Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Unidade 10:
Mas o que é vigência? A que requisitos deve satisfazer a norma jurídica para
ser obrigatória? Diz o art. 1o da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB),
Decreto-lei no 4.657, de 04.09.1942, que, “salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar
em todo país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”, portanto, seria
1
- Segundo Miguel Reale, na terminologia brasileira, vigência equivale a validade técnico-formal, enquanto
os juristas de fala espanhola empregam aquele termo como sinônimo de eficácia. Faz esta observação porque
essa diferença essencial de significado tem lugar a lamentáveis confusões.
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1
apenas o elemento tempo o requisito da norma jurídica para que ela se torne obrigatória?
A que requisitos deve satisfazer a norma jurídica para ser obrigatória?
União Estados
Municípios
Por exemplo:
2
- A União é pessoa jurídica de direito público interno, entidade federativa autônoma em relação aos Estados-membros,
Municípios e Distrito Federal, possuindo competências administrativas e legislativas determinadas constitucionalmente.
3
- São unidades autônomas com poderes próprios para organizam-se e regerem-se pelas Constituições e leis que
adotarem, observados os princípios da Constituição Federal.
4
- Divisão administrativa de um estado (divisão territorial de determinados países), distrito ou região, com autonomia
administrativa e constituído de órgãos político-administrativos próprios (No Brasil, o município é composto pela Prefeitura
e pela Câmara Municipal).
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1
a) Compete à União privativamente legislar sobre direito civil, comercial, penal, processual,
eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho (Art. 22, I da Constituição
Federal);
b) Compete à União privativamente legislar sobre serviço postal (Art. 22, V da Constituição
Federal);
c) Compete à União privativamente legislar sobre comércio exterior e interestadual (Art. 22,
VIII da Constituição Federal);
d) Compete à União privativamente legislar sobre regime dos portos, navegação lacustre,
fluvial, marítima, aérea e aeroespacial (Art. 22, X da Constituição Federal);
e) Compete à União organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia militar e o
corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao
Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio (Art. 21,
XIV da Constituição Federal). Sobre essa temática o STF editou a Súmula vinculante nº 39
de 2015, que determina: Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos
membros das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal.
Incidência da Súmula 647 do STF (compete privativamente à União legislar sobre
vencimentos dos membros das polícias civil e militar do Distrito Federal);
f) Compete à União dispor sobre fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas (Art.
48, III da Constituição Federal); e
g) Compete à União instituir imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza (art.
153, III da Constituição Federal).
Por exemplo:
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1
a) Compete aos Municípios legislar sobre assuntos de interesse local (Art. 30, I da
Constituição Federal); e
b) Compete aos Municípios instituir imposto sobre propriedade predial e territorial urbana
(Art. 156, I da Constituição Federal).
Por exemplo:
5
- Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e lei que adotarem, observados os
princípios desta Constituição. (...)
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1
Por exemplo:
União Estados
Municípios
6
- O Federalismo baseia-se na união de vários Estados em um único, cada qual dotado de autonomia, porém
submetidos a uma Constituição que estabelece e limita suas competências (art. 25, par.1º da CF de 88).
Possui como base a distribuição do poder político em função do território, com vistas a preservação da
diversidade cultural dos Estados-membros. O Estado Federal é soberano, representando a nota
caracterizadora do Estado na ordem internacional, representativa do poder e da autoridade suprema, já os
membros que o compõem são dotados de uma tal e qual autonomia política-administrativa. O federalismo
Cooperativo surgiu no Brasil pós revolucionário da década de 30, resultante de acordos intergovernamentais
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1
da lei é a de ser declarada pelo poder competente como tal (reconhecido por uma norma
constitucional).
