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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS BELÉM

FACULDADE DE FILOSOFIA

Fabiana Brasil Dos Santos

1 avaliação de filosofia da ciência II

BELÉM, Pará

2023
A filosofia positiva de Auguste Comte tem como intuito elucidar as transformações ao
longo da história, a partir do estudo do conhecimento da natureza, permeadas pela física,
astronomia, biologia, etc., adquiridos pelo espírito positivo. O espirito positivo é o resultado
dessas ciências para com a relações sociais durante a passagem de tempo. O positivismo de
Comte possibilita uma intepretação da natureza, e não mais uma explicação tal como a
metafisica, as ciências passam a ter relação direta com o conhecimento, tido pelo indutivismo.
Essa nova visão de entender a natureza das coisas, difundiu em aplicar o método das ciências
consideradas exatas a ciências socias, já que as mesmas eram modelos de precisão objetiva.
Se as ciências sociais podem ser compreendidas por essas considerações, o filosofo Karl
Popper, denota uma crítica ao modelo proposto pelo filosofo positivista. O critério de
objetividade por meio da indução, é precário, por apresentar diversas problemáticas no uso do
seu método.

O espírito positivo passa por uma espécie de evolução ao qual o positivista considera por
meio de três fases na história da humanidade. Essa busca pela verdade acompanha o homem
desde o início de sua existência, mas é somente no último estágio que atinge o apogeu de seu
conhecimento da natureza. A começar pelo estádio teológico, a qual as afirmações se davam
de maneira fantasiosa, ligando-se a ilusões que não tinham apelo de uma experiência
observada. Em seguida, o estado metafísico dispunha de uma explicação dos mesmos
problemas propostos pelo estado teológico, com a diferença que nesse estado as afirmações se
davam por algo mais vago ou abstrato. Por fim, o estado positivo, garantido pela efetivação
do conhecimento científico como uma única forma de explicar o mundo, pelo qual deve
permear todas as investigações tanto da natureza do mundo como do próprio homem. O
positivismo apresenta ensejo de uma verdade objetiva, pois essa categoria do conhecimento
separa tudo que é quimérico para as observações.

Comte não busca a verdade das coisas por meio de causas eternas como estipuladas pela
teologia e metafísica, mas seu intuito é encontrar as leis que ramificam a ciência. Toda ciência
positiva deve ser pautadas em seis prerrogativas: A realidade deve ser objetiva, observando os
fatos como caráter de efetivação de lidar com o problemas verdadeiros, já que a metafísica
aborda questões que ultrapassam a realidade do homens, os fatos são precursores dessa
atividade; A ciência deve ser útil, as descobertas científicas geram novas possibilidades da
humanidade se reorganizar no espaço em que vivem, o instrumento que advém dessas teorias
surgem por tratarem de investigações do mundo, e não, de algo que ultrapasse o mesmo,
como na metafísica; Certeza e precisão são mecanismos que resultam de leis dos fenômenos
que se adequam ao que a teoria verifica dessas leis no momento de seu uso, saindo de uma
verdade incontestável; A verdade é relativa quando se pensa que ela é adquirida pela história
da humanidade, pelo qual mudam-se o entendimento acerca dos conhecimentos das leis,
conforme as descobertas; o conhecimento é positivo, quando, também, se opõe ao negativo,
porque gera novas informações da realidade, o que a metafísica destrói com suas afirmações
sem relevância para os fenômenos. Se a ciência deve ter esses critérios para permanecer
positiva, a física social, considerada como uma das etapas finais de conhecimento da
humanidade, necessita seguir os mesmos passos.

