
dos homens que a falam (cf. BOURCIEZ, 1956).
Como o latim vulgar era uma variedade de língua falada – não existia nenhum docu-
mento escrito nessa variedade –, para atestar sua existência recorremos às seguintes fontes:
a) inscrições populares gravadas em muros, paredes, monumentos, banheiros,
túmulos, etc. – as inscrições de Pompéia e de Herculano, cidades soterradas pela erupção
do Vesúvio em 79 d.C., são as mais importantes;
b) papiros antigos encontrados nas regiões áridas do Egito e Próximo Oriente –
eles continham produções literárias, documentos jurídicos, correspondências, glossários,
documentos militares e particulares;
c) gramáticos e mestres da retórica, que, ao atestarem a existência de uma varie-
dade “vulgar” da língua, defendiam o ideal da boa linguagem representado pelo latim
da urbs;
d) tratados técnicos em que os autores, não sendo literatos, usavam uma lingua-
gem com características populares para falarem sobre agricultura, arquitetura, medicina,
veterinária, culinária etc.;
e) relatos de peregrinações à Terra Santa, conhecidos pelo nome de Itineraria.
f) textos latinos tardios em que os autores, com fins estilísticos ou cômicos, acen-
tuavam o caráter popular presente, apenas, nas personagens do povo, dos textos latinos
do período clássico;
g) textos cristãos – quando a comunidade cristã aumentou, foi necessário adequar
os textos religiosos à língua que a maioria conhecia, o latim vulgar, e então sugiram várias
traduções da Bíblia, em linguagem adaptada aos destinatários, cristãos latinos incultos;
h) glossários – elencos de palavras ao lado das quais é posta outra, que a traduz
ou explica, da língua do leitor ao qual se destina (exemplos: pueros: infantes (“meninos”);
ictus: colpus (“golpe”);
i) elementos latinos identificados nas línguas dos povos com os quais os romanos
entraram em contato;
j) línguas românicas que herdaram e usam muitos vocábulos ainda documentados
por outras fontes.
Com os dados recolhidos por essas fontes foi possível reconstruir o latim vulgar.
acontece com qualquer língua em uso. Já o latim clássico era praticamente uma língua
morta. Restrita a determinados grupos. Esta variedade praticamente não sofria altera-
ções, ao contrário, tornava-se cada vez mais uniforme em
decorrência da característica estabilizadora da educação.
Fonologia
A língua aprendida nos colégios era o latim clássico ao
(do Grego phonos = voz/som e logos = pa-
lavra/estudo) qual o povo não tinha acesso.
É o ramo da Linguística que estuda o sistema
sonoro de um idioma. Esta é uma área muito De acordo com Williams (1975), não existem mui-
relacionada com a Fonética, mas as duas têm tos documentos que nos permitam um estudo rigoroso
focos de estudo diferentes. Enquanto a Foné- do latim vulgar. Poucas vezes as fontes são intencionais.
tica estuda a natureza física da produção e da
Na maioria das vezes, elas resultam da consulta a docu-
percepção dos sons da fala (chamados de fo-
nes), a Fonologia preocupa-se com a maneira mentos em que o latim vulgar aparece acidentalmente.
como eles se organizam dentro de uma lín- Assim, alguns dados apresentados por autores diversos
gua, classificando-os em unidades capazes de resultam de hipóteses que se construíram de fragmentos
distinguir significados, chamadas fonemas.
heterogêneos. Entretanto, é possível fazer uma breve ca-
Quantidade racterização, com base nesses estudos, do latim vulgar e
A quantidade (ou duração), no latim clássico,
do latim clássico no sentido de se evidenciar suas diferen-
era uma característica fonológica, ou seja, ca-
paz de distinguir palavras e morfemas grama- ças. Comecemos pelos aspectos fonético-fonológicos.
ticais: por exemplo, ŏs (o breve) = osso e ōs
(o longo) = boca.
Lexema Do latim clássico ao latim vulgar: o acento
Unidade do léxico de uma língua; item lexical;
Na fonologia, a perda da quantidade (ou duração)
palavra.
e sua substituição pelo acento intensivo, por exemplo,
Morfema
Elemento lingüístico mínimo que tem signi-
trouxe como conseqüência, entre outras, a redução das
ficado. dez vogais (as cinco longas e as cinco breves) a sete, seis
Oxítona ou cinco apenas, segundo as diversas regiões da românia,
Palavra cuja sílaba tônica é a última: Pará, com específicas evoluções posteriores.
tatu, avô. As palavras cuja sílaba tônica é a
penúltima ou a antepenúltima são chamadas No latim clássico o acento tônico era determinado
de paroxítonas ou proparoxítonas, respecti- pela quantidade (duração) das sílabas. De acordo com
vamente: dinheiro, emprego e pêssego, fós- a duração, as vogais (tanto as tônicas quanto as átonas)
foro.
podiam ser longas ou breves; as longas valiam por duas
Dissílabas breves. Pela quantidade os romanos distinguiam as signi-
Classificação das palavras quanto ao número
de sílabas: monossílabas (uma sílaba) - é, eu,
ficações lingüísticas, quer dos radicais (lexemas), quer dos
há, teu, sim, quais; Dissílabas (duas sílabas) sufixos ou flexões (morfemas). Assim, pela quantidade,
- me-sa, u-va, ma-nhã, ru-a, qual-quer; Tris- ŏs (ŏ breve – osso) diferia de ōs (ō longo – boca); rosă (a
sílabas (três sílabas) - a-ba-no, or-gu-lhar, rosa) diferia de rosā (com a rosa) .
ar-tis-ta, fu-ra-cão; Polissílabas (mais de três
sílabas) - so-bre-tu-do, an-ti-ga-men-te, in- Não havia oxítonos; os dissílabos eram paroxíto-
com-pre-en-sí-vel.
nos (fructum > fruto); os polissílabos tinham o acento
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na penúltima sílaba, se esta fosse longa (amīcum > amigo); e na antepenúltima sílaba,
se breve (arbŏre > árvore).
Latim clássico
• Palavras de duas sílabas têm acentuada a penúltima sílaba (hómo).
• Palavras que apresentam três ou mais sílabas têm acentuada a penúltima sílaba:
a) se for longa (amātur) ;
b) ou se apresentar ditongo (incāutum);
c) se for breve seguida de duas ou mais consoantes (intĕndo).
• Em palavras de três ou mais sílabas, a antepenúltima é acentuada se a penúltima for
breve (homĭnem > homem).
EXERCÍCIO
As questões abaixo servirão para você avaliar se está internalizando corretamente
as informações apresentadas até aqui. Elas tratam do conceito de latim vulgar, das dife-
renças entre este a o latim clássico e das fontes para o estudo do latim vulgar. Resolva-as
com atenção e discuta as respostas com o tutor, no próximo encontro presencial.
( ) “In oh tumolo regiescet in pace boné memorie Leo vixet annus XXXXXII transiet nono
Ids. Ohtuberes” – “Neste túmulo, Leo descansa na paz da boa memória; viveu 52
anos; faleceu no nono dia dos idos de outubro”.
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A diferença entre vogais no latim clássico era feita por meio do critério quantitativo
(longas e breves). Já no latim vulgar essa diferença era qualitativa, excetuando-se o caso
da vogal a, para a qual não se fazia diferença qualitativa.
De acordo com os estudos sobre o latim clássico, eram dez as vogais que compu-
nham esse sistema fonológico. Abaixo, podem-se caracterizar essas vogais observando-se
aspectos como anterioridade ou posterioridade, altura e quantidade.
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O quadro acima revela uma redução de dez para sete vogais. As combinações que
essas vogais apresentaram guardavam relação com a sua quantidade e sua ocorrência
tinha a ver com a posição em que se realizavam. Essas combinações que reduziram o
sistema fonêmico do latim tiveram impacto indiscutível sobre o timbre das vogais do
latim vulgar.
Quadro 03: As vogais do latim vulgar (posição pretônica), no início da palavra, perma-
neceram ou sofreram aférese. No meio da palavra, sofreram síncope .
ă /a/
ā ăpertum > aberto; ācume > gume
ĕ
/e/
ē
Sĕcūrum > seguro; Dēlĭcātum > delicado
ĭ
/i/
ī
Prīmārĭum > primeiro
ŏ
/o/
ō
Dŏrmīre > dormir; Plōrāre > chorar; Sŭperbĭam > soberba
ŭ
/u/
ū
Dūrāre > durar
Em posição átona final, esse quadro se reduziu ainda mais, ou seja, passou a ser com-
posto de três vogais: a (escrito a), i (escrito e) e u (escrito o)
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EXERCÍCIO
As questões abaixo o/a ajudarão a compreender as características do latim vulgar.
Por meio dele você vai fazer uma releitura do conteúdo apresentado até aqui mostrando
que aprendeu o comportamento do sistema vocálico na passagem do latim clássico ao
latim vulgar. Responda-as e, em caso de dúvidas, discuta-as com o tutor no próximo
encontro presencial.
1. Quantas vogais o latim clássico apresentava? Quais eram?
2. O que marcava a distinção fonológica das vogais no latim clássico? Dê exemplos.
3. Quantas vogais possuía o latim vulgar em posição pretônica? Dê exemplos.
No latim vulgar predominavam as oclusivas1 (/p/, /b/, /t/, /d/, /k/, /g/), grosso
modo, articulações que implicam uma obstrução num dado ponto do trato vocal. Além
dessas consoantes, o latim vulgar apresentava duas nasais (/m/, /n/), duas constritivas
(/f/, /s/) e duas líquidas (/r/, /l/).
1 Para detalhes sobre as características articulatórios desses sons, consultar Silva (1995).
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Quadro 05
Sistema fonológico latino
Oclusivas /p/ /b/ /t/ /d/ /k/ /g/
Constritivas /f/ /s/
Nasais /m/ /n/
/l/
Líquidas
/lh/
Adaptado de Camara Jr. (1985, p. 50)
Assim, em relação às oclusivas, ocorreu simetria nesse sistema. Isso se deu a partir
do surgimento da série de constritivas anteriores e posteriores antes não existentes no
sistema do latim vulgar, conforme se pode visualizar no quadro abaixo:
Quadro 06
Sistema fonológico latino/português
Oclusivas /p/ /b/ /t/ /d/ /k/ /g/
Constritivas /f/ (/v/) /s/ (/z/) (//) (//)
Nasais /m/ /n/ (/ŋ/)
/l/
Líquidas /r/ (/λ/)
(/r/)
Adaptado de Camara Jr. (1985, p. 50)
Como se pode notar, foram acrescentadas a esse quadro, na série das oclusivas, a
sonora labiodental /v/, a sibilante sonora /z/ e as médio-palatais /∫/ //, formando-se
a correspondência entre oclusivas e constritivas nas séries anteriores e posteriores.
