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18/03/2023, 15:14 Elementos do Projeto Pedagógico na EP

Elementos do Projeto Pedagógico na EP

Site: Ambiente Virtual de Apredizagem - Cursos em EaD Impresso por: Maria Thays de Morais Pinto
Curso: Projeto Pedagógico na Educação Profissional e Tecnológica Data: sábado, 18 Mar 2023, 15:14
Livro: Elementos do Projeto Pedagógico na EP

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Índice

1. Elementos do currículo na Educação Profissional


1.1. Perfil profissional de conclusão (ou do egresso)
1.2. Certificação intermediária de oferta e suas implicações para o PPC
1.3. Identificação do tipo de oferta e suas implicações para o PPC
1.4. Estágio
1.5. Organização curricular

2. Projeto de Certificação de saberes


2.1. Como se constrói um PPCP?

3. Projeto de Proeja

4. Referências

5. Ficha Técnica

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1. Elementos do currículo na Educação Profissional

 1.1 O que tem em um Projeto Pedagógico de Curso? 

No Projeto Pedagógico de Curso (PPC), há vários elementos essenciais de identificação e explicação do curso. As Diretrizes Curriculares Nacionais para
a EPT (das quais falamos na primeira semana de aula) já definem estes elementos mínimos para cada tipo de curso (qualificação, técnico, superior). Vamos
ver os elementos mínimos para um curso técnico:

 I - identificação do curso;

 II - justificativa e objetivos;

 III - requisitos e formas de acesso;

 IV - perfil profissional de conclusão e perfil profissional de saídas intermediárias e de especializações técnicas, quando previstas;

 V - organização curricular;

  VI - critérios de aproveitamento de conhecimentos e experiências anteriores, mediante avaliação e reconhecimento de competências profissionais
constituídas;

 VII - critérios e procedimentos de avaliação de aprendizagem;

 VIII - infraestrutura física e tecnológica, identificando biblioteca, laboratórios, instalações e equipamentos;

 IX - perfil de qualificação dos professores, instrutores e técnico-administrativos;

 X - certificados e diplomas a serem emitidos;

 XI - prazo máximo para a integralização do curso; e,

 XII - identificação das atividades de estágio supervisionado obrigatório, quando couber.

 § 1º A organização curricular deve explicitar:

 I - as unidades curriculares, etapas ou módulos, com suas cargas horárias, presenciais e a distância, o prazo máximo para a integralização, bem como a
indicação da respectiva bibliografia básica e complementar;

 II - orientações metodológicas flexíveis, incluindo estratégias de execução, presencial ou a distância;

 III - prática profissional intrínseca ao currículo, desenvolvida nos diversos ambientes de aprendizagem; e

 IV - estágio supervisionado, para vivência da prática profissional em situação real de trabalho, nos termos da Lei nº 11.788/2008 (...).

Como você pode ver, é um documento bem completo. Você deve ter percebido que o Projeto Pedagógico de cursos de qualificação profissional possuem
alguns elementos a menos (normal, há menos requisitos legais envolvidos). Os elementos dos PPCs de nível superior (“Educação tecnológica de
graduação e de pós-graduação'') já são mais parecidos com os de cursos técnicos. 

Vale dizer que, respeitados os elementos mencionados acima, constantes nas Diretrizes Curriculares Nacionais, as diferentes instituições definem seus
modelos de PPC e podem dar nomes diferentes a estas partes, incluir outras etc. Cada instituição aprova o PPC em seus órgãos deliberativos. Afinal, temos
no Brasil um pacto federativo, que confere autonomia às diferentes esferas de poderes federal, estadual e municipal, para sua organização e
funcionamento, salvo legislação maior.

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1.1. Perfil profissional de conclusão (ou do egresso)

Como já dissemos, essa é uma parte importante do PPC, porque vai traçar o perfil profissional que o curso pretende desenvolver no estudante. Isso norteia
a organização curricular e as atividades previstas, inclusive atividades imersivas no mundo do trabalho (visitas técnicas, estágio, atividades de pesquisa e
extensão etc.). 

