Você está na página 1de 21

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE HISTÓRIA

ALEX VENÂNCIO RODRIGUES


GABRIEL RODRIGUES DE SOUZA
GUILHERME ALVES LEITE
RODRIGO MORAES DE SOUSA

ANÁLISE DOCUMENTAL
DE MAGISTRO: SOBRE O MESTRE – SÃO TOMÁS DE AQUINO

GOIÂNIA
2019
ALEX VENÂNCIO RODRIGUES
GABRIEL RODRIGUES DE SOUZA
GUILHERME ALVES LEITE
RODRIGO MORAES DE SOUSA

ANÁLISE DOCUMENTAL
DE MAGISTRO: SOBRE O MESTRE – SÃO TOMÁS DE AQUINO

Trabalho solicitado pela Profa. Dra. Armênia Maria


de Souza, referente a disciplina de História
Medieval II, do curso de História no turno matutino
da Universidade Federal de Goiás.

GOIÂNIA
2019
1. Crítica Externa: apresentação do texto-documento

-Biografia de S. Tomas de Aquino


Tommaso d'Aquino (Tomás de Aquino) foi uma das principais
personalidades da filosofia e teologia medieval, sendo considerado o principal
expoente da filosofia escolástica, considerada esta o ápice de toda a produção
cultural na Baixa Idade Média. Como Antonio Carlos Wolkmer defende: “Se a
Patrística foi o momento cultural mais significativo da primeira fase da Idade
Média Ocidental, a Escolástica representou o ápice da produção cultural,
filosófica e teológica da Europa cristã nos séculos XII e XIII.” (WOLMER, 2001,
p. 22)
Tomas de Aquino nasceu no castelo de Rocassecca, próximo da
cidade de Aquino, no Reino da Sicília entre Roma e Nápoles na península
Itálica, entre os anos de 1224 e 1225. Nascido dentro de uma família da
nobreza italiana, aos 5 anos fora mandando para a abadia de Monte Cassino
para receber seu medicamento com os monges beneditinos. Aos 15 anos
entrou para a universidade de Nápoles onde estudou Artes Liberais, entrando
em contato pela primeira vez com a Lógica e Filosofia Natural aristotélica que,
futuramente, viria a influenciar o pensamento do Santo Dominicano.
(CARVALHO, 2019)
Com 19 anos, Tomás ingressa na Ordem dos Pregadores
Dominicanos, a contragosto de sua família. Logo após é enviado para Paris,
aonde se torna aluno de Alberto Magno. Aquino essa a estudar na
Universidade de Paris, em 1252 entrando como bacharel, posteriormente
adquirindo o título de mestre e doutor, se tornando um dos principais
professores daquela universidade (CAMPO, 2012, p.01). Segundo José
Geraldo Vidigal de Carvalho, Tomas de Aquino, conhecido como o mais sábio
dos santos e mais santo dos sábios, Quando Tomás de Aquino tinha cinqüenta
e três anos, a 7 de março de 1274, foi surpreendido pela morte no mosteiro
cisterciense de Fossanova. Estava a caminho de Lião onde, por ordem do
Papa Gregório X, iria participar do Concílio de Lião. Ainda no leito de morte
encontrou forças para falar aos monges sobre o Cântico dos Cânticos.
Atualmente o corpo de Tomás de Aquino repousa na Catedral de Tolosa, na
França. Foi canonizado pelo Papa João XXII que o canonizou em 1323, tendo
sido declarado como Doutor da Igreja em 1567 por Paulo V
Após seu falecimento, Tomás de Aquino entrou para a História com o
título de Doutor Angélico, dada a culminância espiritual que atingiu e a
perfeição de sua existência.
Em linhas gerais, São Tomás de Aquino foi uma das personalidades
mais marcantes em toda a filosofia medieval, sendo indubitavelmente, em
conjunto com Santo Agostinho, as principais mentes da teologia cristã,
possuindo uma grande influência, não restrita apenas ao período medieval,
mas também a nossa contemporanidade.
- Principais Obras
“Suma theologiae” (Suma teológica) considerada sua Magnum opus,
escrita entre os anos de 1265 a 1273, esse texto consiste em um corpo de
doutrina que consiste em uma das principais bases do pensamento tomista e
das bases dogmáticas do catolicismo. A obra se encontra dividida em 3 partes,
com cerca de 500 quaestiones e seus artigos de resposta. Essa obra é
considerada um marco em todo o período da Baixa Idade Média pós-Aquinate,
possuindo influências até os dias atuais, sendo considerado um dos principais
trabalhos sobre a historia da filosofia e um dos marcos da filosofia ocidental.
“Summa contra gentiles” (Suma contra os gentios) uma das obras mais
conhecidas de S. Tomás, esse tratado consiste em uma defesa da doutrina do
cristianismo escrito provavelmente para o auxilio de missionários na expansão
da cristandade, servindo como forma de explicar as idéias defendendo-a contra
pontos discordantes do judaísmo e islã. Fora escrito, provavelmente entre os
anos de 1261 e 1263.
“Quaestiones Disputatae de Veritate ou De Veritate” (Questões sobre a
Verdade ou Verdade e conhecimento). Constitui-se de um extenso texto,
contendo 29 quaestiones – a qual uma das quais se consiste no documento
aqui analisado. Escrita entre os anos de 1256 e 1259, nelas Aquino irá trazer
uma reflexão sobre a verdade relacionando-a com a iluminação,
correspondência, reconhecimento entre o individuo e a coisa, ou seja, o
intelecto que apreende e o objeto apreendido, relacionando a verdade com a
adequação do objeto ao intelecto.
Além das obras aqui mencionadas, o conjunto de obras atribuído a
autoria de Tomás de Aquino consiste ainda de inúmeros textos, dentro os quais
podemos destacar seus comentários sobre os Evangelhos, Sagradas
Escrituras (em especial seus comentários nas Epistolas de S. Paulo), escritos
aristotélicos e outros textos teológicos e filosóficos. Ademais, as “Reportationes
Alberti Magni super Dionysium”, além de inúmeros opúsculos sobre os mais
variados temas como o “Ente e a Essência”, “Sobre as Falácias”, e uma serie
de quaestiones.

