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CURSO DE DIREITO

Período: 1º Turma: M2

PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO

Belo Horizonte
2013
Princípios Gerais de Direito

Prof. Dr. Miriam Souza

Adriane
Júbia Stefane
Karolina Nascimento
Maria do Socorro Resende
Rosilene
Samara Nunes

Belo Horizonte

2013
Introdução

Segundo Norberto Bobbio, a completude do ordenamento jurídico é quando o juiz pode


encontrar nele uma norma para regular qualquer caso que se lhe apresente; se ele não for completo,
existirão lacunas.

Sabe-se que o ordenamento positivado possui lacunas, pois não há normas para resolver
todos os conflitos.

Ainda segundo Bobbio, há dois métodos utilizados como forma de completar o ordenamento
jurídico e, assim, resolver o aparente problema da completude. Esses dois métodos são:

- A heterointegração, que se opera através de fontes diversas do ordenamento, em duas formas:

 Recorre-se ao Direito Natural: era considerado um Direito perfeito, mas essa prática já foi
abandonada.
 Recorre-se a outros ordenamentos positivos: seja reenviando a ordenamentos anteriores ou a
ordenamentos vigentes contemporâneos.

- A autointegração, que utiliza-se da mesma fonte, também em duas formas:

 Analogia: aplica-se a um caso não regulamentado uma norma utilizada para regulamentar
caso semelhante, mas para isso a semelhança deve ser relevante.
 Princípios Gerais de Direito: são normas fundamentais ou generalíssimas do sistema.

Os princípios gerais de direito encontram-se previstos na Lei de Introdução às Normas do


Direito Brasileiro, em seu artigo 4º, o qual dispõe que “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso
de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.”

Como aponta Paulo Nader, a expressão “princípios gerais de direito” já constava no artigo 7º
da Lei Preliminar que acompanhou o Código Civil de 1916.

Também o Código de Processo Civil, em seu artigo 126, dispõe que “o juiz não se exime de
sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á
aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais
de direito.”

Miguel Reale define princípios gerais de direito como sendo “enunciações normativas de valor
genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, quer para a sua
aplicação e integração, quer para a elaboração de novas normas.”

Porém, Tércio Sampaio Ferraz Jr. diz que os princípios gerais de direito, ainda que possam
ser aplicados diretamente, não são normas, são princípios. E na sua forma indefinida, compõem a
estrutura do sistema, não o seu repertório. São regras de coesão que constituem as relações entre as
normas como um todo.

Assim como Tércio, há outros doutrinadores que não aceitam os princípios gerais como sendo
normas, mas a corrente doutrinária majoritária afirma que os princípios são, efetivamente, normas,
pois dizem o que deve ser.

Sendo assim, o objeto do nosso trabalho será apresentado a seguir, com alguns conceitos de
princípios e a aplicação dos mesmos em casos concretos.

Princípio da Insignificância

Conforme a doutrina majoritária, o Princípio da Insignificância ou Princípio da Bagatela teve


sua origem no Direito Romano, de cunho civilista, e tem por base a máxima "minimis non curat
praetor", isto é, "o pretor (no caso o magistrado, responsável pela aplicação da lei ao caso concreto),
não cuida de minudências (questões insignificantes)". Foi introduzido no sistema penal por Claus
Roxin, na década de 60, na Alemanha, tendo em vista questões sociais.

Segundo tal preceito, não cabe ao Direito Penal preocupar-se com bagatelas, do mesmo
modo que não podem ser admitidos tipos incriminadores que descrevam condutas totalmente
inofensivas ou incapazes de lesar o bem jurídico. Nesse contexto, se a finalidade do tipo penal é
assegurar a proteção de um bem jurídico, sempre que a lesão for insignificante, a ponto de se tornar
incapaz de ofender o interesse tutelado, não haverá adequação típica.

Aplica-se também o Princípio da Insignificância ou bagatela, por exemplo, nos casos de lesão
corporal, quando a lesão provocada na vítima, não é suficientemente grave a ponto de não haver
necessidade de punir o agente nem de se recorrer aos meios judiciais, por exemplo, um leve beliscão,
ou uma palmada.

