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COMPAIXÃO:

Entre O Reconhecimento E A Moralidade


Ana Katarina De Brito1

RESUMO
Partindo dos pressupostos teóricos de Axel Honneth, o artigo aqui apresentado visa trazer
aspectos correlatos à compaixão no intuito de ampliar seu entendimento numa perspectiva
mais aproximada das Ciências Sociais. Realizaremos a analise da compaixão tendo como
elemento norteador o projeto de extensão: Práticas educacionais para a compaixão no
cotidiano: exercitando a capacidade de se colocar no lugar do outro2, desenvolvido em uma
escola pública no bairro Alto Santa Terezinha, no Recife, com crianças de 05 a 12 anos. O
projeto foi desenvolvido entre os anos de 2012 e 2016. O período discutido neste trabalho
compreende os anos de 2013 a 2015. Acreditamos que sentimentos podem ou não gerar
ações, porém, ao se tornarem ações, passam a ser percebidos como um aspecto da
moralidade, constituindo um aspecto fundamental da convivência humana e social. Esperamos
trazer fundamentos teóricos que subsidiem a interseção entre as práticas desenvolvidas no
projeto e o saber científico, contribuindo para a formação de um corpo de conhecimento voltado
para a Sociologia das Moralidades.
PALAVRAS-CHAVE: Compaixão. Reconhecimento. Moralidades. Sentimento.

INTRODUÇÃO

Neste trabalho, nosso ponto de partida são os pressupostos teóricos de Axel Honneth
no seu livro Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais, onde o autor
procura analisar como os indivíduos e os grupos sociais se inserem na sociedade. Para
Honneth, o reconhecimento possui três esferas: amor, direito e solidariedade. Em seguida
analisaremos o conceito de compaixão, relacionando com os conceitos de piedade e empatia.
A moralidade permeia os aspectos da interação entre o eu e o outro, por isso é importante
entender, pelo menos minimamente, sua formulação.

1
Graduada em Ciências Sociais/Licenciatura, na Universidade Federal de Pernambuco. Email: ana.brito00@gmail.com
2 Projeto de Extensão vinculado ao Departamento de Sociologia/UFPE coordenado pela Professora Dra. Conceição
Lafayette, aprovado pela PROEXT/UFPE.

Revista Idealogando, v. 1, n. 3, p. 18-28, 2017


COMPAIXÃO:
Entre O Reconhecimento E A Moralidade

O reconhecimento, a compaixão e a moralidade se relacionam entre si. É também a


partir dessa relação que se estabelece o projeto de extensão (Práticas educacionais para a
compaixão no cotidiano: exercendo a capacidade de se colocar no lugar do outro).

AS ESFERAS DO RECONHECIMENTO EM AXEL HONNETH

De acordo com Honneth, a inserção dos indivíduos e grupos na sociedade se dá


através da busca do reconhecimento intersubjetivo, essa busca ele nomeia de “luta por
reconhecimento”. Para ele, um aspecto muito importante é que no reconhecimento existem três
dimensões fundamentais: a do amor, a do direito e a da solidariedade (HONNETH, 2003). A
seguir falaremos sobre essas três dimensões.

RECONHECIMENTO AFETIVO: AMOR

A primeira esfera do reconhecimento é o Amor, que se desenvolve nas relações


primárias. As análises sobre o reconhecimento no campo afetivo começam na relação mãe e
filho, na fase de dependência absoluta, onde o filho e a mãe são seres indissociáveis, tendo
como referência o trabalho de Donald W. Winnicott, autor que Honneth se refere com muita
ênfase no seu estudo (HONNETH, 2003, pp. 164-175). Porém a mãe precisa romper este nível
de identificação com o bebê, iniciando assim a segunda fase, a dependência relativa. É a
segunda fase a grande responsável para a análise do reconhecimento, quando o amor pode
ser concebido de forma mais madura. Quando o filho percebe que o amor da mãe é duradouro,
seguro e confiável, a criança consegue desenvolver a capacidade de estar só, ou seja, a
criança passa a desenvolver a autoconfiança.

Assim, Honneth acredita que o amor somente surge quando a criança reconhece o
‘outro’ como uma pessoa independente, ou seja, quando o filho não está mais num estado
simbiótico com a mãe. Para Axel Honneth, o amor é o fundamento da autoconfiança, visto que
permite aos indivíduos conservarem sua identidade e desenvolverem uma autoconfiança,
sentimento indispensável para a sua autorrealização. Portanto, o amor é a forma mais
elementar e básica de reconhecimento.