EXERCÍCIO
Responda às questões abaixo de acordo com quadro 06 e, em caso de dúvidas,
discuta-as com o tutor no próximo encontra presencial.
Quadro 06
Sistema fonológico latino/português
Oclusivas /p/ /b/ /t/ /d/ /k/ /g/
Constritivas /f/ (/v/) /s/ (/z/) (//) (//)
Nasais /m/ /n/ (/ŋ/)
/l/
Líquidas /r/ (/λ/)
(/r/)
Adaptado de Camara Jr. (1985, p. 50)
Dialetação
Como já vimos, diferentemente do que alguns possam pensar, o latim que deu
origem às diferentes línguas românicas que temos atualmente não foi o latim clássico.
Assim, os romances e, posteriormente, as línguas românicas não vieram da língua de
Virgílio, Horácio, Cícero, ensinada em ginásios e colégios. Antes, derivaram do latim
vulgar, a língua viva que era praticada pelo povo romano e pelos povos vizinhos.
O latim falado pelo povo romano não era uniforme, mas apresentava formas
bastante diversificadas. Isso é comumente verificado em uma língua viva. Por exemplo, a
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fala do Pará não é igual à fala do Rio de janeiro, de São Paulo, do Rio Grande do Sul e de
muitos outros Estados do Brasil. Se diminuirmos as distâncias entre os estados citados,
ainda assim veremos que há diferença mesmo entre estados da região Norte e da região
Nordeste. Diminuindo ainda mais as distâncias geográficas e culturais, perceberemos que
existem diferenças na maneira de falar de pessoas que moram num mesmo estado ou
numa mesma cidade. E, dentro de um mesmo município, há diferenças em relação aos
usos lingüísticos, maneira de falar da zona rural e da zona urbana, embora se saiba que
em todos esses espaços se fala a língua portuguesa ou dialetos, variações dessa língua.
De acordo com Melo (1957), até o terceiro século o latim apresentava certa uni-
dade. Depois desse período, sofreu modificações significativas que impediam que seus
falantes se comunicassem sem a ausência de obstáculos na comunicação. Mas o que
teria contribuído, você poderia perguntar, para que essas línguas, todas derivadas do
latim, apresentem hoje formas tão diferentes, ao ponto de um falante do francês não
compreender, por exemplo, o que diz um falante do português e vice-versa?
Pode-se dizer que vários fatores contribuíram para isso. Não se pode, mesmo
hoje, uma época em já se acumularam diversas informações sobre a história do romance,
determinar com clareza a hierarquia de atuação desses fatores,
mas é possível, com certeza, apontar aqueles que contribuíram
Romance
Cada uma das variedades surgidas da de forma significativa para essa diferenciação.
evolução do latim vulgar falado pelas
populações que ocupavam as diversas
Três aspectos são uniformemente apontados pelos
regiões da România, e que se consti- estudiosos do romance e das línguas românicas como desenca-
tuiu na fase preliminar de uma língua deadores dialetais do latim vulgar: diferenciação cronológica,
românica. diversidade do substrato e quebra da unidade política.
Diferenciação cronológica
A diferenciação cronológica tem a ver com o aspecto histórico. Como se sabe, os
povos dominados pelo poder romano tiveram de se sujeitar ao latim vulgar. O dominado,
assim, teve de usar a língua do dominador. O latim recebido pelos primeiros colonizados
obviamente não era o mesmo que foi recebido pelos povos colonizados numa época
mais ulterior, dada a dinamicidade que as línguas naturalmente apresentam. Para Sapir
(1921), elas apresentam uma espécie de deriva que as leva aonde elas devem ir.
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61
Povos colonizados no século XVI recebem um latim bem diferente do que é re-
cebido pelos povos colonizados no século XX, podendo-se afirmar que o componente
histórico atuou significativamente na dialetação do latim. En-
tretanto, esse aspecto, sozinho, não é suficiente para explicar
o complexo processo de formação das línguas românicas. Substrato
Mattoso Câmara Junior, em seu Dicio-
Vamos, então, ao estudo de outros fatores.
nário de Lingüística e Gramática, apre-
senta as seguintes definições:
a) substrato - nome que se dá à lín-
Diversidade do substrato gua de um povo que é abandonada em
proveito de outra que a ela se impõe,
Como foi dito anteriormente, os povos colonizados geralmente como conseqüência de uma
pelo império romano tiveram de submeter-se ao uso do latim conquista política;
vulgar, a língua do dominador. Mas isso não aconteceu sem b) superstrato - nome que se dá à lín-
que os povos dominados imprimissem a essa língua as marcas gua de um povo conquistador, que a
abandona para adotar a língua do povo
de sua língua.
vencido;
Vários e diferentes povos foram colonizados pelo im- c) adstrato - toda língua que vigora ao
pério romano. Uma forma de Roma manifestar seu poderio lado de outra (bilingüismo), num territó-
rio dado, e que nela interfere como ma-
era estabelecer a obrigatoriedade do uso de sua língua pelos
nancial permanente de empréstimos.
diferentes povos conquistados. Como não podiam resistir-
lhe, submeteram-se ao uso, mas trouxeram marcas de sua
antiga língua para sua nova língua2. Sendo assim, os colonizados trouxeram seus hábitos
lingüísticos para sua nova língua, o que contribuiu para a formação de romances que
apresentavam características diferentes, visto que as interferências eram diferentes, pois
os traços lingüísticos das línguas apresentam similaridades, mas, também, diferenças. Por
exemplo, o francês apresenta alguns fonemas que o inglês não tem.
2 Isso, atualmente, é evidente em Angola. Nesse país a língua oficial é a Portuguesa, também chamada de
angolano porque por apresentar muitas semelhanças com diferentes dialetos angolanos dada as interferências
que sofreu.
62
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É isso que faz com que tenhamos realizações com acentos (sotaques) diferentes3. Isso
significa dizer que o latim vulgar era diferente em cada espaço dominado, sua identidade
dependia de cada povo colonizado.
Mas você poderia ainda questionar: se o latim sofria modificações que decorriam
da presença do acento da língua mãe dos colonizados, então os indivíduos que nasciam
tendo como língua mãe o latim não deveriam falar o latim de Roma? Não deveriam,
assim, contribuir para a unidade dessa língua?
Há um aspecto que deve ser explicitado para melhor entendimento dessa ques-
tão. Ele guarda relação com o tempo. Esses indivíduos, quando nasceram, já tiveram
contato com uma língua modificada, alterada pela interferência da língua materna dos
colonizados. Assim, a língua que aprenderiam não era o latim puro, mas aquele repleto
de alterações impressas pelos seus transgressores.
3 Se adotarmos um ponto de vista sociolingüístico, poderemos ensaiar dizer que essas realizações poderiam se
constituir uma forma de esses falantes marcarem sua identidade mesmo inconscientemente. Já do ponto de vis-
ta estritamente articulatório, podemos afirmar que um falante, ao aprender uma nova, necessariamente trata seu
acento quando de sua fala, pois seu aparelho fonador, seu trato vocal não está preparado para realizar sons que não
existiam em sua língua.
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63
EXERCÍCIO
Responda às questões abaixo. Em alguns momentos, será necessário que você faça
uso dos conhecimentos prévios sobre o que seja uma língua. Comente as suas respostas
com o tutor no próximo encontro presencial.
1. O que você entende por língua morta?
2. Você acredita que o latim é uma língua morta ou uma língua que permanece viva por
meio das línguas românicas? Justifique.
3. Selecione uma das três principais causas apontadas no texto para a existência de di-
ferentes línguas românicas e comente-a.
4. De acordo com o texto, como o substrato e o superstrato interferiram na formação
de línguas românicas tão diferentes?
5. A língua francesa, diferentemente da língua portuguesa, não apresenta o fonema /3/.
Dê exemplo de um fonema que existe em outra língua latina e não existe no português.
6. O texto afirma que a educação é responsável, de certa forma, pela unidade lingüística.
Você concorda com isso? Justifique.
LEITURA COMPLEMENTAR
Para finalizar a atividade 3, apresentamos abaixo um fragmento da terceira parte
do livro Lingüística Românica, do professor Rodolfo Ilari (1992, p. 57-61). Com a sua lei-
tura você vai conhecer o que chamamos de sociolingüística do latim vulgar. O professor
Ilari apresenta alguns esclarecimentos que o/a ajudará a saber o que são exatamente o
latim vulgar e o latim literário.
15
Língua Latina
2 A literatura latina
Segundo a antiga tradição, Roma foi fundada em 753 a.C., e é desta
data até 240 a.C., ano do começo da influência helênica, que se situa o
primeiro período da literatura latina, chamado das origens. De caráter
rudimentar e marcadas por pouca preocupação estética, destacam-se as
seguintes produções:
16
Considerações gerais sobre a língua latina Unidade A
c) A Lei das XII Tábuas;
d) Versos fesceninos;
e) Atelanas.
1) Poesia
2) Prosa
1) Poesia
17
Língua Latina
2) Prosa
1) Poesia
2) Prosa
18
Considerações gerais sobre a língua latina Unidade A
1) Poesia
2) Prosa
d) Direito: Gaio (II séc.); Ulpiano (?-225); Paulo (III séc.); Mo-
destino (204?-280?);
3 O alfabeto latino
O alfabeto que as línguas neolatinas utilizam para a grafia de suas
palavras é uma adaptação do alfabeto latino. Este, por sua vez, tem sua
origem mais remota no alfabeto fenício (cujos registros mais antigos da-
tam do séc. XI a.C.), que serviu de base à constituição do alfabeto grego,
por volta do séc. X a.C., o qual foi utilizado pelos etruscos (habitantes da
Etrúria, ao norte do Lácio, atual região italiana da Toscana), com adap-
tações à sua língua, por volta do séc. VIII a.C. Foi deste alfabeto etrusco,
de origem fenícia e alterado pelos gregos, que os latinos desenvolveram
a sua forma de escrita, o alfabeto latino, composto de 21 letras:
19
Língua Latina
A B C D E F G H I K L M N O P Q R STV X
20
Considerações gerais sobre a língua latina Unidade A
Há sílabas que são longas por natureza. São sílabas que contém:
5 A tonicidade
a) Átonos são em geral os monossílabos, como as preposições,
as conjunções e algumas partículas interrogativas (ad, cur, per,
etc.). Apóiam-se foneticamente na palavra que as segue;
Animus
21
Língua Latina
6 A pronúncia do latim
Há três práticas de pronúncia do latim possíveis no Brasil e em
Portugal, denominadas: 1) portuguesa; 2) romana; e 3) reconstituída.