- Em relação à obra “De Magistro: Sobre o mestre – Tomás de Aquino”


“Sobre o mestre” consiste em um tratado que está inserido no conjunto
de discussões das “Quaestiones Disputatae de Veritate” escritas entre os anos
de 1256 e 1259 contento cerca de 30 quaestiones. Produzida por São Tomás
de Aquino na Universidade de Paris, o texto em questão, escrito originalmente

em latim, se baseia em grande parte do estudo homônimo realizado por Santo


Agostinho.
Assim sendo, a obra de Aquino irá abordar questões semelhantes as
do bispo de Hipona, tais como: a possibilidade de se ensinar a alguém a
verdade, se homem pode assumir o magistério de mestre ou se tal função
estaria estritamente reservada para Deus, qual relação haveria entre o sinal - a
linguagem de quem ensina - e a verdade "ensinada" e, por consequência, qual
a função desempenhada pela linguagem no processo de adquirir o
conhecimento. Dessa forma, o texto de S. Tomás irá trazer uma nova
abordagem para o conceito de ciência, o processo e a fonte de sua aquisição,
o papel do docente como colaborador do Verbo iluminador, as possibilidades
de auto-ensino, trazendo de fundo uma estrutura argumentativa uma lógica
escolástico-aristotélica, e, como não podia deixar de ser na Idade Média e no
contexto teológico, a possível intervenção pedagógica do anjo, como
inteligência intermédia entre a divina e a humana.
Além da estrutura de pensamento escolástico-aristotélica que vai
influenciar o pensamento do autor – entre as principais obras citadas pelo
Aquinate destaca-se “Metafísica”, “Segundos analíticos”, “Física” e “Ética a
Nicômaco” de Aristóteles - é possível percebermos em seus escritos diversas
outras influencias que nos permitira compreender melhor a trajetória intelectual
do mesmo. Dentre as quais podemos citar: a “Glosa Interlinear” de Anselmo de
Laon, a “Glosa Ordinária” de Walfrido Strabon, comentários das Sagradas
Escrituras realizados por Santo Agostinho, São Jerônimo e Gregorio Magno.
Ademais, diversos escritos de S. Angostinho como: “De Magistro”, “Do Dom da
Perseverança”, “Contra os Maniqueus”, “De Trinitate”. Alem das Sagradas
Escrituras e dos Evangelhos.

2. Problematização (levantamento de questões problemas).

1. Com base na obra de Tomás de Aquino, qual o papel do homem no


processo de concepção pedagógica e de que forma tal questão se
difere dos estudos de seus anteriores?
2. Tendo em vista as ideias de platônicas sobre a pedagogia, quais
aspectos da sua forma de aprendizado podem se relacionar com as
formas de se adquirir conhecimento expostas na obra de Tomás de
Aquino?
3. Ao analisarmos as questões abordadas por Tomás de Aquino ao
longo do texto do documento a respeito do processo e aquisição do
conhecimento e da ciência e receber associando-a com a iluminação
do Verbo, isto é o Lógos, como o pensamento tomista irá pensar o
papel do educador tomando em conta o processo de interiorização
do conhecimento e uma proto-individualização intelectual a qual o
Aquinate propõe?
4. Ao longo da obra, percebemos as diferenciações quanto as
possibilidades de exercer o docere, do homem (mestre), de Deus e
dos anjos. Sendo o autor um teólogo, o terceiro dos quatro artigos
da obra aqui analisada é dedicado aos anjos, seres intermediários, e
se é possível atribuir-lhes o papel de ensinar. Quais as
considerações feitas por Tomás a respeito do papel dos anjos que
pairam entre o divino e o sensível e, sabendo das influências
platônicas e aristotélicas presentes na obra, o quanto tais seres
celestes se assemelham a outros antigos agentes intermediários no
campo da elucidação conhecidos pelos gregos como Daemonis?

