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Princípio É Preguiça
Princípio É Preguiça
Ao criar soluções para os casos, há um dever analítico que não pode ser
negligenciado pelos especialistas do direito. Ter boas intenções ou confiar apenas na
intuição não será suficiente. A mera invocação e exaltação de princípios não basta; é
crucial defender a autonomia de cada instituição, examinar as normas sociais e as
escolhas alternativas, analisar os fatores contribuintes e os resultados e avaliar
cuidadosamente os prós e os contras. Evitando, assim, viver em um mundo de caos,
arbitrário e não regido por lei.
Segundo o autor, a eficácia de um sistema jurídico não pode ser julgada apenas
pela frequência com que seus princípios são empregados. Em vez disso, a verdadeira
questão reside na medida em que esses princípios são convenientes e práticos em sua
aplicação, e não no princípio em si. Sundfeld dá o exemplo de
um oportunista interessado em adiar o pagamento de dívidas, que, para isso, invoca
o Princípio do Acesso à Justiça e exige que o pagamento não seja feito até que o seu
processo seja concluído, um esperto com argumentos convenientes que mascaram seu
verdadeiro anseio. Em contrapartida, um juiz que não queira se preocupar em analisar
a adequação da lei pode simplesmente aceitar esse princípio e conceder uma liminar, ou
invocar o princípio do contrato obrigatório e negá-la, este é o preguiçoso, utilizando de
embasamentos rasos para ocultar a superficialidade da sua decisão. Para que os
princípios da argumentação jurídica não funcionem como armas para os sábios e
preguiçosos, é preciso impor um ônus inerente àqueles que os aplicam.
É preciso retirar esse mau hábito do nosso ordenamento jurídico. Não basta que
os juízes invoquem princípios jurídicos ao deliberar sobre determinado tema, porque
somente isso já gera uma situação de dúvida e insegurança jurídica, mais do que isso, é
preciso que o juiz analise e resolva categoricamente sobre o problema preliminar de sua
legitimação, avaliando até mesmo as possíveis consequências de sua intervenção na
matéria.