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RECONHECIMENTO JURÍDICO: DIREITO

A segunda esfera do reconhecimento é o Direito e se diferencia do amor em muitos


aspectos, podendo ser ressaltado o modo como ocorre o reconhecimento da autonomia do
outro. Ou seja, no direito o reconhecimento acontece porque existe respeito ao outro como
sujeito de direito. Os indivíduos compartilham de normas sociais onde deveres e direitos são
distribuídos na sociedade de forma legítima.

No que se refere ao Direito, Honneth foi influenciado por George H. Mead e Georg W.
F. Hegel, percebendo que só podemos chegar a uma compreensão de nós mesmos como
portadores de direitos quando sabemos quais obrigações temos de observar em face do
respectivo outro. (HONNETH, Axel. 2003 p.179)

O reconhecimento como pessoa de direito tende a aplicar-se a todo sujeito na mesma


medida; os direitos individuais se desligam das expectativas concretas específicas dos papéis
sociais, uma vez que agora competem, em igual medida, a todo homem na qualidade de ser
livre, de modo independente do grau da estima social (ALBORNOZ, 2011, p. 138).

RECONHECIMENTO DE ESTIMA SOCIAL: SOLIDARIEDADE

A terceira e última esfera do reconhecimento, descrita por Honneth, é a Solidariedade.


Se distinguindo do Amor e do Direito ao perceber que o homem precisa além da experiência da
dedicação afetiva e do reconhecimento jurídico, de uma estima social que permita referir-se
positivamente à suas propriedades e capacidades concretas (HONNETH, 2003, p. 198).

Conclui o autor, que um padrão de reconhecimento dessa espécie, só se torna


compreensível quando houver, por trás dele, um horizonte de valores compartilhados entre si
pelos sujeitos envolvidos.

Para Axel Honneth, cada forma de reconhecimento tem uma autorrelação prática do
sujeito (autoconfiança no amor, autorrespeito no direito, autoestima na solidariedade). Quando
acontece a quebra de alguma dessas autorrelações pelo desrespeito, então surgem as lutas
sociais.

Na Teoria do Reconhecimento, as noções de injustiça e desrespeito decorrem da noção


de uma experiência moral, que é o ponto de partida para o dimensionamento intersubjetivo de

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uma luta por reconhecimento. O desrespeito do amor são os maus-tratos e a violação, que
ameaçam a integridade física e psíquica; o desrespeito ao direito são as privações de direitos e
exclusão, pois isso atinge a integridade social do indivíduo como membro de uma comunidade
político-jurídica; o desrespeito da solidariedade são as degradações e ofensas, que afetam os
sentimentos de honra e dignidade do indivíduo, como membro de comunidade cultural de
valores (SALVADORI, 2011, p. 191).

A COMPAIXÃO

Existe uma grande dificuldade de encontrarmos um conceito consensual de compaixão.


Por isso, tentaremos conceituar a compaixão a partir de outros que não equivalem ao da
compaixão, para, partindo da “diferença” definir o que de fato pode ser esse sentimento.
Este sentimento é facilmente confundido com dois outros: empatia e piedade.
Entendemos que a compaixão não é nem uma coisa e nem outra, é um sentimento próprio com
características próprias.

COMPAIXÃO x PIEDADE

Um sentimento que muitas vezes é associado ao de compaixão é o de Piedade. Porém,


trazemos uma visão que separa estes dois sentimentos. A piedade parece atrelada ao
desprezo pelo ser passível de piedade e de superioridade pelo que o sente.
A compaixão por sua vez acontece entre pares, ou seja, nenhum dessa relação está em
superioridade com relação ao outro. É por estar no mesmo ‘nível’ que se pode sentir
compaixão, se colocando no lugar do outro. André Comte-Sponville corrobora:

Pode-se ter compaixão pelo que se admira como também pelo que se
condena. Em compensação, parece-me que só temos compaixão pelo
que respeitamos, ao menos um pouco (2009, p. 90).

Assim, acreditamos como Comte-Sponville que:

A piedade é sentida de cima para baixo. A compaixão, ao contrário, é


um sentimento horizontal, só tem sentido entre iguais, ou antes, e
melhor, ela realiza essa igualdade entre aquele que sofre e aquele (ao
lado dele e, portanto, no mesmo plano) que compartilha do seu

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sofrimento. Nesse sentido, não há piedade sem uma parte de


desprezo; não há compaixão sem respeito (2009, p. 90).