3. Sintetização da pesquisa – Crítica historiográfica e análise


pormenorizada do documento.
Quando refletimos sobre a filosofia medieval, neste caso, a filosofia de
São Tomás de Aquino, encontraremos um grande desafio no que diz respeito a
própria forma contemporânea de se pensar o cotidiano. Especialmente pelo
fato de estarmos inseridos em um meio de intensas transformações que
acontecem em instantes e priorizam o presentismo.
Por conta disso, Oliveira esclarece que “(...) retomar um filósofo teólogo
da medievalidade é quase uma ‘anomalia teórica’, uma vez que os problemas
da atualidade, na maioria das vezes, apontam para soluções práticas e
fugazes.” (OLIVEIRA, 2013, p.38). Dessa forma, o ato filosofar acaba caindo
cada vez mais em um obscuro processo de desuso, tendo em vista que, como
a autora muito bem esclareceu, o apego a soluções práticas se torna preferível.
Entretanto, os estudos sobre a filosofia medieval, ou mesmo a forma
como devemos lidar com as questões contemporâneas não se apresentam
como extremidades da teoria e da prática. Por conta disso, ambas devem ser
sempre consideradas como complementares e essenciais. Nesse contexto, S.
Tomás de Aquino, propõe uma análise sobre as questões pedagógicas que
tenta relacionar essa dualidade que aqui trabalhamos. Questão essa que
estenderemos uma breve discussão nas páginas seguintes.
Para iniciarmos o processo de compreensão a respeito da obra , De
Magistro, escrita por S. Tomás de Aquino, em especial, o papel do homem no
processo pedagógico, é de grande importância compreender o contexto
metodológico, ou melhor, a corrente de ideias e o método que o autor utiliza
nesses escritos. Pois, de fato, esse ponto marcará de forma significativa os
rumos que a tese do autor tomará. Sendo assim, Wolkmer retrata que Aquino
foi o membro mais expressivo da Escolástica, baseando sua filosofia no que o
autor vai definir como “as ideias pré-cristãs de Aristóteles sobre Deus, o
universo e o homem.” (WOLKMER, 2001, p.22).
Dessa forma, a Escolástica não seria considerada apenas como uma
corrente de pensamento teológico e filosófico, mas também como um método
de pensamento crítico, o qual visava produzir o saber, das coisas humanas,
divinas e naturais que os medievais elaboraram. Nesse contexto, pode-se dizer
que a Escolástica, apesar de se basear no conhecimento greco-romano e no
patrístico, representava, sobretudo, uma junção desses saberes. Dessa forma,
Oliveira defende que é importante observar que a Escolástica se trata de uma
criação medieval, que de certa forma foi muito importante para o
desenvolvimento da filosofia tendo em vista que representava as questões
humanas daquele período. Segundo ela:
A Escolástica é uma criação medieval, que surgiu no interior
das escolas, no seio das relações medievais. É filha dos
conventos, das catedrais e, mais tarde, das Universidades
medievais. Trata-se, portanto, de algo novo. Mais do que isso,
ela responderia às questões humanas de sua época,
revelando, assim, um impulso vital que passa despercebido
aos estudiosos que julgam que a Escolástica nada teria criado.
(OLIVEIRA, 2013, p.40)

Voltando a tese de Wolkmer, o autor não deixa de enfatizar as


diferenças entre os pensadores, Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino, no
que diz respeito às ideias e principalmente os objetos de referência que esses
autores utilizavam. Assim, segundo o autor, enquanto Agostinho se embasava
em Platão e São Paulo, São Tomás irá se aproximar da lógica aristotélica. Com
isso podemos dizer que Aquino buscava racionalizar o pensamento cristão,
promovendo uma relação entre a fé e a razão.
É importante lembrar que além de o modelo de Aquino partir de uma
lógica aristotélica, este também utiliza do método escolástico, como defende
Faitanin. Dessa forma, a construção de suas ideias, em especial da obra
analisada, se estabelece por meio de um modo argumentativo, demonstrativo e
expositivo das questões.
Por meio desse modelo, Aquino acaba por referenciar Agostinho em
diversos trechos do tratado, como por exemplo, no Artigo I, ele é utilizado para
justificar o ensinamento superficial de um homem para outro homem, o qual se
baseia restritamente aos sinais. Nesse caso em específico, a referência parte
da obra de mesmo nome escrita no século IV por Agostinho. Referente a isso,
Aquino, sobretudo, problematiza esses escritos baseando em uma visão
escolástico-aristotélica, como enfatiza Maurilio Camello:
Interessa, entretanto, observar que o tratado de Tomás, objeto
de nosso estudo, tem como seu "ponto de fuga" o de Santo
Agostinho, sobre o qual, mais do que decalcar-se, o texto
tomasiano virtualiza, vale dizer, problematiza, na configuração
escolástico-aristotélica,própria de seu estilo e de sua época
(...). (CAMELLO, 2000, p.07).

Sendo assim, podemos dizer que as ideias de Agostinho ao escrever,


De Magistro, no século IV se resumem a busca pela verdade, que seria a
representante máxima do conhecimento humano, que apenas é possível por
meio da iluminação divina. Desse modo, a relação pedagógica estaria
restritamente e exclusivamente reservada a Deus, este sendo o único capaz de
propiciar a iluminação divina e, consequentemente, o conhecimento. Em um
trecho da obra de Agostinho, também utilizado por São Tomás de Aquino, fica
evidente que a verdade parte, na percepção do filósofo, exclusivamente de
Deus. Segundo ele: “Só Deus tem a cátedra nos céus, e ele ensina
internamente a verdade; outro homem está em relação à cátedra como o
agricultor em relação à arvore.” (AQUINO; CAMELLO, 2000, p. 51).
Nesse contexto, tendo em vista essa percepção, Camello defende que
“Parece possível concluir que para S. Agostinho o funcionamento natural da
inteligência exige a presença da luz divina e conhecer a verdade acaba por ser,
para o homem, a visão direta da própria verdade em Deus.” (CAMELLO, 2000,
p.10).
Por meio dessa análise, pode-se dizer que as conclusões de Agostinho
se baseiam em uma visão, de acordo com Pichler, demasiadamente
espiritualista, que marcava não apenas sua época, mas estava em voga na
universidade medieval e inclusive na Faculdade de Teologia da Universidade
de Paris. Característica essa marcante de suas obras e que apresenta um claro
contraste com as noções realistas que sustentavam a filosofia de São Tomás
de Aquino. Segundo Nadir Antônio Pichler em “O ensino na obra De Magistro
de Tomás de Aquino”, a tese de Agostinho de Hipona se define em:
(...) uma posição demasiadamente espiritualista do
cristianismo, que exagera no papel atribuído a Deus na função
do ensino, aniquilando, de certa forma, as potencialidades da
criatura, posição contrária à realista defendido por Tomás de
Aquino. Mesmo considerando o homem como criatura, imagem
e semelhança de Deus, o Aquinate tem bem claro que o
homem não sai pronto das mãos de Deus. (PICHLER,2008,
p.09)