No Brasil, segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, para aplicação do princípio da


insignificância em direito penal,é necessário a concomitância de quatro requisitos:

1) conduta minimamente ofensiva;

2) ausência de periculosidade social da ação;

3) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;

4) lesão jurídica inexpressiva

(HC 109231 – RA, 2ª T., rel. Ricardo Lewandowski, 04.10.2011 e HC 91.920-RS, 2ª T., rel. Joaquim
Barbosa, 09.02.2010).
CASO: Tribunal de Justiça de Minas Gerais aplica princípio da insignificância
no caso de um homem que furtou produtos avaliados em R$20,80

Em 1º Instância, o juiz Narciso Monteiro de Castro, da 8º Vara Criminal do Fórum Lafayette,


em Belo Horizonte, rejeitou uma denúncia do Ministério Público que queria a condenação de um
homem por ter furtado produtos avaliados em R$20,80. Pela aplicação do princípio da insignificância,
o juiz considerou que faltou uma justa causa para o exercício da ação penal: “a conduta do homem
não revelou lesividade suficiente para justificar a instauração de uma ação penal.” O juiz observou que
o castigo penal põe em perigo a existência social do apenado, e que com a sua marginalização e
própria sociedade sofre um dano. Ressaltou que o direito penal deve ser o último instrumento da
polícia social: “primeiramente, devem ser usados os demais instrumentos de regulamentação dos
conflitos sociais, e, somente ao fracassarem, é que se lançaria mão da pena”, concluiu.

O Ministério Público recorreu ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais, argumentando que,


independentemente de valores reais econômicos, o que se preserva com a responsabilização do
agente que se dispõe a burlar a lei penal são os valores morais, cobrados pela sociedade. Para o
Ministério Público, a aplicação do princípio não é socialmente recomendável, porque representa um
incentivo à reiteração da prática delituosa em decorrência da impunidade.

O desembargador Alexandre Victor de Carvalho, da 5º Câmara Criminal do TJMG, destacou


que o princípio da insignificância é de fundamental importância para a prática forense. Conforme o
entendimento do magistrado, o Direito Penal não deveria se ocupar com questões irrelevantes, que
frequentemente tomam espaço no Poder Judiciário. Para ele, a função do Direito Penal é a proteção
do bem jurídico, que, quando atingido de modo significativo e que mereça tutela, exige a sua
intervenção: “quando isso não ocorre, o Direito Penal não deve intervir e deve deixar a solução para
outras esferas, sejam jurídicas ou mesmo esferas da própria sociedade”, ressaltou. O magistrado
ainda explicou que, nos casos de crimes patrimoniais, em especial o crime de furto, existem quatro
graus de lesividade ao bem jurídico: até 10% do salário mínimo há insignificância; acima de 10% e até
um salário mínimo, há o privilégio, desde que o condenado não seja reincidente; a partir disso, há uma
lesividade, quando já não caberia nem a insignificância nem o privilégio. Sendo assim, o valor de
R$20,80 é considerado insignificante; o desembargador confirmou, então, a decisão da 1º Instância.

Extraído de: TJMG – Processo nº 0024.07.453243-3

Princípio da reparação de danos e Princípio da Confiança


No Direito Romano, a reparação de danos tinha por fundamento a noção de dano causado
ilicitamente a terceiros. A penalidade se dava de forma correspondente ao valor mais elevado que a
coisa tivesse tido durante o ano ou o mês precedente. A culpa, para os romanos, era elemento
necessário para caracterização da responsabilidade e, consequentemente, do dever de indenizar.

Responsabilidade consiste no dever de reparação dos danos que determinado ato provocou e
constitui instituto fundamental que disciplina os critérios pelos quais uma pessoa deve responder, ou
não, pelos prejuízos causados à vítima ou a terceiros. Mais que isso, a responsabilidade deve ser
entendida como forma de garantia do direito de alguém não ser vítima de danos.

O dano é elemento essencial para caracterização do dever de indenizar. Caracteriza-se como


a violação ao patrimônio material e moral de alguém. É, além do fato constitutivo do direito, o fator
determinante no dever de indenizar. Disso decorre a diferença essencial entre a responsabilidade
penal e civil. Na esfera penal, basta a conduta do agente contrariamente à lei para que haja a
responsabilização. Já na responsabilidade civil, há o dever de indenizar quando o ato contrariamente
ao direito causar danos. Sem dano, não há o dever de indenizar, sob pena de verificar-se
enriquecimento ilícito ou sem causa.

No Direito francês, esse princípio da reparação de danos foi sintetizado pela doutrina com um
adágio: tout le dommage, mais rien que le dommage ("todo o dano, mas nada mais do que o dano").
Extrai-se desse enunciado que o princípio da reparação integral possui dupla função:

a) piso indenizatório (todo o dano);

b) teto indenizatório (não mais que o dano).

O princípio da confiança funda-se na premissa de que todos devem esperar que as outras
pessoas sejam responsáveis e atuem de acordo com as normas da sociedade, visando evitar danos a
terceiros.

