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MEDIDAS E AVALIAÇÃO

AULA 5

Profª Renata Wassmansdorf


CONVERSA INICIAL

Esta aula tem como o objetivo discutir os componentes cardiovasculares


na avaliação do exercício físico, apresentar as metodologias de avaliação do
componente aeróbio e anaeróbio do exercício físico e apresentar os elementos
empregados no controle do componente aeróbio e anaeróbio do exercício físico.

TEMA 1 – CARACTERIZAÇÃO DOS COMPONENTES CARDIOVASCULAR

A avaliação dos componentes cardiovasculares caracteriza o nível de


aptidão cardiovascular. É de grande relevância tanto como indicador da saúde,
quanto como preditor de desempenho atlético. Para que as fibras musculares
recebam todo o aporte energético de que necessitam para realizar qualquer tipo
de atividade física ou exercício, é necessário que o fluxo sanguíneo esteja
alinhado com o volume respiratório, modulado pelo sistema nervoso autônomo
e central, não se esquecendo dos substratos energéticos disponíveis no meio
intracelular. No entanto de nada adianta esses sistemas estarem atuando
adequadamente se as células não tiverem todas as enzimas em quantidade
necessária para que as reações energéticas possam acontecer conforme a
intensidade do exercício.
O componente cardiovascular pode responder aeróbica e
anaerobicamente. O componente cardiovascular pode ser avaliado em esforços
de grande duração e menor intensidade, em que a via metabólica responsável
por fornecer o ATP utilize o oxigênio, sendo, portanto, aeróbica. Ou em esforços
de curta duração e grande intensidade, em que a via metabólica será anaeróbica,
sem a utilização do oxigênio, podendo ter predominância da via glicolítica ou
fosfagênica.
A capacidade máxima do componente cardiovascular aeróbico é dada
pela avaliação do consumo máximo de oxigênio (VO 2máx). Em resumo, busca-
se avaliar a máxima capacidade orgânica de se produzir ATP utilizando-se
predominantemente da via aeróbica. Conceitualmente, o VO2máx é obtido
quanto se atinge um platô de consumo de oxigênio à medida que se aumenta a
intensidade do esforço. Em indivíduos que não atingem um platô e apenas um
pico, chama-se de VO2pico (Davis, 2009).
Já a capacidade máxima do componente cardiovascular anaeróbico é
dada pela potência anaeróbica e busca identificar a máxima potência que o

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sistema metabólico possui para permanecer em esforços extremamente
intensos, utilizando predominantemente as vias anaeróbicas. Esses esforços
terão duração menor do que os esforços em que o sistema aeróbico está
predominante, no entanto terão maior intensidade.