No perfil, definem-se quais atividades profissionais ou competências profissionais o estudante formado deve ter desenvolvido, bem como os campos de
atuação. 

É bom lembrar que estas competências profissionais descritas no perfil do egresso são competências de entrada no mundo do trabalho. Elas continuarão
se desenvolvendo na experiência laboral efetiva ao longo da vida do trabalhador. Não é necessário, mas é comum que haja um descritivo do perfil em texto
e uma lista de competências.

É altamente recomendável que a definição deste perfil seja feita com o corpo docente, mas também com a participação de trabalhadores da área e por meio
de pesquisa e análise das atividades, conforme veremos mais adiante. 

Vamos ver alguns exemplos de perfis profissionais em PPCs? Observe que apresentaremos um exemplo e um contraexemplo, para que se comparem os
descritivos:

Exemplo de Curso Técnico Integrado em Eletromecânica:

Perfil Profissional do Egresso: 


O técnico em Eletromecânica estará apto a exercer atividades de planejamento e execução da manutenção eletromecânica de equipamentos
industriais e de automação, bem como a atuar no planejamento, projeto, execução, inspeção e instalação de máquinas e equipamentos
eletromecânicos conforme especificações técnicas, normas de segurança e com responsabilidade socioambiental.

Competências Gerais do Egresso: 


Competências Gerais do Ensino Médio 

1. Comunicar e representar; investigar e compreender; contextualizar social ou historicamente os conhecimentos. 

2. Dominar diferentes linguagens, desde idiomas até representações matemáticas e artísticas; 

3. Compreender processos, sejam eles sociais, naturais, culturais ou tecnológicos; 

4. Diagnosticar e enfrentar problemas reais; 

5. Construir argumentações; 

6. Elaborar proposições solidárias.

Competências Gerais do técnico em Eletromecânica: 


1. Interpretar e desenvolver diagramas elétricos/projetos elétricos de baixa tensão; 

2. Interpretar e desenvolver desenhos técnicos mecânicos; 

3. Selecionar e classificar materiais e componentes para sistemas elétricos e mecânicos; 

4. Operacionalizar processos de fabricação mecânica; 

5. Instalar e operar máquinas e equipamentos eletromecânicos; 

6. Aplicar ferramentas de controle de qualidade e gestão da manutenção; 

7. Realizar manutenção de máquinas, equipamentos e instalações industriais; 

8. Instalar e inspecionar sistemas eletro-hidráulicos e eletropneumáticos.

Contraexemplo de Perfil Profissional:


Perfil profissional de conclusão do egresso do curso: 

O Perfil profissional de conclusão do Curso Técnico em Eletromecânica define-se pelo conhecimento de saberes e competências profissionais e pessoais
que caracterizam a formação pessoal e profissional e a preparação para o trabalho comum ao eixo tecnológico, assim como as especificidades da
habilitação profissional e das etapas de qualificação correspondente ao itinerário formativo do Técnico em Eletromecânica.

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Observe: este último perfil parte de afirmações generalistas que não caracterizam competências. Se você omitir a palavra Eletromecânica, jamais saberia
de que curso se trata.

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1.2. Certificação intermediária de oferta e suas implicações para o PPC

Abordamos este tópico em Epistemologia da Educação Profissional, quando falamos em “Saídas Intermediárias”. Mas vamos lembrar… Trata-se da
Certificação de competências ao longo do curso, sem vínculo com o nível. Em geral, permitem alguma laboralidade. Quando um aluno, por qualquer razão,
não consegue concluir seus estudos, a certificação intermediária permite que ele se insira no mundo do trabalho, por certificá-lo em algumas competências.
Uma qualificação profissional já é uma conquista, reconhecendo os saberes de uma etapa formativa. 

