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Medida CHEQUE- FORMAÇÃO

Projeto n.º 00487/CF/21

ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL NO TRABALHO


COM CRIANÇAS E JOVENS

“A ética profissional é muito mais do que uma conduta, é uma questão de


carácter”

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CHQF
ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL NO TRABALHO COM CRIANÇAS E
JOVENS

JUNHO DE 2022

MIRIAM MARQUES

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ÍNDICE
ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL NO TRABALHO COM CRIANÇAS E JOVENS ..................................... 2

ÍNDICE ............................................................................................................................................................ 3

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................. 5

Regulação comportamental em sociedade ................................................................................................... 6

Conceito de Moral e ética ............................................................................................................................. 7

Conceito de Moral ............................................................................................................................................. 7

Conceito de Ética ............................................................................................................................................... 8

Dilemas éticos.................................................................................................................................................... 9

Sujeito ético ..................................................................................................................................................... 11

Ética Profissional.......................................................................................................................................... 12

Questões de ética Profissional ........................................................................................................................ 13

Sigilo ................................................................................................................................................................ 13

Limites da Confidencialidade........................................................................................................................... 13

Comunicação profissional eficaz ..................................................................................................................... 14

Deontologia ................................................................................................................................................. 15

APEI – Associação Nacional de Profissionais de Infância ............................................................................ 16

- Compromisso com as Crianças ...................................................................................................................... 17

- Compromisso com as Famílias ...................................................................................................................... 18

- Comunidade e Sociedade .............................................................................................................................. 18

- Entidade empregadora .................................................................................................................................. 19

- Equipa de trabalho ........................................................................................................................................ 19

Perfil do/a Técnico/a de Ação Educativa (segundo ANQEP) ....................................................................... 20

Alcançar o cumprimento da conduta e excelência profissional .................................................................. 21

Necessidades das Crianças .......................................................................................................................... 23

Necessidades Físico-biológicas ........................................................................................................................ 23

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Necessidades Cognitivas.................................................................................................................................. 23

Necessidades Sociais e emocionais ................................................................................................................. 23

Maus tratos e negligência ........................................................................................................................... 24

Indicadores de Situações de Maus-Tratos ou Perigo dos 0 aos 6 anos ........................................................... 24

Indicadores Físicos ........................................................................................................................................... 24

Indicadores Comportamentais ........................................................................................................................ 24

Indicadores Familiares ..................................................................................................................................... 25

Definição de Maus Tratos/negligência ........................................................................................................ 27

Mitos sobre os Maus tratos ......................................................................................................................... 28

Responsabilidade dos Profissionais de educação Infantil na Prevenção dos Maus Tratos......................... 30

Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo ......................................................................................... 31

Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo (Lei n.º 147/99)................................................................... 31

Convenção dos Direitos das Crianças .......................................................................................................... 35

Intervenção dos Profissionais de Educação em Situações de Risco e Perigo .............................................. 42

O que fazer em caso de Maus-tratos?......................................................................................................... 43

BIBLIOGRAFIA E FONTES .............................................................................................................................. 45

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INTRODUÇÃO

O presente módulo denominado de Ética e Deontologia no Trabalho com Crianças e Jovens,


decorreu nas instalações do Jardim de Infância Nossa Senhora de Fátima da Santa Casa de
Misericórdia de Viseu, no período que ocorreu entre 14 de junho de 2022 a 21 de junho de 2022, com
um total de 25 horas, destinado a profissionais de educação infantil.

As questões éticas e deontológicas entendidas como dimensões complexas e integradoras, são


a base para o alcance da excelência profissional, deste modo este módulo teve como objetivos gerais
identificar os fatores deontológicos associados à sua atividade profissional, reconhecer as suas a
próprias funções e competências, reconhecer as exigências éticas e deontológicas em relação aos seus
colegas de trabalho, à própria organização e público externo.

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Regulação comportamental em sociedade

A subsistência e sustentabilidade de qualquer sociedade assenta na existência de normas, que


têm como função assegurar a integração e coesão social, a estabilidade, assim como a atribuição de
papéis e de identidade socialmente reconhecida. Estas estabeleçam pontes entre os indivíduos e
regulam os seus comportamentos quando estes se relacionam, nos mais variados papéis e domínios
de ação (social, familiar, profissional, etc.).

Por conseguinte, o ser humano necessita de criar regras uma vez que estas lhe permitem
previsibilidade à sua conduta, nomeadamente o agir e interagir, o discernir o certo do errado e,
distinguir o permitido do proibido. Estes padrões culturais, ou de conduta, socialmente criados, são
vinculativos para os membros do grupo. A sociedade pode desenvolver-se, num contexto de ordem e
estabilidade, permitindo ao Homem construir projetos de vida.