TEMA 2 – AVALIAÇÃO DO COMPONENTE AERÓBIO

Dentre os testes mais utilizados para avaliar o consumo máximo de


oxigênio, existem os testes considerados padrão ouro, que comportam um
sistema de ergoesperimetria, utilizam-se de equipamentos sofisticados, ou por
estimativa de valores por testes indiretos. Os equipamentos de
ergoespirômetros, que avaliam as trocas respiratórias de oxigênio e dióxido de
carbono da ventilação pulmonar são mais indicados devido à sua fidedignidade,
mas demandam alto custo de investimento e treinamento especializado para o
uso (Guedes; Guedes, 2006). Os testes preditivos serão mais acessíveis e se
baseiam na relação entre o trabalho mecânico muscular e o consumo de
oxigênio e na frequência cardíaca. Ou seja, há uma relação direta e positiva entre
o aumento da intensidade do esforço e o aumento tanto da frequência cardíaca
quanto da quantidade de oxigênio consumida.
Utilizando-se tanto de ergoespirômetros, quanto de equações preditivas,
você poderá escolher entre testes de esforço máximo ou submáximo. Essa
escolha dependerá dos indivíduos a serem avaliados e seu nível de
condicionamento físico, equipamentos disponíveis e nível de treinamento dos
avaliadores.
Os testes máximos são utilizados por cardiologistas para diagnóstico de
doença arterial coronariana em indivíduos assintomáticos, mas requerem
disponibilidade de equipamento e pessoal treinado, segundo a Normatização de
técnicas e equipamentos para realização de exames em ergometria e
ergoespirometria, publicada em 2003 e cuja aplicação em geral é realizada para
atletas ou para indivíduos com bom condicionamento físico. Considera-se um
teste máximo quando a frequência cardíaca máxima real obtida no teste atinge
pelo menos 90% da frequência cardíaca máxima esperada (220-idade). Um teste
submáximo tem o objetivo de extrapolar o valor obtido para o consumo máximo,
com a vantagem de não expor o indivíduo a elevada intensidade, mas com a
desvantagem de não possuir uma exatidão no valor do consumo máximo. Apesar
de não apresentarem os valores de consumo máximo de oxigênio reais, são
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testes que podem ser utilizados com o intuito de acompanhar a evolução da
condição aeróbica, uma vez que tem boa reprodutibilidade. Um teste é
considerado submáximo quando o avaliado atinge pelo menos 75 a 90% da
frequência cardíaca máxima esperada (220-idade) (Guedes, Guedes, 2006).
Os testes ainda poderão ser realizados em ambientes laboratoriais, em
que se utiliza de esteiras, bicicletas e remos ergométricos, e em ambientes de
campo, em que se busca utilizar-se dos espaços específicos das modalidades
esportivas, como campos com gramados ou areia, quadras, piscinas.
Os principais testes utilizados para avaliar o consumo máximo de oxigênio
em laboratório são o protocolo de esteira rolante proposto por Bruce, Kusumi e
Hosmer (1986, citado por Davis, 2009), e o protocolo de bicicleta ergométrica
proposto do Astrand e Ryhming (1954, citado por Guedes; Guedes, 2006). Já os
principais testes de campo utilizados são o teste de quadra do vaivém de 20
metros, proposto por Leger e Lambert (1982), o teste de pista de 12 minutos de
Cooper (1968), o teste do banco proposto por McArdle (1972). Neste material,
priorizaremos os testes de campo, que são os que mais possibilitam reprodução
com o menor custo relacionado a equipamentos específicos.
Os valores normativos para o consumo de oxigênio propostos por Herdy
e Caixeta (2016) são os apresentados nas Tabelas 1 e 2:

Tabelas 1 e 2 – Classificação de consumo máximo de oxigênio de indivíduos


aparentemente saudáveis (masculino e feminino)

Fonte: Herdy e Caixeta, 2016, p. 390.

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Existem outras tabelas normativas para classificar o consumo máximo de
oxigênio, no entanto a classificação apresentada foi realizada por indivíduos do
sul do Brasil. Outras tabelas poderão ser utilizadas, no entanto, ao classificar o
avaliado pela primeira vez com uma determinada classificação, o ideal é manter
as demais avaliações com a mesma tabela de classificação.

2.1 Testes de campo

2.1.1 Teste de pista

O teste de 12 minutos proposto por Cooper (1968 citado por Guedes,


Guedes, 2006) deve ser realizado preferencialmente uma pista oficial de 400m,
previamente demarcada a cada 50 metros. O teste, em que o avaliado deverá
caminhar e ou correr na máxima intensidade que consiga manter durante o
tempo total, terá duração de 12 minutos
O avaliador deverá ter consigo um relatório em que anotará as voltas de
cada avaliado e será somada a metragem ao final do teste, caso não seja de
uma volta completa na pista. Portanto é importante combinar previamente que,
ao final do teste (dado geralmente por um estímulo sonoro como ou apito), o
avaliado deve permanecer no local até a liberação do avaliador mediante
contagem da metragem final.
A distância total obtida será utilizada para a estimativa do VO 2máx como
apresentado na seguinte equação:

Avaliados de 10 a 70 anos - VO2máx = (𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑚 𝐾𝑚 𝑥 22,351) − 11,288

2.1.2 Teste de quadra

O teste de quadra do vaivém proposto por Léger e Lambert (1982) é


realizado em um espaço de 20m, previamente demarcado por uma linha bem
visível ou por cones. É necessária uma caixa de amplificação de som e todos os
aparatos para seu funcionamento como extensões, tomadas e o áudio contendo
a gravação dos estímulos sonoros.
Os avaliados deverão iniciar o teste em uma das linhas demarcadas. Ao
som do primeiro estímulo sonoro, deverão deslocar-se até a outra linha
demarcada (distante 20m) no ritmo que será determinado pelo segundo estímulo

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sonoro. Caso chegue antes do estímulo, deverá esperar na linha demarcada até
o próximo sinal sonoro. E assim sucessivamente até a exaustão.
Os avaliadores deverão advertir o avaliado quando este não conseguir
alcançar as linhas demarcadas no momento do estímulo sonoro. Três
advertências excluirão o avaliado do teste.
O cálculo da estimativa de VO2máx é dada pelas equações (Léger et
al.,1988):
𝐾𝑚
Maiores e iguais a 18 anos - VO2máx = (𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑒𝑚 𝑥 6,0) − 24,4

𝐾𝑚
Menores de 18 anos - VO2máx = 31,035 + (𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑒𝑚 𝑥 3,238) −

𝐾𝑚
(𝐼𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑒𝑚 𝑎𝑛𝑜𝑠 𝑥 3,248) + (𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑒𝑚 𝑥 𝐼𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑒𝑚 𝑎𝑛𝑜𝑠 𝑥 0,1536)

2.1.3 Teste de banco

O teste do banco ou degrau proposto por McArdle também é conhecido


como Teste do Queens College, que é um teste de intensidade submáxima em
que os avaliados deverão subir e descer do degrau em ritmo constante durante
três minutos ininterruptos. Esse teste tem duração igual para ambos os sexos,
mas diferente intensidade. Para as mulheres, o ritmo de subida e descida do
degrau é de 88 batidas por minuto (22 ciclos por minuto) e para os homens de
96 batidas por minuto (24 ciclos por minuto)
Você precisará ter um banco de altura aproximada de 16,25 polegadas ou
41,3 cm. Deve permitir um aquecimento e treinamento do protocolo por cerca de
uns 15 segundos. O teste será iniciado ao comando do cronometrista, que, após
três minutos, o finalizará. Para calcular o consumo máximo de oxigênio, será
necessário aferir logo após 5 segundos do final do teste a frequência cardíaca
final do teste. Como o teste é realizado em campo, o protocolo sugere que a
aferição da frequência cardíaca seja realizada por pulsação da artéria radial por
15 segundos e multiplicando por quatro para obter a frequência cardíaca ao final.
O cálculo de estimativa do VO2máx é dado pelas equações:
Homens VO2máx = 111,33 + (0,42 𝑥 𝐹𝐶 𝑚á𝑥)
Mulheres VO2máx = 65,81 + (0,1847 𝑥 𝐹𝐶 𝑚á𝑥)