Ainda sobre a piedade, muito embora não seja nosso objetivo aprofundar a reflexão
sobre este sentimento, tendo o abordado, sobretudo para ajudar, a partir da diferenciação,
elucidar o que vem a ser compaixão. Acreditamos ser pertinente esclarecer que a piedade não
é um sentimento que se manifesta apenas entre desiguais. A questão da verticalidade da
piedade não está relacionada necessariamente às posições que o sujeito ocupa nas
organizações e estruturas sociais, mas em como ele se sentem em relação ao outro. Significa
dizer que se pode gozar de uma mesma circunstância cultural/socioeconômica, e ainda assim
enxergar o outro em situação inferior, digno de piedade.

COMPAIXÃO x EMPATIA

Entendemos também que a compaixão seja o último estágio do processo empático. O


estágio que precede e elicia a ação de intervenção na dor alheia. Uma vez que, se não me
compadeço, posso sentir-me tocado por uma situação, ou seja, sentir empatia, mas não me
sentir impelido a intervir. Posso julgar que o indivíduo não mereça ajuda/socorro ou entender
que não é minha responsabilidade intervir e, assim, apesar de perceber e entender a dor do
outro, não fazer nada para interrompê-la e não apresentar um comportamento de ajuda. A
compaixão é o ímpeto de intervir numa situação quando por meio do processo empático
tomamos o conhecimento de que alguém sofre (LAGO, 2010).
Outra forma de conceber a sutil diferença entre empatia e compaixão é considerar que
o primeiro refere-se a um processo de compartilhamento afetivo, de contágio emocional,
enquanto que o segundo refere-se a uma preocupação empática, a um anseio por socorrer
aquele que está em sofrimento. Enquanto a empatia está relacionada ao incômodo que
sentimos ao ver alguém sofrendo, a compaixão está relacionada aos comportamentos pró-
sociais e de ajuda (ibid.).

MORALIDADE

A moral se refere a um conjunto de valores e normas. Para que se possa viver em


sociedade é necessário que sejam praticadas de formas positivas. Ou seja, a moral são os
valores que norteiam a ação humana incluída na consciência coletiva.

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A moralidade é antes de tudo responsabilidade para com o próximo, sendo condição


para a sociabilidade. A moralidade não é um produto da sociedade, mas algo que a sociedade
manipula e direciona (BENEDIKT, 2002).
Ela se estabelece, a priori, numa relação entre o Eu e o Outro. E esse Outro na
modernidade está cada vez mais distante. Onde cada sociedade passa a escolher seus
próximos e distantes. Essa distância permite que haja menos responsabilidade entre os
indivíduos.

A RELAÇÃO ENTRE RECONHECIMENTO, COMPAIXÃO E MORALIDADE

Tendo como base a Teoria do Reconhecimento de Axel Honneth acima descrita,


podemos traçar um paralelo a fim de entender melhor a temática da Compaixão, que pode ter
seu significado associado ao reconhecimento.

Iniciaremos a discussão sobre a compaixão partindo do seu significado etimológico, o


que explica o fato de ser mal vista em alguns casos. Nas línguas derivadas do latim formam a
palavra compaixão com o prefixo Com- e a raiz Passio, que originariamente significa
‘sofrimento’. Em outras línguas, como por exemplo, em polonês, sueco e alemão, essa palavra
se traduz por substantivo formado com um prefixo equivalente, seguido da palavra ‘sentimento’
(KUNDERA, 2008, p. 25).

Nas línguas derivadas do latim a palavra compaixão significa que não se pode olhar o
sofrimento do próximo com o coração frio; e se tem a piedade com mais ou menos o mesmo
significado, o que sugere uma verticalidade para com o ser que sofre. E talvez por isso a
palavra compaixão, de forma geral, inspira desconfiança, designando um sentimento
considerado de segunda ordem que não tem muito a ver com o amor. Já nas línguas que
formam a palavra compaixão com o substantivo sentimento, a palavra é empregada com mais
ou menos o mesmo sentido, mas dificilmente se pode dizer que designa um sentimento mal ou
medíocre (Ibid, p. 25).

A compaixão tem várias definições, mas nesse trabalho a compaixão se expressa como
a capacidade de se colocar no lugar do outro, também pode ser vista como a possibilidade do

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encontro do 'eu' com o 'outro' resultando na compreensão das necessidades desse outro e em
uma ação positiva e benéfica voltada para o mesmo.

