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ISSN 1413-389X Temas em Psicologia - 2010, Vol.

18, no 2, 385 – 398


 

Reflexões sobre o sofrimento humano e a Análise Clínica


Comportamental

Fátima Cristina de Souza Conte


PSICC - Instituto de Psicoterapia e Análise do Comportamento – PR – Brasil

Resumo
O sofrimento, presente ou potencial, é o que motiva as pessoas a buscarem psicoterapia. Skinner
(1974/1993) já afirmava que a Análise do Comportamento era capaz de contribuir com a intervenção
científica frente ao sofrimento humano. Hoje ela conta com conhecimentos mais amplos,
principalmente sobre o comportamento verbal e a linguagem, que permitem aos clínicos procederem a
análises mais complexas das peculiaridades, especificidades e do processo de desenvolvimento do
sofrimento que cada indivíduo apresenta. Esses conhecimentos também dão suporte à estruturação de
estratégias terapêuticas de avanço, destinadas ao seu enfrentamento. Com base na premissa de que o
sofrimento humano é um fenômeno complexo, essencialmente verbal e, portanto, único para a espécie
humana, o presente estudo propõe-se a discorrer sobre seu processo de desenvolvimento,
apresentando aporte teórico e estabelecendo relações entre este desenvolvimento e o sofrimento
imbricado nos problemas que os indivíduos trazem para a clínica. A partir disso, descrevem-se
rapidamente duas propostas terapêuticas behavioristas radicais – ACT e FAP – estruturadas sobre os
mesmos pilares teóricos e que representam avanços relevantes na Terapia Comportamental. Pretende-
se, assim, dar uma amostra do conhecimento produzido e da ampliação qualitativa de recursos que se
dá com a sua extensão à análise clínica comportamental.
Palavras-chave: Sofrimento humano, Análise clínica comportamental, Terapia comportamental.

Reflections about human suffering and clinical Behavior Analysis

Abstract
Suffering, potential or present, is what motivates people to look for psychotherapy. Skinner
(1974/1993) had already stated that Behavior Analysis was able to contribute to the scientific
intervention towards human suffering. Today, Behavior Analysis’ deeper knowledge, especially over
verbal behavior and language, allows therapists to run more complex analysis regarding suffering
peculiarities, specificities and its development process presented by each individual. This knowledge
also supports the building of advancement therapeutical strategies, designed to its confrontation.
Based on the premises that human suffering is a complex phenomenon, essentially verbal, and,
therefore, unique to the human species, the present paper proposes a discussion about its development
process, presenting the theoretical approach as well as establishing links between it and the suffering
related to the problems that individuals bring to the clinic. From that point, the study also describes,
briefly, two radical behaviorism therapeutic proposals - ACT and FAP – which were structured over
common theoretical basis and represent relevant advancements in Behavior Therapy. By doing so, it
is intended to show a sample of the knowledge produced as well as of the qualitative increase of
resources which derives from its extension to Clinical Behavior Analysis.
Keywords: Human Suffering, Clinical Behavior Analysis, Behavior Therapy.

Segundo Hayes e Smith (2005): suas emoções e pensamentos difíceis,


suas lembranças desagradáveis, e suas
As pessoas sofrem. Elas não têm
necessidades e sensações não desejadas.
simplesmente dor – o sofrimento é muito
Elas pensam nisto e se preocupam com
mais que isso. Os seres humanos lutam
isto, têm ressentimento disto, antecipam
contra suas formas de dor psicológica;
e temem isto (...) ao mesmo tempo
_____________________________________
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demonstram uma enorme coragem, fenômeno altamente complexo e verbal, sendo,