CASO: Instrumento musical danificado em voo gera indenização

Uma estudante de música viajou para São Paulo com o seu instrumento de corda violoncelo.
A mesma tomou todos os cuidados para que o instrumento antigo, criação atribuída a Luthier Lafleur e
avaliado em R$26 mil, não sofresse nenhum tipo de avaria. Afirmou que no momento do embarque fez
alerta e etiquetou o instrumento como frágil, o que, de acordo com a empresa, era o suficiente para os
cuidados na viagem. Porém, ao chegar no destino, percebeu que o instrumento estava danificado. A
estudante entrou com a ação de indenização pelos danos materiais e também por danos morais, visto
que o instrumento é de estimação, onde a artista tem apego ao bem, que a acompanha em aulas,
ensaios e concertos, mesmo porque não é uma peça comum e sim um violoncelo diferenciado.
A Gol Transportes Aéreos contestou a ação, dizendo que o fato não se trata de uma relação
de consumo, e que a reclamação foi feita após a retirada do bem no aeroporto. A empresa alegou que
a estudante deveria ter tido mais cuidado, feito um seguro ou até mesmo procurado outro meio de
transporte mais adequado ao violoncelo. Pediu improcedência nos pedidos de danos materiais e
morais.

Ao analisar o processo, o juiz da 30º Vara Cível de Belo Horizonte, Geraldo David Camargo,
afirmou que o Código de Defesa do Consumidor se aplica à empresa de aviação, já que a discussão é
sobre a responsabilidade civil comum. Nesse caso, a empresa aceitou em fazer o transporte e ainda
colocou a etiqueta Frágil, portanto assumiu compromisso de entregar o bem em seu destino de forma
intacta, afirmou o magistrado. O juiz citou ainda que, o fato de a estudante não ter reparado o dano na
hora da retirada do seu bem no aeroporto não tira o direito dela de ajuizar ação. Segundo ele, como o
dano não era aparente, já que o violoncelo estava em uma caixa própria lacrada, não era necessário
conferir seu estado no local. Também foi destacado pelo juiz o princípio da confiança, inspirado pelo
cuidado inicial de se afixar a advertência de fragilidade na caixa do instrumento.

Em relação aos danos materiais, a estudante requereu o valor de mercado, de R$26 mil,
porém, pelo relatório técnico, o valor do violoncelo foi depreciado pela metade. Dessa forma, o juiz
condenou a Gol a indenizar em R$13 mil a estudante. Em relação aos danos morais, o juiz entendeu
que também tinha incidência no caso e arbitrou o valor de indenização em R$3.360,00.

Por ser de 1º Instância esta decisão está sujeita a recurso.

Extraído de: TJMG – Processo nº 0027.07.770.821-2

Princípio da primazia da realidade sobre a forma

É um princípio de direito do trabalho e diz que a realidade (ocorrência de fatos que


caracterizam o contrato) prevalece sobre a forma (documento formal), ou seja, nas relações de
trabalho, o que vale é o que acontece realmente e não o que está escrito. Neste princípio a verdade
dos fatos impera sobre qualquer contrato formal, caso haja conflito entre o que está escrito e o que
ocorre de fato, prevalece o que ocorre de fato.

Há alguns aspectos que legitimam a imperatividade de tal princípio:

a) Durante a relação de trabalho, dada sua condição de subordinação e dependência, o trabalhador


não pode opor-se à formalização de alterações contratuais e práticas que, não raro, lhe são lesivas.
Exemplo é a proibição de anotação em cartão de ponto do horário efetivamente trabalhado;
b) É bastante comum verificar alterações nas condições de trabalho pactuadas (através de contrato
escrito) ao longo do tempo, alterações estas que, salvo raras exceções, não são incorporadas
formalmente ao contrato de trabalho;

c) Como cediço, os contratos de trabalho podem ser escritos ou verbais. Evidente que nos verbais o
contrato só assume condição de efetiva existência com o decorrer do tempo, ditado pelas práticas
estabelecidas entre os sujeitos da relação de trabalho.

Em síntese: o fato precede a forma.

CASO: Juíza reconhece vínculo empregatício mediante o princípio da primazia


da realidade sobre a forma.