Assim sendo, entendemos a compaixão como um sentimento, e deles podem ou não


decorrer ações. E quando deste sentimento derivarem ações, poderemos percebê-las como um
aspecto da moralidade. Logo podemos descrever a compaixão como integrante da moral.

A racionalidade e a moralidade caminham lado a lado, e pelo fato de sermos seres


racionais é que agimos moralmente. Alguns autores, como Schopenhauer entende que a
compaixão seria o fundamento da moral, surgindo como algo espontâneo que ultrapassa o
egoísmo, garantindo assim a moralidade humana. (GOMES, 2010)

Rousseau definiu a compaixão como a única moralidade que é pura e natural do


homem. Sendo a compaixão um padrão moral que deve reger o homem civil. (ORWIN, 1998, p.
311)

Podemos então estabelecer uma ligação entre o Reconhecimento, proposto por Axel
Honneth, e o sentimento de Compaixão, como acima descrito. Ao entendermos o
reconhecimento como além de simplesmente enxergar o outro, mas de se enxergar no outro.
Encontrando algo dele no outro. Isso não se difere em nada do conceito de compaixão, que é
justamente essa transposição ao lugar do outro.

Com isso, estabelece-se o princípio da alteridade que constitui justamente, a


representação que um indivíduo faz do outro passando a identificar-se com ele até que as
diferenças entre os dois se anulem. Isso é o que ocorre na compaixão, o sujeito não cometerá
danos aos outros, pois reconhece os mesmos sofrimentos existentes em si. E assim estará
disposto a ser solidário, sem nenhum tipo de interesse. E é por isso que a compaixão pode
exerce um papel fundamental na formação da sociedade e de sua boa convivência, podendo
está presente na construção da ordem social sendo um suporte para as interações.

PROJETO DE EXTENSÃO: PROJETO COMPAIXÃO

A base do referido projeto de extensão está na relação entre reconhecimento,


compaixão e moralidade. O projeto foi desenvolvido de 2012 até 2016, mas o período aqui
discutido compreende os anos de 2013 a 2015. O projeto foi desenvolvido em uma escola da

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rede pública municipal do Recife, localizada no bairro Alto Santa Terezinha (região tida como
periferia do Recife-PE).

O público alvo são alunos do ensino infantil e fundamental I, crianças de 05 a 12 anos


de idade. O projeto foi concebido a partir do conceito de compaixão entendida como a
capacidade de se colocar no lugar do outro, com o intuito de estimular a capacidade do diálogo,
de melhorar a convivência entre as crianças da escola e de, por fim, inaugurar novas
possibilidades de partilhar uma vida de maior harmonia.

O projeto ocorre semanalmente com a ida dos alunos extensionistas à escola onde o
projeto é desenvolvido. Nessa ocasião, são desenvolvidas, com as crianças, dinâmicas3 com
os objetivos de trabalhar habilidades que as tornem capazes de se colocar no lugar do outro. A
ideia é estimular a empatia, a solidariedade e o sentimento de justiça; incentivar a convivência
harmoniosa no ambiente escolar e em outras esferas da vida social; estimular a percepção das
crianças em relação a um ‘outro’ que sente, pensa e que como elas têm vontades e desejos
que precisam ser conciliados com as vontades e desejos deste outro.

Para a realização das atividades, utilizam-se materiais diversos: desde sucatas até tela
para pintura e outros materiais que possibilitam a confecção de objetos como porta-retratos,
porta-lápis, entre outros. A execução desses objetos auxilia na fixação da ideia central do
projeto, pois relaciona a elaboração dos mesmos à noção da compaixão, veiculada a partir da
regra dourada: “não faça ao outro o que não quer que façam a você”. Também reforça a
autoestima das crianças, que se sentem mais habilitadas por confeccionarem objetos com
utilidades definidas para serem usados por eles ou presenteados. Essa prática permite uma
atitude de reconhecimento pelas habilidades desenvolvidas, aspecto fundamental na
constituição do sujeito.