profunda compaixão e uma habilidade dessa forma, único para a espécie humana e,
notável de seguir em frente mesmo a idiossincrático.
despeito de suas histórias pessoais
difíceis. Mesmo sabendo que podem se
machucar, os humanos amam outros O sofrimento humano: da queixa do
humanos. Mesmo sabendo que vão cliente à compreensão de seus
morrer um dia, eles se preocupam com o possíveis determinantes
seu futuro. Mesmo sabendo da falta de
sentido em muitas coisas da vida, Ao falarem de seu sofrimento, os clientes
abraçam ideais (p. 1). podem incluir sensações corporais,
sentimentos, emoções, pensamentos, tendências
Como entender o comportamento humano, comportamentais, respostas públicas aos
tão complexo e aparentemente tão paradoxal? eventos privados, atribuições causais, entre
Como ajudar clientes que procuram a clínica tantas outras respostas humanas possíveis. E, ao
em busca de alívio para seu sofrimento? mesmo tempo em que relatam, respondem ao
Em suas primeiras análises, em 1953, seu próprio relato, podendo apresentar ou não
Skinner (1974/1993) já afirmava que, reações semelhantes às ocorridas nas situações
independentemente da modalidade que a que o originaram. Os clientes também reagem
psicoterapia assumisse, estava presente ali a às consequências que seu relato produz no
ideia de cura e a presença de alguém que sofre, ouvinte, o que pode afetar o próprio relato e
juntamente com um ouvinte, o terapeuta, que suas respostas ao que foi vivido.
teria a função e o poder de retirá-lo deste
Nesse momento, o terapeuta recebe as
sofrimento. Indicava também que a ciência do
informações que são importantes, segundo a
comportamento já era capaz, naquele momento
ótica do cliente. A seleção e a forma como o
histórico, de contribuir significativamente para
faz dá amostras das contingências às quais foi
a análise científica do sofrimento e para a sua
ou está sendo exposto, da estimulação à qual
superação. Desde então, com base em seus
responde e do repertório comportamental que
estudos e de outros relevantes (Ferster, 1979,
apresenta. Por exemplo, Alfredo, um rapaz de
por exemplo), os analistas do comportamento
17 anos, extremamente bem sucedido nos
escreveram uma história profícua de produção
estudos, queixa-se de sua depressão e tristeza,
de conhecimento e extensão de sua aplicação à
desencanto com o mundo e perda da
clínica.
autoconfiança por não ter passado no
O presente estudo tem como propósito
vestibular. Para ele, “a vida não faz mais
apresentar uma reflexão analítico-
sentido, já que quem faz o certo não consegue o
comportamental da compreensão atual da área,
que deseja”. Sente que a vida foge ao seu
sobre o sofrimento humano, no que se refere a
controle, o que lhe traz ansiedade e medo. Já
seus determinantes e às propostas de
Paula, sem entender o porquê, queixa-se de
intervenção clínica que daí decorrem. Não se
ansiedade, tensão e insônia. Acha que não tem
busca aqui uma análise teórica extensiva, mas
motivo para tais reações, uma vez que tem um
sim a demonstração do exercício de
bom trabalho, amigos e tudo o mais. Aos
interpretação clínica que os conhecimentos em
poucos, e sem perceber, vai descrevendo sua
análise do comportamento permitem hoje ao
submissão aos comportamentos agressivos e
psicoterapeuta, no processo de ajuda aos seus
moralmente abusivos de seu chefe, um ex-
clientes, e para tanto, serão apresentadas
colega de faculdade que a “ajudou”, chamando-
considerações teóricas e vinhetas de casos
a para trabalhar com ele! Pode-se considerar
clínicos 1 . Mais do que a simplificação, que tem
que, provavelmente Alfredo aprendeu a reagir
sido atribuída erroneamente a essa perspectiva,
de forma mais intensa e generalizada à
o sofrimento humano é analisado enquanto
estimulação aversiva, enquanto que Paula pode
ter sido pouco estimulada a discriminar tal
                                                        estimulação e relacioná-la às suas respostas
1
As vinhetas aqui apresentadas são baseados em
emocionais.
atendimentos clínicos realizados, sendo que as
informações que poderiam identificar seus Os clientes querem parar de sofrer e
protagonistas foram alteradas, de maneira a garantir querem compreender por que sofrem ou
a sua privacidade e anonimato. sofreram e, para a maioria, compreender já os
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leva a sofrer menos, ter esperanças e colaborar desconforto, restrição e a outros estímulos que
no processo de mudança. podem ser ou não nocivos ou que têm
Hayes, Jacobson, Follette e Dougher implicações na determinação do sofrimento
(1994), estudiosos que têm focado diretamente humano, como ilustrado em seguida para a
a questão do sofrimento humano na última raiva.
década, afirmam, metaforicamente, que eventos Millenson (1967/1976) relata observações
privados são ecos, reflexos de nossa história de de Watson nas quais crianças muito pequenas
vida. Assim como eles, os analistas do apresentavam respostas de chorar, gritar,
comportamento que os precederam e seus enrijecer o corpo, golpear, bater as mãos e os
contemporâneos entendem que todos os braços, levantar e abaixar as pernas e prender a
comportamentos mencionados no relato, bem respiração quando eram impedidas de
como o próprio comportamento de selecioná- movimentarem sua cabeça ou quando seus
los e relatar, são resultados de contingências braços eram presos junto ao corpo. Observou
filogenéticas, ontogenéticas e culturais às quais também que animais tendiam a apresentar
o indivíduo esteve e está exposto. Todo o intensificação e variação de respostas e, dentre
sofrimento, portanto, compõe-se de respostas e elas, muita agitação e ataque aos outros animais
comportamentos que se modificam presentes, em consequência da retirada de
continuamente. reforçadores positivos. Vários estímulos,
As contingências filogenéticas portanto, parecem provocar,
selecionaram respostas, geralmente reflexos incondicionalmente, a luta e a fuga, o que levou
incondicionados, que foram úteis para a tal autor a considerar, com base no paradigma
sobrevivência da espécie. Exemplos disto respondente, que tais reações poderiam ser
podem ser encontrados nos bebês, como o descritas como raiva, eliciada pela restrição
chorar em situações de dor física ou corporal. Com essas e outra observações,
desconforto, o sobressalto frente a sons altos, a concluiu que, tanto a impossibilidade, retirada
sucção frente à estimulação oral, dentre outras ou impedimento de obtenção de reforçadores
respostas incondicionadas, que aumentam a positivos, como a introdução de estimulação
chance do organismo de ser cuidado por aversiva ou impossibilidade de sua retirada,
adultos. Elas funcionam como condição prévia tendiam a provocar respostas típicas de raiva e
para o desenvolvimento de comportamentos luta.
operantes e respondentes condicionados, Através de processos de aprendizagem,
juntamente com a sensibilidade do organismo outros estímulos podem ser condicionados,
dado o emparelhamento de estímulos e às gerando e mantendo respostas de raiva. As
consequências de suas ações, conforme observações de Skinner (1974/1993) de que
afirmado por Bijou e Baer (1961). Ou seja, “mesmo uma emoção aparentemente bem
consequências que fortalecem os marcada, como a raiva, pode não ser redutível a
comportamentos estão relacionadas, uma única classe de respostas ou atribuível a
inicialmente, à sobrevivência. um único conjunto de operações” (p. 180-181)
A dor é a primeira estimulação que se e que “a raiva produzida por certa circunstância
relaciona ao sofrimento. Segundo Lent (2001), poderia não ser a mesma produzida por outra”
a resposta de “dor”, filogeneticamente (p. 180-181), também indicam a probabilidade
selecionada, indica que alguma estimulação de ampla variabilidade no conjunto de
nociva ao organismo está ocorrendo, seja ela determinantes dos estados emocionais e da
proveniente do ambiente externo ou do próprio singularidade do sofrimento de cada indivíduo.
organismo. Conforme afirma Angelotti (2001), Para Skinner, a aversividade de um estímulo
a função da dor é proteger a integridade física. não seria definida por suas características
Skinner (1974/1993) menciona que “não é físicas, simplesmente, e nem toda a estimulação
difícil provar que um organismo reforçado pela que gerasse dano seria, necessariamente,
remoção de certas condições, dentre elas a dor, dolorosa ou sentida como aversiva. Segundo
teria uma vantagem na seleção natural” (p. 190) ele, uma dada estimulação só poderia ser
e que também obteria vantagens em “fugir de considerada aversiva se a sua remoção fosse
estímulos aversivos condicionados que reforçadora, isto é, aumentasse a força da
chamamos de “ameaça” de ferimento, ou seja, resposta que a retira. Banaco (1999), ao estudar
agindo pela esquiva” (p. 194). Mas, além da as emoções, propõe que, a depender da história
dor, o indivíduo também responde a de vida de cada um, a mesma estimulação
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poderia provocar tanto a raiva, como a tristeza meio, um filhote de hamster. Após um dia de
e relato diferenciado. cuidados e passeios com os mascotes pela