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TEMA 3 – FERRAMENTAS DE CONTROLE E MENSURAÇÃO NO EXERCÍCIO
AERÓBIO

É necessário que, antes realizar testes para verificar o componente


aeróbico, você identifique a real necessidade de expor um indivíduo a um esforço
intenso, frente ao risco de um mal súbito. Se o indivíduo quer iniciar um programa
de treinamento e busca em você, o profissional para essa empreitada, é preciso
refletir sobre quanto é necessário incluir na sua avaliação inicial um teste de
esforço máximo. As informações iniciais relatadas por esse indivíduo lhe
asseguram que ele não tem alguma patologia cardíaca que possa ser aflorada
em esforços intensos?
Nas diretrizes do ACSM (2000), as taxas de mortalidade em testes de
esforços máximos é de 0,5 para cada 10.000 habitantes e taxa de mortalidade
por infarto agudo do miocárdio de 3,6 para cada 10.000 habitantes, portanto
relativamente seguros (Stuart, Ellestad, 1980 citados pelas diretrizes do ACSM,
2000).
Em todo caso, sempre reflita, qual é a importância de se realizar um teste
de esforço máximo na primeira avaliação em indivíduos sedentários, ou se
solicitar um teste de esforço máximo de um cardiologista, assegurando a
inexistência de alguma patologia que comprometa o início do programa de
treinamento, não seria mais prudente. Isso se torna ainda mais importante se
você não possui em sua sala de avaliação os recursos materiais e técnicos para
prestar o primeiro atendimento de emergências.
No entanto, para indivíduos ativos ou atletas, a avaliação de esforço
máximo poderá oferecer subsídios importantes para a prescrição de exercício.
Para o profissional de educação física, é importante identificar como as variáveis
fisiológicas se comportam em esforços extenuantes.
Entre as variáveis mais importantes e de fácil utilização, estão a
frequência cardíaca, a variabilidade da frequência cardíaca, a percepção
subjetiva de esforço, a pressão arterial. Essas variáveis podem ser aferidas com
o avaliado em repouso, durante o teste (a cada minuto), imediatamente após o
teste, a cada minuto de recuperação por pelo menos 10 minutos. A pressão
arterial é a única variável que poderá sofre influência no seu resultado em
momentos de corrida intensa, em que a ausculta poderá ser prejudicada devido
à movimentação vertical durante a corrida e ruídos da passada do avaliado.

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A frequência cardíaca (FC) refere-se à quantidade de vezes que o coração
deve contrair para ejetar o sangue arterial para todas as células corporais por
minuto. Em indivíduos condicionados, espera-se que, em repouso, a FC tenha
valores abaixo de 50 bpm. Valores baixos de FC refletem eficiência cardíaca,
com exceção para indivíduos que possuam bradicardia patológica. À medida que
se inicia um esforço, espera-se que a FC aumente conforme aumenta a
intensidade. A observação desse comportamento é importante para a tomada de
decisão em continuar aumentando a intensidade do teste.
A intenção é levar o avaliado a seu máximo esforço, portanto, ao final do
esforço, espera-se obter a FC máxima real do avaliado. Com essa informação é
possível realizar prescrições baseadas em percentual de FC, levando também
em consideração a frequência cardíaca de repouso.
A percepção subjetiva de esforço é uma medida como o próprio nome
refere, subjetiva, e busca estabelecer, por meio de uma nota, a sensação
individual do esforço realizado. A escala de percepção subjetiva de esforço mais
conhecida é a escala de proposta por Borg (1982, citado por Guedes e Guedes,
2006), sendo a mais recente a escala numérica de 0 a 10 pontos, em que o
avaliado identifica o esforço percebido.

Tabela 3 – Escala de Borg (1982)

0 Extremamente fraco
1 Muito fraco
2 Fraco
3 Moderado
4
5 Forte
6
7 Muito forte
8
9
10 Extremamente forte
Fonte: Guedes, Guedes, 2006, p. 369.