A noção de alteridade, presente no sentimento da compaixão ao despertar a percepção


de que há interdependência não só entre os seres humanos, mas também entre estes e a
natureza, revela que a forma de interação que ocorre na sociedade impacta na dinâmica social
como um todo. Assim, atitudes compassivas podem provocar mudanças positivas na

3Sobre as dinâmicas realizadas no projeto vide PEDROSA, Mônica. O encontro entre o Eu e o Outro: um estudo
exploratório sobre a compaixão como capacidade humana (2013).
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convivência humana e a compreensão de que é possível estabelecer relações mais


harmoniosas na sociedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação pode surgir como uma ferramenta importante através da qual os agentes
humanos dialoguem com a comunidade no sentido de desenvolver práticas de convivência com
base numa ética que supere diferenças de valores, crenças, religiões, etc. É dentro desse
entendimento que o projeto Práticas educacionais para a compaixão no cotidiano: exercendo a
capacidade de se colocar no lugar do outro tem como objetivo desenvolver com crianças a
capacidade de se colocar no lugar do outro como habilidade imprescindível para o
desenvolvimento de práticas compassivas e altruístas na vida cotidiana. Voltada para a
construção de uma sociedade mais solidária e justa, a prática da compaixão seria uma
capacidade marcante do ser humano que sem o “outro” não se define, necessitando, portanto,
da convivência interativa.

O projeto, por sua natureza de extensão universitária, não teve como objetivo a coleta e
análise de dados, e sim o desenvolvimento de práticas educacionais, capazes de despertar a
compaixão, sociologicamente orientadas. Ainda assim, com vistas à análise da eficácia dos
procedimentos, são realizadas reuniões semanais nas quais se discutem “indicadores” colhidos
através da observação do comportamento das crianças, dos comentários em relação às
temáticas abordadas e também através do retorno dos professores da escola que são muito
receptivos ao projeto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBORNOZ, Suzana Guerra. As Esferas do Reconhecimento: uma introdução à Axel Honneth.
Cadernos de psicologia social do trabalho, vol. 14, n. 1, 2011, p. 127-143.
BAUMAN, Zygmunt. Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Tradução de
Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
BENEDIKT, Adriana. Moralidade e Responsabilidade em Tempos Sombrios. Sociologias,
Porto Alegre, ano 3, nº 6, jul/dez 2001, p. 266-279
COMTE-SPONVILLE, André. Pequeno Tratado das Grandes Virtudes. Tradução de Eduardo
Brandão. 2ª Ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.
GOMES, Laécio de A. O Princípio de Alteridade na Ética da Compaixão de Artur
Schopenhauer. Cadernos do PET filosofia, vol. 1, n. 2, 2010.
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Entre O Reconhecimento E A Moralidade

HONNETH, Axel. Luta por Reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. São
Paulo: Editora 34, 2003.
KOURY, Mauro Guilherme Pinheiro. Emoções, Sociedade e Cultura: a categoria de análise
emoções como objeto de investigação na sociologia. Curitiba: Editora CRV, 2009.
KUNDERA, Milan. A Insustentável Leveza do Ser. 1ª ed. São Paulo: Editora Companhia das
Letras, 2008.
LAGO, Kennyston. Fadiga por Compaixão: o sofrimento dos profissionais em saúde.
Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2010.
ORWIN, Clifford. Rosseau, a Compaixão e as Crises da Modernidade. Análise social, vol. 33,
1998, p. 307-321.
PEDROSA, Mônica. O Encontro entre o Eu e o Outro: um estudo exploratório sobre a
compaixão como capacidade humana. (Monografia). Recife: Centro de Filosofia e Ciências
Humanas, Universidade Federal de Pernambuco, 2013.
SALVADORI, Mateus. Honneth, Axel. Luta por Reconhecimento: a gramática moral dos
conflitos sociais. Conjectura, Caxias do Sul, Vol. 16, n.1, jan./abril 2011.

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ABSTRACT:
Based on the theoretical assumptions of Axel Honneth, this article aims to bring aspects related
to compassion in order to broaden its understanding in a closer perspective of the Social
Sciences. We will perform the analysis of compassion having as a guiding element the
extension project: Educational practices for compassion in everyday life: exercising the ability to
put oneself in the other's shoes, developed in a public school in the Alto Santa Terezinha
neighborhood, Recife, with children from 5 to 12 years. The project was developed between the
years of 2012 and 2016. The period discussed in this work comprises the years 2013 to 2015.
We believe that feelings may or may not generate actions, but when they become actions, they
come to be perceived as an aspect of morality, that constitute a fundamental aspect of human
and social coexistence. We hope to bring theoretical foundations that subsidize the intersection
between the practices developed in the project and the scientific knowledge, contributing to the
formation of a body of knowledge focused on the Sociology of Moralities.

KEYWORDS: Compassion. Recognition. Moralities. Feeling.

Recebido em: 07/05/2017

Aprovado em: 05/10/2017

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