Reflexão:
a) Se o Presidente da República editar sozinho uma lei, ela terá vigência ou validade
formal? Entendo que não! Pelo simples fato de faltar legitimidade ao Presidente da
República. No regime constitucional vigente não é o Congresso só que faz a lei, mas
nenhuma lei pode ser feita sem o Poder Legislativo (Congresso, Assembleia ou Câmara
Municipal). b) Imaginemos que o Tribunal de Justiça do Estado de Roraima no edital do
concurso de ingresso na carreira, ofereça 15 vagas para o cargo inicial de juiz substituto,
mediante concurso público de provas e títulos, bem como de exames de atividades físicas,
com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do
candidato ser bacharel em direito, com no mínimo três anos de atividade jurídica,
obedecendo-se nas nomeações à ordem de classificação. Pergunta-se: A norma do edital
que inclui a atividade física no concurso público para ingresso na carreira da magistratura
roraimense é válida? Entendo que não, pois a validade da norma pressupõe o exame da
competência do órgão. O edital do Tribunal de Justiça de Roraima ultrapassou o
determinado na Constituição Federal em seu art. 93, I7, inovando na matéria, criando uma
norma genérica ao Direito já existente, ou seja, um Direito novo, ao inserir no concurso de
provas e títulos a etapa de exame de atividades físicas. Assim, devemos nos questionar:
poderia o Tribunal de Justiça de Roraima isoladamente inovar? Poderia o Poder Judiciário,
para aplicação de programas, financiamentos, subvenções e auxílios conjuntos, tem sido a forma mais
dominante nas organizações estatais federativas, tendo como objetivo a livre cooperação entre os entes da
Federação. As relações federativas de cooperação podem ser visualizadas nos artigos 23 e 24 da
Constituição, que definem as competências comuns e concorrentes entre os entes federados, cujas matérias
abordadas em tais artigos serão objeto da elaboração e implantação de políticas públicas.
7
- Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios: I – ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz
substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do
Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo três anos de atividade jurídica e
obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação (…).
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1
de forma administrativa, constituir Direito novo à revelia do Legislativo? Penso que não! O
edital tem por finalidade a execução da norma jurídica constitucional, de tal modo que tudo
o que ele acrescentar a essa norma não possuirá validade.
c) Se o Presidente da República baixar um decreto que venha a regulamentar uma lei
federal, haverá legitimidade do órgão de que a norma foi emanada? Entendo que sim! Na
verdade o Decreto não é propriamente uma lei, ele é um ato normativo de conteúdo
administrativo, de competência do Presidente da República, conforme o art. 84, IV da
Constituição Federal, que determina competência privativa ao Presidente da República
(órgão) para sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e
regulamentos para sua fiel execução. No mais, esse poder regulamentador não poderá
inovar na matéria, dispondo para menos ou para mais do que a lei estabelece.
Reflexão:
8
- A Constituição se coloca em relação às demais normas legais em posição proeminente, de supremacia,
de sorte que todo o sistema jurídico há de estar com ela conformado (princípio da supremacia da Constituição).
Como requisitos fundamentais do controle de constitucionalidade é necessário uma Constituição rígida
(processo de alteração mais difícil que o da Lei ordinária) e a atribuição de controle a um órgão supremo. O
controle (análise de compatibilidade vertical) decorre, então, da rigidez e supremacia da Constituição, que
pressupõe a noção de um escalonamento normativo onde a Constituição ocupa o topo da pirâmide (Kelsen),
sendo, por isso, fundamento de validade de todas as outras normas. A inconstitucionalidade pode dar-se por
ação quando há atos do Poder Público ou Leis em contraposição à Constituição. A inconstitucionalidade por
ação pode ser material (conteúdo do ato normativo é contrário à Constituição) ou formal (inobservância da
competência legislativa, do processo legislativo). Dá-se, por sua vez, a inconstitucionalidade por omissão
quando há inércia legislativa na regulamentação de normas constitucionais de eficácia limitada.
9
- Art. 52. Compete privativamente ao Senado: (…) X – suspender execução, no todo ou em parte, de lei
declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; (...)