Na nossa sociedade, os principais modos de regulação dos comportamentos, isto é, delimitar


as ações dos indivíduos, são a ética, a moral, os valores, os princípios, os costumes, os deveres, o
direito e a deontologia. De ressalvar, que cada um destes modos aproxima-se mais da autorregulação
ou da hetero-regulação, sendo a moral a primordial subjacente da hetero-regulação e a ética da
autorregulação.

É nessa complementaridade que reside o segredo da eficácia da regulação, os comportamentos


problemáticos só são reduzidos de forma satisfatória se as instâncias sociais souberem tirar partido
de cada uma destas formas de regulação. Por isso, na sociedade atual, fortemente tecnológica, global
e complexa, é dada tanta importância à infraestrutura reguladora dos comportamentos.

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Conceito de Moral e ética

Conceito de Moral

Termo de origem latina “morales” significa costumes, está associado aos valores e
convenções estabelecidos coletivamente por cada cultura ou por cada sociedade, a partir da
consciência individual. A moral orienta o comportamento humano diante das normas instituídas pela
sociedade ou por um determinado grupo social, consiste na aceitação das regras estabelecidas, ou
seja, consiste num conjunto de regras, valores, proibições, crenças, tabus, normas, princípios, que são
impostos pela Sociedade (ex. Código civil), Religião e Política.

Comumente, a moral tem uma dimensão imperativa, porque obriga a cumprir um dever
fundado num valor moral imposto por uma autoridade. Por isso, aplica-se através da disciplina e a
motivação para a ação é, neste caso, a convicção (interiorização do bem e do mal e da legitimidade
da entidade que os enuncia) e a sanção.

A esfera moral lida, sobretudo, com juízos de valor e comporta que se experienciem
sentimentos face às condutas adotadas, que formam o conteúdo da Consciência Moral (sentimento
do dever cumprido, pesar e/ou remorso pelo dever violado), que se manifesta na capacidade para
deliberar diante de alternativas possíveis, decidindo e escolhendo uma delas antes de alcançar a ação.

A consciência tem a capacidade de avaliar e pesar as motivações pessoais, as exigências feitas


pela situação, as consequências para si e para os outros, a conformidade entre meios e fins, a obrigação
de respeitar o estabelecimento ou transgredi-lo.

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Conceito de Ética

Deriva de “Étimos”, que significa hábitos e costumes ou deriva também de “Eros” – que
significa de modo de ser ou caracter

Recorre à sua individualidade, depende do sujeito:

- Os meios para alcançar e o fim a que deve dirigir a conduta humana;

- Comprovar porque algo é bom ou mau, justo ou injusto, bem ou mal;

- Delimitam as ações dos seres humanos, sob a forma de atitudes e de comportamentos quotidianos

- Normativa, trata da retidão do comportamento humano

- Reflexão crítica sobre a moral

- O indivíduo vai adquirindo ao longo da vida, uma pessoa ou um determinado grupo;

- Análise e reflexão das regras morais;

- Recorre aos princípios morais

Kant (1988), define a ética como uma reflexão teórica sobre a moral e uma revisão racional e
crítica sobre a validade da conduta humana. Por isso, a ética é uma justificação racional da moral, e
remete-nos a ideias ou valores que procedem a partir da própria deliberação do homem.

Favorece a reflexão, cultiva a responsabilidade e a autonomia no indivíduo e é aplicada através


do julgamento individual, sendo a motivação para a ação o compromisso pessoal para com os outros
em respeitar os valores partilhados e a responsabilidade. Ou seja, responde: “Porque devemos fazer?
Que argumentos corrobam ou sustentam o que estamos aceitar como guia de conduta?”

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Dilemas éticos

O dilema ético é uma situação em que há um conflito entre os diferentes valores da pessoa e
as opções de ação disponíveis. Podem ser definidos como situações em que uma pessoa precisa
escolher entre duas ou mais alternativas com um término indesejável independentemente da escolha

 Confronta os valores, princípios, normas do sujeito


 Podem causar uma perturbação elevada, que é difícil decidir que factos e dados são
necessários na tomada de decisão
 Os resultados do problema precisam afetar mais do que a situação imediata; deve haver efeitos
de longo alcance

Exemplo de um Dilema ético:

“Numa cidade da Europa, uma mulher estava a morrer de cancro.

Um medicamento descoberto recentemente por um farmacêutico dessa cidade podia salvar-


lhe a vida. A descoberta desse medicamento tinha-lhe custado muito dinheiro, que agora pedia dez
vezes mais por uma pequena dose desse medicamento.