Quando não há saída intermediária com a devida certificação, é como dizer ao estudante que cursou um semestre, um ano ou mais, que ele não aprendeu
nada e a ele ou ela nada ensinamos!

Exemplo de Certificação intermediária para um Curso Técnico em Eletrotécnica Subsequente (duração 4 semestres):

Certificações intermediárias:

Desenhista de Circuitos Elétricos (1º semestre); 

Eletricista de Instalações Prediais de Baixa Tensão (2º semestre); 

Projetista de Circuitos Elétricos de Baixa Tensão (3º semestre);

Diploma:
Técnico em Eletrotécnica (4º Semestre).

É bom lembrar que somente cursos técnicos, de graduação, mestrado e doutorado podem conferir diplomas;  todos os demais dão direito a
certificados. 

Destaque: se um curso técnico possui saídas intermediárias, cada certificação recebe a denominação do nível, por exemplo: qualificação técnica de
eletricista de instalações de baixa tensão. No caso de um curso superior de tecnologia em gastronomia, com uma saída intermediária em
planejamento de cardápios, a certificação seria: qualificação tecnológica em planejamento de cardápios.

Conforme vimos, as novas Diretrizes Curriculares exigem que seja descrito o perfil profissional destas certificações intermediárias, que correspondem
a algumas das competências gerais contidas no Perfil Profissional de Conclusão.

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1.3. Identificação do tipo de oferta e suas implicações para o PPC

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Fonte: https://www.storyblocks.com

Aqui estamos falando tanto do primeiro quanto do terceiro inciso do artigo 25 das Diretrizes Curriculares: "identificação do curso" e "requisitos e formas de
acesso". Um curso técnico pode ser ofertado das seguintes formas: integrada, concomitante, concomitante intercomplementar e subsequente. Estudamos
isso na primeira semana da nossa disciplina, mas estamos retomando para tratar das implicações que a forma de oferta tem no PPC. 

Você já deve estar familiarizado com esta questão (até porque evocamos o assunto em Epistemologia), mas é bom lembrar: o “novo Ensino Médio”, além
dos 4 itinerários das diferentes “ciências e suas tecnologias”, prevê a oferta do itinerário “formação profissional e técnica". Neste itinerário, a escola deve
ofertar a BNCC (com os saberes ou competências gerais, até, no máximo, 1.800 horas ao longo dos três anos) e a formação técnica e profissional.

Em termos de carga horária, os cursos técnicos já possuem carga horária regulamentada (800, 1.000 ou 1.200 horas). Já as qualificações profissionais,
não. Porém, é recomendado legalmente que haja uma composição de oferta de qualificações profissionais de uma determinada área (por exemplo, 4 ou 5
qualificações de 200 horas), que podem abrir diferentes áreas de atuação profissional. Aqui, é possível compor a qualificação profissional também com
estágios, projetos de pesquisa e extensão, atividades educativas em instituições que não são de ensino ou outras. 

Isso significa que o aluno poderá: 

realizar a BNCC e também seu curso técnico ou qualificação profissional na escola de educação básica, de forma integrada;

realizar a BNCC na escola de educação básica e seu curso técnico ou qualificação profissional em uma escola técnica, de forma concomitante;

realizar a BNCC na escola de educação básica e qualificações em instituição de pesquisa, universidade ou faculdade, museu, centro de formação de
uma empresa, academia militar, conservatório de artes, escola de teatro etc. 

Os cursos técnicos subsequentes ao ensino médio são aqueles que você pode fazer já com o ensino médio concluído. Há um público potencial enorme
para estes cursos, pois uma quantidade muito grande de estudantes que concluem o ensino médio não têm formação profissional alguma e não ingressam
em cursos superiores. Vale mencionar que os estudantes dos cursos técnicos subsequentes são, em sua maioria, trabalhadores (GRUBER, 2019). E essa é
uma característica que impacta na criação do PPC, como nos "critérios de aproveitamento de conhecimentos e experiências anteriores", outro elemento
fundamental no planejamento de cursos técnicos.