Um corretor de imóveis, supostamente atuando como autônomo, em uma empresa de


engenharia e participações, teve o vínculo de emprego reconhecido. A empresa insistiu na tese da
liberdade e independência do profissional, sustentando que o trabalho do corretor ocorria por meio das
corretoras credenciadas, as quais tinham autorização para apresentar os imóveis. Mas a juíza do
Trabalho substituta Fernanda Garcia Bulhões Araújo, em atuação na 7º Vara do Trabalho de Belo
Horizonte, constatou que a realidade era outra. Isso porque uma das testemunhas ouvidas, que
também trabalhou como corretor autônomo, assegurou que o autor comparecia todos os dias ao
trabalho, com exceção da folga semanal, e cumpria jornada de acordo com o horário comercial da
loja. Na visão da juíza, deixa clara a habitualidade da prestação de serviços para a empresa. Além
disso, essa mesma testemunha confirmou a existência da pessoalidade na prestação de serviços, já
que o corretor não poderia se fazer substituir por outra pessoa, bem como da subordinação, pois os
supostos autônomos sequer podiam negociar a comissão de corretagem. “A bem da verdade é que a
prova testemunhal bem elucidou o vínculo empregatício que havia entre as partes”, concluiu a juíza. A
juíza ainda lembrou que, no Direito do Trabalho, prevalece o princípio da primazia da realidade sobre
a forma, o que significa que os efeitos das relações de trabalho decorrem da forma como os serviços
são realizados, pouco importando o nome que as partes lhes dão. A empresa foi condenada a anotar
a carteira de trabalho e a pagar ao corretor as verbas rescisórias típicas da dispensa sem justa causa.
A ré apresentou recurso, mas o Tribunal Regional do Trabalho da 3º região manteve a decisão de 1º
grau.

Extraído de: TRT3 – Processo nº 0001738-47.2010.5.03.007

Princípio da precaução
O Principio da precaução é o princípio basilar do Direito Ambiental e traduz a busca da
proteção do meio ambiente integrado à proteção humana, uma vez que deve haver um equilíbrio entre
o desenvolvimento econômico e a utilização racional dos recursos naturais, minimizando assim os
impactos ambientais.

O princípio da precaução foi formulado pelos gregos e, na era moderna, foi desenvolvido e
consolidado na Alemanha, em 1970, na Declaração de Wingspread, que tratou da Precaução, da
Participação e do Poluidor-Pagador, uma vez que os danos ambientais verificados devem,
obrigatoriamente, ter seus autores identificados, a fim de responsabilizá-los pelos seus atos.

Diz a Declaração de Wingspread: "Quando uma atividade representa ameaças de danos ao


meio ambiente ou à saúde humana, medidas de precaução devem ser tomadas, mesmo se algumas
relações de causa e efeito não forem plenamente estabelecidas cientificamente".

No Brasil, na Conferência RIO 92 foi proposto formalmente o Princípio da Precaução. A sua


definição, dada em 14 de junho de 1992, foi a seguinte: “O Princípio da Precaução é a garantia contra
os riscos potenciais que, de acordo com o estado atual do conhecimento, não podem ser ainda
identificados. Este Princípio afirma que a ausência da certeza científica formal, a existência de um
risco de um dano sério ou irreversível requer a implementação de medidas que possam prever este
dano”.

Etimologicamente, a palavra precaução deriva do latim, em que "prae": antes e "cavere":


tomar cuidado. Assim, em linhas gerais, o Principio da Precaução pode ser entendido como:

· Aquele que sugere cuidados antecipados com o meio ambiente;

· Aquele que acautela para que uma atitude ou ação não venha resultar em efeitos indesejáveis para o
meio ambiente e a população.

Em suma, o Princípio da Precaução está ligado às idéias de afastamento de perigo e


segurança das gerações futuras, como também de sustentabilidade ambiental das atividades
humanas.
Pode ser considerado uma ação antecipatória à ocorrência do dano ambiental, o que garante a plena
eficácia das medidas ambientais selecionadas.

CASO: Justiça Federal obriga VALE/SA a apresentar e implementar plano de


contenção de barragem – juiz aplicou o princípio da precaução
O juiz João Batista Ribeiro, da 5º Vara Federal de Belo Horizonte, determinou que a VALE
S/A, responsável pela barragem Captação de Trovões, situada no Município de Nova Lima, região
metropolitana da capital mineira, apresente em até 90 dias um plano de ações corretivas que
contemple as medidas necessárias para a máxima mitigação do risco ambiental oriundo da barragem.
Essa barragem, mediante o último relatório produzido pelo órgão ambiental mineiro, foi considerada
“sem garantia de estabilidade”.