Heynz, o marido da mulher que estava a morrer, foi ter com as pessoas, suas conhecidas, para que lhe
emprestassem o dinheiro solicitado por este, ao qual elas responderam que não poderiam ajudar.

Heynz sem saber o que fazer, pediu ao farmacêutico para o deixar levar o medicamento, pagando
mais tarde ou pagando em prestações. Suplicou para puder salvar a vida da sua esposa.

O farmacêutico respondeu que não, que tinha descoberto o medicamento e que queria ganhar
dinheiro com a sua descoberta.

Reflexão

- Heynz, que tinha feito tudo ao seu alcance para comprar o medicamento, ficou desesperado e assaltou
a farmácia e roubar o medicamento para tratar a sua mulher”.

- Heynz devia roubar o medicamento? Porquê? Ou por que não?

- Se Heynz não amasse a sua mulher, devia roubar o medicamento? Porquê? Ou por que não?

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- Suponha que a pessoa doente não é a sua mulher, mas uma estranha. Henrique devia roubar o
medicamento?

- No caso de ser a favor do roubo para a pessoa estranha: suponha que se trata de um animal de
estimação. Henrique devia roubar para o salvar? Porquê? Ou por que não?

- É importante para as pessoas fazerem tudo o que podem para salvar a vida de outrem? Porquê?
Ou por que não

Guia orientador- dilemas éticos

Tendo como base os princípios éticos:

• O sujeito pode identificar o problema mas precisa fazê-lo com precisão

• O sujeito pode expressar todas as emoções análogas à sua dúvida. Pode escutar todas as suas
emoções, conhecendo a dimensão emocional envolvido ao problema.

• A pessoa pode analisar as opções, verificando quais são as suas alternativas.

• A primeira coisa a fazer quando se depara com um dilema ético é determinar se a situação
realmente requer uma decisão que contraria os próprios valores.

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DEFINIR EXCELÊNCIA PROFISSIONAL .

Sujeito ético

O principal constituinte da exigência ética é o sujeito moral. O sujeito ético só pode existir se
preencher as seguintes condições, de acordo com Fortes (1995):

 Ser consciente de si e dos outros: deve ser capaz de reconhecer a existência dos outros como
sujeitos iguais a si;

 Ser dotado de vontade: isto é, deve ter a capacidade para controlar e orientar desejos,
impulsos, tendências, sentimentos e capacidade para deliberar e decidir entre várias
alternativas possíveis;

 Ser responsável: isto é, deve ser capaz de reconhecer-se como autor da ação, avaliar os efeitos
e as consequências dela sobre si e sobre os outros, assumindo-as bem como às suas
consequências, respondendo por elas;

 Ser livre: isto é, deve ser capaz de oferecer-se como causa interna de seus sentimentos, atitudes
e ações, por não estar submetido a poderes externos. A liberdade não é tanto o poder para
escolher entre vários possíveis, mas o poder para autodeterminar-se, dando a si mesmo as
regras de conduta.

Exige-se a responsabilidade nos deveres do ser humano para com o outro e todos para com a
humanidade, tendo subjacente os princípios de Promoção da justiça e da equidade; Respeito à
dignidade humana; Promoção do bem-estar dos indivíduos e da população em geral e, ainda respeito
e estímulo à autonomia dos indivíduo (Silva, 1997).

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Ética Profissional

Conjunto de normas morais pelas quais o indivíduo deve orientar o seu comportamento
profissional. A ética profissional tem como princípios a imparcialidade, a empatia, a compreensão, a
benevolência, a seriedade, o sigilo, o rigor, o zelo, a diplomacia entre outras virtudes éticas, com o
fim de benefício do paciente/cliente, da entidade empregadora, dos colegas de trabalho e a sociedade
em geral.

Desta forma, a ética profissional - os padrões de conduta a aplicar no exercício da profissão,


uns comuns a várias profissões, outros específicos da profissão em causa - ajuda os indivíduos a
pertencerem a um determinado grupo e distingue esse mesmo grupo dos demais grupos profissionais.
Ajuda a tomar decisões profissionais que sejam acertadas do ponto de vista ético, bem como uma
reforça a reputação do grupo profissional para que consiga alcançar com a sua conduta ética exercer
as suas funções na sua área de expertise.