10
- Como instrumento básico da estrutura do Estado, necessário que sejam estabelecidos mecanismos de
defesa da Constituição e, a esses mecanismos dá-se o nome de controle de constitucionalidade das leis. O
controle da constitucionalidade se apresenta nos sistemas político, jurisdicional e misto. Dá-se o controle
político quando essa função está entregue a um órgão de natureza política, como o próprio parlamento, ao
Senado, ou mesmo a uma corte especial, constituída através do processo político para esse exame. O
controle jurisdicional – judicial review – é o sistema que entrega aos órgãos do Poder Judiciário essa defesa
da Constituição, é o sistema adotado no Brasil. Já no sistema misto, algumas leis são controladas por um
órgão político e outras por órgão jurisdicional.
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1
Reflexão:
a) A Prefeitura Municipal de Boa Vista – RR instituiu, após tramitação legal na Câmara dos
Vereadores da cidade, o imposto sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer
bens ou direitos, que estejam em seu espaço territorial. Após a lei ter sua vigência, com
sua publicação no Diário Oficial eletrônico (art. 1º da LINDB), o Município propôs ação de
cobrança do referido imposto em face de Augério, por ter herdado os bens e direitos de sua
genitora. Qual será o conteúdo da defesa de Augério? Penso que o advogado de Augério
deverá arguir incidentalmente a inconstitucionalidade da lei que criou o mencionado
imposto, uma vez que o art. 155, I da Constituição Federal13 atribui ao poder dos estados
e do Distrito Federal a criação do imposto transmissão causa mortis. Logo, essa lei é
inválida, pois carece o Município de competência ratione materiae.
Mas bastarão esses dois elementos para que a norma jurídica tenha validade?
11
- Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I – processar e julgar, originalmente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal
ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (...)
12
- Art. 77. Compete ao Tribunal de Justiça do Estado: (…) X - processar e julgar originariamente; (…) e) a
ação direta de inconstitucionalidade de Lei ou ato normativo estadual ou municipal contestado em face desta
Constituição; (...)
13
- Art. 155 – Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: I – transmissão causa mortis
e doação, de quaisquer bens ou direitos; (...)
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1
Não basta que o poder seja competente e nem basta que a matéria objeto da
norma jurídica se contenha na competência do órgão, torna-se ainda necessária para sua
validade um terceiro requisito que a doutrina denomina da legitimidade do procedimento.
Esse requisito diz respeito à legitimidade da própria maneira pela qual o órgão
executa aquilo que lhe compete, ou seja, como a norma jurídica é elaborada. O poder de
criar a norma obedece um procedimento previsto no ordenamento jurídico. Na técnica do
Direito norte-americano, a legitimidade de procedimento denomina-se due process of law
(trad. devido processo legal). No Brasil, o devido processo legal está previsto no art. 5º, LIV,
da Constituição Federal14.
Reflexão:
14
- Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termo seguintes: (...) LIV - ninguém será privado de liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal. (...)
15
- Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...)
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1
Requisitos de
norma jurídica
Por termos o hábito de confundir Direito com a lei, acabamos concluindo que
o Direito legislado, ou seja, elaborado pelo Congresso e sancionado pelo Poder Executivo,
torna-se um Direito de tal natureza que a muitos parece ser-lhe bastante o requisito da
vigência. Mas, basta a vigência (validade técnico-jurídica), para que a norma jurídica
cumpra a sua finalidade?
O Direito para ser autêntico não é apenas declarado mas também deve ser
reconhecido. É autêntico quando vivido pela sociedade, como algo que se incorpora e se
integra na sua maneira de conduzir-se. A norma jurídica deve ser formalmente válida e
socialmente eficaz. Não há norma jurídica sem um mínimo de eficácia, de execução ou
aplicação no seio do grupo.