Nos casos de cursos técnicos ou de qualificação profissional integrados ao ensino médio, o PPC deve prever as formas de integração com o ensino médio.
Já o curso técnico subsequente, não; pois o aluno já cursou o Ensino Médio.  

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1.4. Estágio

Muitos cursos (mas nem todos) possuem estágio curricular obrigatório, seja porque é uma exigência legal (está previsto nas diretrizes curriculares daquele
curso ou por definição dos idealizadores do PPC ou da instituição), seja porque é considerada uma atividade educativa importante para a formação. É
possível também prever um estágio não obrigatório para os estudantes que queiram aprender em situação real de trabalho. 

O curso técnico em enfermagem, por exemplo, curso técnico mais ofertado no Brasil, sempre terá estágio. 

O Brasil possui uma legislação que caracteriza o estágio como ato educativo. E este é mesmo o objetivo do estágio: a aprendizagem e o desenvolvimento
profissional do aprendiz. Ele pode ser fundamental para conhecer de forma mais aprofundada e real a profissão e já ter experiência na área. Para isso,
deverá ser prevista a interação entre a escola e a instituição ou empresa onde será realizado o estágio, com supervisão e acompanhamento das
atividades. 

É importante destacar que a carga horária destinada ao estágio profissional supervisionado, quando previsto como obrigatório, em quaisquer das formas de
oferta, deve ser adicionada à carga horária mínima estabelecida para o curso técnico.

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1.5. Organização curricular

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Fonte: https://www.storyblocks.com

A organização curricular é composta por vários elementos. Os principais são:

Matriz Curricular ou Grade Curricular;

Componentes curriculares e seus descritivos;

Metodologia de ensino;

Estrutura curricular de atendimento ao discente.

Uma “matriz” é um conjunto organizado de elementos cuja articulação produz um efeito conjunto sobre um sistema. Assim, uma Matriz Curricular é um
conjunto de componentes curriculares (disciplinas ou unidades curriculares, atividades extraclasse, estágios, atividades de extensão, atividades de
pesquisa, atividades complementares etc.) cujo desenvolvimento articulado visa construir um Perfil Profissional em um estudante. É importante não
confundir Matriz Curricular com Grade Curricular, que é uma tabela de disciplinas e suas cargas horárias a serem cumpridas. 

A Matriz Curricular é um resumo do Projeto Pedagógico do Curso, como um infográfico, permitindo uma visualização ampla de toda a atividade educativa
que será desenvolvida ao longo do curso, incluindo as componentes curriculares, carga horária, competências, módulos didáticos, eixos temáticos,
certificações intermediárias etc. Há, portanto, diferentes formatos possíveis, dependendo da lógica de construção do currículo.

Matriz para Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia:

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https://ava.ead.ifsertao-pe.edu.br/moodle/mod/book/tool/print/index.php?id=7716 15/24
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Grade Curricular do Curso Técnico em Recursos Pesqueiros:
 

DADOS DO CURSO: 

Nome do curso: Técnico em Recursos Pesqueiros. 

Eixo tecnológico: Recursos Naturais.

Forma de oferta: Concomitante ao ensino médio. 

Modalidade: Presencial. 

Carga horária total: 1000h.

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2. Projeto de Certificação de saberes

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Fonte: https://www.storyblocks.com

Na disciplina de Epistemologia, falamos rapidamente sobre Certificação de Saberes. Aqui vamos retomar algumas reflexões sobre esse assunto e falar
sobre os aspectos do Projeto Pedagógico de Certificação Profissional, o PPCP.

Para começar, reflita conosco: você aprendeu tudo o que sabe fazer na escola?