Com isso, Aquino defende a ideia de que o homem é capaz de se fazer


e de fazer o seu mundo, pois é um ser dotado de intelecto e de escolhas.
Sendo assim, este ser exerce um papel ativo no processo pedagógico. Dessa
forma, Aquino “não apenas preserva a autonomia criatural do intelecto humano,
mas legitima a ação externa do docente que pode participar, analogicamente,
dessa iluminação.” (CAMELLO, 2000, p.11).
Portanto, é o próprio homem que constrói seu processo de
conhecimento, sua aprendizagem informal e formal, com a
ajuda do mestre, conforme vimos, suas virtudes, sua atuação
na comunidade política. O homem possui potencialidades
naturais, por meio da razão e da vontade, as duas faculdades
superiores, para constituir-se, para buscar sua autonomia, não
no sentido kantiano, mas sempre em consonância com o
projeto divino, Deus, origem e fim de todas as criaturas,
principalmente a humana. (PICHLER,2008, p.09)

A fim de entendermos mais a importância da dinâmica do pensamento


tomista no que se refere a sua relação com as ideias do neoplatonismo, a
estrutura escolástico-aristotélica e o seu rompimento com o dualismo platônico,
proponho me fazer uma breve comparação do pensamento defendido pelos
seguidores de Platão para, posteriormente, propor uma nova forma de se
analisar o pensamento tomasiano a respeito do indivíduo e o seu papel no
processo cognitivo.
Uma das primeiras ideias expostas na obra de Aquino é a da definição
do conhecimento, que se divide em conhecimento das coisas e conhecimento
dos sinais. O primeiro se trata de conhecer o objeto, sua natureza e seu
contexto; já o segundo, se trata de conhecer as atribuições que se dão ao
objeto. Por exemplo, estar em contato com uma pedra, conhecer suas
características, é análogo ao que o pensamento platônico chama de
conhecimento inteligível, pois é oriundo do intelecto, da episteme, a opinião
verdadeira. Aquino atribui este conhecimento ao divino, enquanto Platão irá
associá-lo a alma, pois esta antecede o corpo e contém todo conhecimento. No
segundo caso, trata-se de conhecer por meio de sinais expressos por alguém,
como se quando alguém perguntasse o que é andar, outra pessoa andasse, o
que é aprender através dos sentidos, sem abstrair de fato a inteligibilidade do
objeto de estudo em questão.
Por outro lado, como Platão explicita em A República, a teoria tripartite
da alma, na qual sua pedagogia se fundamenta, e em suas ideias, defende que
a alma antecede o corpo, portanto todo aprendizado é um exercício de
reminiscência. Deste modo, Platão defende que não se pode passar
conhecimento ao aluno, mas sim levar o aluno a buscar o consenso das
respostas nele mesmo, com as influências de suas dúvidas. Portanto, dogmas
não possuem relevância à altura da busca pela verdade.
O conhecimento inteligível pode ser relacionado ao conhecimento das
coisas, tanto pelas suas semelhanças, quanto pela forma em que ambos,
Tomás e o pensamento de Platão que vigorou no período do medievo,
atribuem sua elucidação a algo de origem anterior e transcendental ao mundo
material e aos sentidos humanos. Se por um lado, Tomás de Aquino atribui a
origem do conhecimento das coisas e a luz da razão originadas em Deus, por
outro lado, Platão atribui o conhecimento inteligível ao exercício de reflexão,
cujo faz com que se busque uma “anamnese” da alma.
O conhecimento sensível se relaciona com o conhecimento dos sinais
por estar intrinsecamente ligado aos sentidos, e por estes, segundo Tomás de
Aquino, é a única forma de o homem ensinar, pois este não o faz senão por
meio de sinais.
Tomás de Aquino desenvolve uma acepção de conhecimento sensível
e conhecimento inteligível. Assim, propõe a ascendência do que os filósofos
gregos denominaram Episteme a inserção da ciência no homem por meio de
Deus.
Para além disso, as ideias de Tomás de Aquino são conflitantes com
o dualismo platônico, no que se refere ao ato de ensinar, e na inteligibilidade do
conhecimento das coisas. A ideia de que o ser humano fosse dividido em duas
partes, o corpo (material) e a alma (espiritual e consciente), o que também
pode ser chamado de dualismo psicofísico, trata de uma dupla realidade da
consciência fora do corpo, na qual a alma teria um passado no mundo das
ideias, abstraindo o todo pela sua intuição, por intelectualidade direta e
imediata. Por fim, no dualismo psicofísico, a alma pode se unir ao corpo, se
tornando degradada e prisioneira do mesmo, compondo então, a alma superior
e a alma inferior e irracional (alma intelectiva e alma do corpo,
respectivamente), esta última, de certa forma, se subdivide em alma irascível
(que busca por coragem, impulsiva, e se localiza no peito) e alma concupiscível
(relacionada ao desejo material e sexual, está se localiza no ventre). Cabe
assim, no pensamento platônico, relacionar, no caso da alma inferior, o ensino
ao sensível, pois há elação quando a alma se aprisiona no corpo, fazendo com
que a alma inferior conduza a opinião ao erro, o que certamente afeta o
conhecimento verdadeiro, afastando da verdade. Portanto, o controle do corpo,
podendo manter a alma superior sobre a alma inferior, constitui o esforço
humano. Então, aprendizado do conhecimento inteligível (que pode ser
associado ao conhecimento das coisas) estaria intrinsicamente ligado ao
dualismo, segundo esse pensamento.
Entretanto, para Tomás de Aquino, os sentidos são básicos para a
obtenção de conhecimento das coisas, o mesmo vale para o corpo, pois este
se faz de meio para alcançar o conhecimento inteligível. Assim, há uma
superação do dualismo platônico, pois enquanto este assume que a
inteligibilidade perpassa a necessidade de separação entre corpo e alma, o
pensamento de Tomás de Aquino aceita a iluminação divina, mas não nega
que a natureza da criação divina é procedente desta influência.
O tratado de São Tomás de Aquino toma como base o estudo de Santo
Agostinho – ávido defensor do dualismo platônico –, porém mais do que
apenas reproduzir as conclusões tiradas pelo Bispo de Hipona, o texto
tomasiano propõe novas interpretações acerca de diversas questões proposta
pelo Santo de Hipona, tais como a o conceito de conhecimento e ciência, o
processo de sua aquisição, o papel do educador como colaborador do Lógos
divino, tendo como plano de fundo uma visão interiorizante do conhecimento no
indivíduo.
Como dito anteriormente, uma das principais mudanças no
pensamento filosófico e educacional no pensamento do Aquinate está,
sobretudo, na sua flexibilização, ou mesmo superação, do dualismo platônico.
Segundo essa perspectiva, a dinâmica entre o mundo sensível e inteligível –
isto é, a alma e o corpo – seriam posta em contraposição, sendo o mundo
natural visto como uma prisão tanto da alma quanto do intelecto. Dessa forma
a intelecção humana só seria possível através da superação do corpo em
detrimento da alma, e por meio da iluminação divina. Já a doutrina tomista,
apesar de não negar a iluminação divina, atribui um maior papel para o
indivíduo no processo de educação. Para ele Deus era quem permitia e
possibilitava a luz da razão, que por sua vez capacitava o magistério
resguardado ao homem. (OLIVEIRA, 2007, p.05, 06).
Tomas admite que o professor seja a causa do conhecimento do aluno.
Assim como se diz que o médico causa a saúde no doente com
a operação da natureza, também se diz que o homem causa a
ciência em outro pela operação da razão natural desse: e isso
é ensinar (AQUINO; CAMELLO, 2000, p. 57)