16
- Foi um jurista e sociólogo francês durante os séculos XIX e XX. Ele é considerado um dos nomes principais
do direito administrativo Francês, e deu aula de direito público na Universidade de Toulouse desde 1888, e
de direito constitucional desde 1920. Considerava as instituições do estado como um instrumento cujo objetivo
fundamental era a defesa da liberdade e da vida civil. Hauriou defendeu a ordem individualista de empresas
e da propriedade privada, e contribuiu ao desenvolvimento de procedimentos legais que protegeriam os
cidadãos de atos administrativos indevidos, opondo assim à teoria da soberania nacional - um sistema
fundamentado sobre os direitos do indivíduo. Entre suas principais obras estão: Principes du droit public (1910;
Princípios do direito público), Précis du droit constitutionnel (1923; Compêndio de direito constitucional) e
Précis du droit administratif (Compêndio de direito administrativo). Foi um dos primeiros teoristas da sociologia
jurídica. Morreu aos 72 anos em Toulouse, na França, em 1929.
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1
Reale adverte que “não se sabe qual o maior dano, se o das leis más,
suscetíveis de revogação, ou o poder conferido ao juiz para julgar contra legem, a pretexto
de não se harmonizarem com o que lhe parece ser uma exigência ética ou social.”
Uma norma jurídica consuetudinária jamais surge com validade formal, pois a
sua vigência formal é uma resultante de uma prática habitual, isto é, da eficácia de um
comportamento.
17
- Friedrich Carl von Savigny foi um dos mais respeitados e influentes juristas alemães do século XIX. Maior
nome da Escola Histórica do Direito, seu pensamento teve grande influência no Direito alemão, bem como no
Direito dos países de tradição romano-germânica, especialmente no Direito civil. Savigny é responsável pela
criação e pelo desenvolvimento do conceito de relação jurídica e de diversos conceitos relacionados, como o
de fato jurídico, tendo seu método histórico influenciado, entre outros movimentos, a jurisprudência dos
conceitos. Na política alemã, Savigny foi Ministro da Justiça de 1842 a 1848, tendo renunciado devido à
revolução. Savigny defende que o Direito é uma ciência que deve ser elaborada histórica e filosoficamente,
no que parece um resquício de jusnaturalismo. Por um lado, a ciência do direito deve ser filosófica no sentido
que deveria ser organizada como um sistema de conceitos jurídicos, constituindo esses conceitos um todo
com unidade e organicidade. Por outro lado, ela deve ser histórica no sentido que deveria ser objetiva, ligada
às raízes históricas de sua criação. O elemento histórico é uma busca pela objetividade que deveria, para o
jurista, orientar a interpretação da lei independente de toda convicção individual. Para aplicá-la de modo
correto, o juiz deveria ser totalmente objetivo, não agregando nada de si mesmo. À vontade do legislador,
Savigny opõe a vontade da lei (ou vontade do legislador expressa na lei). Portanto, a divergência de Savigny
em relação à Escola da exegese está no objetivo da interpretação. Embora ele concordasse que deveria
haver a busca pela vontade do legislador, o jurista acreditava que não bastava que o legislador tivesse uma
vontade: esta vontade deveria estar expressa na lei. O principal legado da obra de Savigny é o seu método,
conhecido como historicismo, e os efeitos que ele teve sobre as mais diversas correntes do direito germânico,
como, por exemplo, a Jurisprudência dos conceitos. Embora a codificação acabasse vindo, sua gestação foi
longa e encontrou uma Alemanha já unificada (o código civil alemão entrou em vigor em 1900). De certo modo,
Savigny saiu-se vitorioso na polêmica sobre a codificação já que não só conseguiu retardá-la por quase um
século, como o código refletiu as diversas inovações produzidas pela ciência do direito alemã do século XIX.
Filosoficamente, o historicismo liga-se à matriz hegeliana. Assim, o sujeito da história não é os indivíduos,
mas o Espírito Objetivo. Essa visão se coadunava com o romantismo alemão e sua sacralização e mitificação
do passado. Recusava, assim, o projeto modernizante do iluminismo, tido como abstrato e artificial. No Direito,
isso significava a ligação da validade da ordem jurídica com a sua adequação aos valores pertencentes a
uma cultura determinada. Assim, quando Gustav Hugo, primeiro representante da Escola Histórica Alemã,
redirecionou os esforços dos juristas germânicos para o estudo dos textos romanos e do direito
consuetudinário, criou um novo método de estudo que permitiu o desenvolvimento de um sistema jurídico a
partir daquelas regras. Faleceu em Berlim, em 1861.