22
Considerações gerais sobre a língua latina Unidade A
I – Como na palavra ira (/i/);
ӲӲ Semivogais
ӲӲ Consoantes
K – Pronuncia-se como C;
23
Língua Latina
Z – Pronuncia-se DZ (/dz/).
24
Língua Latina I
37 Pronomes demonstrativos
Os pronomes demonstrativos são os que localizam (este, esse, aque-
le) ou identificam (mesmo, próprio, tal) o substantivo (Almeida, 1979).
Em latim, são seis os demonstrativos (e não fazem o caso vocativo):
114
A 4ª declinação, os pronomes demonstrativos, e o verbo sum Unidade K
c) ille, illa, illud – aquele, aquela, aquilo
O pai visitou seu (do pai) amigo; seu (dele, do pai) amigo está doente.
115
Língua Latina I
Exercícios
116
A 4ª declinação, os pronomes demonstrativos, e o verbo sum Unidade K
2) Retire do texto em Latim os pronomes que podem caracterizar os
gêneros na gramática do Português atual.
117
Língua Latina I
Vocabulário
amor, -oris 3m. amor, afeição
aquila, ae 1f. águia
Catilina, ae 1m. Catilina (nome próprio masculino)
cenum, i 2n. lama, lodo, porcaria, esterco
communis, e comum
dicitur (3ª pes. sing., pres. do ind., voz pass., do verbo dico, -is, -ere, dixi, dictum)
diz-se, é dito
dispositio, -onis, 3f. disposição, arranjo
dubius, a, um dúbio, duvidoso, incerto
epicoenus, -a, -um ou -on (adj.) epiceno (os nomes que sob a mesma forma desig-
nam ambos os sexos)
femininus, a, um feminino
genus, -eris, 3n. gênero
masculinus, a, um masculino
mens, mentis 3f. mente, espírito, alma, razão, inteligência
minuitur verbo minuo, -is, -i, -utum, - uere diminuir, reduzir
Musa, ae 1f. Musa
muto, -as, -aui, -atum, -are mudar, alterar
neuter, -tra, -trum neutro
nomen, -inis, 3n. nome
nosco, -is, -ere, noui, notum conhecer, saber
omnis, e todo, tudo
patria, ae 1f. pátria
passer, -eris, m pardal
pluralis, e plural
praeterea (adv.) além disso
praeterea trium além dos três
promiscuus, -a, -um, adj. promíscuo, comum, usado em comum
quae (pron. interr. neutro plural) quais?
quattuor quatro
qui (pron. interrogativo) quais?
qui (pron. relativo) quem, que
quot (pron. interrogativo) quanto(s)?
ratio, -onis, f. razão, juízo, bom senso
res, rei 5f. coisa, assunto, matéria
sacerdos, -otis 3m.f. sacerdote, sacerdotisa
scamnum, -i, 2n. tamborete, banco
singularis, e singular, único
tres, tres, tria três
ubi (adv.) onde
118
A 4ª declinação, os pronomes demonstrativos, e o verbo sum Unidade K
38 Verbo esse e seus compostos
Conhecemos o presente do indicativo do verbo de ligação sum (ser,
estar) ao estudarmos o capítulo 14. Por ter o português assumido dele
muitas de suas funções e grande similaridade nas formas, não nos traz
dificuldades seu estudo.
esse
Indicativo Imperativo
su-m sou
es es sê
es-t
Presente su-mus
es-tis es-te sede
su-nt
er-a-m era
er-a-s
er-a-t
Pretérito Imperfeito er-a-mus
er-a-tis
er-a-nt
er-o serei (for)
er-i-s
er-i-t
Futuro do Presente er-i-mus
er-i-tis
er-u-nt
fu-i fui, tenho sido
fu-isti
fu-it
Pretérito Perfeito fu-imus
fu-istis
fu-erunt
119
Língua Latina I
120
A 4ª declinação, os pronomes demonstrativos, e o verbo sum Unidade K
posse
Indicativo Subjuntivo
pos-su-m eu posso pos-si-m eu possa
pot-es pos-si-s
pot-es-t pos-si-t
Presente pos-su-mus pos-si-mus
pot-es-tis pos-si-tis
pos-su-nt pos-si-nt
pot-er-o eu poderei
pot-eri-s
pot-eri-t
Futuro do Presente pot-eri-mus
pot-eri-tis
pot-eru-nt
121
Língua Latina I
Exercícios
1) Traduza:
DE CAESARE
Caesar imperator magnus et scriptor clarus Romanorum fuit. Postquam
consul fuit, per multos annos cum bellicosis Galliae populis pugnauit. Co-
pias Gallorum multis proeliis superauit. Etiam cum Germanis certauit.
Magnus erat numerus Germanorum, sed Caesari Germani terrorem non
parabant. Magno proelio Caesar equites et pedites Germanorum fugauit.
Etiam in siluas Germaniae penetrauit agrosque Germanorum uastauit.
Militibus suis Caesar magna proemia donabat. Milites imperatorem suum
ualde amabant. Arma Caesaris semper prospera fuerunt. Etiam Pompeius
clarus imperator Romanorum fuit. Initio Pompeius amicus Caesaris fuit;
postea autem inter Caesarem et Pompeium magna discordia fuit.
(Berge, 1978)
122
A 4ª declinação, os pronomes demonstrativos, e o verbo sum Unidade K
c) Inter meam domum et tuam interest flumen.
Qual é a regra geral de uso dos verbos derivados de sum? Utilize a frase
acima para exemplificar. Cite mais cinco verbos que seguem a mesma regra.
Vocabulário
agrosque (ager, agri 2m. campo + que = et conjunção e) e os campos
alter, a, um outro
arma, -orum 2n. pl. armas, exército
autem (conj.) porém, no entanto
bellicosus, a, um belicoso, guerreiro
certo, -as, -are, -aui, -atum lutar, combater
cras (adv.) amanhã
clarus, a, um brilhante, famoso, ilustre
coniecto, -as, -are, -aui, -atum presumir, concluir, adivinhar
copiae, -arum 1f. pl. tropas, forças militares
domus, i 2f. casa
eques, equites 3m. cavaleiro
equites, equitum 3m. pl. cavalaria
ergo (conj.) portanto, logo
etiam (conj.) além disso, ainda, também
faustus, a, um feliz, bom, propício
flumen, -inis 3n. rio
fugo, -as, -are, -aui, -atum afugentar, afastar
initium, -i 2n. começo, início
miles, -itis 3m. soldado, militar
nox, nocis 3f. noite
paro, -as, -are, -aui, -atum causar, preparar
pedites, -um 3m. pl. infantaria
postea (adv.) depois, em seguida
proelium, -i 2n. combate, batalha
proemium, -i 2n. prêmio
postquam (conj.) depois que
pugno, -as, -are, aui, -atum combater, travar batalha
ualde (adv.) muito
uasto, -as, -are, aui, -atum devastar, destruir
urbs, urbis 3f. cidade
123
Língua Latina I
124
Referências
Referências
Bibliografia básica
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática latina. 24. ed. Rio de Ja-
neiro: Saraiva, 1992.
A gramática do Napoleão continua sendo uma das melhores gramáticas
de língua latina produzidas no Brasil, bem como um manual didático de
abordagem estruturalista.
SARAIVA, F. R. dos Santos. Novíssimo dicionário latino-português. 10.
ed. Rio de Janeiro: Livraria Garnier, 1993.
Saraiva é um dos melhores dicionários do Ocidente. Esperamos, contudo, que
algum dia se faça uma atualização do mesmo.
Bibliografia complementar
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portu-
guesa. 28. ed. São Paulo: Saraiva, 1979.
A gramática do Napoleão continua sendo uma das melhores gramáticas
de língua latina produzidas no Brasil, bem como um manual didático de
abordagem estruturalista.
BERGE, Fr. Damião et al. Ars latina. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1973.
Tomo IV gramática.
______. Ars latina. 19. ed. Petrópolis: Vozes, 1978. Tomo I.
A gramática editada pela Vozes é dirigida tanto a iniciantes quanto a ini-
ciados na língua latina. É bastante clara em questões complexas, e apro-
fundada mesmo nas simples.
BESSELAAR, José van den. Propylaeum latinum. São Paulo: Herder,
1960. Vol. I: sintaxe latina superior.
CÂMARA, J. Mattoso. Dicionário de lingüística e gramática. 11. ed. Pe-
trópolis: Vozes, 1984.
CARDOSO, Zélia de Almeida. Iniciação ao latim. São Paulo: Ática,
1989.
Este pequeno livro de Zélia de Almeida Cardoso é sucinto e objetivo, diri-
gido aos iniciantes na língua latina.
CART, A. et al. Gramática latina. Tradução e adaptação de Maria Evan-
gelina V. N. Soeiro. São Paulo: Edusp, 1986.
A gramática de Cart et al. é uma gramática intermediária, concisa, con-
cebida para um uso rápido e fácil.
125
Língua Latina I
126
Referências
Crédito das Imagens
Capa
Coliseu em Roma, Itália.
Fonte: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_-avfDo2jKpk/TTsa-
o71cIkI/AAAAAAAAAjk/GsByVPmRXO4/s1600/coliseu.jpg>. Acesso
em: 17 set. 2011.
Mapa – O Império Romano: as conquistas de Otávio Augusto.
Fonte: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/com-
mons/7/76/Augusto_30aC_-_6dC_55%25CS_jpg.JPG>. Acesso em: 13
set. 2011.
Unidade A
Retrato de Paquius Proculus e sua esposa, afresco de Pompeia, Itália (sé-
culo I d.C.).
Fonte: Museu Arqueológico Nacional de Nápoles (Itália). Disponível
em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/85/Meister_
des_Portr%C3%A4ts_des_Paquius_Proculus_001.jpg>. Acesso em: 13
set. 2011.
Unidade B
Forum Romanum em Roma, Itália.
Fonte: Foto de Stefan Bauer. Disponível em: <http://upload.wikimedia.
org/wikipedia/commons/5/5a/Forum_Romanum_Rom.jpg>. Acesso
em: 13 set. 2011.
Unidade C
Via Appia em Roma, Itália.
Fonte: Foto de MM. Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wi-
kipedia/commons/d/d5/RomaViaAppiaAntica03.JPG>. Acesso em: 13
set. 2011.
Unidade D
Templum Romanum (La Maison Carrée), Nimes, França.