A escala deve ser aplicada solicitando que o avaliado estabeleça


comparações de momentos anteriores vividos em que sentiu grande exaustão
com o momento do esforço atual. Com base na reflexão sobre essas
lembranças, o avaliado referirá a nota de esforço. Portanto a aplicação da escala
exige um certo treino prévio com o avaliado em busca de estabelecer essas
comparações de esforços vividos. Trata-se de um método de controle de

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treinamento muito utilizado e de fácil aplicação, desde que respeitado sua
metodologia.
O controle do sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático
pode ser avaliado pela variabilidade da frequência cardíaca (VFC). Quando
avaliamos a frequência cardíaca, quantificamos quantos batimentos o coração
realiza por minuto. Entre cada batimento, existe uma variação entre os intervalos
RR denominada variabilidade da frequência cardíaca (Vanderley et al., 2009).
Segundo Sanches e Moffa (2001), essa variabilidade reflete as alterações entre
o domínio da atividade simpática e parassimpática (vagal), importantes para a
manutenção do equilíbrio autonômico. A interação entre o sistema nervoso
autônomo e as informações recebidas dos barorreceptores, quimiorreceptores,
do sistema respiratório, do sistema termorregulador, vasomotor, e renina-
angiotensina-aldosterona irá definir a permanência do estímulo vagal ou
simpático. Essa constante interação reflete nos intervalos RR dos batimentos
cardíacos, na VFC. Assim, maiores valores da VFC sugerem um padrão de
saúde adequado, e valores de baixa VFC, uma adaptação inadequada do
sistema nervoso autônomo (Vanderley et al., 2009).
A avaliação da VFC é simples e assemelha-se à avaliação da FC, visto
que o que se precisa é de um relógio frequencímetro que possua a análise da
VFC. Dentre os modelos da Polar®, o S810 foi validado para a avaliação da VFC
e, portanto, é recomendado para seu uso (Gamelin, Berthoin, Bosquet, 2006).

TEMA 4 – AVALIAÇÃO DO COMPONENTE ANAERÓBIO

Dentre os testes mais utilizados para avaliar a potência anaeróbia, estão


o Wingate e o RAST (Running Anaerobic Sprints Test). O primeiro realiza-se
utilizando um ciclo ergômetro, e o segundo é um teste de quadra.

4.1 Teste de laboratório

4.1.1 Teste de cicloergômetro

O teste de Wingate é o teste de laboratório mais popular que existe para


avaliar a potência anaeróbia. Ele foi desenvolvido em Israel em 1970 e desde lá
ele vem sendo utilizado em grande escala. Ao avaliar atletas ou indivíduos ativos,
você poderá determinar a potência anaeróbia máxima e média, a fadiga
anaeróbia e a capacidade anaeróbia total (Souza e Pereira, 2019).
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O teste inicia adequando a bicicleta ergométrica conforme o avaliado.
Após isso, um aquecimento de 3 a 5 minutos. O teste é composto de pedalar por
30 segundos com o máximo possível de potência, sendo que a bicicleta terá uma
carga podendo variar de 7,5 a 10% da massa corporal total.
O pedal poderá ser iniciado com a bicicleta em repouso, ou com o avaliado
pedalando sem carga (Guedes; Guedes, 2006). Os dados de potência são dados
pelos softwares a cada 5 segundos, permitindo criar gráficos em que é possível
identificar a manutenção da potência máxima durante o período dos 30
segundos.

4.2 Teste de campo

4.2.1 Teste de quadra

O Resistance Anaerobic Sprint Test foi desenvolvido na Universidade de


Hampton no Reino Unido e é similar ao Wingate. Ambos têm o mesmo objetivo,
no entanto o RAST se propõe a identificar a potência anaeróbica por estímulo da
corrida. A percepção é que muitos atletas, por não terem o hábito de usar a
bicicleta, poderiam ter seu desempenho comprometido. O RAST é composto por
6 corridas máximas em 35 metros, separadas por intervalo de 10 segundos entre
cada corrida. O tempo de cada corrida máxima deverá ser anotado para posterior
cálculo de potências e índice de fadiga (Andrade et al., 2015).