Assim, o Santo dominicano atribui tanto o conhecimento quanto a


aprendizagem do mesmo como uma faceta humana, pois, segundo ele, o
próprio homem é quem conhece e ensina. Não somente, além de reconhecer
essa capacidade cognitiva interior ao indivíduo, ele reconhece que a luz natural
da razão fora colocada no homem por intermédio divino no ato da criação
Dessa forma, o lume da razão pelo qual os princípios nos são
conhecidos, foi posto em nós por Deus, como certa
semelhança da verdade incriada que resulta em nos. Donde,
como todo ensinamento humano não pode ter eficácia senão
pela virtude daquele lume, (...). (AQUINO; CAMELLO, 2000, p.
57)

A razão passa a ser algo intrínseco e por excelência natural ao homem.


Por tanto, não seria necessária uma nova iluminação divina para chegarmos a
ciência, como defendera Agostinho. Também em outros momentos no
documento, por meio da associação do papel do médico com a figura do
educador, Aquino retoma a lógica da argumentação da proto-individualização e
interiorização do homem no acesso ao conhecimento. Segundo ele, ao curar
um enfermo, o médico nada mais tenta fazer com que o organismo doente
tenha seu funcionamento normal. Embora o médico seja a causa motriz da
saúde, ele só desempenha esse papel enquanto consegue desencadear uma
série causal que nada mais que retorna o organismo do indivíduo ao
funcionamento natural, enquanto o individuou em si que é o princípio interior da
saúde. Da mesma forma o mestre com o seu aluno. Cabe a ele recorrer a
formas e meios para que com o qual, aquele a quem o ensino se direciona
possa, por meio de seu próprio intelecto, chegar à ciência, ou seja, transformar
a potência racional em ato.
Assim como Oliveira defende, acreditamos que, ao partir do
pressuposto do aquinate, que é através da iluminação divina na criação que o
homem recebe a luz da razão e é esta luz que o permite que ensine e que
tenha acesso ao conhecimento. São Tomás conclui que não apenas a luz da
razão divina permita que o homem ensine, mas a razão que ensina também é a
do homem.
Dessa forma, propomos aqui uma nova forma de abordar o
pensamento tomista, ao pensar o processo de interiorização do conhecimento
ao indivíduo associando um papel cada vez maior ao homem no processo de
cognitivo de adquirir o conhecimento. No entanto, essa interiorização não deve
ser vista de forma semelhante àquela proposta por Mariana Rosetto Souza e
José Joaquim Pereira Melo ao pensar a educação em Santo Agostinho.
Segundo eles, para Santo Agostinho o processo a qual um chegaria ao
conhecimento se dava por meio da interiorização da busca pela verdade.
Seguindo uma lógica aristotélica baseada no dualismo entre matéria e espírito
– como supracitado – Agostinho vai defender uma fuga do mundo material, e o
recluso no mundo espiritual como forma de alcançar a Verdade e o
conhecimento.
Para que o homem tenha condições de alcançar o
conhecimento, é preciso que ele esteja preparado, ou seja, seu
corpo deve estar submetido à sua alma, pois a exterioridade
aparece como um impedimento na caminhada auto-educativa.
(SOUZA; MELO, 2009, p. 2463)