Fonte: Foto de Jonathan Marcialis. Disponível em: <http://upload.wi-
kimedia.org/wikipedia/commons/9/93/Maison_Carr%C3%A9e_Ni-
mes-2007-10-23.jpg>. Acesso em: 13 set. 2011.
127
Língua Latina I
Unidade E
Templo de Diana: localizado em Évora, Portugal, foi construído por volta
do século III a.C. para homenagear o Imperador Romano César Augusto.
Fonte: Disponível em: < http://f5pelomundo.files.wordpress.
com/2009/04/templo-diana-ok.jpg>. Acesso em: 13 set. 2011.
Unidade F
Arco de Tito em Roma, Itália.
Fonte: ARTE Grega e Romana. In: ENCICLOPÉDIA Multimídia da Arte
Universal. Barueri, SP: AlphaBetum; Videolar, 1996. V.2. 1 CD-ROM.
Unidade G
Teatro Romano em Mérida, Espanha.
Fonte: Foto de Hakan Svensson. Disponível em: <http://upload.wiki-
media.org/wikipedia/commons/1/16/Merida_Roman_Theatre2.jpg>.
Acesso em: 13 set. 2011.
Unidade H
Casa Romana: Peristylium – Casa della Venere em Conchiglia, Pompeia,
Itália.
Fonte: Disponível em: <http://thearcheology.files.wordpress.
com/2010/06/peristyle-casa-della-venere-in-conchiglia-em-pompeia-
-italia.jpg>. Acesso em: 13 set. 2011.
Unidade I
Boca da Verdade (Bocca della verita) em Roma, Itália.
Fonte: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_NJ8Oeg8b1v4/
SK92ICKmDtI/AAAAAAAAAZQ/kANV8khNO9Y/s1600-h/boca+da
+verdade+bocca+della+verita+roma.jpg>. Acesso em: 13 set. 2011.
Unidade J
Arco da Tetrarquia, Sbeitla, Tunísia.
Fonte: Foto de Bernard Gagnon. Disponível em: <http://en.wikipedia.
org/wiki/File:Sbeitla_10.jpg>. Acesso em: 13 set. 2011.
Unidade K
Aqueduto romano do século I em Segóvia, Espanha.
Fonte: Foto de Marco Rogério Ferraz Jr. Disponível em: < http://1.
bp.blogspot.com/-jZ_UjbK6URk/TdLqmramPrI/AAAAAAAAA9s/
gRwkoZnFFFg/s1600/IMG_2287+a.jpg>. Acesso em: 13 set. 2011.
128
Conjugações
129
Língua Latina I
130
Conjugações
Formas Nominais do Verbo
Infinitivo Particípio
Presente lauda-re louvar lauda-ns, ntis louvando
Pretérito laudau-isse ter louvado
laudat-urum, am, um; os, as, a esse laudat-urus, a, um que louvará, que vai louvar, que está
Futuro
haver de louvar para louvar
Gerúndio Supino
-----
gen. lauda-nd-i do louvar 1. laudat-um para louvar
dat. lauda-nd-o ao louvar 2. laudat-u para louvar
ac. ad lauda-nd-um para o louvar
abl. lauda-nd-o pelo louvar
131
Língua Latina I
132
Conjugações
70 Conjugação em –e– (2ª) : dele-re
Ativa Indicativo Subjuntivo Imperativo
dele-o destruo dele-a-m destrua
dele-s dele-a-s dele destrói
dele-t dele-a-t
Presente dele-mus dele-a-mus
dele-tis dele-a-tis dele-te destruí
dele-nt dele-a-nt
dele-ba-m destruía dele-re-m destruísse,
dele-ba-s dele-re-s destruiria
Pretérito Imperfei- dele-ba-t dele-re-t
to dele-ba-mus dele-re-mus
dele-ba-tis dele-re-tis
dele-ba-nt dele-re-nt
dele-b-o destruirei dele-to destrói,
dele-bi-s destrua ele
dele-bi-t
Futuro do Presente dele-bi-mus dele-tote destruí
dele-bi-tis dele-nto destruam eles
dele-bu-nt
deleu-i destruí, tenho deleu-eri-m tenha
deleu-isti destruído deleu-eri-s destruído
deleu-it deleu-eri-t
Pretérito Perfeito deleu-imus deleu-eri-mus
deleu-istis deleu-eri-tis
deleu-erunt deleu-eri-nt
deleu-era-m destruíra, deleu-isse-m tivesse
deleu-era-s tinha deleu-isse-s (teria)
Pretérito Mais-que- deleu-era-t destruído deleu-isse-t destruído
-Perfeito deleu-era-mus deleu-isse-mus
deleu-era-tis deleu-isse-tis
deleu-era-nt deleu-isse-nt
deleu-er-o terei (tiver)
deleu-eri-s destruído
deleu-eri-t
Futuro do Pretérito deleu-eri-mus
deleu-eri-tis
deleu-eri-nt
133
Língua Latina I
Gerúndio Supino
-----
gen. dele-nd-i do destruir 1. delet-um para destruir
dat. dele-nd-o ao destruir 2. delet-u para destruir
ac. ad dele-nd-um para o destruir
abl. dele-nd-o pelo destruir
134
Conjugações
fora destruído, tinha sido tivesse (teria) sido des-
destruído truído
delet-us, a, um eram delet-us, a, um essem
Pretérito Mais-que- eras esses
-Perfeito erat esset
delet-i, ae, a eramus delet-i, ae, a essemus
eratis essetis
erant essent
terei sido destruído
delet-us, a, um ero
eris
erit
Futuro do Pretérito
delet-i, ae, a erimus
eritis
erunt
135
Língua Latina I
136
Conjugações
Formas Nominais do Verbo
Infinitivo Particípio
Presente leg-e-re ler leg-e-ns, ntis lendo
Pretérito leg-isse ter lido
lect-urum, am, um; os, as, a esse haver de ler lect-urus, a, um que lerá, que vai ler, que está
Futuro para ler
Gerúndio Supino
-----
gen. leg-e-nd-i do ler 1. lect-um para ler
dat. leg-e-nd-o ao ler 2. lect-u para ler
ac. ad leg-e-nd-um para o ler
abl. leg-e-nd-o pelo ler
137
Língua Latina I
138
Conjugações
72 Conjugação em –i– (4ª): audi-re
Ativa Indicativo Subjuntivo Imperativo
audi-o ouço audi-a-m ouça
audi-s audi-a-s audi ouve
audi-t audi-a-t
Presente audi-mus audi-a-mus
audi-tis audi-a-tis audi-te ouvi
audi-u-nt audi-a-nt
audi-e-ba-m ouvia audi-re-m ouvisse,
audi-e-ba-s audi-re-s (ouviria)
audi-e-ba-t audi-re-t
Pretérito Imperfeito audi-e-ba-mus audi-re-mus
audi-e-ba-tis audi-re-tis
audi-e-ba-nt audi-re-nt
audi-a-m ouvirei
audi-e-s audi-to ouve, ouça ele
audi-e-t
Futuro do Presente audi-e-mus
audi-e-tis audi-tote ouvi
audi-e-nt audi-u-nto ouçam eles
ouvi, tenho ouvido tenha ouvido
audiu-i audiu-eri-m
audiu-isti audiu-eri-s
Pretérito Perfeito audiu-it audiu-eri-t
audiu-imus audiu-eri-mus
audiu-istis audiu-eri-tis
audiu-erunt audiu-eri-nt
ouvira, tinha ouvido tivesse (teria) ouvido
audiu-era-m audiu-isse-m
audiu-era-s audiu-isse-s
Pretérito Mais- audiu-era-t audiu-isse-t
que-Perfeito audiu-era-mus audiu-isse-mus
audiu-era-tis audiu-isse-tis
audiu-era-nt audiu-isse-nt
terei (tiver) ouvido
audiu-er-o
audiu-eri-s
Futuro do Pretérito audiu-eri-t
audiu-eri-mus
audiu-eri-tis
audiu-eri-nt
139
Língua Latina I
Gerúndio Supino
-----
gen. audi-e-nd-i do ouvir 1. audit-um para ouvir
dat. audi-e-nd-o ao ouvir 2. audit-u para ouvir
ac. ad audi-e-nd-um para o ouvir
abl. audi-e-nd-o pelo ouvir
140
Conjugações
fora lido, tinha sido ouvido tivesse (teria) sido ouvi-
audit-us, a, um eram do
eras audit-us, a, um essem
Pretérito Mais-que- erat esses
-Perfeito audit-i, ae, a eramus esset
eratis audit-i, ae, a essemus
erant essetis
essent
terei sido ouvido
audit-us, a, um ero
eris
Futuro do Pretérito erit
audit-i, ae, a erimus
eritis
erunt
141
Língua Latina I
Depoentes
73 Conjugação em –a– (1ª): mina-ri
Indicativo Subjuntivo Imperativo
min-o-r ameaço min-e-r eu ameace
mina-ris min-e-ris mina-re ameaça
mina-tur min-e-tur
Presente mina-mur min-e-mur
mina-mini min-e-mini mina-mini ameaçai
mina-ntur min-e-ntur
mina-ba-r ameaçava mina-re-r se eu ameaçasse
mina-ba-ris mina-re-ris
mina-ba-tur mina-re-tur
Pretérito Imperfeito mina-ba-mur mina-re-mur
mina-ba-mini mina-re-mini
mina-ba-ntur mina-re-ntur
mina-bo-r ameaçarei
mina-be-ris mina-tor ameaça tu
mina-bi-tur ameace ele
Futuro do Presente mina-bi-mur
mina-bi-mini
mina-bu-ntur mina-ntor ameacem
ameacei,tenho ameaçado tenha ameaçado
minat-us, a, um sum minat-us, a, um sim
es sis
Pretérito Perfeito est sit
minat-i, ae, a sumus minat-i, ae, a simus
estis sitis
sunt sint
ameaçara, tinha ameaçado tivesse (teria) ameaçado
minat-us, a, um eram minat-us, a, um essem
eras esses
Pretérito Mais- erat esset
que-Perfeito minat-i, ae, a eramus minat-i, ae, a essemus
eratis essetis
erant essent
tiver (terei) ameaçado
minat-us, a, em ero
eris
Futuro do Pretérito erit
minat-i, ae, a erimus
eritis
erunt
142
Conjugações