Nesse mesmo caminho, encontramos vizinhança, um dos meninos deixou que o seu
Hunziker (1997), que estuda o desamparo em animal caísse, por acidente, no fosso do
animais, sendo este definido como a classe elevador. Aparentemente Paulo sofreu com a
comportamental que se refere à dificuldade de perda do seu bichinho, tendo chorado muito.
aprendizagem em situação de reforçamento Passado o enterro e o choro, e com Paulo
negativo após exposição prévia a estimulação mostrando-se já mais conformado com a
aversiva incontrolável. A autora observou que possibilidade de gostar de outro bichinho que a
sua ocorrência era menos provável em mãe poderia lhe trazer, Felipe diz ao seu
indivíduos que tiveram, antes dessa experiência próprio ratinho, na presença de Paulo, que seu
de incontrolabilidade, outras similares de irmão havia morrido! Paulo caiu novamente em
controlabilidade. Essa constatação fortalece, prantos e disse: “agora ele vai ficar mais
mais uma vez, a observação de que o efeito de traumatizado, ele já perdeu o irmão dele e
contingências atuais sobre um comportamento agora o Felipe ainda fica falando isso pra
se dá de forma combinada com o que foi ele!”.
produzido pelas contingências passadas. O Este sofrimento, que é verbal, só é
conhecimento da história de cada organismo possível ao homem e não ao rato, mas a criança
pode ajudar a levantar suposições sobre a provavelmente ainda não sabia disso. Reagiu às
possibilidade de uma tendência palavras do irmão como se houvesse agora
comportamental. outro fato que geraria sofrimento a todos. De
No entanto, além de todos esses processos, fato, havia e era socioverbal, mas capaz
os humanos são capazes de realizar outros que somente de causar sofrimento aos humanos.
determinam, de maneira especial, a Nesse episódio, pode-se levantar a
particularidade de seu sofrimento. Esses estão suposição de que a criança sofreu muito mais
relacionados ao comportamento verbal e à por ser verbal, como se descreve a seguir: pela
linguagem. O comportamento verbal operante e perda do ratinho em si (retirada de estímulo
a linguagem permitem a cada indivíduo tanto reforçador positivo lúdico); pela retirada de seu
acelerar o seu desenvolvimento objeto de apego afetivo (já aprendido para
comportamental adequado, quanto favorecer o humanos e rapidamente generalizado ao
desenvolvimento do sofrimento. Como se diz animal); por ter já aprendido que humanos
popularmente no Brasil, “palavras são como sofrem ao perder um irmão (nesse caso,
abelhas, tem mel e tem ferrão”. indiretamente, uma vez que não tinha sido
submetido a experiências de morte de pessoas
relevantes de seu entorno); ao generalizar o que
O sofrer humano: as armadilhas do sentia para o que o rato poderia sentir
comportamento verbal e da (comportamento empático aprendido); e, entre
linguagem outros, por reagir da mesma maneira aos fatos
acima mencionados e às palavras que os
O sofrimento psicológico, o sofrimento descreviam, imaginando que o ratinho pudesse
humano, é verbal. Começa pela fuga e esquiva reagir a eles de forma similar, como ele já
da dor física ou de outra estimulação aversiva conseguia.
incondicionada, amplia-se através do O comportamento de responder a
condicionamento operante e respondente e, estímulos arbitrariamente relacionados como
como demonstram os estudos, torna-se mais classe funcional decorre de vários treinos
complexo e ampliado de forma especial em prévios de aprendizagem operante. Por esse
decorrência de processos verbais. Através processo, segundo Sidman (1994), as palavras
desses processos, podemos atribuir funções, escritas, sons, desenhos e seus referentes,
estabelecer relações arbitrárias entre estímulos dentre outros, podem ter suas funções
dissimilares, estabelecer relações entre relações transferidas de outros estímulos,
e responder funcionalmente a eles e às mesmas, arbitrariamente, e passam a exercer controle
de forma similar, sem treino prévio direto. similar sobre comportamentos ou respostas da
Comecemos a análise exploratória com um mesma classe e, mais, podem transferir sua
exemplo simples. Uma mãe deu a cada um dos função a outros estímulos continuamente. Esses
filhos, Felipe, de 7 anos e Paulo, de 3 anos e são os processos de formação de classes de
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equivalência propostos por Sidman (1971) e passou um bom tempo sem lembrar-se dos
Sidman e Tailby (1982). episódios de abuso, mas aprendeu a induzir
Realizando estudos a partir das vômito em outras situações nas quais sentia
descobertas sobre equivalência, Hayes, Barnes- desconforto e também quando fazia coisas
Holmes e Roche (2001) e Hayes (2004) “erradas”. Assim, “desconforto e coisas
propuseram a Teoria dos Quadros Relacionais e erradas” configuravam-se também como
o responder relacional arbitrário. Segundo tais ocasião para nojo, vômito, culpa e esquivas e
autores, além da transferência de funções, como mais esquivas. Desenvolveu comportamento de
já descrito, sob controle de contextos auto-observação frequente de seus “erros”,
socioverbais arbitrários, pode ocorrer também a vômito e autoconceito ruim. Teve diagnóstico
transformação de funções dos estímulos. Os de bulimia na adolescência, foi tratada e
processos de equivalência e de quadros melhorou, mas em vários momentos
relacionais estariam imbrincados no estressantes da sua vida, os episódios de vômito
desenvolvimento do comportamento voltavam, até a idade adulta.
“simbólico” e do sofrimento humano, verbal. Marina, já adulta, procurou terapia porque
Em decorrência desses processos, estímulos recentemente machucava-se em várias
verbais podem desenvolver funções aversivas, situações e estava “procurando judiar-se”, sem
eliciar respondentes e evocar comportamentos motivo, durante o relacionamento sexual com
de fuga e esquiva, que, por reforço negativo, seu noivo, uma pessoa de quem gostava muito.
fortalecem encadeamentos e/ou amplas redes Na ocasião da busca de terapia, não se
comportamentais de sofrimento. O caso de uma lembrava dos episódios de abuso sofridos na
cliente adulta pode ajudar a ilustrar esse infância e tinha desenvolvido um padrão
processo. Em sua infância, por muito tempo, comportamental generalizado de fuga e esquiva
Marina fora abusada sexualmente por um de sofrimento psicológico através da
vizinho. Esse o fazia de forma que o episódio provocação de sofrimento físico, e, dentre eles,
fosse muito agradável à criança, reforçando de alívio de culpa sentida por sentir prazer
assim seu comportamento de colaborar com a sexual e felicidade no relacionamento com o
sua ocorrência. Com o passar do tempo, noivo. Provavelmente, no decorrer da vida
Marina, aprendeu, verbal e indiretamente, que a dessa cliente, uma série de estímulos verbais e
situação à qual se submetia era “muito errada” não verbais se sobrepuseram e se combinaram,
e ruim, mas, segundo informação da cliente, formando redes comportamentais complexas e
inicialmente tal concepção verbal não foi forte extensas de muito sofrimento. Se a suposição
o suficiente para fazer cessar seu hipotética aqui explorada tiver validade
comportamento de colaborar. preditiva, pode-se imaginar que tais redes
Contudo, à medida que continuou a tenderiam a ampliar-se e tornar-se cada vez
submeter-se a tais práticas abusivas, passou a mais complexas e, caso contingências
apresentar, na sequência, vômitos e outros acidentais não promovessem uma mudança de
respondentes desagradáveis, evitando, direção, a qualidade de vida dessa cliente
posteriormente, oportunidades de abuso. Nesse estaria muito comprometida.
caso, pode-se propor a interpretação de que, Como dito por Hayes et al. (2001), as
aqui, poderia ter havido uma transformação do palavras estabelecem uma autonomia e criam
valor reforçador positivo inicial da interação, um mundo simbólico à parte, descolado e que
(no caso, abusiva, mas agradável à criança), a compete com as contingências. Nesse exercício
partir da presença de estímulos verbais de de interpretação, pode-se intuir a ocorrência de
avaliação negativa que, por sua vez, processos de generalização e de equivalência,
favoreceram a ocorrência de respondentes e junto com o desenvolvimento de respostas
respostas fisiológicas aversivas. Em conjunto, relacionais arbitrárias, na formação das redes
essa estimulação fez com que respostas de fuga comportamentais de sofrimento. Esse último, o
e esquiva da interação e das reações responder relacional, segundo os autores, pode
desagradáveis ocorressem. ser definido como uma resposta de abstração,
E o processo não terminou aí. Marina na qual a propriedade do estímulo que passará a
relatou que, posteriormente, as lembranças controlar determinada resposta é abstraída a
sobre o ocorrido passaram a promover reações partir de dicas contextuais sociais arbitrárias,
de culpa, nojo e vômito e esse último trazia alterando a função dos elementos que compõem
alívio e cessava as lembranças. Mencionou que uma contingência operante e também o
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processo de aprendizagem operante comportamental maior (relativa ao responder


