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a Auditoria em Saúde
A auditoria em saúde é uma atividade indispensável para qualquer tipo de sistema de saúde,
seja ele público ou privado.
“Auditar significa emitir uma opinião conclusiva sobre uma dada situação encontrada em
relação a um critério disponível ou inferido, dentro dos limites permitidos pelo conjunto de exames
empregados” (BRASIL, 2017, p. 10).
O enfermeiro que faz uso da auditoria busca, além das necessidades das instituições,
compreender como essa prática está legitimada no contexto de saúde, fazendo comparação
entre a assistência real que é oferecida e executada ao usuário pelos profissionais, com os
padrões definidos e estabelecidos como ideais.
O SUS foi instituído pela Constituição Federal do Brasil de 1988 (regulamentado pelas Leis
Orgânica da Saúde nº 8.080/90 e nº 8.142/90) e dispõe em seu artigo 197 a obrigatoriedade de
regulamentação, fiscalização e controle das ações de saúde, devendo sua execução ser feita
diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
A Lei nº 8.689 de 1993, regulamentada pelo Decreto-Lei nº 1.651 de 1995 criou o Sistema
Nacional de Auditoria (SNA) e o Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS).
Ética e auditoria em saúde e enfermagem
Assim, a auditoria objetiva a avaliação sistemática e formal de uma atividade, por alguém
não envolvido diretamente na sua execução, para determinar se essa atividade está sendo
levada a efeito de acordo com seus objetivos.
E para que a auditoria cumpra esse objetivo com eficiência e ética, é necessário que ela
seja caracterizada pela confiança em alguns princípios.
O conceito de Ética se refere a investigação geral sobre aquilo que é bom, ou ainda, um
conjunto de regras, princípios ou maneiras de pensar que guiam as ações de um grupo em
particular (moralidade).
A norma ISO 19011:2012 descreve seis princípios éticos na auditoria, destacando que a
aderência a esses é um pré-requisito para se fornecerem conclusões de auditoria que sejam
pertinentes e suficientes, e para permitir que auditores que trabalhem independentemente
entre si cheguem a conclusões semelhantes em circunstâncias também semelhantes. Os
seis princípios descritos pela norma são:
Princípios éticos na auditoria
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Auditar é mensurar a assistência prestada (qualidade), e
compatibilizar o nível dessa assistência com a necessidade de controle
dos custos.
Tem como objetivos garantir a qualidade da assistência prestada ao
usuário; viabilizar economicamente a Instituição; conferir a correta
utilização, cobrança dos recursos técnicos disponíveis; educar os
prestadores de serviços; proporcionar um ambiente de diálogo
permanente entre prestadores e a empresa; aos usuários proporcionar
confiabilidade na relação Prestador x Instituição x Usuário.
É importante garantir os princípios éticos que fazem da auditoria uma
ferramenta eficaz e confiável em apoio a políticas de gestão e
controles, fornecendo informações sobre as quais uma organização
pode agir para melhorar seu desempenho.
Atribuições éticas do auditor e o
seu papel na estruturação,
reorganização e funcionamento
da instituição de saúde
Atribuições éticas do auditor
Responsabilidades do
auditor
O auditor tem o papel de suma importância no que diz ■ Ser responsável por
respeito a adequação aos requisitos preconizados pela todas as fases da
legislação do país, o controle financeiro, a avaliação técnica auditoria;
dos serviços oferecidos, observando sempre o controle e a ■ Participar da seleção
qualidade. dos outros membros da
Ele é responsável por fiscalizar de forma ética o equipe auditora;
funcionamento do sistema, para evitar possíveis fraudes, ■ Preparar o plano da
realizando correções nas deformidades existentes, além de auditoria;
verificar a qualidade da assistência e o acesso dos usuários aos ■ Representar a equipe
serviços de saúde. auditora junto a
Cada auditoria pode ser executada por um ou mais auditores, administração do
e neste caso, o condutor dela é chamado de auditor líder, que auditado;
é a pessoa com autoridade e responsabilidade para planejar e ■ Entregar o relatório da
conduzir a auditoria, bem como relatar seus resultados. auditoria.
Atribuições éticas do auditor
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O planejamento e a execução adequada da
auditoria fornecem instrumentos pelos quais é
possível mensurar a qualidade do serviço, processo
ou produto ofertado ao cliente.
Assim, é possível corrigir, resolver e educar de
forma contínua sua equipe, pois a auditoria
também tem o papel de orientar para o melhor
trabalho a ser desenvolvido.
Responsabilidades do auditor no
âmbito trabalhista, profissional,
civil e criminal, sigilo profissional e
confidencialidade das
informações obtidas na auditoria
Responsabilidades do auditor no âmbito
trabalhista, profissional, civil e criminal
As funções do auditor vão muito além do tradicional conceito de fiscalização, pois além de averiguar
e detectar eventuais falhas nos sistemas de controle e no plano de organização, o auditor se preocupa
também com a manutenção desses sistemas, de forma que as não conformidades sejam minimizadas,
atuando de maneira preventiva e apresentando sugestões para eventuais desvios.