Formas Nominais do Verbo
Infinitivo Particípio Gerundivo
Presente mina-ri ameaçar mina-ns, ntis ameaçando
minat-us, a, um esse ter minat-us, a, um ameaçado
Pretérito
ameaçado
minat-urum, am, um; os, as, minat-urus, a, um que está mina-nd-us, a, um que deve ser
Futuro
a esse haver de ameaçar para ameaçar ameaçado
143
Língua Latina I
prometia se eu prometesse
pollice-ba-r pollice-re-r
pollice-ba-ris pollice-re-ris
Pretérito Imperfeito pollice-ba-tur pollice-re-tur
pollice-ba-mur pollice-re-mur
pollice-ba-mini pollice-re-mini
pollice-ba-ntur pollice-re-ntur
pollice-bo-r prometerei
pollice-be-ris pollice-tor promete tu
pollice-bi-tur prometa ele
Futuro do Presente pollice-bi-mur
pollice-bi-mini
pollice-bu-ntur pollice-ntor prometam eles
terei prometido
pollicit-us, a, um ero
eris
Futuro do Pretérito erit
pollicit-i, ae, a erimus
eritis
erunt
144
Conjugações
Formas Nominais do Verbo
Infinitivo Particípio Gerundivo
Presente pollice-ri prometer pollice-ns, ntis prometendo
pollicit-us, a, um esse ter pollicit-us, a, um
Pretérito
prometido prometido
pollicit-urum, am, um; os, pollicit-urus, a, um que pollice-nd-us, a, um que
Futuro
as, a esse haver de prometer está para prometer deve ser prometido
145
Língua Latina I
146
Conjugações
Formas Nominais do Verbo
Infinitivo Particípio Gerundivo
Presente loqu-i falar loqu-e-ns, ntis falando
locut-us, a, um esse ter locut-us, a, um falado
Pretérito
falado
locut-urum, am, um; os, as, locut-urus, a, um que loqu-e-nd-us, a, um que
Futuro
a esse haver de falar está para falar deve ser falado
147
Língua Latina I
terei mentido
mentit-us, a, um ero
eris
Futuro do Pretérito erit
mentit-i, ae, a erimus
eritis
erunt
148
Conjugações
Formas Nominais do Verbo
Infinitivo Particípio Gerundivo
Presente menti-ri mentir menti-e-ns, ntis mentindo
mentit-us, a, um esse mentit-us, a, um mentido
Pretérito
ter mentido
mentit-urum, am, mentit-urus, a, um que menti-e-nd-us, a, um que deve ser
Futuro um; os, as, a esse está para mentir mentido
haver de mentir
149
Língua Latina I
Irregulares
pos-se
Indicativo Subjuntivo Imperativo
pos-sum eu posso pos-sim eu possa
pot-es pos-sis mina-re ameaça
pot-est pos-sit
Presente pos-sumus pos-simus
pot-estis pos-sitis mina-mini ameaçai
pos-sunt pos-sint
pot-era-m eu podia pos-sem eu pudesse,
pot-era-s poderia
pot-era-t pos-ses
Pretérito Imperfeito pot-era-mus pos-set
pot-era-tis pos-semus
pot-era-nt pos-setis
pos-sent
pot-er-o eu poderei
pot-eri-s mina-tor ameaça tu
pot-eri-t ameace ele
Futuro do Presente pot-eri-mus
pot-eri-tis
pot-eru-nt mina-ntor ameacem
potu-i pude, tenho podi- potu-eri-m tenha po-
do dido
potu-isti potu-eri-s
Pretérito Perfeito potu-it potu-eri-t
potu-imus potu-eri-mus
potu-istis potu-eri-stis
potu-erunt potu-eri-nt
150
Conjugações
Formas Nominais do Verbo
Infinitivo
Presente posse poder
Pretérito potu-isse ter podido
fer-re
Ativa Indicativo Subjuntivo Imperativo
fer-o levo fer-a-m leve
fer-s fer-a-s fer leva
fer-t fer-a-t
Presente fer-i-mus fer-a-mus
fer-tis fer-a-tis fer-te levai
fer-u-nt fer-a-nt
fer-e-ba-m levava fer-re-m levasse, levaria
fer-e-ba-s fer-re-s
fer-e-ba-t fer-re-t
Pretérito Imperfeito fer-e-ba-mus fer-re-mus
fer-e-ba-tis fer-re-tis
fer-e-ba-nt fer-re-nt
fer-a-m levarei
fer-e-s fer-to leva
fer-e-t
Futuro do Presente fer-e-mus
fer-e-tis fer-tote levai
fer-e-nt
tul-i levei, tenho levado tul-eri-m tenha levado
tul-isti tul-eri-s
tul-it tul-eri-t
Pretérito Perfeito tul-imus tul-eri-mus
tul-istis tul-eri-tis
tul-erunt tul-eri-nt
tul-era-m levara, tinha tul-isse-m tivesse (teria)
tul-era-s levado tul-isse-s levado
Pretérito Mais- tul-era-t tul-isse-t
que-Perfeito tul-era-mus tul-isse-mus
tul-era-tis tul-isse-tis
tul-era-nt tul-isse-nt
tul-er-o terei (tiver)
tul-eri-s levado
tul-eri-t
Futuro do Pretérito tul-eri-mus
tul-eri-tis
tul-eri-nt
151
Língua Latina I
Gerúndio Supino
-----
gen. fer-e-nd-i de levar 1. lat-um para ler
dat. fer-e-nd-o ao levar 2. lat-u para ler
ac. ad fer-e-nd-um para o levar
abl. fer-e-nd-o pelo levar
152
Conjugações
fora levado, tinha sido tivesse (teria) sido levado
levado
lat-us, a, um eram lat-us, a, um essem
Pretérito Mais- eras esses
que-Perfeito erat esset
lat-i, ae, a eramus lat-i, ae, a essemus
eratis essetis
erant essent
terei sido levado
lat-us, a, um ero
eris
erit
Futuro do Pretérito
lat-i, ae, a erimus
eritis
erunt
153
Língua Latina I
Presente Futuro
nol-i não queiras nol-i-to não queiras, não queira
Imperativo
nol-i-te não queirais nol-i-tote não queirais
i-re
Indicativo Subjuntivo Imperativo
e-o vou e-a-m vá
i-s e-a-s i vai
i-t e-a-t
Presente i-mus e-a-mus
i-tis e-a-tis i-te ide
e-u-nt e-a-nt
i-ba-m ia i-re-m fosse
i-ba-s i-re-s
i-ba-t i-re-t
Pretérito Imperfeito i-ba-mus i-re-mus
i-ba-tis i-re-tis
i-ba-nt i-re-nt
154
Conjugações
i-b-o irei
i-bi-s i-to vai
i-bi-t
Futuro do Presente i-bi-mus
i-bi-tis i-tote ide
i-bu-nt eu-nto vão eles
i-i fui i-eri-m tenha ido
isti i-eri-s
i-it i-eri-t
Pretérito Perfeito
i-imus i-eri-mus
istis i-eri-tis
i-erunt i-eri-nt
i-era-m fora, tinha ido isse-m tivesse (teria)
i-era-s ido
i-era-t isse-s
Pretérito Mais-
i-era-mus isse-t
que-Perfeito
i-era-tis isse-mus
i-era-nt isse-tis
isse-nt
i-er-o terei ido
i-eri-s
i-eri-t
Futuro do Pretérito i-eri-mus
i-eri-tis
i-eri-nt
Gerúndio Supino
-----
gen. eu-nd-i de ir 1. it-um para ir
dat. eu-nd-o ao ir 2. it-u para ir
ac. ad eu-nd-um para ir
abl. eu-nd-o pelo ir
155
Vocabulário
Vocabulário
157
Língua Latina I
158
Vocabulário
aureus, a, um áureo, de ouro
aurum, i 2n. ouro
ausculto, -as, -āre, -āui, -ātum escutar
aut (conj.) ou
autem (conj.) mas, porém, contudo
auxilium, i 2n. auxílio
159
Língua Latina I
160
Vocabulário
contra (prep.) contra, defronte a
contrarius, a, um contrário, oposto
conuoco, -as, -are, -aui, -atum convocar, chamar, reunir
copia, ae 1f. abundância
copiae, arum 1f. pl. exército, tropas, forças militares
coquo, -is, -ere, coxi, coctus cozinhar
cor, cordis 3n. coração
corōna, ae 1f. coroa
corpus, -oris 3n. corpo
cras (adv.) amanhã
credo, -is, -ere, credidi, creditus crer, acreditar, confiar
Christus, i 2m. Cristo
Chrysalus, i 2m. Chrysalo
culpa, ae 1f. culpa
culter, -tri 2m. faca
cum (prep) com, em companhia de, contra
cunctus, a, um todo, inteiro
cupio, -is, -ere, -iui, -itum desejar
cur (adv.) por que
curo, -as, -āre, -āui, -ātum cuidar, preparar
curro, -is, -ere, cucurri, cursum correr
custos, -ōdis 3m. e f. guarda, vigia
161
Língua Latina I
e , ex (prep.) acerca de, de, de dentro de, para fora de, acima de, da
parte de, desde
ecce eis aqui, eis que, eis
ecclesia, ae 1f. igreja
edo, -is, -ere, edi, esum comer
educo, -as, -are, -aui, -atum educar, treinar
effectus, us 4m. efeito, execução
egredior, -eris, egredi, egressus sum sair
elephantus, i 2m. elefante
eloquentia, ae 1f. eloquência
enarro, -as, -āre, -āui, -ātum explicar, comentar, dissertar
enim (conj.) pois
eo, is, ire, ii (ou: iui), itum ir
162
Vocabulário
epicoenus, -a, -um ou -on (adj.) epiceno (nome que sob a mesma for-
ma designa ambos os sexos)
epistola, ae 1f. carta, epístola
eques, equitis 3m. cavaleiro, soldado de cavalaria
equester, -tris, -tre equestre, relativo a exército de cavalaria
equites, equitum 3m. pl. cavalaria
equus, i 2m. cavalo
ergo (conj.) portanto, logo
eruptio, -onis 3f. erupção
et (conj.) e, também
et... et... (conj.) tanto... quanto...