propriamente dito. fortemente à estimulação externa de forma
No entanto, as armadilhas que cercam os generalizada, sem discriminar a estimulação
seres verbais e os levam ao sofrimento privada, ou seja, o seu “mundo privado”, seu
psicológico vão além. O cliente vem à clínica e repertório de “ter personalidade”), que agora
dá ao seu terapeuta as informações sobre o que lhe era aversiva, estaria sendo mantida.
ele conhece sobre si mesmo e considera Aparentemente, poderia se pensar que a
relevante. E esse “eu” a que o terapeuta tem diferença da situação atual para a anterior era a
acesso muitas vezes vem rotulado ou de que havia agora apenas uma fonte de
classificado de uma dada forma e pode também estimulação externa (namorado), a qual
estar sob a influência de tal classificação, e, respondia prioritariamente.
ainda, pode significar ou indicar ao cliente a Kohlenberg e Tsai (2001) propõem que o
“essência do seu ser”, o seu “verdadeiro eu” Self emerge como uma unidade funcional a
e/ou a “causa” dos seus comportamentos ou partir de unidades verbais maiores, com a
problemas. O contexto socioverbal e até mesmo aquisição da linguagem pela criança e, em
os “modismos” sociais agregam a determinadas paralelo a essa, quando ocorre um processo de
classificações ou rótulos um valor e um desenvolvimento “normal” e não “patológico”.
julgamento que, em si mesmos, podem gerar Nesse caso, a criança seria reforçada a
ainda mais sofrimento ao cliente e afetar um responder diferencialmente a estímulos do
importante repertório altamente privado que se mundo físico, às ações das pessoas, às suas
denomina Self. próprias ações, abertas e encobertas e qualquer
Self, segundo Kohlenberg e Tsai (2001), é outra estimulação encoberta. Por esse processo,
um repertório que inclui e implica na desenvolveria a habilidade de ver seu próprio
experienciação e na presença de sentimentos e comportamento em perspectiva, tendo-se como
sensações, de “ver-se” em continuidade, marco de referência funcional. Poderia, a partir
organização, unicidade e igualdade, a despeito de então, enxergar-se como “dis-fundida”,
da variação comportamental que possa ser diferente do comportamento que realiza e ver-
apresentada pelo indivíduo. Quando ele não se agindo de maneiras diferentes em contextos
está adequadamente fortalecido, podemos não semelhantes ou diversos, sem perder sua
saber quem somos e nos confundir ou fundir a perspectiva e senso de unidade. Um
cada comportamento emitido. componente geral e importante do Self seria o
Por exemplo, Luiza, uma jovem comportamento de ver-se e avaliar-se como
adolescente, muito tímida e com poucos independente do comportamento que está sendo
amigos, crescera com pais divorciados e em emitido e visto.
conflito. Nesse contexto, provavelmente não O Self emerge através do fortalecimento e
aprendera a responder apropriadamente ao “seu nesse processo, a validação social do relato da
mundo privado”. Sentia-se muito confusa e criança sobre seu ver e “ver-se vendo” é
sofria sem saber quem era “verdadeiramente”, fundamental. Inicialmente, reforça-se a
pois, “para agradar” a seu pai, vestia-se e correspondência entre o relato e estímulos
comportava-se como uma “menininha”. Para publicamente observáveis e, depois, já se tendo
“deixar a mãe feliz”, vestia-se e mostrava-se aprendido o “relatar confiável”, passa-se a
uma “pequena executiva” e agora, tendo seu validar o relato do que ocorre privadamente.
primeiro namorado, agia como sendo “meio Quando a comunidade verbal pune, ignora,
punk”, pois este era o desejo daquele. impede ou ridiculariza a fala ou outras
Aparentemente, seu comportamento era respostas da criança que ocorrem sob controle
fortemente controlado pela estimulação de estímulos privados, o desenvolvimento do
externa, gerada essencialmente pela presença e Self pode ser prejudicado, afirmam Kohlenberg
comportamento das pessoas relevantes com as e Tsai (2001).
quais estava em interação. Segundo seu relato, Quanto mais precoces, repetidas e
o namorado havia observado esse seu modus aversivas as experiências de invalidação, mais
operandis e passara a puni-lo, acusando-a de deletérias ao desenvolvimento do Self. Em
“não ter personalidade”. Estava concordando experiências de invalidação do sofrimento,
com isso e, então, passou a ser opositora ao como em vários casos de abuso à criança, fugir
controle dos pais, “sendo”, agora, o que o ou esquivar-se fisicamente do abusador é
namorado queria. Só não percebia que a classe impossível. Nesses episódios ou frente a
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lembranças, é provável que outros faziam aqui um paralelo com a forma como se
comportamentos de fuga e esquiva aconteçam, resolvem problemas e o sofrimento decorrente
como, por exemplo, fantasiar ser outra pessoa de estimulação física. Por exemplo, se uma
ou estar ausente, afetando o “senso de Self” pedra no sapato fere o pé, o que há a se fazer, é
mais ainda. retirá-la. Contudo, os analistas do
comportamento sabem que, para afetar
Skinner (1974/1993) afirma que encobertos, (o equivalente à pedra no sapato) é
“diferentes contingências constroem diferentes preciso que haja exposição às contingências
pessoas, possivelmente dentro da mesma pele” ambientais apropriadas.
(p. 44), e que tais repertórios ou pessoas
“convivem”, mesmo parecendo ser incoerentes Além disso, muitas emoções
ou incompatíveis. Tais repertórios, de fato, desagradáveis são consideradas ruins em si
nada mais são do que classes comportamentais mesmas ou julgadas moralmente ruins em
com função adaptativa em diferentes contextos nossa cultura. Somando-se esse aspecto ao que
e contingências. foi acima exposto, agregam-se mais fontes de
sofrimento para o qual só há uma saída: a
O Self poderia ser compreendido como um esquiva e fuga dos encobertos, conforme afirma
repertório que une tais “pessoas”. Para Hayes (1987), ou seja, esquiva experiencial.
propiciar tal auto-observação em perspectiva, Esta é definida como tentativa de evitar, alterar,
provavelmente estímulos verbais se combinam fugir ou mudar diretamente eventos privados,
com emoções e sensações de integração e como por exemplo, as sensações corporais,
identidade e com respostas relacionadas aos emoções, pensamentos e lembranças
processos perceptivos (Kohlenberg & Tsai, desagradáveis. Exemplos de esquivas
2001). experienciais incluem tentativas de supressão
de pensamentos, intrusões, entorpecimento
emocional, esquiva de “emocionar-se”, fugas,
Sofrendo por aceitar as máximas esquiva de ambientes, etc. Tais respostas de
culturais sobre encobertos fuga e esquiva tendem, em longo prazo, a
As armadilhas verbais do sofrimento fortalecer o sofrimento, tanto pelo reforçamento
humano vão ainda mais longe. Juntamente com negativo que as mantém, como por impedirem
os processos mencionados anteriormente, dos que o indivíduo se exponha às contingências
quais o que se descreverá em seguida é que poderiam ajudar na extinção de seus
inseparável, uma série de eventos contextuais respondentes condicionados, na ampliação de
socioverbais, tais como regras e conceitos seu repertório global, da presença de
arbitrários, colaboram para a peculiaridade do reforçadores positivos em sua vida e o aumento
sofrimento humano e para os processos de fuga do seu bem-estar.
e esquiva. A lógica verbal do senso comum
Hayes (1987) observou que seus clientes relacionada à solução de problemas emocionais
acreditavam que seus problemas psicológicos e ao consequente padrão de esquiva emocional
eram causados por suas cognições, sensações e que se estabelece faz com que as pessoas se
emoções desagradáveis. Ainda, postulavam que sintam impedidas de viver. Ficam
os problemas encobertos eram passíveis de metaforicamente presas em gaiolas cujas barras
controle direto e que, quando falhavam em são formadas por estímulos socioverbais
conseguir tal feito, consideravam-se arbitrários, para as quais têm as chaves!
pessoalmente incompetentes. Pela lógica acima E, como se isso não bastasse, aprende-se,
descrita associada à outra regra generalizada com o comportamento verbal, a descrever e
socialmente de que se resolvem os problemas analisar a experiência vivida. De acordo com
afetando suas causas, deveriam remover o Wilson e Soriano (2002), essa é a condição que
“sofrimento encoberto”, direta e permite a antecipação de sofrimentos futuros e
prioritariamente, uma vez que erroneamente sofrer, no presente, por essa possibilidade de
acreditavam que este era a causa de seus ocorrência. Vendo-se presos, dada a miopia, em
problemas. Assim, somente após a remoção gaiolas abertas, os humanos sofrem também
desses encobertos, poderiam voltar às situações por verem o que perderam e que poderão perder
que os geravam e, sem que ocorressem, viver “presos” ao sofrimento verbal arbitrariamente
então de maneira feliz. Hayes observou que construído.
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Repercussões para a Análise Clínica outro profissional, sem muita melhora, segundo
Comportamental e considerações o seu relato.
finais Manteve-se em medicação e
posteriormente procurou outra proposta
No decorrer deste estudo, uma série de psicoterápica porque achava que estava
exemplos de casos clínicos foi apresentada, na piorando e agora tinha medos que nunca tivera
tentativa de ilustrar uma das possíveis e dentre eles, medo de voar. Sua fala era algo
compreensões que um clínico pode ter sobre o como “sinto-me mal por isso, como se não
sofrimento de seus clientes com a ajuda de fosse ninguém e incapaz de controlar minha
conhecimentos atuais sobre o comportamento ansiedade e meu desânimo, tão fortes... de
verbal e a linguagem. O relato do caso que se controlar minha ação no trabalho... não me
segue tenta exemplificar a integração dos vários sinto capaz de olhar pra mim como os outros
aspectos mencionados e contextualizar os me vêem... não sou competente”.
processos de intervenção clínica analítico- As informações colhidas podiam levar a
comportamental que têm sido propostos em terapeuta à interpretação de que Patrick, sem
função dessas perspectivas. Evidentemente, não perceber, estaria generalizando a aversividade
se promoveu aqui uma exploração detalhada de do contexto familiar, vivida na infância e na
todos os processos comportamentais adolescência, para o ambiente de trabalho e
mencionados, o que fugiria ao propósito deste estar julgando-se por ter reações que aprendera
pequeno estudo. a condenar, sem identificar as contingências
que a geravam.
O cliente que será chamado de Patrick era
um rapaz culto, inteligente, agradável e bem No decorrer do processo, aos poucos, foi
apresentável. Segundo seu relato, fora mencionando o quanto se sentiu dividido pelos
preparado nas melhores universidades do país pais durante toda a sua vida e o quanto estes
para assumir os negócios da família. Relatou competiam entre si pelo controle do filho.
que, durante a infância e adolescência, vivera Destacou que eles não o ouviam e o criticavam
entre pais em conflito permanente e que lhe todo o tempo, inclusive igualando seus
davam todas as oportunidades e uma vida comportamentos aos que detestavam no outro
confortável, de poucas restrições financeiras. cônjuge. Relatou muitas falas desqualificadoras
Praticava esportes e era bom aluno. Durante e a ironia com que lidavam com seus
toda a sua vida percebera sua mãe como vítima encobertos, jamais admitindo que estivesse
de um marido agressivo. Jovem, foi cursar certo em seus sentimentos e opiniões, a
faculdade em outra cidade, onde continuou com despeito das consequências (mesmo que
sua prática de esportes, uma atividade que lhe positivas) desses comportamentos no ambiente.
era prazerosa e que também promovia sua fuga De acordo com Patrick, “eles venciam um ao
e esquiva do contexto familiar. Estava na pós- outro sobre mim... eu me abstraia, fazia
graduação quando seu pai morreu e ele foi esportes... ali conseguia não me sentir assim
chamado a assumir com a mãe, os negócios da ansioso, invadido e dividido”, pois, para os
família. Não era o que pretendia tão pais, a prática de esportes não era relevante.
rapidamente. Pensava em trabalhar com outras Suas boas notas e bom comportamento na
empresas e criar seus negócios de forma escola faziam com que eles também se
independente. mantivessem afastados, de certa forma, desse
ambiente e de falar sobre isso. Relata que se
Começou a trabalhar e a sentir muito sentia muito “estraçalhado” ao pensar nesse
desânimo, ansiedade e apresentar muitas processo.
respostas de fuga e esquiva do ambiente e das Ao discorrer sobre tais aspectos, já
tarefas relacionadas ao trabalho, deixando percebidos na terapia anterior, usava muitas
também de praticar os esportes. Relatou que metáforas, o que chamou a atenção da
gostava de administração e que se terapeuta. Questionado por ela sobre isso,
envergonhava de seus ciclos de animação e relatou que havia desenvolvido, desde muito
desânimo, julgando-se e sendo julgado pela cedo, uma forma de analisar e avaliar o impacto
mãe como preguiçoso e incapaz. Procurou do comportamento dos pais e das demais
psiquiatra e foi identificado como tendo pessoas sobre ele, o que o ajudara a ter
Transtorno Bi-Polar, medicado e encaminhado parâmetros do quanto estaria “certo ou errado”
para terapia, o que fez, por algum tempo, com no que pensava ou sentia. Assim, imaginava
Sofrimento e Análise do Comportamento 393

