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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região

Ação Trabalhista - Rito Ordinário


0000871-54.2017.5.20.0001

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 29/05/2017


Valor da causa: R$ 60.000,00

Partes:
RECLAMANTE: FLAVIO EDSON DA SILVA RIBEIRO
ADVOGADO: MONIQUE EMANUELLE MAIA MATOS
RECLAMADO: ATOS SERVICOS DE TECNOLOGIA DA INFORMACAO DO BRASIL LTDA.
ADVOGADO: FABIO RIVELLI
ADVOGADO: ALEXANDRE LAURIA DUTRA
ADVOGADO: SANDRA CALABRESE SIMAO
ADVOGADO: Joel berto
RECLAMADO: VALE S.A.
ADVOGADO: LILIAN JORDELINE FERREIRA DE MELO
ADVOGADO: TIALA SORAIA DE FARIAS CARVALHO
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
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AO JUÍZO DA 1ª VARA DO TRABALHO DE ARACAJU - SE.

AUTOS - 0000871-54.2017.5.20.0001

ATOS SERVIÇOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO


DO BRASIL LTDA., já qualificada nos autos em epígrafe, em que contende com
FLÁVIO EDSON DA SILVA RIBEIRO, vem, respeitosamente, à presença de V. Exa.,
por seu procurador judicial, adiante assinado, apresentar IMPUGNAÇÃO, motivo
pelo qual pede vênia para expor e, ao final, requerer o que segue:

1. REFLEXOS DAS HORAS DE PERCURSO SOBRE OS


DSR’S

Não concorda a Reclamada com os cálculos


apresentados pela contadoria ao computar os reflexos das horas de percurso
(nominado por “horas in itinere” na conta) sobre os DSR’s.

Conforme se extrai dos cálculos de id. 4b5475c, verifica-


se que a contadoria da Vara computou os reflexos das horas de percurso (nominado
por “horas in itinere” na conta) sobre os DSR’s, com o que não concorda o Réu, tendo
em vista que não foi determinado tal reflexo no título executivo.

Eis o teor da decisão (v. id. 5b757ac - Pág. 22):

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“Acordam os Exmos. Srs. Desembargadores da Segunda


Turma do

Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região,


por unanimidade, conhecer de ambos os recursos,
rejeitar a preliminar de nulidade processual suscitada
pela Reclamada e, no mérito, dar parcial provimento
ao recurso do Reclamante para, reformando a
Sentença, condenar as Reclamadas ao pagamento
de 1 (uma) hora extra por dia efetivo de trabalho do
Reclamante, a título de horas de percurso, com
reflexos em férias acrescidas do terço
constitucional (simples e proporcionais), 13º
salário, FGTS + 40% e aviso prévio, devendo ser
observada a evolução salarial do Reclamante, com base
nos contracheques juntados aos autos. Quanto ao
recurso patronal, negar-lhe provimento.” (grifos
nossos)

Veja-se, o texto acima demonstra que foi dado parcial


provimento ao recurso do Reclamante, reformando a Sentença e condenando as
Reclamadas ao pagamento de 1 (uma) hora extra por dia efetivo de trabalho a título
de horas de percurso com reflexos em férias + 1/3, 13° salários, FGTS + 40% e aviso
prévio, não determinando em momento algum reflexos sobre os DSR’s.

Logo, a contadoria deverá retificar seus cálculos com


vistas a excluir da sua conta os reflexos das horas de percurso sobre os DSR’s, por
indevidos.

Assim sendo, sob pena de violação da coisa julgada,


impugnam-se os cálculos apresentados pela contadoria neste aspecto, inclusive
reflexos, por incorretos.

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Acolha-se.

2. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. DECISÃO


SUPERVENIENTE. TESE OBRIGATÓRIA FIXADA PELO
E. STF

Não concorda a Reclamada com os cálculos


apresentados pela contadoria em relação à apuração dos índices de correção
monetária e juros.

Conforme se extrai dos cálculos apresentados, verifica-


se que a contadoria atualizou monetariamente sua conta pelo índice “Tabela TR
diária”, acrescido dos juros moratórios de 1% ao mês desde o ajuizamento da ação,
com o que não concorda o Réu, tendo em vista que a contadoria não observou que o
E. STF alterou o critério de apuração dos juros e correção monetária, determinando
que os cálculos sejam atualizados monetariamente IPCA-E na fase pré-judicial (até
o ajuizamento), e, a partir da citação/ajuizamento, a taxa de juros SELIC unicamente.

Ademais, é importante frisar que ao aplicar a ADC 58, os


juros moratórios de 1% ao mês continuam sendo aplicados na conta, uma vez que
está incorporado na base de cálculo dos juros SELIC. O mesmo pode ser dito em
relação à correção monetária, pois a correção monetária também está contemplada
dentro da taxa de juros SELIC.

