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Elaborado por Júlio Macaraze António/ Abril 2024-Beira /Moçambique.

Tema:
Aspectos da Ética Individual.

1. Os aspectos da ética individual representam as formas de coexistência com os


outros, a saber: Amor, Indiferença, Ódio e Sentimentos.
1. O Amor

(lat. Amor: afeição, simpatia) é a tendência da sensibilidade susceptível a transportar-


nos para um ser ou um objecto reconhecido ou sentido como bom. Ex.: o amor materno,
o amor da glória.

Segundo Japiassú (2001: 12) Amor é o sentimento de inclinação e de atracção ligando


os homens uns aos outros, à Deus e ao mundo, como também o individuo a si mesmo. O
amor é uma emoção da alma causada pelo movimento dos espíritos, levando-a a unir-se
voluntariamente aos objectos que lhe parecem ser convenientes (DESCARTES citado
por JAPIASSÚ, 2001: 12).

Há vários tipos de amor: o amor familiar (fraterno, filiar, maternal, paternal); o amor à
pátria (ligado às grandes causas ou grandes princípios, como o amor à verdade ou à
honestidade); o amor à Deus (chamado de amor puro); o amor-próprio traduzido em
sentimento de dignidade pessoal e respeito a si (ARANHA & MARTINS, 2000: 143).

As teorias sobre o amor propostas pelos filósofos ao longo do tempo tende a agrupar-se
ao redor de duas posições fundamentais:

· O amor como total unidade e identificação. Nas palavras de Hegel o amor é o


sentimento pelo qual dois seres não existem se não em uma unidade perfeita e poe nessa
identidade toda a sua alma e o mundo inteiro. Nessa perspectiva, o amor deixa de ser
um fenómeno humano para ser fenómeno cósmico (natural) ou princípio de realidade
suprema. O amor humano, finito como aspiração de identidade e fusão com o infinito
está condenado ao insucesso. Os principais representantes dessa corrente são: Spinoza,
Hegel, Feuerbach, Bergson e os românticos (Idem: 143).

· O amor como troca reciproca entre dois seres que preservam a individualidade e
autonomia. A troca reciproca, é emotivamente controlada de atenções e cuidados, tem
por finalidade o bem do outro como se fosse o seu próprio. Na forma feliz desse tipo de
amor, há reciprocidade, há união, mas não unidade. Esta corrente é representada por
Platão, Aristóteles, S. Tomas, Descartes, Leibniz, Scheler e Russell.

2. Indiferença

Neste aspecto, o Outro é nisto de acordo com a função que desempenha, onde muitas
vezes, pode ser substituído. Em segundo lugar, o Outo não é um Tu, mas um Ele. Este
Ele implica uma certa objectiva da pessoa e a redacção da subjectividade à soma da
qualidade e função. Portanto, o Outro acaba por ser substituído por uma máquina, uma
vez que, o “Ele” significa uma ausência em relação a mim, isto é, o Ele é como se não
existisse.

Ódio

É a negação ou a rejeição do Outro enquanto sujeito. O ódio é a rejeição da


subjectividade do outro. No entanto, neste aspecto é necessário que o outro exista, mas
não para o promover, mas sim, para o rejeitar.

Os Sentimentos

Sentimentos são reacções positivas ou negativas, discretas e suaves, sobre alguém.


Sentimento pode significar: o mesmo que emoção, no significado mais geral, ou algum
tipo ou forma superior de emoção.

Aspectos da Ética Social

3. A Liberdade

Esse termo tem três significados fundamentais, correspondentes a três concepções que
se sobrepuseram ao longo de sua história e que podem ser caracterizadas da seguinte
maneira: Liberdade como autodeterminação ou autocausalidade; a Liberdade é ausência
de condições e de limites; Liberdade como necessidade, que se baseia no mesmo
conceito da precedente, a autodeterminação, mas atribuindo-a à totalidade a que o
homem pertence (Mundo, Estado).

Os defensores da Liberdade humana consideram que não somos apenas o resultado


inevitável da situação dada, porque como seres conscientes ao tomarmos conhecimento
das causas que actuam sobre nós, somos capazes de realizar uma acção transformadora
a partir de um projecto de acção. Deixamos ser passivos para ser actuantes (ARANHA
& MARTINS, 2000: 132).

É na acção, na prática que se constrói a liberdade, a partir dos desafios que os problemas
do existir apresentam ao ser humano. Todavia, o que é a liberdade? Ou o que é ser
livre?

Segundo Nicola Abbagnano (2007: 605) Liberdade é autodeterminação ou


autocausalidade, segundo a qual é a ausência de condições e limites. Segundo esta
concepção é livre aquelo que é causa de si mesmo (aquele que é responsável por si
próprio).

Para Jean Paul Sartre a Liberdade é a escolha que o homem faz do seu próprio ser e do
mundo. Daí a famosa frase de Sartre “o homem está condenado a ser livre”.

4. A Responsabilidade

Ao entender de Abbagnano (Idem: 855) Responsabilidade é a possibilidade de prever os


efeitos do próprio comportamento e de corrigi-lo com base tal previsão. Em ética, a
noção de responsabilidade é vista de que um individuo deve assumir os seus actos,
reconhecendo-se como autor destes e aceitando suas consequências, sejam essas
positivas ou negativas, estando o individuo sujeito ao elogio ou à censura.

No entanto, a noção de responsabilidade está ligada à noção Liberdade, já que um


individuo só pode ser responsável pelos seus actos se é livre, ou seja, se realmente teve
a intenção de realiza-los e se tem plena consciência de os ter praticado.

Há casos em que excepcionalmente o individuo pode ser considerado culapado mesmo


de outros não intencionais. Exemplo: quando algo ocorre por descuido ou ainda em
casos de consequências não intencionais dos seus actos.

Bibliografia

ABBAGNANO, Nicola. (2007). Dicionário de Filosofia. S. Paulo: Martins Fontes.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. & MARTINS, Maria Helena Pires.( 2000). Temas
de Filosofia. Lisboa: Editora Moderna.
JAPIASSÚ, Hilton. & MARCONDES, Danilo.(2001). Dicionário Básico de Filosofia.
3ª Edição. R. Janeiro: Jorge Zahar Editor.

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