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Sheila Ost
A ética da alteridade
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A ética vem se mostrando uma questão de grande importância quando
se propõe a pensar sobre as práticas dos seres humanos.
Neste capítulo, você irá identificar um novo pensamento sobre o ser
humano; construir um raciocínio distinto sobre ética e relacionar esse
pensamento com outras correntes que tratam sobre o pensamento ético.
um ponto comum, ou seja, uma origem de onde pudesse ter surgido toda a
diversidade que pudesse explicar a realidade.
Se analisarmos Sócrates, Platão e Aristóteles, iremos perceber que existe
uma inversão de objeto de pensamento, ou seja, a natureza que havia despertado
a busca pela unidade da diversidade passa a dar lugar para a antropologia,
tornando o homem o objeto do pensamento. O homem que o pensamento grego
buscava não era o individual, mas o cidadão, o homem da polis.
Tais filósofos procuravam aquilo que tornava os homens iguais e não suas
diferenças. Buscavam o que era universal e válido para todos os homens,
que era a essência. Essa busca visava à organização da polis, pois só assim a
vida seria possível. Para eles, as diferenças deveriam ser condenadas se não
fosse possível abstraí-la e uniformizá-la. Nesse sentido, apenas a dimensão
da igualdade foi pensada, ou seja, a dimensão do cidadão.
O pensamento judaico é diferente, pois nasceu de uma experiência. Na
origem do judaísmo está a experiência da intersubjetividade com ênfase
na alteridade e não na subjetividade. A originalidade dessa experiência
está no chamado feito por um outro que escapa do alcance da percepção e
da compreensão do chamado. Essa é uma experiência de transcendência a
qual não se pode escapar e que não se pode objetivar. Nesse sentido, é uma
experiência que supõe a diferença absoluta e radical, própria da experiência
da transcendência, ou seja, a relação de alteridade própria da convivência
entre humanos.
Essa reflexão é construída em torno da questão que interroga as influên-
cias do judaísmo sobre o pensamento de Emannuel Levinas e os estudos que
dela decorrem. Esse diálogo entre judaísmo e filosofia nos remete à escuta
de uma antiga sabedoria. A alteridade passou a ser colocada como questão
fundamental, possibilitando desse modo que o pensamento de Levinas fosse
desenvolvido numa linha filosófico-fenomenológica, e de outro lado, numa
perspectiva hermenêutico-talmúdica.
Levinas é um pensador de origem franco-lituana, que a partir da experiência
vivenciada durante o Holocausto, na Segunda Guerra Mundial, compôs um
pensamento crítico à filosofia ocidental. Como judeu, sofre a perda de boa
parte da família durante a guerra, sua esposa e filhos sobreviveram porque
se esconderam em casa de amigos. Levinas só sobreviveu porque atuou como
interprete e tradutor nos campos de concentração, pois era considerado como
alguém que poderia ser aproveitado.
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Leituras recomendadas
BERNARDES, C. T. T. A ética da alteridade em Emmanuel Levinas: uma contribui-
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