cenas de sofrimento físico que lhe pareciam Essa compreensão ocorreu quando, num
relacionadas ou equivalentes ao que sentia processo de exposição gradual, aceitou ver,
psicologicamente. com a terapeuta, fotos de acidentes de avião
Por exemplo, quando sentia mal por sua sem pessoas destroçadas. Parece, portanto, que
mãe “usar” alguma informação pessoal que ele um processo verbal estava altamente
lhe havia dado, em um contexto em que ela o relacionado à determinação do seu medo de
agredia e desqualificava, havia um embate voar! Havia desenvolvido uma habilidade
entre eles. E, quando ela não mais prevalecia especial, durante sua vida, de elaborar
sobre ele apresentando respostas agressivas, metáforas, e elas o ajudavam a desenvolver
chorava e se descrevia como vítima, o que lhe autoconhecimento, autorregras e outros
gerava muita culpa e o fazia cessar. Depois do comportamentos, até então. E, agora, estando
episódio, ele carregava muito sofrimento. Para exposto a episódios concretos, que corriam no
entender se tinha ou não “culpa” e o que fazer, mundo físico e na vida de outras pessoas,
elaborava uma metáfora do tipo, (pessoas sendo destroçadas em acidentes de
avião) e que estavam relacionados às
“é como se eu tivesse dado a ela um metáforas que o ajudaram na descoberta de
presente (confiança) e ela se mostrasse determinantes de seu sofrimento, (“fui
feliz com isso e depois jogasse o presente estraçalhado, separado, dividido em partes...
/ objeto contra mim e me machucasse, o sofri muito... ainda sofro psicologicamente ...”)
usasse como uma arma contra mim, e com ambos ocorrendo no mesmo espaço de
quando fosse bom para ela e até tempo, portanto, estando temporalmente
injustamente. Para me defender, eu associados, mas sem nenhuma relação causal
coloco a mão na frente e o objeto volta direta, obviamente, o cliente estava sob
para ela e a fere. Bem, então ela não controle de relações complexas de estímulos
pode me culpar porque se machucou”. que o incluíam, de alguma forma, o que fez
Com este comportamento, de elaborar com que estímulos, anteriormente reforçadores
metáforas, fora aprendendo a analisar positivos (tais como o viajar de avião e outros
interações e a responder a elas. E tinha muita relacionados) se transformassem em
habilidade em fazer isso, usando-a também na estimulação aversiva, da qual passara a
terapia em seu benefício. esquivar-se, ampliando e aumentando, assim, o
Interessantemente, observou mais à frente seu sofrimento. Como se sabe, não é preciso
que a “consciência total” do quanto fora que haja relato (mesmo que para si mesmo) das
invalidado e dividido por seus pais havia se contingências as quais se está exposto para que
dado mais recentemente, facilitada pelo elas operem!
processo psicoterápico ao qual havia se exposto O sofrimento deste cliente pôde ser melhor
anteriormente. Temporalmente, isto acontecera compreendido com ajuda dos estudos sobre
na mesma época em que ocorreram sucessivos comportamento verbal e o funcionamento da
acidentes de avião no país. Patrick lembrava-se linguagem. Benito Pérez Galdoz (1843-1920),
de sentir muita atração por ver as fotos e muita escritor espanhol, diz que “palavra e pedra solta
dor e empatia pelas pessoas que haviam sido não têm volta”, o que metaforicamente mostra
destroçadas. Relata que era muito forte seu o efeito negativo que elas podem ter para um
sentimento de ter sido dividido, como as indivíduo ou uma cultura. Contudo, os analistas
vítimas dos acidentes. Emocionalmente, sentia- do comportamento podem dizer hoje, com mais
se quebrado ao meio ou em partes, de uma propriedade, que seu curso, sua função nas
forma especial. Na situação, contudo, sentia-se cadeias comportamentais e sua autonomia
relacionado, mas não relacionava seu podem ser afetadas e propõem, para isso,
sofrimento psicológico ao sofrimento físico que processos psicoterápicos, analítico-
elas tiveram, claramente. Relata, então, que, a comportamentais bastante organizados.
partir daí, passou a ter comportamentos de fuga Iniciativas mais recentes nessa direção
e esquiva de viajar de avião, (que anteriormente estão organizadas em um conjunto denominado
amava, achava seguro e até pensava em “Terapias da Terceira Onda”. Segundo Pérez-
aprender a pilotar aviões!) ver fotos de Álvarez (2006), tais propostas têm em comum
acidentes, ver aviões ou ir ao aeroporto, já que o fortalecimento do enfoque behaviorista
estes pensamentos e imagens o remetiam aos radical na psicoterapia, com ênfase na mudança
acidentes. de contingências, mais do que na conduta
394 Conte, F. C. S. 