etiam (conj.) além disso, ainda, também
Europa, ae 1f. Europa
ex (prep. abl.) de, a partir de
exclamo, -as, -are, -aui, -atum exclamar, gritar, chamar
exemplum, i 2n. exemplo
exerceo, -es, -ere, exercui, exercitum exercitar, praticar, cultivar
exercitus, us 4m. exército, infantaria, forças armadas
eximie (adv.) magnificamente
eximius, a, um exímio, primoroso, excelente
expecto, -as, -are, -aui, -atum esperar, ter expectativa
expertus, a, um experiente
expugno, -as, -are, -aui, -atum conquistar, tomar de assalto, expugnar
exspecto, -as, -āre, -āui, -ātum esperar
exstruo, -is, -ere, exstruxi, exstructum construir
exsulto, -as, -āre, -āui, -ātum exultar, estar alegre, regozijar-se
163
Língua Latina I
164
Vocabulário
heri (adv.) ontem
hic (adv.) aqui
hic, haec, hoc (pron. demonstr.) esse, essa, isso
Hispania, ae 1f. Espanha
hodie (adv.) hoje
homo, -inis 3m. homem, ser humano
honor, -oris 3m. respeito, honra
honoro, -as, -are, -aui, -atum honrar, respeitar
hora, ae 1f. hora
hortus, i 2m. jardim
i aceo, -es, -ere, iacui, iacitum jazer, estar deitado, estar prostrado
iacio, -is, -ere, ieci, iactum lançar, jogar, atirar
iactus, a, um lançado, jogado
iam (adv.) já
ianua, ae 1f. porta, entrada
ibi (adv.) aí
idem, eadem, idem (pron. demonstr.) ele, ela, isso mesmo; o mesmo,
um mesmo
Iesus, Iesu 4m. Jesus
igitur (conj.) por isso
ignārus, a, um ignorante
ignauus, a, um covarde, preguiçoso
ignis, ignis 3m. fogo
ignoro, -as, -are, -aui, ignoratum ignorar, desconhecer, não saber
ille, illa, illud (pron. demonstr.) ele, ela; aquele, aquela, aquilo
imitatio, -ōnis 3f. imitação
immitto, -is, -ere, immisi, immissum enviar
immortalis, -e imortal
imperātor, -ōris 3m. comandante, general, imperador
imperium, i 2n. império; ordem, mando, comando
impero, -as, -are, -aui, imperatum ordenar, imperar
impetro, -as, -are, -aui, impetratum obter, solicitar, requerer
impossibilis, e impossível
in (prep.) em, dentro, sob, sobre, durante; para, a, contra, segundo
inaudio, -is, -ire, inaudiui, inauditum ouvir dizer, saber de ouvido
inauditus, a, um não ouvido, novo
incipio, -is, -ere, incepi, inceptum começar, iniciar
incola, ae 1m. e f. habitante
India, ae 1f. Índia
indignatio, -onis 3f. indignação
165
Língua Latina I
166
Vocabulário
167
Língua Latina I
168
Vocabulário
molestus, a, um desagradável
momentum, i 2n. momento, período
moneo, -es, -ēre, -ui, -itum (ac.) advertir, aconselhar, lembrar
monstro, -as, -āre, -āui, -ātum mostrar
monumentum, i 2n. monumento, memorial
morior, -eris, mori, mortuus sum morrer
moriturus, a, um (part. fut. at.) que está para morrer
mors, mortis 3f. morte
mortalis, e mortal
mortuus, a, um morto
mos, moris 3m. hábito, costume
mox (adv.) em breve, logo
mulier, -ēris 3f. mulher, esposa
multitūdo, inis 3f. multidão
multus, a, um muito
mundo, -as, -āre, -āui, -ātum limpar
mundus, i 2m. mundo
munus, eris 3n. presente; serviço, dever, ofício, função
Musa, ae 1f. Musa (qualquer das nove filhas de Zeus e Mnemósine)
muto, -as, -aui, -atum, -are mudar, alterar
n am (conj.) pois
nato, -as, -āre, -āui, -ātum nadar
natūra, ae 1f. natureza
natus, a, um nascido
nauigium, i 2n. barco, navio
nauta, ae 1m. marinheiro
nec (adv.) nem, e não
necessarius, a, um necessário
neco, -as, -āre, -āui, -ātum matar
nefas (indecl.) crime, pecado, falta, violação da lei divina ou natural,
algo ilícito, ímpio
neglegens, -entis negligente, indisciplinado, descuidado
nego, -as, -are, -aui, negatum negar, dizer não
nemo, neminis (pron. indef.) 3m. e f. ninguém
neque... neque... (conj.) nem... nem...
nequeo, nequis, nequire, nequii (ou: nequiui), nequitum não poder
Nero, -onis 3m. Nero
nescio, -is, -ire, nesciui não saber, ser ignorante de
neuter, -tra, -trum neutro
Nicobulus, i 2m. Nicóbulo
169
Língua Latina I
170
Vocabulário
opto, -as, -are, -aui, -atum desejar; escolher, selecionar
opus, eris 3n. trabalho, obra
oratio, -onis 3f. discurso, oração
orator, -ōris 3m. orador
ordo, inis 3m. ordem, classe
orno, -as, -āre, -āui, -ātum enfeitar, adornar
oro, -as, -are, -aui, -atum orar, rezar, rogar
os, oris 3n. boca
ostium, i 2n. porta, entrada
otium, i 2n. ócio, tempo livre
171
Língua Latina I
172
Vocabulário
praeceptum, i 2n. preceito, regra
praeda, ae 1f. espólio, despojos de guerra, presa
praedico, -is, -ere, -dixi, -dictum predizer
praeterea (adv.) além disso
prandeo, -es, -ere, prandi, pransum comer (no café da manhã ou no
almoço)
pretiōsus, a, um precioso
primus, a, um primeiro
pro (prep.) por, a favor de
probus, a, um probo, honesto
procella, ae 1f. tempestade, procela
procurator, oris 3m. procurador, dirigente, administrador
proelium, -i 2n. combate, batalha
proemium, -i 2n. prêmio
profundum, i 2n. profundeza, abismo
prohibeo, -es -ēre, -ui, -itum (ac.) proibir, impedir, deter
promiscuus, -a, -um (adj.) promíscuo, comum, usado em comum
prope (prep. + adv.) perto de, quase; por perto, perto, cerca
propensus, a, um propenso, preparado, disposto
propero, -as, -āre, -āui, -ātum apressar-se, correr
proprius, a, um próprio, característico, individual
propter (prep.) perto de, por causa de
prosum, prodes, prodesse, profui ser útil, vantajoso, servir
proximus, a, um (adj. superlativo de propis) vizinho, o mais perto, pró-
ximo, último
prudens, -entis prudente, previdente, cauteloso
publicus, a, um público
pudeo, -es, -ere, pudui, puditum ter vergonha
pudet (me), pudere, puduit envergonho-me
puella, ae 1f. menina, garota
puer, i 2m. garoto, rapaz
pugio, -ōnis 3m. punhal
pugno, -as, -āre, -āui, -ātum lutar, combater, travar batalha
pugnus, i 2m. punho
pulcher, pulchra, pulchrum belo, bonito
pulso, -as, -āre, -āui, -ātum (ac.) bater (em), tocar
punio, -is, -ire, -iui, punitum punir, castigar
pupa, ae 1f. boneca
puto, -as, -are, -aui, -atum considerar, pensar, achar, acreditar, julgar
173
Língua Latina I
174
Vocabulário
saluus, a, um salvo, seguro
sanctus, a, um santo
sanguis, sanguinis 3m. sangue
sapiens, entis sábio, racional, judicioso
sapientia, ae 1f. sabedoria; ciência
saxum, i 2n. rocha, seixo
scaena, ae 1f. cena, cenário
scamnum, i 2n. tamborete, banco
scelestus, a, um criminoso, mau-caráter
scelus, eris 3n. bandido, criminoso, malfeitor
schola, ae 1f. escola
scio, -is, -ire, sciui, scitum saber, conhecer
scribo, -is, -ere, scripsi, scriptum escrever
scripto, -oris 3m. escritor
seco, -as, -are, secui, sectum cortar
secum consigo
secūrus, a, um seguro, calmo
sed mas, porém
sedeo, -es, -ēre, sedi, sessum sentar, estar sentado
sedo, -as, -āre, -āui, -ātum acalmar, abrandar
sedulus, a, um aplicado
semper (adv.) sempre
senator, oris 3m. senador
senatorius, a, um senatorial, relativo a senador
senatus, us 4m. senado
senex, senis 3m. velho, ancião
sententia, ae 1f. oração, frase, pensamento, sentença
sentio, is, ire, sensi, sensum perceber, sentir, entender
sensus, us 4m. sentido, significado
septem sete
sermo, -ōnis 3m. conversação, língua, modo de expressão
serua, ae 1f. escrava, serva
seruus, i 2m. servo, escravo
seuerus, a, um severo, rigoroso, grave, sério
si (conj.) se
sic (adv.) assim, deste modo
Sicilia, ae 1f. Sicília
signum, i 2n. sinal, indício
silua, ae 1f. selva, floresta
simplex, simplicis simples, singelo, só
sine (prep.) sem
singularis, e singular, único
175
Língua Latina I
176
Vocabulário
timidus, a, um tímido, covarde, medroso
tonat, tonare, tonuit troveja
totus, a, um todo, inteiro
tragoedia, -ae 1f. tragédia
trans (prep.) para além de, para lá de, mais de
tremo, -is, -ere, tremui tremer
tres, tria três
tum (adv.) então
177
Língua Latina I
178
Índice Geral
Ablativo, 19
ablativo absoluto, 65
Acusativo, 17
acusativo com infinitivo - AcI (presente, passado, futuro), 55
Adjetivos,
de 1ª classe, 26
de 2ª classe, 41
graus dos adjetivos, 45
Advérbios, 46
Alfabeto latino, 3
Análise de orações, 22
Caso,
ablativo, 19
acusativo, 17
caso e função sintática, 7
dativo, 18
genitivo, 8, 21
nominativo, 13
vocativo, 23
Conjunções, 66
Dativo, 18
Declinações,
1ª declinação: tema em a; genitivo -ae, 12
2ª declinação: tema em o; genitivo –i, 25
3ª declinação: temas consonantal e vocálico em –i; genitivo –is,
30
temas consonantais, 31
temas vocálicos em –i, 32
observação relativa à morfologia, 33
4ª declinação: tema em u; genitivo -us, 36
5ª declinação: tema em e; genitivo em -ei, 39
quadro sinótico, 78
Duração das sílabas, 4
Gênero, 10
Genitivo, 8, 21
179
Língua Latina I
180
Índice Geral
futuro do presente do indicativo ativo (1ª e 2ª Conjugações), 27
futuro do pretérito do indicativo ativo, 43
gerúndio, 60
imperativo presente (1ª e 2ª Conjugações), 29
imperfeito do indicativo ativo (1ª e 2ª Conjugações), 24
imperfeito do indicativo passivo, 44
impessoais, 51
infinitivos presente, passado, futuro, 54
ire, 77
irregulares, 51, 77
mais-que-perfeito do indicativo ativo, 43
noções gerais (pessoa, número, tempo, modo, voz), 15
particípio futuro ativo, 58
particípio futuro passivo: gerundivo, 59
particípio - noções gerais, 56
particípio passado, 47
particípio presente, 57
perfeito do indicativo ativo (1ª e 2ª conjugações), 35
perfeito do indicativo ativo (3ª e 4ª conjugações), 42
Vogal temática, 9
181
Declinações
Declinações
78 Quadro sinótico
1ª Declinação 2ª Declinação 3ª Declinação
Singular Plural Singular Plural Singular Plural
Nom. -a -ae -us, -er, -ir / -um -i / -a (variável) -es /-a, -ia
Gen. -ae -arum -i -orum -is -um, -ium
Acus. -am -as -um -os / -a -em, -im (variável) -es,-is /-a, -ia
Dat. -ae -is -o -is -i -ibus
Abl. -a -is -o -is -e, -i -ibus
Voc. -a -ae -e, -er, -ir / -um -i / -a (variável) -es, -is / -a, -ia
4ª Declinação 5ª Declinação
Singular Plural Singular Plural
Nom. -us / -u -us / -ua -es -es
Gen. -us -uum -ei -erum
Acus. -um / -u -us / -ua -em -es
Dat. -ui, -u -ibus -ei -ebus
Abl. -u -ibus -e -ebus
Voc. -us / -u -us / -ua -es -es
183
Processos fonológicos/metaplasmos em produções textuais de alunos da Educação Básica
Resumo: Neste trabalho apresentamos um estudo sobre as variações ortográficas por meio da
análise dos processos fonológicos/metaplasmos em produções escritas de alunos da Educação
Básica, dos Anos Finais do Ensino Fundamental, de uma escola pública situada no Oeste
paranaense. A etapa foi selecionada pois se entende que nesta fase os estudantes deveriam
apresentar conhecimento sistemático sobre a relação fala e escrita e o sistema gráfico, porém o
que se observa é uma oscilação entre a representação da fala e na escrita e da hipóteses sobre o
funcionamento das relações arbitrárias. Destacamos, ainda, que um trabalho com a pluralidade
linguística nas aulas de Língua Portuguesa, conforme destacam Bortoni-Ricardo (2006) e
Bagno (2007), auxilia o aluno a refletir sobre a fala, do ponto de vista da identidade linguística,
e da compreensão do papel da variedade padrão. Para a análise, toma-se como norte as
descrições dos processos fonológicos/metaplasmos, para, posteriormente, refletir sobre as
hipóteses construídas pelos estudantes, tendo em vista que elas são reflexos dos processos
fonológicos, os quais são explicados por meio do desenvolvimento da fala. Assim, ao produzir
um texto escrito, o aluno está sujeito a apresentar na escrita essas representações que, nem
sempre, correspondem às regras ortográficas. Como aporte teórico, este trabalho pauta-se na
Sociolinguística Educacional, mais precisamente em Botelho e Leite (2005), em que são
apresentadas diferentes classificações para cada inadequação ortográfica. Como resultados,
percebe-se que algumas das ocorrências relacionam-se à oralidade enquanto outras se associam
à falta de conhecimento ou compreensão da relação entre fonema e grafema.