Na ação, o Ministério Público Federal registrou que esse é um problema comum na maioria
das barragens existentes em Minas Gerais. A Vale alegou que o Ministério Público Federal não
comprovou a ocorrência de nenhum dano, mas apenas a “existência de risco de futuro dano
ambiental”. Diante dessa alegação, o juiz destacou a imprescindibilidade da aplicação do princípio da
precaução. Segundo ele, deve-se coibir toda e qualquer atividade potencialmente lesiva, exatamente
em razão da existência da dúvida e afirmou que “uma questão que afeta o meio ambiente e a saúde
pública como é o caso de eventual rompimento de uma barragem de rejeitos em decorrência da
descarga descontrolada de substâncias nocivas ao meio ambiente, não pode ceder a interesses
meramente econômicos do empreendedor”. Portanto, a Vale ficou obrigada a apresentar e
implementar todas as medidas indicadas no plano de contenção, ainda que tivesse que desembolsar
elevadas quantias de dinheiro, de tempo e pessoal na elaboração e execução do projeto. O juiz ainda
lembrou que, o rompimento de barragens de rejeitos já provocou, nos últimos anos, graves danos
ambientais e mortes no estado de Minas Gerais.

Extraído de: Procuradoria da República em Minas Gerais – 26 de abril de 2012

Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa

O Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa é assegurado pelo artigo 5º, inciso LV da


Constituição Federal: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.”

Por contraditório entende-se o direito que tem um indivíduo de tomar conhecimento e


contraditar tudo o que é levado pela parte adversa ao processo. A todo ato produzido pela acusação,
caberá igual direito da defesa de opor-se, de apresentar suas contrarrazões, de levar ao juiz do feito
uma versão ou uma interpretação diversa daquela apontada inicialmente pelo autor. O contraditório
assegura, também, a igualdade das partes no processo, pois equipara, no feito, o direito da acusação
com o direito da defesa.

Por ampla defesa entende-se o direito que é dado ao indivíduo de trazer ao processo
administrativo ou judicial, todos os elementos de prova licitamente obtidos para provar a verdade, ou
até mesmo de omitir-se ou calar-se, se assim entender, para evitar sua autoincriminação.
Tanto o contraditório como a ampla defesa deve estar presente em qualquer forma de
acusação, o acusado possui o direito de se defender ou de ser defendido pelos meios legais, vale
observar que se este não possuir advogado, o Estado deverá nomear defensor público para que não
se configure violação dos direitos subjetivos daquele a quem se imputa a autoria do crime.

O contraditório junto ao princípio da ampla defesa, institui-se como a pedra fundamental de


todo processo e, particularmente, do processo penal.

CASO: Processo contra menor sem advogado foi anulado devido a violação
dos princípios do contraditório e da ampla defesa

Um menor foi acusado de crime por porte de substância entorpecente para consumo. O
Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), decidiu inserir o menor em medida socioeducativa de
prestação de serviços à comunidade, pelo período de 30 dias. A defesa requereu que fosse decretada
a nulidade do processo desde a audiência de apresentação e de todos os atos subseqüentes, por
ausência de defensor, violando os princípios do contraditório e da ampla defesa. Em parecer enviado
ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Ministério Público Federal manifestou-se em favor da
concessão da ordem. A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça concedeu habeas corpus para
decretar a nulidade do processo. “O direito de defesa e do contraditório, é irrenunciável”, observou o
relator, ao conceder a ordem.

Extraído de: Superior Tribunal de Justiça – 17 de junho de 2009

Conclusão

Os princípios gerais de direito, desde a gênese da vida sócio-jurídica, sempre serviram de


base para a elaboração das regras positivas; conforme vimos na apresentação desse trabalho, a
maioria dos princípios vem do Direito Romano e são aplicados desde os primórdios da vida jurídica.
Portanto, é atribuído aos princípios gerais de direito, o caráter de fonte supletiva no que diz respeito a
lacunas, uma vez que, como falado inicialmente, o próprio ordenamento jurídico assegura esta
posição aos princípios.

Bibliografia
ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado, 8º Ed. Revista e atualizada. São
Paulo: Editora Metodo, 2012.

BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico, Tradução: Ari Marcelo Solon. 1º


Ed, São Paulo: EDIPRO, 2011.

BRASIL. Código de processo civil (1973). In: ANGHER, Anne Joyce. Vade mecum acadêmico de
direito RIDEEL. 16º ed. São Paulo: RIDEEL, 2013, p. 261.
BRASIL. Lei de introdução às Normas do Direito Brasileiro (1942). In: ANGHER, Anne Joyce. Vade
mecum acadêmico de direito RIDEEL. 16º ED. São Paulo: RIDEEL, 2013, p. 140.

FERRAZ JR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito – Técnica, Decisão, Dominação,
São Paulo: Editora Atlas, 1988, p. 223.

NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito, 17º Ed. rev.e ampliada. Rio de Janeiro: Editora
Forense, 1999, p. 235.

REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito, 27º Ed. Ajustada ao novo Código Civil. São Paulo:
Saraiva, 2002, p. 304.

Sites
WWW.jusbrasil.com.br
WWW.jurisway.org.br

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