Aqui devemos fazer uma ressalva, a filosofia educacional e teológica


agostiniana não nega o desprezo total ao corpo, mas sim um controle da alma
sobre o mesmo, a fim de alcançar uma maior espiritualidade e contato com o
divino. Agostinho acreditava que, ao buscar o conhecimento no mundo
material, o homem se distanciava da verdadeira felicidade, isto é Deus. Para
que pudesse encontrar a Verdade e o conhecimento, aqui atribuímos o mesmo
sentido para a ciência, era preciso que o homem deixasse de lado sua
materialidade e se voltasse para seu interior, pois apenas por meio do contato
com sua alma e com a iluminação divina, seria possível o acesso ao verdadeiro
conhecimento. (SOUZA; MELO, 2009, p. 2456).
Tendo essa perspectiva em mente, a abordagem aqui proposta se
diferencia em aspectos críticos dessa análise. Em primeiro lugar, como já
enfatizado diversas vezes, Aquino não nega a participação do homem no
processo ativo de se adquirir o conhecimento. Contrariamente, ele atribui um
papel significativo para o indivíduo.
Em linhas gerais, ao falarmos da interiorização e uma ‘proto-
individualização’ no pensamento de S. Tomás de Aquino nos referimos ao
papel central que o indivíduo passa a gozar no processo cognitivo, uma vez
que é no pioneiro pensamento do frade dominicano que se atribui tamanho
papel ao indivíduo. Afirmando que não apenas o indivíduo possui um papel
participativo na aquisição do conhecimento, mas também no ato de ensinar
outrem, assim sendo, o homem passa a ter um papel de força motriz inicial em
trazer ao consciente à luz da razão, dada a nós por Deus no momento de
criação, transformando esse conhecimento interno de potência de ser para o
ato em ser.
Caminhando para uma conclusão, propusemos aqui uma discussão
acerca do Artigo III da obra, tendo em vista que foi debatido a metodologia
tomista, que busca em sua pesquisa um diálogo com o mundo, seja no campo
filosófico, seja no campo teológico, partindo das análises de realidades
sensíveis para chegar numa análise das realidades imateriais. Compreendendo
o sensível em sua causa próxima e princípios para ascender rumo ao supra-
sensível, considerando sua causa remota. Sintetiza Faitanin:
Duas são as fontes da metodologia tomista: a lógica aristotélica
e a o método escolástico. Da lógica aristotélica herdou o modo
argumentativo e demonstrativo e da escolástica o modo
expositivo das questões. Além desta herança, desenvolveu o
seu próprio método: a linguagem analógica, um método
filosófico com aplicação teológica, que se fundamenta em duas
doutrinas – a doutrina do ato de ser e a da participação.

Ainda de acordo com Faitanin, O Papa São Pio X denominou S. Tomás


de Aquino, num Motu proprio, “Doctor Angelicus”. E chega, neste mesmo texto,
a comparar a iluminação intelectual do santo com a de um anjo. Temos aqui
evidente a razão de encerrarmos com tratando de tal problemática, já que de
forma magistral, é discutida sobre a natureza dos anjos e sua ordem por meio
da “conciliação da metafísica aristotélica do ato e da potência com a doutrina
platônica da participação encontra singular expressão (...) no Tratactus De
Substantiis Separatis,” (SILVEIRA). Os fundamentos dessa conciliação
metafísica entre Platão e Aristóteles levaram o Doutor Angélico a propor que,
na ordem do ser, haveria uma imensa lacuna se não admitíssemos a
possibilidade da existência de formas imateriais presentes no supra-sensível:
inteligências, para a filosofia, e anjos, para a teologia. Recorrente união de
razão e fé.
O De Substantiis Separatis traz comentários de São Tomás às
doutrinas gregas desses dois filósofos e outros mais, sobre as “substâncias
separadas”, já que segundo Faitanin:
“A analogia tem fundamental valor e uso. É a comparação por
proporção; em analogia é necessário que o nome segundo
um significado aceito seja posto na definição do mesmo nome,
com outro significado, por isso, análogo se diz de algo que
comumente se aplica a muitos; a analogia pode ser: de
proporcionalidade, quando os sujeitos possuem a perfeição
significada de modos diversos, mas semelhantes, como por
exemplo, ser dito do homem, do anjo e de Deus; de atribuição,
quando um dos sujeitos possui a perfeição em sua plenitude e
os demais por participação ou de modo derivado, como por
exemplo, intelecto dito de Deus e por atribuição do homem e
do anjo.” (2007, p. 122-135)

Assumindo a ação dos anjos, que estão inseridos em uma ordem


angelical, demonstra a existência espiritual desses com base na sua origem
por criação divina. Tal qual o homem, criatura, porém, superiores. Puramente
espirituais, os anjos foram criados e por isso como os homens não existem
desde sempre, e por esse motivo, embora sejam dotados de iluminação
diferente da dos homens, não despertam o mesmo grau de elucidação divina
quanto Deus, mas como intermediário, pode
“O anjo, pois, porque tem naturalmente a luz natural mais
perfeitamente que o homem, de uma e outra parte pode ser
para o homem causa de saber; porém, de modo inferior em
relação a Deus, e superior em relação ao homem.”
(OLIVEIRA, p. 71)