Por muito tempo, na história da humanidade, não existiam escolas. Os modos de fazer uma atividade eram aprendidos em outros espaços, que não o
escolar. A invenção da escola, como a conhecemos hoje, trouxe muitos benefícios para as sociedades. No entanto, é importante lembrarmos que também é
possível aprender fora dela. Isso vale para saberes de muitos tipos, inclusive para os profissionais. É provável que você conheça ao menos um profissional
muito competente que não seguiu um curso para aprender sua profissão.

Nesse contexto, a escola pode reconhecer saberes e competências que os profissionais construíram ao longo da vida, não necessariamente no ambiente
escolar. Essa é uma possibilidade existente no Brasil e em muitos outros países. De Champlain et al (2020), do Canadá, afirmam que o reconhecimento de
competências baseia-se principalmente nos seguintes princípios: uma pessoa tem o direito ao reconhecimento social de suas competências, desde que
comprovadas, e ela não precisa reaprender aquilo que já sabe, independentemente dos locais, circunstâncias ou métodos de aprendizagem utilizados. Os
autores definem o processo de reconhecimento como uma experiência humana que permite aos candidatos forjar para si uma identidade profissional forte e
assumida.

Além disso, a validação de competências permite aos estudantes reduzir a quantidade de créditos ou de carga horária a cumprir na escola para obter a
certificação no curso pretendido. "Se os estudantes-trabalhadores pudessem ter reconhecidos e aproveitados na formação os seus conhecimentos e as
suas experiências, eles poderiam ter uma carga horária menor a cumprir no curso, facilitando, dessa forma, a conciliação entre trabalho e formação escolar.
Ademais, receber o reconhecimento dessa experiência por parte da escola pode ser um fator motivador para a continuação de sua formação." (GRUBER,
2019, p. 71). De Champlain et al (2020) também destacam a validação de competências e a redução de créditos a cumprir na escola como um fator que
contribui de forma importante para a perseverança dos estudantes no curso. 

Por isso, a educação profissional, além de oferecer formação inicial de trabalhadores, tem também o papel de certificar competências profissionais
construídas no ambiente laboral. A Lei nº 11.892/2008 expressa essa possibilidade no seu artigo segundo: "No âmbito de sua atuação, os Institutos
Federais exercerão o papel de instituições acreditadoras e certificadoras de competências profissionais." 

No Brasil, para cumprir esse objetivo, foi criada em 2014 a Rede Certific. Em 2021, a Portaria do MEC nº 24 revogou a Portaria Interministerial nº
5/MEC/MTE, de 2014, que instituía a Rede Certific, e criou o Sistema Nacional de Reconhecimento e Certificação de Saberes e Competências Profissionais
- Re-Saber, um "sistema voltado para o atendimento de trabalhadores que buscam a certificação profissional de saberes e competências desenvolvidas ao
longo da vida".

Mas por que validar esses saberes? Fassina, Wollinger e Allain (2020, p. 803) nos oferecem uma resposta: "ao ter validados seus saberes obtidos à
margem da educação formal, o cidadão se redescobre ao tomar consciência do valor das suas experiências, o que pode impulsionar avanços profissionais,
culturais e sociais, culminando em benefícios para toda a sociedade."

Apesar de instituída há alguns anos, a certificação de saberes ainda é pouco desenvolvida no Brasil. Segundo Fassina, Wollinger e Allain (2020, p. 798), há
muita resistência e alguns preconceitos que precisam ser superados para que possamos seguir por esse caminho. É preciso compreender que "o processo
de certificação de saberes tem caráter formativo, visto que a participação ativa do candidato em todas as etapas permite um autorreconhecimento de sua
experiência e capacidades, bem como o reconhecimento destas por sua comunidade de práticas".

No mesmo sentido, De Champlain et al (2020) destacam a abordagem reflexiva dos candidatos como o coração do reconhecimento de competências. Eles
reforçam que esse processo permite aos candidatos verificarem quais competências estão mais desenvolvidas e, além disso, aquelas que precisam
desenvolver, quais aspectos de sua formação estão frágeis, principalmente em relação às evoluções da profissão e da natureza do trabalho.