No exercício da profissão os auditores, podem ser responsabilizados por erros, falhas, omissões e/ou
dolo quanto à veracidade e a forma com que realizam o trabalho e emitem a sua opinião por
intermédio do parecer de auditoria. Essa responsabilidade pode ser assim caracterizada:
✓ Trabalhista: No caso da auditoria interna.
✓ Profissional: Nos casos de auditoria externa, no que diz respeito à contratação dos serviços a serem
prestados.
✓ Civil: No caso de informação incorreta no parecer do auditor e que venham a influenciar ou
causar prejuízos a terceiros que se utilizem dessas informações.
✓ Criminal: No caso de omissão ou incorreção de opinião expressa em parecer de auditoria,
configurada por dolo, e que venham a influenciar ou causar prejuízos a terceiros que se utilizem
dessas informações.
Responsabilidades do auditor no âmbito
trabalhista, profissional, civil e criminal
O Auditor, em qualquer área de atuação, contribui para a empresa pública ou privada, no sentido
de promover e manter a saúde do usuário. Decorre daí uma série de eventos com seus respectivos
reflexos jurídicos, tanto para o paciente quanto para os profissionais de saúde envolvidos no seu
atendimento.
Caso as instituições auditadas entendam que, tanto a ação ou omissão do auditor causaram dano
material e/ou moral, poderão buscar o ressarcimento de tais danos por meio de ação judicial, gerando
o dever de indenizar para aquele(s) que, comprovadamente, na referida ação, tiver(em) dado causa
aos danos sofridos.
Assim, o profissional em atividades de auditoria pode gerar dano, e nesses casos, há que se
demonstrar que o ato ou omissão geraram o dano, por culpa ou dolo. Sendo culpa, há que se
demonstrar a ocorrência de um ou mais de seus elementos caracterizadores: imperícia, imprudência,
negligência e o chamado nexo causal entre o ato ou omissão culposa, e o dano.
Na avaliação da responsabilidade jurídica do enfermeiro auditor, levam-se em conta as regras de
conduta, tanto éticas quanto técnicas, ligadas aos deveres desse profissional, na medida em que não
devem se distanciar da promoção e prevenção da saúde, bem estar e dignidade do paciente.
Responsabilidades do auditor no âmbito
trabalhista, profissional, civil e criminal
De acordo com o Manual de Auditoria do Sistema COFEN (2015), aprovado pela Resolução COFEN
nº 485/2015, o Auditor deverá usar de todo cuidado e prudência no momento de definir o tipo de
Certificado e Parecer que emitirá como resultado dos seus exames.
Deverá levar em conta principalmente, que determinados achados de auditoria relacionados com
falhas, omissões e impropriedades encontradas, podem significar, ao mesmo tempo, situações
simplesmente impróprias (quando caberá a emissão de Certificado de Auditoria ou Parecer Restritivo)
ou até mesmo irregular.
Tudo dependerá da apuração do exame de todas as circunstâncias envolvidas na situação em
julgamento, quando o Auditor terá de avaliar, em conjunto, fatores tais como: frequência da
incidência ou da reincidência do achado; descumprimento das recomendações de auditorias
anteriores; dolo; dano ao erário; evidência da intenção, ou não, assim como a omissão; efetivo
prejuízo; e outros fatores que possam contribuir para a adequada definição do tipo de Certificado ou
Parecer a ser emitido.
Responsabilidades do auditor no âmbito
trabalhista, profissional, civil e criminal
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O auditor de enfermagem é responsável por analisar os registros de
enfermagem, de modo a conduzir as ações tanto da equipe de
enfermagem, como da gestão das instituições de saúde.
Deste modo, é importante que o enfermeiro auditor seja capaz de
avaliar as atividades e as anotações da equipe de enfermagem, pelo
prontuário do paciente, a fim de prover análises e sugestões de melhoria.
Para cumprir efetivamente sua função, este tem o direito de acessar
toda a documentação necessária, bem como examinar o paciente,
desde que devidamente autorizado por ele ou seu representante legal.
Vale ressaltar que o enfermeiro auditor deve atuar junto aos
profissionais de enfermagem possibilitando meios de corrigir os possíveis
erros, em parceria com a educação continuada, provendo assim uma
assistência de enfermagem de qualidade.
Responsabilidades do auditor no
âmbito trabalhista, profissional,
civil e criminal
Responsabilidades do auditor no âmbito
trabalhista, civil e criminal
De acordo com o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (COFEN, 2017),
no Capítulo II – dos deveres, encontram-se dados pertinentes à auditoria em
Enfermagem, embora sem maiores especificações, como descrito em seu Artigo Art.
47 “Posicionar-se contra, e denunciar aos órgãos competentes, ações e
procedimentos de membros da equipe de saúde, quando houver risco de danos
decorrentes de imperícia, negligência e imprudência ao paciente, visando a
proteção da pessoa, família e coletividade.