Ou seja, o anjo não ensina como um mestre humano, com seu


raciocínio, pois sua natureza espiritual o difere desse método pois ele o
conhece por intuição do lume divino, ao mesmo tempo que não tem o poder de
infundir luz intelectual no homem como faz Deus. Cabe ao anjo, como
intermediário, corroborar com a luz já infusa no homem. Essa limitação estaria
engastada em “Tomás, cada anjo é uma criatura espiritual única diante de
Deus, dotada de dons naturais que recebeu em sua criação ,mas ainda assim é
um ser criado, portanto, limitado, apesar de ser imaterial, incorpóreo.”
(FAINTANIN, p. 26)
O anjo se apresenta de duas maneiras neste processo de duas formas,
segundo Doutor Angélico, no Respondo do Artigo III: Primeiramente aparece
sensivelmente portando um corpo instruindo pela locução sensível.
Segundamente, em seu modo, invisivelmente, pelo qual o homem possa ser
ensinado pela sua intenção. Para ambos, Deus seria a causa da ciência no
homem de modo excelentíssimo, uma vez que adornou a mesma alma da luz
intelectual, e lhe imprimiu o conhecimento dos primeiros princípios que são
como que sementes das ciências
No Para 3, De Magistro, temos sinteticamente: “O anjo nem infunde a
luz da graça, nem a da natureza; mas fortalece a luz da natureza infusa
divinamente, como foi dito no corpo do artigo.”
Em última instância, considerando a analogia que se dá de formas
variadas na metodologia tomista, podemos inferir baseada em suas influências
clássicas, um elemento que se assemelha em alguns pontos e se difere em
outros, com semelhanças análogas aos anjos, ao nosso ver, os daímonis,
posteriormente daemonis.
Partindo do princípio de que são seres intermediários, tanto os anjos
analisados por Tomás, quanto os Daímonis, presentes nos diálogos de Platão,
como um acompanhante etéreo de Sócrates e em Aristóteles como um “bom
gênio” de onde vem o termo “Eudaimonia”, ambos os seres estão acima dos
homens e abaixo das divindades maiores. Segundo a definição do conceito
dos daímones retomamos sua elaboração segundo a concepção socrática,
pela qual a manifestação do divino na literatura e filosofia grega seria expressa
basicamente pelos termos: theoí e daímones, sendo que, estes daímones,
vagariam pela terra, mas não seriam vistos pelos homens, que perceberiam a
sua presença unicamente por suas ações benéficas.
Em sua linha de raciocínio, ela explica que os homens de bem que
praticassem a phróneses, posteriormente, seriam transformados em Daímones
e que eles atuariam como intérpretes e mensageiros, fazendo se recordar que
“anjo” do grego, ángelos (ἄγγελος), mensageiro.
De acordo com Peters, no dicionário de Termos Filosóficos Gregos. “A
ideia do daimon como uma espécie de "anjo da guarda" ainda é visível em
Platão (Rep. 620d), embora uma tentativa de fuga ao fatalismo implícito na
crença popular pelo fato das almas individuais escolherem já o seu próprio
daimon (Rep. 617e). Se este daimon individual está ou não dentro de nós foi
muito discutido na filosofia posterior. Não somente, uma outra noção, a do
daimon como uma figura intermédia entre os Olímpicos e os mortais, também
se encontra presente em Platão. Os verdadeiros deuses habitavam o aither
enquanto os daimones menores habitavam o aer inferior e exerciam uma
providência direta sobre as ações e experiência dos homens.
Assim, em analogia, os anjos apresentam semelhanças com o daímon
grego, no tocante a posição de intermédio, atribuição de possível guia da luz da
alma, do ser, e na forma como se apresentam no material pelo imaterial,
reforçando a aproximação entre a filosofia elaborada pelo Doctor Angelicus e
as concepções platônicas e aristotélicas da filosofia clássica.
Importante também assinalarmos as diferenças, como exemplo o fato
da crença predominante entre os filósofos clássicos ser de matriz politeísta, ao
contrário daquela expressa pelo Santo Dominicano. Frente a isso, a existência
e criação desses dois seres de ação intermediária é distinta. Esta ressalva se
faz necessária para que não haja exageros diacrônicos, uma vez que optamos
por tratar das semelhanças e aproximações entre conceitos de épocas
diferentes, de forma a realçar, por meio análogo, as influências da filosofia dos
pensadores greco-clássico sobre aqueles da Baixa Idade Média, bem como as
formas pelas quais as análises posteriores seriam influenciadas pelas
elaborações e fundamentos anteriores.
Por fim:
“A princípio, a possibilidade de interpretação, parece ser inata a
todos os homens, uma vez que o seu tópos é a alma, mas,
como qualquer possibilidade, depende de condições favoráveis
para se desenvolver(...) que concebe o saber humano como
uma busca constante do significado da vida e, dentre elas, o
significado do divino. Segue até o final o preceito délfico da
limitação do saber humano frente ao divino.” (COSTA, p. 105-
109)

Com efeito, desde Aristóteles, em sua Ética a Nicômaco


(especialmente o Livro VI), o eu-prattein e a práxis inscrevem-se na excelência
do agir, mensurado e regulado pela phrônesis - a prudentia dos latinos -
excelência, por sua vez, de caráter dianoético, implicando o conhecimento dos
fins bons e os meios adequados para atingi-los. "Ensinar", "educar" é assim um
belo agir - não certamente um "fazer" (domínio próprio da técnica) - um agir
que dispõe o homem para o que o Deus vive eminente e permanentemente,
que é o theorein, a contemplação (...) Santo Tomás concluirá, no mencionado
comentário, que a felicidade (isto é, a perfeição, a excelência do agente moral),
que consiste nessa vida é "humana", enquanto a vida e a felicidade
especulativa, própria do intelecto, "é separada e divina". (OLIVEIRA, pg.18-19)
Como resultado final, temos a compreesão de que ente como ato, cuja
perfeição máxima, é, no homem, a vida inteligível e ou espiritual, pela qual o
homem pode pela iluminação conhecer a si mesmo, as demais coisas e a
Deus. Alcançar a Verdade.