O método positivo nas ciências incorre em leis gerais resultantes de uma simultaneidade ou
sucessão, esse método assegura a objetividade do mesmo, no entanto, Comte afirma que a
objetividade nas ciências sociais deve passar pelo mesmo processo, embora o sujeito
apresente uma dificuldade para essa garantia. O desenvolvimento das sociedades apresenta
uma ordem de fenômenos, pelo qual os mais complexos são os que atingem o âmbito humano,
ao passo que os mais simples são dados pelas ciências exatas e biológicas. O que pode
comprometer a objetividade positiva das ciências, pois ela é dada pela dualidade entre sujeito
e objeto, mas quando a observação ocorre pelo próprio sujeito, não se encontra o que é alheio,
ou seja, o observador se une ao que é observado. O que Comte afirma o surgimento de
pressupostos psicológicos, já que a influência de seus desejos e escolhas influenciam na
investigação. Então, para que permaneça a objetividade da pesquisa, é necessário que o
sujeito seja imparcial, ou melhor, que se torne tal como o objeto, observado de fora de sua
atividade interna, uma espécie de sujeito neutro, que se compromete a investigar os outros.
Precisamente, seria observar como um antropólogo, que busca sua investigação em outras
sociedades, o que é distante de todos os seus interesses pessoais, porque não se liga à sua
própria cultura. Popper contrapõe pelo argumento de que essa subjetividade é impossível de
ser eliminada, evidenciando que a positividade é inconcebível para investigação de uma
ciência social.
Para Popper o método indutivo não passível de uma investigação correta, suas
impossibilidades lógicas acarretam em mais problemas do que soluções. A começar pela
generalização de casos particulares, pelo qual é difícil afirmar que um evento único tenha um
caráter geral, mesmo que se busque pela sucessão de repetição do acontecimento. Portanto,
simultaneidade e sucessão não garantem a invariabilidade das leis naturais, popper considera
que toda investigação deve ter um ponto de partida, pois sem um problema ou teoria que
guiem a problemática, a pesquisa não tem um limite do que deve procurar, ou, o que deve ser
pensando para estipular os dados. De modo que a neutralidade do sujeito estipulada pela física
social é impossível, porque mesmo que se abstenham de um ponto de partida, sempre surgirá
um dado a partir de uma interpretação, ou, se não houver nenhum pressuposto, a pesquisa
estará ainda mais comprometida. O sujeito nunca está neutro, ou sua tentativa, é ineficaz para
uma investigação, Mannheim tentou formular uma tentativa de imparcialidade de um sujeito,
nas ciências sociais, mas de um modo ou outro a verdade sempre estará condicionada por
algum objetivo.

A objetividade científica para popper é elucidada pelo racionalismo crítico, uma espécie de
atitude ativa na teoria, pautada na procura do falibilismo das teorias. Toda teoria pode
apresentar falhas, de modo que a busca deve ser dada pela procura de erros que essa mesma
explicação pode apresentar. Popper tem o fito de encontrar esses erros, pela oposição entre
conhecimento e ignorância, já que ao passo que encontra essa falibilidade, surgem novas
questões que podem mudar o rumo de como se compreende tal teoria. O filósofo retoma a
ideia socrática de ignorância, pois quando não se sabe algo é por meio disso que aparecem
novas problemáticas para ir atrás de novas perspectivas. O que pressupõe que a ciência não
deve se estabelecer por verdades incontestáveis em suas teorias, já que os próprios
conhecimentos sempre podem apresentar novas informações, surgindo de situações ainda não
pensadas. O que contrapõe o indutivismo, pois a sucessão de fatos não proporciona a teoria
validade, mas, sim, verificar se aquela teoria foi falseada. Essa crítica, embora parta do
sujeito, não surge dele, e, sim, da objetividade da crítica intersubjetiva, o que supõe pensar
que não é consequência de um único indivíduo, objetividade, também, se atrela a um aspecto
social.

A crítica intersubjetiva é composta de uma comunidade científica, que sempre prioriza o


racionalismo crítico. Popper menciona que essa atitude pode ser percebida por uma espécie de
tradição, a qual foi dada, de início, pelos primeiros filósofos gregos, na qual cada teoria
passava por uma mudança proposta por outra explicação mais adequada dos problemas. No
entanto, para que a teoria seja falseável, a comunidade científica deve estar aberta aos erros
que a própria pesquisa pode apresentar, não escondendo ou permanecendo em algo que não
condiz mais com a própria estrutura do estudo. Os cientistas competem entre si por apego ou
manutenção do status quo de suas teorias, impossibilitando a objetividade da ciência. As
instituições sociais contribuem para a visão que se tem em como lidar com a própria ciência.
A própria experiência é construída por seu caráter público do método científico. O
racionalismo crítico deve fornecer uma abertura crítica, pois há uma liberdade que permeia a
pesquisa. Os cientistas estão aptos a compreender os erros, porque sua busca deve ser
respaldada não na verdade absoluta, mas em erros que proporcionam a construção das teorias,
visto que os erros serão avaliados e usados como fonte de informação para o conhecimento.

Bibliografia:

COMTE, A. “Comte e a ideia de fundar uma ciência positiva da sociedade (trechos

selecionados pela Profa. Elizabeth Dias).

COMTE, A. “A objetividade científica para Comte” (trechos selecionados pela Profa.

Elizabeth Dias).

DIAS, E.A. Popper e as ciências Humanas, Belém, Ed. da UFPA., 1992

POPPER, K. R. Lógica das Ciências Sociais, Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1978,

p.13 a 24.

POPPER, K.R. “A Sociologia do conhecimento”. In POPPER, A sociedade aberta e

seus inimigos, Belo Horizonte, Ed. Itatiaia, 197

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