Resumen: En este trabajo presentamos un estudio sobre las variaciones ortográficas a través
del análisis de procesos fonológicos / metaplasmas en producciones escritas de estudiantes de
Educación Básica, de los Últimos Años de Educación Primaria, de una escuela pública ubicada
en el Oeste de Paraná. La etapa fue seleccionada porque se entiende que en esta etapa los
estudiantes deben presentar un conocimiento sistemático sobre la relación entre el habla y la
escritura y el sistema gráfico, sin embargo lo que se observa es una oscilación entre la
representación del habla y la escritura y las hipótesis sobre el funcionamiento de relaciones
arbitrarias. Destacamos también que un trabajo con pluralidad lingüística en las clases de lengua
portuguesa, como destacan Bortoni-Ricardo (2006) y Bagno (2007), ayuda al alumno a
reflexionar sobre el habla, desde el punto de vista de la identidad lingüística, y comprensión del
papel de la variedad estándar. Para el análisis, se toman como guía las descripciones de los
procesos fonológicos / metaplasmas, para luego reflexionar sobre las hipótesis construidas por
los estudiantes, considerando que son reflejos de procesos fonológicos, los cuales se explican a
través del desarrollo del habla. Así, al producir un texto escrito, el alumno está sujeto a
presentar por escrito estas representaciones que, no siempre, corresponden a las reglas
ortográficas. Como aporte teórico, este trabajo se basa en la Sociolingüística Educativa, más
precisamente en Botelho y Leite (2005), en la que se presentan diferentes clasificaciones para
1
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Letras PPGL da Universidade Estadual do Oeste Paraná
(Unioeste), campus Cascavel. Professora da rede privada e estadual de ensino do Paraná.
2
Doutora em Estudos da Linguagem, Docente do Programa de Pós-Graduação em Letras da Unioeste, Mestrado
e Doutorado.
cada insuficiencia ortográfica. Como resultado, está claro que algunas de las ocurrencias están
relacionadas con la oralidad, mientras que otras están asociadas con la falta de conocimiento o
comprensión de la relación entre fonema y grafema.
Palavras Iniciais
Este estudo tem como objetivo verificar a natureza dos erros ortográficos apresentadas
em produções textuais de alunos do Ensino Fundamental. Para tanto, pautamo-nos na
Sociolinguística Educacional, mencionada por Bortoni-Ricardo (2004, 2005) e nas
classificações feitas por Botelho e Leite (2005). A análise parte da produção escrita de alunos
do 7º e 8º Anos do Ensino Fundamental de uma instituição pública de ensino da Região Oeste
do Paraná. Buscamos partir de produções dessas turmas, pois entendemos que nesta fase os
estudantes estão no processo de desenvolvimento de uma escrita independente, ou seja,
reproduzem de forma autônoma suas produções.
Em sala de aula, são perceptíveis os problemas relacionados ao domínio da escrita,
principalmente no nível ortográfico, os quais têm colocado muitos docentes diante de
obstáculos acerca da compreensão dos motivos que levam os estudantes chegarem ao Ensino
Fundamental II e Médio com dúvidas e hipóteses de escrita que estão relacionadas ao processo
de alfabetização. Por meio de estudos relacionados à oralidade, pode-se perceber que os
estudantes possuem uma justificativa para os erros ortográficas que cometem, os quais se
baseiam em hipóteses decorrentes da fala, pois o educando tende a representar na escrita aquilo
que reproduz na oralidade.
Entendemos necessária uma estratégia de ensino que oriente e compreenda as hipóteses
pelas quais os alunos constroem o seu conhecimento. Para que isso ocorra, é preciso que se
identifiquem os reflexos da oralidade no domínio ortográfico da escrita.
Desse modo, o desenvolvimento do artigo encontra-se organizado em seções: na
primeira, explanaremos sobre fala e escrita; na segunda, analisamos os dados nas produções
textuais dos estudantes; e, por fim, apresentamos os resultados e considerações os quais são
alcançados por meio da pesquisa.
Ou seja, língua oral tem o poder de expressar quase todos os tipos de sentimentos, desde
a raiva até o amor. Isso não se percebe na língua escrita. O que se pode ver nela é o uso da
pontuação e também se deve considerar a boa interpretação do leitor. Outra situação que precisa
ser posta em questão é que na língua falada ocorrem as variações e quando isso acontece na
língua escrita, julga-se como um ato falho. O professor, nesse caso, pede para o aluno adequar
seu texto à modalidade padrão da escrita.
Por outro lado, o uso da escrita desenvolveu a comunicação entre os homens permitindo-
lhes remontar as barreiras do tempo na recepção de mensagens, além de ajudar muito no
desenvolvimento intelectual do ser humano. Ademais, seu domínio passou a figurar,
socialmente, como prestígio social e instrumento de ascensão profissional. Para Cagliari (2000),
a escrita é uma forma de neutralizar a variedade linguística da fala, ou seja, é a maneira de
apagar a identidade linguística de quem dela faz uso.
Na escola, a relação entre fala e escrita passa pela oposição entre padrão/ não-padrão,
formas conservadoras/ formas inovadoras, formas estigmatizadas/ formas de prestígio (BUSSE,
2013). Entretanto, a fala e a escrita não devem ser pensadas separadamente, como uma sendo
mais monitorada que a outra ou que na primeira ocorre variação e na segunda não. Sabemos
que a escrita, na maioria das vezes, apresenta planejamento cuidadoso, fluxo não fragmentado,
ausência de expressões fáticas, norma culta etc. Entretanto, não se pode universalizar tais
conceitos, pois um texto escrito pode produzir marcas na oralidade, como em uma entrevista.
Para classificar um texto pertencente à modalidade escrita ou falada, é preciso além de observar
as características relacionadas anteriormente, inferir em qual contexto sociocomunicativo o
locutor está inserido e qual é seu objetivo.
Ao levar em consideração esse trabalho com a língua em sala de aula, portanto, é preciso
considerar os contextos de produção e de uso. É de acordo com eles que as modalidades escrita
e falada se moldam. Assim, ambas podem ser mais ou menos monitoradas, formais ou
informais.
Dessa forma, é válido ressaltar que existem muito mais falantes que escritores, visto que
a fala é adquirida naturalmente em contexto familiar, enquanto que a escrita é apresentada no
âmbito escolar. Ainda assim, vale frisar que todos são falantes, mas que infelizmente nem todos
os falantes têm acesso à cultura letrada. Então, é compreensível que ao ter acesso à escola, a
criança deva aprender a língua escrita, a qual envolve ortografia e regras gramaticais, quesitos
esses que assombram os estudantes, já que não fazem parte de sua realidade diária.
Sendo assim, é preciso refletir sobre os aspectos que englobam a relação entre a fala e a
escrita. Além disso, é necessário buscar compreender porque alguns estudantes optam por
determinadas formas de grafar algumas palavras. Ao realizar essas escolhas, as quais inúmeras
vezes fogem da maneira normativa, o estudante está realizando possíveis tentativas de escrever
aquilo que está mais próximo à fala, pois essa é, na maioria das vezes, sua única referência.
Ainda é válido ressaltar que, ao representar a escrita de forma associada à fala, o estudante
carrega traços identitários tanto dele quanto da comunidade em que está inserido.
Portanto, quando um determinado som se apresenta “difícil” para uma criança, esta
buscará por uma sonoridade semelhante àquela que se aproxime do que ela está querendo dizer,
o que torna este processo mais complexo.
Os metaplasmos podem ser de quatro formas: 1) por acréscimo; 2) por supressão; 3) por
transposição e 4) por transformação. A seguir, há a apresentação de uma tabela adaptada de
Botelho e Leite (2005).