Dito isso, a contadoria da Vara deverá retificar seus


cálculos de acordo com o atual entendimento do E. STF, atualizando-os
monetariamente pelo IPCA-e até a data do ajuizamento (29.05.2017), e, a partir de
então, a taxa de juros SELIC unicamente, sem a incidência dos juros moratórios de
1% ao mês e nem correção monetária, tendo em vista que ambos já estão
contemplados na composição da SELIC.

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Assim sendo, impugnam-se os cálculos apresentados


pela contadoria em mais este aspecto, inclusive reflexos, por incorretos.

Acolha-se.

3. JUROS MORATÓRIOS. BASE DE CÁLCULO

A Reclamada também não concorda com os cálculos


apresentados pela contadoria da Vara em relação ao computo dos juros moratórios,
mais especificamente quanto sua base de cálculo.

Com efeito, os cálculos apresentados acusam que não


foram deduzidas as contribuições previdenciárias do Autor para computar os juros
moratórios, com o que não concorda a Reclamada, pois os juros moratórios devem
ser aplicados sobre o valor líquido da condenação, ou seja, sobre o valor apurado
após as deduções previdenciárias do Reclamante.

Admitir escorreito o procedimento adotado constitui,


repita-se, inequívoco enriquecimento sem causa, pois os juros são aplicados sobre
os encargos previdenciários e o produto revertido em proveito do exequente.

Neste sentido:

IMPOSTO DE RENDA SOBRE JUROS DE MORA - NÃO


INCIDÊNCIA - Em razão da natureza punitiva e não
remuneratória, o imposto de renda incide sobre o
principal corrigido monetariamente, excluídas verbas
indenizatórias e juros moratórios. ISSO PORQUE OS
JUROS DE MORA CONSTITUEM PENALIDADE PARA O
EXECUTADO E, PORTANTO, DEVEM INCIDIR APENAS
SOBRE O CRÉDITO LÍQUIDO DO RECLAMANTE. HÁ

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QUE SE DEDUZIR OS VALORES DEVIDOS AO


IMPOSTO DE RENDA, ALÉM, É CLARO, DAQUELES
DEVIDOS À PREVIDÊNCIA SOCIAL, E, UMA VEZ
OBTIDO O VALOR LÍQUIDO, AÍ, ENTÃO, INCIDIRÁ A
ALÍQUOTA DOS JUROS DE MORA. CUMPRE NOTAR
QUE OS JUROS NÃO SÃO CONSIDERADOS
RENDIMENTOS, DE MODO QUE É INDEVIDA, SOBRE
ELES, A INCIDÊNCIA DE QUALQUER IMPOSTO [G.N.].
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA - FATO GERADOR -
VIGÊNCIA DA LEI NOVA - Nos termos dos artigos 150,
III, alínea "a", da CF e 105 do CTN, a nova regra só pode
ser aplicada, imediatamente, aos fatos geradores
futuros, não podendo atingir aqueles ocorridos antes da
sua vigência. A aplicação da nova metodologia de
cálculo (introduzida pela Medida Provisória 449/08),
somente atinge os créditos gerados após a sua vigência.
(TRT da 3.ª Região; Processo: 0017300-
25.2004.5.03.0034 AP; Data de Publicação:
09/06/2011; Disponibilização: 08/06/2011, DEJT,
Página 82; Órgão Julgador: Setima Turma; Relator:
Paulo Roberto de Castro; Revisor: Marcelo Lamego
Pertence)

JUROS DE MORA. DESCONTOS PARA PREVIDÊNCIA


SOCIAL. INCIDÊNCIA SOBRE O PRINCIPAL LÍQUIDO
ATUALIZADO. A incidência de juros sobre o principal
atualizado, antes de ser deduzida a contribuição
previdenciária devida pelo credor trabalhista, encerra
enriquecimento sem causa deste, que, assim, estará se
beneficiando de juros sobre parcela da qual não é

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titular, ou seja, que não integra o seu crédito


(contribuição da sua parte relativa à Previdência
Social). (TRT 04ª R.; AP 0024800-
77.2006.5.04.0024; Décima Turma; Rel. Des. Milton
Carlos Varela Dutra; Julg. 16/02/2012; DEJTRS
01/03/2012; Pág. 60)

Ainda, este é o entendimento dos Desembargadores do


TRT/9:

“Em Sessão Telepresencial realizada nesta data, sob a


Presidência Regimental da Excelentíssima
Desembargadora Marlene Teresinha Fuverki
Suguimatsu; presente o Excelentíssimo Procurador
Luercy Lino Lopes, representante do Ministério Público
do Trabalho; computados os votos dos Excelentíssimos
Desembargadores Ilse Marcelina Bernardi Lora
(Relator), Ricardo Bruel da Silveira, Luiz Alves, Marlene
Teresinha Fuverki Suguimatsu, Célio Horst Waldraff
(Revisor), Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, Aramis
de Souza Silveira e Eliazer Antonio Medeiros; em férias
os Excelentíssimos Desembargadores Neide Alves dos
Santos, Archimedes Castro Campos Junior, Adilson Luiz
Funez e Marcus Aurelio Lopes, ausente justificadamente
a Excelentíssima Desembargadora Thereza Cristina
Gosdal, sustentou oralmente o advogado Jose Affonso
Dallegrave Neto inscrito pela parte agravante; os
Desembargadores da Seção ACORDAM Especializada do
Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, por
unanimidade de votos, ADMITIR O AGRAVO DE

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PETIÇÃO DAS PARTES, e a respectiva contraminuta. No


mérito, por igual votação, DAR PARCIAL
PROVIMENTO AO AGRAVO DE PETIÇÃO DO
EXECUTADO para, nos termos da fundamentação: a)
determinar que, do crédito devido ao exequente,
além da dedução da contribuição previdenciária,
proceda-se, também, à dedução do imposto de
renda para, então, sobre o valor líquido devido ao
recorrido aplicar-se os juros de mora; e, sem
divergência de votos, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO
AGRAVO DE PETIÇÃO DO EXEQUENTE para, nos termos
da fundamentação: a) determinar o prosseguimento da
execução, conforme cálculos homologados, que
observam o índice de correção monetária (aplicação da
TR até 24 /03/2015, e do IPCA-E a partir de 25/03/15)
e juros estabelecidos no título provisoriamente
executado. (TRT da 9ª Região; AP 0000041-
35.2020.5.09.0892; Relatora: Des. Ilse Marcelina
Bernardi Lora; Data de Publicaçao: 07/04/2022;
Órgão Julgador: Quinta Turma)

Para que não haja dúvidas, a própria planilha dos juros


tem um campo nominado por “contribuição social” que é para deduzir o INSS do
Autor da base de cálculo dos juros moratórios, veja-se:

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Dito isso, a contadoria da Vara deverá retificar seus


cálculos com vistas a deduzir as contribuições previdenciárias da base de cálculo
dos juros moratórios, sob pena de manifesto enriquecimento sem causa a parte
Obreira.

Assim sendo, impugnam-se os cálculos apresentados


pela contadoria em mais este aspecto, inclusive reflexos, por incorretos.

Acolha-se.

4. DESONERAÇÃO TRBUTÁRIA DA RECLAMADA

A Reclamada também não concorda com os cálculos


apresentados pela contadoria em relação à apuração das contribuições
previdenciárias devidas pelo empregador.

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Conforme se extrai dos cálculos de id. 4b5475c, verifica-


se que a contadoria computou o INSS patronal à razão de 23% (20% do FPAS + 3%
do SAT) por todo período da condenação, com o que não concorda o Réu, pois a
contadoria não observou que a empresa Reclamada encontra-se em regime de
substituição tributária desde janeiro/2012 (documentos comprobatórios em
anexo), uma vez que alterou a base de cálculo do sistema convencional de
recolhimento das contribuições previdenciárias da folha de pagamento para a sua
receita bruta, sendo autorizado pela Lei 12.546, de 14 de dezembro de 2011
(alterada pela Lei n. 13.161/2015), cujo artigo 8º vigora com o seguinte texto:

“Poderão contribuir sobre o valor da receita bruta,


excluídas as vendas canceladas e os descontos
incondicionais concedidos, em substituição às
contribuições previstas nos incisos I e III do caput do
art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, as
empresas que fabricam os produtos classificados na
Tipi, aprovada pelo Decreto no 7.660, de 23 de
dezembro de 2011, nos códigos referidos no Anexo I.

Dito isso, a contadoria da Vara deverá retificar seus


cálculos com vistas excluir os encargos previdenciários do empregador, por todo
período da condenação, uma vez que o Réu está desonerado do pagamento do INSS
sobre sua folha de pagamento desde janeiro/2012.

Assim sendo, sob pena de repetição de indébito e


enriquecimento sem causa aos cofres públicos, impugnam-se os cálculos
apresentados pela contadoria neste aspecto, inclusive reflexos, por incorretos.

Acolha-se.

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5. REQUERIMENTOS FINAIS

Diante do exposto, requer-se, assim, que essa r. Vara


Trabalhista receba a presente IMPUGNAÇÃO, para, julgando-a procedente,
homologar os cálculos inclusos, por escorreitos. E, assim fazendo, estar-se-á
distribuindo às partes a mais salutar JUSTIÇA!

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Curitiba, 19 de junho de 2023.

Sandra Calabrese Simão Joel Berto

OAB/PR 13.271 OAB/PR 25.055

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https://pje.trt20.jus.br/pjekz/validacao/23061909173790000000015866246?instancia=1
Número do processo: 0000871-54.2017.5.20.0001
Número do documento: 23061909173790000000015866246

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