governada por regras. Mais uma vez refuta-se o instrumento importante para evitar o sofrimento
uso do modelo médico na psicoterapia, desnecessário e discriminar mais facilmente
fortalece-se o caráter idiossincrático das fontes de estimulação reforçadora. Porém, a
análises e novas categorias diagnosticas que são linguagem não é sempre “boa” ou boa em si
funcionais são propostas, como no caso da já mesma, como demonstrado anteriormente. É
mencionada esquiva experiencial. Ainda, estes necessário que se aprenda a usá-la sem se
processos se propõem a afetar classes deixar consumir ou ser manejado por ela,
comportamentais mais amplas, ao invés de inapropriadamente. O mesmo “instrumento”
afetar queixas menores, como por exemplo, a que pode diminuir o sofrimento humano pode
forma com a qual os indivíduos lidam com seu gerá-lo (Hayes et al., 1999).
sofrimento, humano, verbal, de maneira geral e As propostas atuais de intervenção clínica
com os seus reforçadores e valores. analítico-comportamentais incluem em seus
A novidade, aqui, não seria a inclusão processos propostas e estratégias que visam
dessa perspectiva na psicoterapia, que pode ser demonstrar, também aos clientes, as funções
observada em várias outras formas de que a linguagem exerce no controle do
psicoterapia mais tradicionais, e sim o estudo comportamento e do sofrimento humano e
científico de tais aspectos. Assim, ajudá-los a colocar seu comportamento mais
contrariamente ao que propõe o contexto sob controle de contingências positivas,
socioverbal vigente que considera que o discriminativamente, do que sob controle de
“normal“ é ter uma vida sem sofrimento e que contingências verbais arbitrárias e reforçamento
aqueles que não o conseguem estão fracassando negativo.
na “arte de bem conduzir a vida”, os analistas As Terapias Comportamentais de Terceira
do comportamento compreendem que Onda fortalecem a natureza contextual e
sofrimento e prazer são os dois pontos finais socioverbal dos problemas e a análise funcional
em um contínuo que, de acordo com Luciano, dos eventos privados e teorizam sobre novas
Valdivia, Gutiérrez e Páez-Blarrina (2006), se classes comportamentais enquanto “categorias
ampliam e se transformam quando se trata de diagnósticas funcionais”. Ainda, mais do que
seres verbais. Em consonância, refuta com mais incentivar a luta contra os encobertos, propõem
força a noção de que o sofrimento humano seria que o cliente abandone a luta contra eles, (o que
um estado atípico ou “anormal”, em paralelo ao chama de “sintomas”), os aceite e busque uma
que se conhece sobre as “doenças físicas” e os orientação para a sua vida e os seus valores. Em
mitos das causas internas. As “causas” estão outras palavras, o cliente deve, durante o
nas contingências ambientais. processo, escolher entre viver respondendo de
Mais especificamente, as Terapias da maneira a fugir e esquivar-se de eventos
Terceira Onda demonstram que o sofrimento privados aversivos, tendo alívio temporário e
humano ou psicológico é essencialmente verbal aumentar a força de tal cadeia comportamental
e como o comportamento verbal e a linguagem em longo prazo, gerando para si mesmo mais
o produzem. A linguagem humana, enquanto sofrimento em ciclo inescapável, ou agir de
conjunto de práticas verbais que são forma a fortalecer a probabilidade de
compatilhadas por uma comunidade, é ocorrência de reforçamento positivo, a
considerada mais que uma mera vocalização ou despeito da presença de encobertos aversivos.
forma de comunicação. Para Hayes, Strosahl e Para isso, deve ter clareza de quais são os seus
Wilson (1999), ela é vista como “uma atividade reforçadores, desde aqueles mais próximos e
simbólica em qualquer que seja o domínio em concretos, até os mais distantes ou abstratos,
que ocorra (gestos, desenhos, formas escritas, chamados de valores. Valores são os
sons e etc.)” (p. 10-11). “reforçadores” estabelecidos através do
Os seres humanos passam por um treino comportamento verbal e suas funções e
extenso da habilidade de derivar relações entre características
eventos e símbolos, dentro de uma cultura.
Com isso, tornam-se também hábeis para vão além das que podem ser
avaliar o impacto de suas ações, anteverem um estabelecidas por processos diretos de
futuro, aprender com o passado, manter, condicionamento... quando o ser humano
construir e passar conhecimentos e também aprende a comportar-se de forma
regular seu próprio comportamento e dos relacional ou simbólica, dispõe de um
demais. Em consequência, adquirem um novo meio para a formação e a alteração
Sofrimento e Análise do Comportamento 395