TEMA 5 – FERRAMENTAS DE CONTROLE E MENSURAÇÃO NO EXERCÍCIO


ANAERÓBIO

Os testes de desempenho anaeróbico propõem-se a medir a potência


anaeróbica, a capacidade anaeróbica e o índice da fadiga. A potência anaeróbica
é dada pela máxima potência alcançada, geralmente observada nos 5 primeiros
segundos do teste de Wingate (Zupan et al., 2009) e é definida como a
quantidade máxima de energia anaeróbica produzida por unidade de tempo
(Andrade et al., 2015). A capacidade anaeróbica é dada pela potência média
obtida durante o tempo total do teste (Zupan et al., 2009) e é definida como a
quantidade total de energia que pode ser ressintetizada pelo metabolismo
anaeróbico (Andrade et al., 2015). E o índice de fadiga retrata a diferença entre
a potência máxima e a mínima (Zupan et al., 2009).

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Cada modalidade esportiva terá uma característica metabólica diferente a
ser considerada entre a relação da potência máxima e a capacidade anaeróbica.
Há modalidades esportivas que o objetivo é gerar uma grande e única potência
anaeróbica, outras exigem a máxima capacidade de permanecer em
metabolismo anaeróbico.
Zupan et al. (2009) propuseram uma tabela de referências com sete
escalas entres valores obtidos por atletas de elite e indicadores pobres
anaeróbicos realizados com o Wingate.

Tabela 4 – Classificação do potência máxima e capacidade anaeróbica após


teste de Wingate para homens

Fonte: Zupan et al., 2015, p. 2601.

Tabela 5 – Classificação do potência máxima e capacidade anaeróbica após


teste de Wingate para mulheres

Fonte: Zupan et al., 2015, p. 2602.

Outras comparações são possíveis ao se compararem os dados obtidos


com os dados de modalidades similares previamente publicadas. Ou ainda, é
possível utilizar os dados dos próprios avaliados e compará-los à medida que
evoluem na periodização do treinamento proposto.

NA PRÁTICA

Em uma situação hipotética, imagine que avaliou um homem que


pretende iniciar um programa de exercícios com o objetivo de melhora da aptidão
física e melhora da qualidade de vida com as seguintes características.

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Tabela 5 – Características de um indivíduo submetido a avaliação

Variáveis Descritivo
Sexo Masculino
Idade (anos) 24
Massa corporal (Kg) 95,0
Estatura (m) 1,72
IMC (kg/m²) 32,11
Percentual de gordura 25%
Condição física Sedentário
Frequência cardíaca máxima obtida ao final do Teste do Banco/
162 bpm
Queens College
Consumo máximo de O2 (VO2máx)
Classificação do VO2máx
Baseado no que aprendeu nesta aula, complete o quadro com as
variáveis faltantes.

FINALIZANDO

São pontos importantes desta aula a serem ressaltados:

1. O componente cardiovascular pode ser dividido nas capacidades das vias


metabólicas de manter a produção de ATP contínua para as atividades
físicas. Pode-se avaliar o componente cardiorrespiratório pela via
aeróbica e pela via anaeróbica. A via aeróbica é conhecida como aptidão
cardiorrespiratória ou potência aeróbica e está diretamente relacionada
com a capacidade do nosso organismo de manter-se em esforços
moderados a extenuantes utilizando-se grandes grupos musculares.
2. A via anaeróbica reflete a capacidade do nosso organismo de manter-se
em esforços altamente intensos utilizando-se de pequenos a grandes
grupos musculares.
3. As avaliações dos componentes cardiovascular podem ser realizadas em
ambiente laboratorial e de campo. Os testes do componente aeróbicos
podem ser máximos e submáximos conforme as características do
avaliado e dos equipamentos disponíveis e capacitação dos avaliadores.
Entre as variáveis de controle mais utilizadas estão a frequência cardíaca,
a variabilidade da frequência cardíaca e a percepção subjetiva de esforço.
4. Os testes dos componentes anaeróbicos devem ser sempre máximos a
supra máximos. Entre as variáveis de controle utilizam-se da potência
máxima, potência média e índice de fadiga.

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REFERÊNCIAS

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