4. Bibliografia
- Fontes
AQUINO, São Tomas de; CAMELLO, Maurílio José de Oliveira(tradução). S.
TOMÁS DE AQUINO - De Magistro, Sobre o Mestre. Lorena: Centro
Universitário Salesiano de São Paulo, 2000.
AQUINO, Tomás de; GLAVAM, Arnobio José. De substantiis separatis - Sobre
os anjos. Lumen Veritatis - Revista tomista | Filosofia Teologia - Tomás de
Aquino, [S.l.], v. 2, n. 5, p. 127-128, ago. 2014. ISSN 1981-9390. Disponível
em: <http://lumenveritatis.org/ojs/index.php/lv/article/view/215>. Acesso em: 28
out. 2019.

- Bibliografia
CAMPOS, Sávio Laet de Barros. A educação segundo Tomás de Aquino. 2012.
8 f. Dissertação (Especialização em Questões Filosóficas Fundamentais e
Ensino de Filo) - Universidade Federal de Mato Grosso, UFMT, Cuiabá,2012.
CARVALHO, José Vidigal de. "São Tomás de Aquino, um filósofo admirável".
Disponível em:
<<https://web.archive.org/web/20080228051009/http://www.consciencia.org/
aquinovidigal.shtml>. Acesso em Outubro de 2019.
FAITANIN, P. S.. A metodologia de São Tomás de Aquino. Aquinate (Niterói),
v.4, p.122 - 135, 2007.
_________. A hierarquia celeste: a angelologia de Santo Tomás de Aquino.
Niterói: Instituto Aquinate, 2009.
_________. A ordem dos anjos, segundo Tomás de Aquino. Ágora Filosófica:
Ano 10, n. 1, jan./jun. 2010; Universidade Católica de Pernambuco.
MACEDO, José Maria da Costa; O predomínio da racionalidade na abordagem
dos anjos segundo São Tomas de Aquino; Mediaevalia. Textos e estudos, 28
(2009) pp. 45-64.
OLIVEIRA, Terezinha. Os Mendicantes e o Ensino na Universidade Medieval:
Boaventura e Tomás de Aquino. In: XIV Simpósio Nacional de História, 2007,
São Leopoldo. Anais do XIV Simpósio Nacional de História. São Leopoldo:
Gráfica da Unisinos, 2007. v.1. p. 1-13.
OLIVEIRA, Terezinha; ROCHA, A. R. A.. A constituição do Sujeito e o Ensino
em Tomás de Aquino. In: VI Jornada de Estudos Antigos e Medievais, 2007,
Maringá. Caderno de Resumos da VI Jornada de Estudos Antigos e Medievais.
Maringá: Gráfica da Universidade Estadual de Maringá, 2007. v.1. p. 71-71.
OLIVEIRA, Terezinha; CAVALCANTI, T. M.. Contribuições de Tomás de
Aquino para a educação: as virtudes cardiais e o bem comum. 2009.
OLIVEIRA, Terezinha. A Escolástica como Filosofia e Método de Ensino na
Universidade Medieval: uma reflexão sobre o Mestre Tomás de Aquino.
Notandum (USP), v.XVI, p.37-50, 2013.
PAGNI, P. A.; CARVALHO, Alonso Bezerra de. A filosofia da educação
platônica: o desejo de sabedoria e a paideia justa. 2010.
PETERS, F. E. Termos Filosóficos Gregos: Um Léxico Histórico. Tradução
Beatriz Rodrigues Barbosa. 2. ed. Lisboa: Fundação Calouse Gulbenkian,
1983.
PICHLER, N. A.. O ENSINO NA OBRA DE MAGISTRO DE TOMÁS DE
AQUINO. Thaumazein (Santa Maria), v. 3, p. 3, 2008.
SILVEIRA, Sidney. “De Substantiis Separatis” (Sobre os Anjos): metafísica da
maturidade de Tomás de Aquino, Revista Internacional d´Humanitats Feusp
Núcleo Humanidades ESDC, Univ. Autónoma de Barcelona 2007
SOUZA, M. R.; MELO, J. J. P.. A educação em Santo Agostinho: processo de
interiorização na busca pelo conhecimento. In: IX Congresso Nacional de
Educação - EDUCERE e III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia -
ESBPp, 2009, Curitiba. Anais do IX Congresso Nacional de Educação -
EDUCERE e III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia - ESBPp, 2009.
TEIXEIRA, I. S.. Hagiografia e Canonização: a santidade de Tomás de Aquino
e o reconhecimento papal (1318-1323). 2008.
COSTA, Valcicléia Pereira da; O “Daimon” de Sócrates: conselho divino ou
reflexão? Cadernos de Atas da ANPOF, no 1, 2001.
WOLKMER, Antonio C.. O Pensamento Político Medieval: Santo Agostinho e
Santo Tomás de Aquino. Crítica Jurídica, Curitiba, v. 19, p. 15-31, 2001.

Você também pode gostar