de funções. O processo de formação de depende das contingências), tolerância


valores nos permite explicar por que emocional (ou seja, permaneça em contato com
encaminhamos nossas ações para algo o sofrimento encoberto inescapável, que
que pode estar somente calcado no que é provavelmente ocorre com a exposição à
mais básico, (prazer e eliminação da dor estimulação aversiva condicionada, sem fugir
imediata) ou para algo mais relevante ou evitá-la), e flexibilidade comportamental (ou
que impregna simbolicamente cada ato seja, maior variabilidade comportamental sob
que levamos a cabo. Por exemplo, ações controle das contingências reforçadoras
realizadas por honestidade, respeito aos positivas, mais do que de encobertos
outros, fidelidade, conhecimento e por arbitrariamente mantidos, sejam eles verbais ou
certa transcendência (Luciano et al., não), e desta forma, fortaleça seu responder
2006, p. 179). sob controle de reforçadores relevantes e
positivos. Um procedimento interessante
Tais terapias exigem dos terapeutas utilizado na ACT para modelar a tolerância e a
clareza e coerência sobre os princípios aceitação emocional é chamado de
filosóficos conceituais e suas práticas e, “mindfulness” ou atenção plena e se baseia nas
portanto, um treinamento especial, segundo práticas de meditação orientais. Trata-se aqui
afirma Kohlenberg et al. (2009). Rapidamente, de colocar o cliente em contato com os
como ilustração, delinearemos duas propostas sentimentos e outros encobertos, indesejados
terapêuticas representativas destas terapias ou não, sem comportamentos de julgamento
comportamentais: a Psicoterapia Analítica ou fuga-esquiva. Implica em responder a eles
Funcional (FAP), de Kohlenberg e Tsai (1987), apenas como observador, quando de sua
e Terapia da Aceitação e Compromisso (ACT), ocorrência. O cliente deve vivenciar, descrever
de Hayes et al. (1999). suas reações encobertas sem avaliação e com
A ACT tem como objetivo o manejo de aceitação, impedindo que a estimulação verbal
encobertos. Contudo, ao invés de afetar seu “transforme” o que vê e o que sente em outra
conteúdo, pretende alterar a função arbitrária estimulação e dê a ela funções inadequadas nas
automática, rígida ou generalizada que os cadeias comportamentais. Neste processo, ao
eventos privados assumem na determinação dos que parece, a proposta é que se favoreça ao
comportamentos e na organização das cadeias cliente o desenvolvimento da habilidade de
comportamentais e colocar o responder do quebrar relações resposta-resposta, como por
cliente sob controle de contingências exemplo, entre a resposta de emocionar-se
ambientais externas relacionadas aos seus raivosamente e, em decorrência,
valores (Hayes et al., 1999). Tal processo se automaticamente, responder com julgamento
daria com a quebra da rigidez comportamental dessa emoção e de si mesmo como bom ou
(entendida aqui, livremente pela autora, como o ruim e, ainda, dar a estas respostas a função de
responder de forma generalizada sob controle estímulos discriminativos para respostas de
de estimulação verbal arbitrária – regras fuga e esquiva desses encobertos, ignorando
disfuncionais, por exemplo − sem observar ou contingências ambientais externas relevantes.
regular-se pelas consequências finais que disso Deve perceber que as respostas e o seu
decorrem). Tal classe de resposta, para os encadeamento, assim como o comportamento
autores da ACT, seria fruto da fusão cognitiva de atribuir funções causais a esses eventos,
(termo por eles cunhado aqui interpretado como foram aprendidos e se mantêm de forma
habilidade de responder de forma arbitrária, inclusive sob controle de regras e
funcionalmente equivalente aos eventos e seus conceitos verbais inadequados, que além do
símbolos ou a outros estímulos arbitrários que a mais, podem estar afetando também a sua
eles se relacionem, a partir de qualquer chave sensibilidade às contingências.
ou quadro relacional, como o temporal, no caso Além de fazer parte da ACT, a prática da
de Patrick e seu medo de voar, por exemplo) e atenção plena tem sido considerada também um
da esquiva experiencial, como já definida processo terapêutico em si mesmo (Pareja,
anteriormente, que gera alívio encoberto e 2006). Estas e outras estratégias mais
fortalece toda a rede comportamental. Em experienciais, a ACT também se utiliza de
contrapartida, propõe que o cliente desenvolva maneira intensa de metáforas como estratégias
mais aceitação (já que sentir é uma para demonstrar e afetar a arbitrariedade da
possibilidade humana e que o que se sente construção da linguagem e a função que ela e o
396 Conte, F. C. S. 

comportamento verbal podem exercer na fato (Kohlenberg et al., 2005).