As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Profissional e Tecnológica dedicam um capítulo exclusivo ao reconhecimento de saberes e
competências. Nele, encontramos que "a certificação profissional abrange a avaliação do itinerário profissional e social do estudante, que inclui estudos não
formais e experiência no trabalho (saber informal), bem como a orientação para continuidade de estudos, segundo itinerários formativos coerentes com os
históricos profissionais dos cidadãos, para valorização da experiência extraescolar". As Diretrizes indicam ainda a necessidade de construir o PPCP, para
que esse processo seja realizado.

https://ava.ead.ifsertao-pe.edu.br/moodle/mod/book/tool/print/index.php?id=7716 19/24
18/03/2023, 15:14 Elementos do Projeto Pedagógico na EP

2.1. Como se constrói um PPCP?

Mas como se constrói um Projeto Pedagógico de Certificação Profissional (PPCP)?

A construção do PPCP tem como base o perfil profissional de conclusão para o curso de referência correspondente, constante no CNCT ou no CNCST, ou
ocupação constante na CBO, ou documento equivalente, e as Diretrizes Curriculares Nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Educação, no que se
refere à Educação Profissional e Tecnológica.

Os elementos mínimos do PPCP, definidos na Portaria do MEC nº 24, são: 

 I - identificação da certificação profissional, vinculada ao curso de referência;

 II - descrição do cumprimento dos requisitos para a oferta;

 III - justificativa e objetivos da oferta;

 IV - público-alvo e estratégia de busca ativa;

 V - descrição do perfil profissional de conclusão objeto da certificação profissional;

 VI - saberes e competências a serem avaliados;

 VII - forma e requisitos de acesso, inclusive escolaridade mínima;

 VIII - descrição do processo, inclusive etapas e procedimentos;

 IX - instrumentos e critérios de avaliação do trabalhador;

 X - disponibilidade de equipamentos e infraestrutura;

XI - caracterização da equipe multiprofissional composta por, no mínimo, um profissional de educação e dois da área específica correspondente à
certificação profissional; e

XII - documentação a ser emitida, constando atestados, histórico escolar, certificados ou diploma.

Vale destacar que podemos ter diferentes tipos de certificação profissional, conforme estabelecido pelo Sistema Re-Saber:

 I - certificação de qualificação profissional;

 II - certificação profissional técnica;

 III - certificação de especialização profissional técnica;

 IV - certificação profissional tecnológica; e

 V - certificação docente da educação profissional.

Sugerimos que você acesse a Portaria do Re-Saber para conhecer melhor esse sistema:

PORTARIA nº 24, DE 19 DE JANEIRO DE 2021 - PORTARIA nº 24, DE 19 DE JANEIRO DE 2021 - DOU 

Separamos aqui dois exemplos de PPCP para ilustrar esse tema:

Qualificação profissional em Pescador Especializado, do campus Itajaí do IFSC:

assista a essa reportagem sobre a certificação:


https://youtu.be/lGnbpQkJ17M 

acesse aqui o PPCP.

Certificação Profissional Para Docente da Educação Profissional, do IFSC, apresentado em Fassina, Wollinger e Allain (2020):
RESOLn51_PPCP_Certificacao_docente_EP_merged.pdf 

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3. Projeto de Proeja

Fonte: https://www.iffarroupilha.edu.br

Nas disciplinas de Epistemologia e de EJATA, já abordamos as especificidades pedagógicas da formação profissional no âmbito da educação de jovens e
adultos, o Proeja. É um programa instaurado pelo Decreto nº 5.840, de 13 de julho de 2006 (disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/decreto/d5840.htm). Falamos da necessidade de diferentes abordagens e metodologias para outros sujeitos da educação, já não mais crianças,
e por isso mencionamos a Andragogia e Heutagogia. 