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1
Sobre Hans Kelsen, esclarece Reale que o fundador da Teoria Pura do Direito
tinha inicialmente uma posição radicalmente normativa, sustentando que o elemento
essencial do Direito era a validade formal (vigência). E que escreveu suas primeiras obras
sob a influência do meio austríaco, onde o primado da lei escrita é tradicional.
18
- Foi um filósofo do direito alemão. Inspirador da corrente neokantiana no âmbito jurídico, conferiu à ciência
do direito e atribuiu-lhe metodologicamente os instrumentos do «fim e dos meios» contrapostos aos de «causa
e efeito» das ciências naturais. O mérito de Stammler reside na sua tentativa de superar o positivismo da sua
época. É autor da teoria do chamado Direito Natural de conteúdo variável. Faleceu em Wernigerode, em 1938.
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1
c) validade formal ou vigência, por ser emanada do poder competente, com obediência aos
trâmites legais (validade formal ou técnico-jurídica – refere à norma).
Fonte bibliográfica:
1. REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. São Paulo: Saraiva, 2002.
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1
6. O que se entende como competência privativa do poder político dos entes da federação?
7. Cite dois exemplos de normas jurídicas constitucionais referentes à competência
privativa para a União, para os Estados-membros e para os Municípios.
8. O que se entende como competência concorrente do poder político dos entes da
federação?
9. Cite três exemplos de normas jurídicas constitucionais referentes à competência
concorrente entre os entes da federação.
10. Por que a doutrina considera que os Estados-membros possuem uma maior autonomia
que os Municípios?
16. Qual o efeito da norma jurídica elaborada por um órgão incompetente e ilegítimo?
17. O que significa a inconstitucionalidade da norma jurídica?
18. A quem compete processar e julgar, originalmente, a ação direta de
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual? Fundamente.
19. O que significa a inconstitucionalidade material da norma jurídica?
20. O que significa a inconstitucionalidade formal da norma jurídica?
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Projeto de Extensão Universitária
Instituto de Ciências Jurídicas
Prof. Me. Mauro Campello
Curso de Direito
“Salinha 201”
1a. edição
2020.1
21. Qual o efeito da norma jurídica elaborada por órgão que falece de competência sobre
a própria matéria legislada?
22. Segundo Miguel Reale: “não basta que o poder seja competente e nem basta que a
matéria objeto da norma jurídica se contenha na competência do órgão, torna-se ainda
necessária para sua validade um terceiro requisito que a doutrina denomina da legitimidade
do procedimento.” Explique.
23. Basta a vigência (validade técnico-jurídica), para que a norma jurídica cumpra a sua
finalidade? Explique.
24. Podem os legisladores promulgar leis que violentem a consciência coletiva, que entrem
em choque com a tradição de um povo e que não correspondam aos seus valores
primordiais? Estas leis perdem sua validade formal? Elas carecem de suas características
da obrigatoriedade e compulsoriedade? Explique.
25. O que é eficácia ou efetividade da norma jurídica?
26. O que significa “assentimento costumeiro”, expressão dada pelo jurista francês Maurice
Hauriou? Explique.
27. Quem foi Maurice Hauriou e qual seu legado para o Direito?
28. O Direito para ser autêntico não é apenas declarado mas também deve ser reconhecido.
Explique.
29. Podem os tribunais recusar aplicação às normas em vigor que não fossem reconhecidas
pela sociedade?
30. Por que a norma jurídica consuetudinária jamais surge com validade formal?
36. A regra é a de que “a vigência de uma nova lei não retroage, não tem eficácia pretérita”.
Explique.
37. Qual a diferença entre vigência (validade formal) e eficácia ou efetividade?
38. Como Rudolf Stammler compreendeu a positividade do Direito?
39. Quem foi Rudolf Stammler e qual seu legado para o Direito?
40. Qual o sentido dado ao requisito fundamento da validade da norma jurídica? Aborde a ideia de
Direito justo.