determinação das redes comportamentais. A ocorrência de equivalência funcional
Quando um cliente como Patrick, por entre a situação terapêutica e da vida cotidiana
exemplo, diz à terapeuta que não vive mais em favoreceriam tanto a apresentação de respostas
luta com seus encobertos e que os tolera, de classes funcionais relacionadas aos
enquanto tenta viver os fatos presentes, problemas do cliente, como também seriam
responder as contingências atuais, agindo na uma oportunidade para produção de mudanças
direção de seus objetivos (como voar ou ter comportamentais que poderiam ser
sucesso em seu trabalho), escolhendo “sofrer” generalizadas para fora da clínica. Nesse
com seus enfrentamentos, demonstra que está processo, é importante que sejam definidas as
conseguindo modificar a função que seus classes de comportamentos clinicamente
encobertos exercem em suas cadeias relevantes tanto do repertório do cliente, como
comportamentais e minimizar o seu efeito do terapeuta. Os comportamentos do cliente
negativo em sua vida. Evidentemente, as são categorizados como CRBs-1, membros de
exposições, com máximo de “atenção plena”, uma classe funcional relacionada a ocorrência
agora para a estimulação relevante e não para de problemas; os CRBs-2, que são os
os encobertos disfuncionais, a não mais relacionados à melhora e geralmente
ocorrência de reforçamento das esquivas incompatíveis com os primeiros, e os CRBs-3,
experienciais, os encobertos tendem a se que são comportamentos da análise do próprio
extinguir, as respostas do cliente têm mais comportamento (Kohlenberg & Tsai, 1987), e
chance de serem controladas pelas os comportamentos do terapeuta são rotulados
contingências ambientais positivas, imediatas como Ts-1, comportamentos que tenderiam a
ou atrasadas, aumentando a força daquelas que fortalecer os comportamentos-problema do
estão em direção aos valores pelos quais “a cliente e os Ts-2, comportamentos do terapeuta
vida vale a pena ser vivida”. que poderiam favorecer a ocorrência das
Em resumo, mais do que lidar com um melhoras pretendidas (Kanter et al., 2009).
sofrimento específico, a ACT pretende dar ao Assim, os comportamentos do terapeuta em
cliente um instrumental que o ajude a lidar, de sessão, podem vir a ter função discriminativa,
forma mais eficaz e continuamente, com o eliciadora ou reforçadora para os
sofrimento que é fortemente determinado e comportamentos do cliente, tanto
mantido por contingências verbais e problemáticos, como de melhora, e é nessa
reforçamento negativo. O repertório novo a ser combinação de comportamentos do cliente e do
aprendido deve favorecer o estabelecimento de terapeuta que aparece a oportunidade de
uma vida onde reforçamento positivo seja mais mudança.
frequente. Especialmente interessante na FAP é a
Já a FAP, decorre de estudos de discussão que seus autores realizaram sobre os
Kohlenberg e Tsai nos anos de 1980 e 1990 processos cognitivos, mostrando passo a passo
sobre os processos comportamentais que como, dependendo dos processos de
ocorrem nas interações terapeuta-cliente, numa aprendizagem que ocorreram na história
perspectiva behaviorista radical. Interessa aos individual, as cognições podem ter diferentes
autores, principalmente, aquelas interações em funções e força de controle nas relações
que existem vínculos intensos e que se mostram resposta-resposta e como o conhecimento sobre
potencialmente mais curativas, ou seja, estão tais aspectos e o sobre o padrão
relacionadas aos melhores resultados. Na FAP, comportamental do cliente pode influenciar o
o principal instrumento de mudança é a análise terapeuta na escolha de procedimentos
funcional da relação terapêutica. O seu objetivo terapêuticos mais promissores para cada caso
é afetar problemas ou o sofrimento humano que (Kohlenberg, Tsai, Bolling, Parker, & Kanter,
é de natureza interpessoal. Considera-se que a 1999; Kohlenberg et al., 2005). Na interação
relação terapeuta-cliente é um contexto no qual com o terapeuta, o cliente pode fortalecer seu
os comportamentos relevantes do cliente repertório de discriminar os estímulos que estão
podem se apresentar e onde o terapeuta pode controlando o seu responder, sejam eles abertos
agir propiciando mudanças, em tempo real e ou encobertos e aumentar a ocorrência e a sua
através de contingências de reforçamento sensibilidade aos que lhe são mais relevantes.
funcionalmente similares às que ocorrem no Além dessas questões, os autores também
contexto e no ambiente que o cliente vive de descreveram como se dá a formação do Self,
Sofrimento e Análise do Comportamento 397

como já dito anteriormente, e apresentaram Bijou, S. W., & Baer, D. M. (1961). Child
propostas de como enfocar, na relação development: A systematic and empirical
terapeuta-cliente, os problemas a ele theory (Vol. 1). New York: Appleton-
relacionados. Enfim, a evolução dos Century-Crofts.
conhecimentos sobre os processos
comportamentais, principalmente verbais, vem
sendo incorporada à analise clínica Ferster, C. B. (1979). Psychotherapy from the
comportamental e dando aos terapeutas mais Standpoint of a Behaviorist. In J. D. Keehn,
recursos para lidar com o sofrimento dos seus (Ed.), Psychopathology in Animals:
clientes e ajudá-los a construir uma vida mais Research and Clinical Implications (pp.
valorosa. Estes recursos somam-se às técnicas, 279-303). Academic Press: New York.
procedimentos e estratégias comportamentais
que os precederam, complementando-os com Hayes, S. C. (1987). A contextual approach to
compatibilidade. Não apenas se agregam a eles, therapeutic change. In N. Jacobson (Ed.),
mas afetam e transformam qualitativamente os Psychotherapists in clinical practice:
processos comportamentais psicoterápicos. Cognitive and behavioral perspectives (pp.
327-387). New York: Guilford.

O que se descreveu aqui não é uma revisão


de estudos e nem sequer mencionam-se todas Hayes, S. C. (2004). Acceptance and
as propostas terapêuticas da Terceira Onda. Commitment Therapy and the new behavior
Mesmo que isso tivesse sido feito, o que se tem therapies: Mindfulness, acceptance and
hoje representa apenas o começo das relationship. In S. C. Hayes, V. M. Follette,
extrapolações e aplicações possíveis do que tem & M. Linehan (Eds.), Mindfulness and
sido produzido conceitual e filosoficamente, acceptance: Expanding the cognitive
para a prática clínica. O que se conhece hoje behavioral tradition (pp. 1-29). New York:
promete um espectro extenso de possibilidades! Guilford.
E, como responder à pergunta inicial? Que
as pessoas sofrem e são felizes e têm, para isso, Hayes, S. C., & Smith, S. (2005). Get out of
muitos recursos verbais. Podem ter, ao mesmo your mind and into your life: The new
tempo, medo e coragem; podem sentir-se Acceptance and Commitment Therapy.
amarradas enquanto andam, rapidamente, em Oakland, CA: New Harbinger.
direção a seus valores. O que é aparentemente
paradoxal ou contraditório nada mais é do que a
Hayes, S. C., Barnes-Holmes, D., & Roche, B.
riqueza das possibilidades humanas, cuja
(2001). Relational Frame Theory: A Post-
compreensão ajuda terapeutas a aumentarem a
Skinnerian account of human language and
flexibilidade e amplitude comportamental de
cognition. New York: Plenum Press.
cada cliente e, consequentemente, a produzir
mais bem estar individual e social.
Hayes, S. C., Strosahl, K., & Wilson, K. G.
(1999). Acceptance and Commitment
Therapy: An experiential approach to
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tristeza. Trabalho apresentado no VIII
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Psicoterapia e Medicina Comportamental, sobre o estudo do desamparo aprendido.
São Paulo, SP. Estudos de Psicologia, 14, 17-26.
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