Você está na página 1de 5

EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DO 2º JUIZADO ESPECIAL


CÍVEL DA COMARCA DE LINHARES – ES.

Ref. Proc. 5002336-07.2017.8.08.0030

ADILSON DA SILVA, brasileiro, casado,


industriário, portador da C. I. nº 1.533.988-ES e CPF/MF nº 079.725.407-
21, residente e domiciliado na Av. Luiz Del Caro, s/nº, em frente à quadra
nova, ao lado da Escola Eliana Pinapho, Bebedouro, Linhares – ES vem
com o devido acatamento perante V. Exa., por intermédio de seu advogado
adiante assinado, apresentar:

CONTESTAÇÃO

À ação proposta em seu desfavor por REINALVA RODRIGUES DA


SIVLA, inscrita no CPF/MF sob nº 105.429.707-56, residente na Av. Luiz
Del Caro, s/nº, Bebedouro, Linhares – ES, expondo para a final requerer o
que segue:
I – Segundo a reclamante o reclamado, seu
vizinho, ao construir o segundo pavimento de sua residência promoveu a
abertura de três janelas a cerca de 60cm da divisa entre os imóveis ,
razão pela qual pugna pelo fechamento das ditas janelas, assim como pela
indenização por danos morais. No entanto, de se perceber que o pleito da
requerente merece ser julgado improcedente.

II – Como sabido a disciplina constante do artigo


1.301 do Código Civil visa tutelar a privacidade do prédio vizinho, de
modo que as aberturas que não prejudiquem essa privacidade não se
mostram irregulares.

III – Com efeito, como se pode observar das


inclusas fotografias as mencionadas janelas não possuem visão direta para
o imóvel da requerente preservando assim sua privacidade.

IV – Mencione-se ainda que referidas aberturas


contam mais de ano e dia o que atrai a incidência do previsto no § único do
artigo 1.302 do Código Civil, assim redigido:
Art. 1.302 (omissis)
Parágrafo único. Em se tratando de vãos, ou aberturas para luz, seja qual
for a quantidade, altura e disposição, o vizinho poderá, a todo tempo,
levantar a sua edificação, ou contramuro, ainda que lhes vede a claridade.

V – De fato a manutenção das referidas aberturas


não gera servidão possibilitando à requerente construir em sua divisa
mesmo que referida construção obstrua as referidas aberturas.

VI – Nesse sentido a lição de Silvio de Salvo


Venosa : 1

1
Venosa, Sílvio de Salvo. Direito Civil: direitos reais. 13ª ed. São Paulo: Atlas 2013 – pag. 319.
“O decurso de prazo de ano e dia do silêncio do vizinho estabelece situação
semelhante à servidão, mas que não pode ser assim conceituada. Passado o
prazo de ano e dia, consolida-se o direito do construtor da janela ou similar
em mantâ-la. Não nasce porém, para ele servidão de luz, porque não estão
presentes os requisitos desse instituto. Desse modo, não fica impedido o
proprietário prejudicado pelo transcurso do prazo de ano e dia de construir
integralmente em seu terreno, junto a sua divisa...Após esse prazo o vizinho
não pode mais reclamar, mas pode edificar...”

VII – Percebe-se assim, seja em função de as


referidas janelas não apresentarem visão direta para o prédio da requerente,
seja em decorrência do fato de que a qualquer tempo poderá ela edificar em
sua divisa, que não resta qualquer prejuízo ao direito de vizinhança das
partes.

VIII – Nessa linha tem-se que inexiste u inexistiu


qualquer abalo à honra subjetiva da reclamante restando improcedentes
assim os danos morais pleiteados.

IX – Com efeito, nem mesmo nas descrições dos


fatos que culminaram com o pedido deixa claro a requerente de que forma
restou atingida sua honra subjetiva. Assim, ausente a comprovação do dano
não há que se falar em indenização equivalente.

X – Entretanto, em não sendo esse o entendimento


desse Juízo, o que se admite em respeito ao princípio da eventualidade
devem os danos morais serem fixados em atenção aos critérios de
proporcionalidade e razoabilidade.

XI – Deve-se ponderar também as condições


econômicas do ofensor, trabalhador do setor da indústria que percebe
modesta remuneração mensal como se pode inferir de seu demonstrativo de
pagamento de salário, sendo certo qualquer quantia fixada, por mínima que
seja poderá interferir negativamente em seu orçamento familiar mensal.
DO PEDIDO CONTRAPOSTO:

XII – Como se pode inferir da inclusa fotografia a


requerida promoveu a construção de uma fossa séptica justamente na divisa
com o imóvel do requerido.

XIII – Ocorre que referida construção vem


apresentando infiltração tendo inclusive causado danos em um dos
cômodos situados no pavimento inferior de seu imóvel.

XIV – De fato a construção, procedida de forma


irregular não se apresenta capaz de reter líquidos e estes se projetam para o
subsolo do imóvel do requerido, provocando seu desmoronamento e
causando-se prejuízos.

XV – Imperioso assim a determinação de que a


requerente adeque a construção de sua fossa a fim de que se afaste da
divisa do imóvel do requerido ou providencie as obras necessárias para
evitar as referidas infiltrações.

Diante do exposto pugna o requerido pela total improcedência do pedido


autoral e procedência do pedido contraposto a fim de determinar à
requerente que adeque a construção de sua fossa séptica a fim de evitar as
infiltrações no imóvel do requerido, condenando-a ainda ao pagamento das
custas processuais e honorários advocatícios.

Protesta provar o alegado por todos os meios de


prova em direito admitidas, seja pericial, testemunhal, documental e
inclusive depoimento pessoal da autora sob pena de confesso.

J. aos autos.
P. deferimento.
Linhares, 24 de março de 2018.

WALACE MACEDO DA SILVA


OAB/ES 6.603

Você também pode gostar