Também dissemos que uma das grandes virtudes de nossa legislação sobre a educação de adultos e a educação profissional é incentivar ações
inovadoras, melhor identificando nossas práticas pedagógicas com o público-alvo, o que implica que conteúdos, abordagens e análises educativas para
esse público devem ser específicos, jamais confundidos ou estendidos da educação escolar no tempo regular (educação básica dos 4 aos 17 anos).

Os cursos PROEJA podem ser de dois tipos:

Qualificação Profissional (também chamada de formação inicial ou continuada), articulados ao Ensino Fundamental ou ao Ensino Médio;

Técnico, integrado ou concomitante ao Ensino Médio.

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O Decreto 5.840/2006 define que os cursos e programas do PROEJA deverão ser oferecidos, em qualquer caso, a partir da construção prévia de projeto
pedagógico integrado único, inclusive quando envolver articulações interinstitucionais ou intergovernamentais.

Como tudo isso se traduz para os projetos pedagógicos?

Nos PPCs de PROEJA, é preciso considerar a carga horária mínima exigida, porém os tempos escolares não precisam ser os mesmos da educação
básica: não são obrigatórios os 200 dias letivos, ou seja, a “presença” todo dia na escola de adultos que são trabalhadores, têm família... ; 

Os tempos de aprendizagem podem ter outra organização, que leve em consideração o tempo social dos adultos, inclusive sua atividade laboral;

A formação profissional é motora e vetora de aprendizagem e de elevação da escolaridade, bem como de desenvolvimento profissional e pessoal. Em
inúmeros países, a principal estratégia de formação de adultos que não realizaram seus estudos no tempo regular é a de formação profissional, à qual,
quando propício à/ao estudante, associa-se elevação da escolaridade. A “pedagogia das situações” e da atividade é ainda mais relevante neste contexto
para organizar os percursos formativos. 

Exemplos de PPC de Proeja:


Técnicas em Agricultura Familiar: 
PPC: PPC Proeja FIC Téc. Agric. Familiar.pdf 

Reportagem do IFSC com estudante desse curso: https://youtu.be/LQvhdOgS2TU 

Técnico em Cozinha:
PPC: https://www.ifsc.edu.br/curso-aberto/-/asset_publisher/nvqSsFwoxoh1/content/id/665887?p_r_p_564233524_categoryId=665863

Reportagem do IFSC com estudante desse curso: https://youtu.be/KnT4bhmAXdI 

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4. Referências

BRASIL. Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais
de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 dez. 2008.

Seção 1, p. 1.

BRASIL. Decreto nº 5.840, de 13 de julho de 2006. Institui, no âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a
Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - PROEJA, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 jul. 2006.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/decreto/D5840.htm 

BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Portaria Interministerial nº 5, de 25 de abril de 2014. Dispõe sobre a
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IFSC. IFSCTV | Campanha EJA | Auto-estima. 2016. Disponível em: https://youtu.be/KnT4bhmAXdI. 

IFSC. Curso Proeja Técnico em Cozinha Campus Florianópolis-Continente. 2021. Disponível em: https://www.ifsc.edu.br/curso-
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IFSC. PIDC Curso de Formação Inicial e Continuada em Técnicas de Agricultura Familiar Modalidade: PROEJA – FIC/Ensino Fundamental. São Miguel do
Oeste, 2010.

IFSC. IFSCTV | Campanha EJA | Área rural. 2016. Disponível em: https://youtu.be/LQvhdOgS2TU.   

https://ava.ead.ifsertao-pe.edu.br/moodle/mod/book/tool/print/index.php?id=7716 23/24
18/03/2023, 15:14 Elementos do Projeto Pedagógico na EP

5. Ficha Técnica

Título Projeto Pedagógico e Currículo na EP

Autoria Crislaine Gruber

Olivier Allain 

Design gráfico e instrucional Camila Marques

André Avelino

Revisão textual Cláuberson Correa Carvalho

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.

https://ava.ead.ifsertao-pe.edu.br/moodle/mod/book/tool/print/index.php?id=7716 24/24

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