Portanto, a auditoria em Enfermagem é uma ferramenta importante para a
proteção do cliente por subsidiar a melhoria da qualidade da assistência.
A Resolução do COFEN nº 266/2001 dispõe sobre as atividades do enfermeiro
auditor em saúde e supre uma necessidade de regulamentação desta atividade,
em função da demanda de empregabilidade desses profissionais, tanto em
instituições públicas quanto em privadas.
Responsabilidades do auditor no âmbito
profissional
Resolução COFEN 266/2001 - Aprovar as atividades do Enfermeiro Auditor
I. É da competência privativa do Enfermeiro Auditor no exercício de suas atividades:
organizar, dirigir, planejar, coordenar e avaliar, prestar consultoria, auditoria e emissão de
parecer sobre os serviços de Auditoria de Enfermagem.
II. Quanto integrante de equipe de Auditoria em Saúde:
f) Atuar na elaboração de contratos e adendos que dizem respeito à assistência de
enfermagem e de competência do mesmo;
g) Atuar em bancas examinadoras, em matérias específicas de enfermagem, nos concursos
para provimentos de cargo ou contratação de Enfermeiro ou pessoal técnico de
enfermagem, em especial Enfermeiro Auditor, bem como de provas e títulos de
especialização de auditoria e enfermagem, devendo possuir o título de especialização em
auditoria de enfermagem;
Responsabilidades do auditor no âmbito
profissional
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A aplicação da auditoria em Enfermagem no
processo da assistência possibilita o desenvolvimento
de indicadores de assistência, estabelecimento de
critérios de avaliação e geração de
conhecimentos para a Enfermagem, proporcionando
benefícios para o paciente, que poderá ser assistido
com serviços de qualidade e eficácia; também para
a equipe de enfermagem, com maior disponibilidade
de acesso às informações e ações educativas,
permitindo reflexão profissional.
Perfil e características do
auditor
Perfil e características do auditor
Certificado e Parecer de Irregularidade será emitido quando for verificada a não observância
da aplicação dos princípios de legalidade, legitimidade e economicidade, constatando a
existência de desfalque, alcance, desvio de bens ou outra irregularidade de que resulte prejuízo
quantificável ou comprometam, substancialmente, as demonstrações financeiras e a respectiva
gestão dos agentes responsáveis, no período ou exercício examinado, emitido para os casos em
que os exames tenham comprovado impropriedades que comprometam a gestão sob análise e
a atuação dos responsáveis, tais como:
a) não implementação imotivada de recomendação(s) dos Relatórios emitidos anteriormente;
b) ocorrência de (alcance) desfalques, desvios de bens ou fraudes;
c) práticas contábeis, orçamentárias, financeiras, administrativas ou operacionais impróprias e
de extrema relevância;
d) qualquer outra grave impropriedade que resulte em prejuízo, sendo necessária a adoção de
medidas urgentes para a correção dos fatos apurados ou instauração de Tomada de Contas
Especial.
Perfil e características do auditor
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É importante o enfermeiro auditor conhecer a legislação e
como se configura a atuação profissional na área, seja ela privada
ou pública.
Através das atividades de auditoria, o enfermeiro auditor pode
contribuir com seus conhecimentos para a instituição onde vai
prestar seus serviços com a finalidade de não só verificar as falhas,
mas para educar toda uma equipe que presta assistência aos
clientes, a fim de obter um resultado positivo.
Manter a ética profissional, tanto para o contratado, quanto
para o contratante, é essencial para os sucesso da auditoria, pois
em ambos a responsabilidade pela qualidade da assistência são
extremamente importantes.
Referências
✓ ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 9001:2015 - Sistemas de Gestão da
Qualidade – Requisitos. Rio de Janeiro, ABNT, 2015.
✓ ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 19011:2012 - Diretrizes para auditoria de
sistemas de gestão. Rio de Janeiro, ABNT, 2012.
✓ BOMBANA, Cheila. Auditoria da qualidade. 2010. Disponível em: https://
cheila10.files.wordpress.com/2010/02/auditoria-da-qualidade1.pdf. Acesso em: 26 out. 2018.
✓ BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento
Nacional de Auditoria do SUS. Princípios, diretrizes e regras da auditoria do SUS no âmbito do
Ministério da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.
✓ CERQUEIRA, J. P.; MARTINS, M. C. Auditorias de sistemas de gestão: ISO 9001, ISSO 14001, OHSAS
18001, ISO/IEC 17025, SA 8000, ISO 19011:2002. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004.
✓ COFEN. Manual de Auditoria do Sistema Cofen/Conselhos Regionais. Brasília: COFEN, 2015.
✓ CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria contábil: teoria e prática. 11.ed. São Paulo: Atlas, 2019.
✓ DORNE, J.; HUNGARE, J. V. Conhecimentos Teóricos de Auditoria em Enfermagem. Uningá
Review, [S. l.], v. 15, n. 1, p. 8, 2013.