Quadro 1- Metaplasmos
1- METAPLASMOS POR ACRÉSCIMO: caracterizam-se pela adição de um fonema no
vocábulo. São classificados de acordo com a posição que o novo fonema ocupa na palavra.
CLASSIFICAÇÃO CONCEITO EXEMPLO
A)EPÊNTESE Acréscimo de um fonema asterisco- asterístico
no meio da palavra. lista- listra
B)ANAPTIXE OU Acréscimo de uma vogal ignorante- iguinorante
SUARABÁCTI para desfazer um grupo pneu-peneu ou pineu
consonantal. advogado- adevogado ou
adivogado
C)PARAGOGE OU Acréscimo de um fonema mártir- mártire
EPÍTESE no final da palavra. variz- varize
D) PRÓTESE Inserção de um fonema renegar- arrenegar
no início da palavra. lagoa- alagoa
2- METAPLASMOS POR SUPRESSÃO: ocorrem quando o falante suprime um fonema do
vocábulo. São classificados de acordo com a posição que o novo fonema ocupa na palavra.
CLASSIFICAÇÃO CONCEITO EXEMPLO
A)AFÉRESE Supressão de um fonema ainda- inda
ou uma sílaba no início até- té
de um vocábulo. está- tá
B) APÓCOPE Supressão de um fonema bobagem- bobage
no final do vocábulo. quer- qué
C) SÍNCOPE Supressão de fonemas no horóscopo- horospo
meio do vocábulo. bêbado- bebo
D)HAPLOLOGIA Supressão da primeira, entretenimento- entretimento
de duas sílabas paralelepípedo- paralepípedo
sucessivas, no meio da
palavra.
3- METAPLASMOS POR TRANSPOSIÇÃO: ocorre a deslocação de um fonema, podendo
ser por deslocamento ou tonicidade da palavra.
CLASSIFICAÇÃO CONCEITO EXEMPLO
A)METÁTESE Transposição de um perto- preto
fonema em uma mesma perguntar- preguntar
sílaba de um vocábulo. prateleira- parteleira
B)HIPÉRTESE Transposição de um nervoso-nevroso
fonema de uma sílaba bicarbonato- bicarbonato
para outra em um
vocábulo.
4- METAPLASMOS POR TRANSFORMAÇÃO: consistem na transformação de um
fonema que passa a assumir a posição de outro fonema distinto.
CLASSIFICAÇÃO CONCEITO EXEMPLO
A)DEGENERAÇÃO Transformação do assobiar- assoviar
fonema /b/ em fonema /v. travesseiro- trabesseiro
B)DESNASALAÇÃO Transformação de um virgem- virge
fonema nasal a um home- homem
fonema oral. fizeram-fizero
C)DISSIMILAÇÃO Transformação de um pílula- pírula
fonema para itinerário- etinerário
diferenciação de um privilégio- previlégio
outro semelhante estrambótico- estrambólico
existente no mesmo
vocábulo.
D)ROTACISMO Transformação do alface-arface
fonema /l/ em /r. almoço- armoço
E)LAMBDACISMO Transformação do freira-flera
fonema /r/ em /l. problema- plobema
F)DITONGAÇÃO Transformação de uma bandeja-bandeija
vogal ou um hiato em caranguejo- carangueijo
ditongo.
G) MONOTONGAÇÃO Transformação ou doutor- dotor
redução de um ditongo jogou- jogô
em uma vogal. rouba- roba
H)METAFONIA Alteração do timbre ou direito-dereito
altura de uma vogal. diferente- deferente
I)NASALIZAÇÃO Transformação de um até- inté
fonema oral a um nasal. igual- ingual
J)PALATIZAÇÃO Transformação de um ou Antônio- Antonho
mais fonemas em uma avião- avinhão
palatal. família- familha
L) DESPALATIZAÇÃO Transformação de cabeçalho- cabeçalio ou cabeçario
fonemas palatais em um
nasal ou oral.
Fonte: adaptado de Botelho e Leite (2005, p. 3).
25
20
15
10
5
0
Fonte: as autoras.
Nos registros de “fasa” (faça), (2) “faser” (fazer), “fose” (fosse), “comese” (comece),
“nasemos” (nascemos), o aluno se baseia na fala mesmo havendo regras ortográficas.
Na grafia de “mandão” (mandam), há a representação da nasalização em sílaba final.
A troca está relacionada à conjugação verbal e à semelhança dos sons, entretanto a forma
grafada pelo aluno não existe nas gramáticas.
Em “di” (dia) ocorre apócope, pois foi suprimido o fonema /a/ no final da palavra.
Nesse caso, muito provavelmente, houve falta de atenção do aluno, pois o registro não se
ampara na fala ou na ortografia.
No registro de “urtimo” (último) ocorre rotacismo, pois há a troca da líquida /l/ pela
líquida /r/. Aqui, também ocorre uma variação representando a identidade linguística do
estudante, a qual é tratada de forma desprestigiada, apresentando o contexto socioeconômico
do aluno. Trata-se de uma relação entre os sons e os grafemas por interferência das
características estruturais do dialeto do aprendiz.
Em “poque” (porque), embora se observe a síncope da letra r, houve novamente falta
de atenção do aluno, pois o registro não se ampara na fala ou na ortografia.
Na grafia de “morer” (morrer) há a representação da vibrante fricativa velar. Destaca-
se que o corpus foi gerado em localidade que apresenta a presença de colonos sulistas no seu
processo de colonização. A realização da fricativa velar, na fala dos grupos descendentes de
alemães, pode ser substituída pela vibrante alveolar.
Na grafia de (2) “tava” ocorre aférese, pois percebemos que foi suprimida a parte inicial
da palavra, correspondente à sílaba “es”. Tal uso é muito comum entre os falantes brasileiros,
representando um dialeto.
Já no registro de “consiencia” (consciência), “pessada” (pesada), “crese” (cresce),
novamente, o aluno não consegue refletir sobre a posição do fonema /s/ na palavra.
Em “poblemas” (problemas) percebemos a supressão do fonema /r/ no meio do
vocábulo, ocorrendo a síncope. Trata-se de fenômeno presente na fala, também, decorrente da
dissimilação, eliminação de sons com características semelhantes.
Referências
BAGNO, M. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São
Paulo: Parábola, 2007.
BAGNO, M. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 1999.
BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. A sociolinguística na sala de
aula. São Paulo: Parábola, 2004.
SELLA, P. ; BUSSE, S. . Fonética na sala de aula. In: Sanimar Busse. (Org.). A docência em
construção: caderno pedagógico. 1ed.Porto Alegre: EVANGRAF, 2016, v. 1, p. 66-82.
BUSSE, S.. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E ENSINO. In: Andréa Cristina Martelli; Dulce
Maria Strieder; Lourdes Aparecida Della Justina; Solange de Fátima Reis Conterno. (Org.).
Trajetórias de Iniciação à Docência no Pibid/Unioete. 1ed.Toledo: Indicto Editora, 2017, v. 1,
p. 139-149.
HORA, D. da. Fonética e fonologia. UFPB, 2009. Disponível em: http://goo.gI/ecYIc. Acesso
em: 02-09-2013.
Metaplasmos contemporâneos – Um estudo acerca das
atuais transformações fonéticas da Língua Portuguesa
José Mario Botelho (UERJ)
Isabelle Lins Leite
Introdução
2
1. Metaplasmos por aumento
3
Obs.: Pode ser considerado prótese o caso de aglutinação: de repente
> derrepente; a frete > afrete (ou àfrete, de à frete); e a cerca de >
acerca de (forma registrada em dicionários).
4
d) Haplologia: É o nome dado ao fenômeno que suprime a primeira,
de duas sílabas sucessivas, no meio da palavra, por ter semelhança
sonora com a seguinte. Esse fenômeno é uma modalidade da sínco-
pe: entretenimento > entretimento (forma registrada em dicionários);
paralelepípedo > paralepípedo; e infalibilidade > infabilidade.
5
d) Diástole: É o nome dado ao deslocamento, por avanço, do acento
tônico de um vocábulo: opto > opito (pí); gratuito > gratuíto; águo >
aguo (gú) (forma aceita); ínterim > ínterim (rím); e designo > desi-
guino (guí).
6
pírula; estrambótico > estrambólico; itinerário > etinerário; e privilé-
gio > previlégio.
7
h) Metafonia: É o nome dado à alteração do timbre ou altura de uma
vogal: direito > dereito; diferente > deferente; semente > simente; e
cadê > quedê (forma registrada em dicionários).
8
registro do discurso oral do sertão nordestino do Brasil. Em seguida
analisaremos alguns dos metaplasmos atuais, presentes no texto, que
normalmente ocorrem na linguagem sertaneja do nordeste brasileiro.
“Poeta niversitaro,
Poeta de cademia,
De rico vocabularo
Cheio de mitologia,
Tarvez este meu livrinho
Não vá recebê carinho,
Nem lugio e nem istima,
Mas garanto sê fié
E não istruí papé
Com poesia sem rima.”
9
a palavra “academia” sofreu aférese do fonema /a/, resultando em
“cademia”;
a palavra “vocabulário” sofreu monotongação do ditongo /io/
final, passando a “vocabularo”;
a palavra “talvez” sofreu rotacismo, pois o fonema /l/ foi substitu-
ído pelo fonema /r/, passando a “tarvez”;
a palavra “receber” sofreu apócope do fonema /r/ e resultou em
“recebê”;
a palavra “elogio” sofreu aférese do fonema /e/ e metafonia do
fonema /o/, que passou a /u/. Estes processos deram resultado à
palavra “lugio”;
a palavra “estima” sofreu metafonia do /e/, que passou a /i/, resul-
tando na palavra “istima”;
a palavra “ser” sofreu apócope do fonema /r/, resultando na pala-
vra “sê”;
a palavra “fiel” sofreu apócope do fonema /u/, e passou a “fié”;
a palavra “destruir” sofreu aférese do fonema /d/, metafonia do
fonema /e/ e apócope do fonema /r/l, resultando na palavra “istru-
í”.
a palavra “papel” sofreu apócope do fonema /w/ e passou a “pa-
pé”.
Conclusão
10
Algumas das formas surgidas no discurso oral já foram regis-
tradas em dicionários de nossa língua, enquanto outras continuam
restritas somente a esta modalidade da língua.
Nosso estudo, porém, não está restrito ao presente trabalho,
pois como a língua está se modificando a cada instante, devemos
estudá-la de modo constante, para bem observar suas transformações
com ênfase na fonética.
11
Referências Bibliográficas
12