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Questões de ética Profissional

Sigilo

A instituição, bem como os profissionais têm de honrar a confiança que a criança/ jovem
(cuidadores) nela deposita:

 Nunca se deve falar sobre uma criança ou jovem à frente de outras crianças ou jovens,
familiares ou visitantes;

 Devem existir espaços próprios para colaboradores e técnicos debaterem os problemas doas
crianças/jovens;

 Os processos das crianças ou jovens devem estar guardados num local próprio e de acesso
restrito;

 A informação em suporte informático deve estar protegida com passwords;

 Os colaboradores e técnicos devem ter acesso apenas à informação estritamente necessária


para fazerem o seu trabalho;

 Quando um colaborador terminar a consulta de qualquer documento, deve repô-lo


imediatamente no seu lugar reservado;

 A informação sobre a vida da criança ou jovem antes de chegar à instituição deve ser
reservada, dando-se a conhecer aos colaboradores apenas os dados que possam exigir uma
intervenção a qualquer momento (exemplo: epilepsia, diabetes).

Limites da Confidencialidade

Por vezes é necessário quebrar a confidencialidade/sigilo, ou seja, pode ser preciso transmitir
informação sobre uma criança ou jovem sem ter a sua autorização expressa (ou dos cuidadores).

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Constitui uma exceção que só pode acontecer se existirem exigências da salvaguarda da vida, ou da
integridade física da criança ou jovem. Nestas situações é importante informarmos a criança ou jovem
de que a informação que nos foi veiculada será transmitida a terceiros para sua (ou de outros)
proteção.

Comunicação profissional eficaz

 Clarificar e simplificar, tentar solucionar conflitos, não criar mais.


 Saiba onde e sobre o que se comunicar
 Desenvolva as suas habilidades de colaboração
 Converse frente a frente, quando possível
 Cuidado com a sua linguagem corporal e tom de voz
 Atenha-se a fatos, não histórias
 Certifique-se de estar conversando com a pessoa certa
 Reuniões de equipa
 Sessões de feedback individuais;
 Proceder a todas as informações pertinentes
 Comunicação sobre a identificação de problemas/sucessos
 Colaboração em tarefas interdisciplinares
 Comunicação não-verbal adequada

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Deontologia

Profissão é, acima de tudo, um dever social. Portanto, o profissional deve ter consciência do
impacto positivo ou negativo que a sua atuação pode trazer para a sociedade no geral.

Deontologia, deriva do grego “deon ou deontos” que significa dever e “logos”, que se traduz por
discurso ou tratado.

O objetivo primordial da Deontologia é reger os comportamentos dos membros de uma


profissão, através de um conjunto de deveres, princípios e normas, para alcançar a excelência no
trabalho, tendo em vista:

— O reconhecimento pelos pares;

— Garantir a confiança do público;

— Proteger a reputação da profissão.

É uma disciplina da ética especialmente adaptada ao exercício de uma profissão, de acordo


com a Ética Profissional, que diz respeito a um conjunto de princípios e regras de conduta ou deveres
de uma determinada profissão, ou seja, cada profissional deve ter a sua deontologia própria para
regular o exercício da profissão, e o Código de Ética, que se refere a um Instrumento criado para
orientar o desempenho das organizações em suas ações e na interação com o público-alvo. Ainda,
estabelece e articula valores, responsabilidades, obrigações, desafios éticos, forma como atuar e serve
de guia à conduta profissional.

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APEI – Associação Nacional de Profissionais de Infância

A APEI é uma Associação Nacional de Profissionais de Educação de Infância e foi criada em


1981, por iniciativa de um grupo de educadores, sendo constituída por profissionais e por pessoas
motivadas e interessadas em conhecer a Educação de Infância (0 a 6 anos de idade).

A APEI tem como objetivos:

 Promover o desenvolvimento da identidade profissional dos seus associados numa vertente


ética;
 Promover a informação e formação contínua dos Associados;
 Estimular a inovação e divulgação nas práticas educativas e a investigação;
 Desenvolver ações conjuntas com associações similares que exerçam atividades no campo da
educação;
 Defender os interesses dos associados, no âmbito da sua atividade profissional.

A APEI, estimulada pela reflexão filosófica no domínio da ética, concretamente da ética de


responsabilidade, da comunicação e do encontro com o rosto do outro, elaborou como referência
deontológica uma carta de princípios que tem subjacente a Declaração dos Direitos Humanos, a
Declaração dos Direitos da Criança, assim como as Declarações que visam o reconhecimento de
minorias.

Deste modo, tem como princípios:

A Competência - enquanto saber integrado, cientificamente suportado e em permanente reconstrução.

A Responsabilidade - enquanto atitude dinâmica que permite dar resposta correta, no sentido do bem
do outro, e que exige uma mobilização pessoal atenta e solícita.

A Integridade - enquanto conjunto de atributos pessoais que se revelam numa conduta honesta, justa
e coerente.

O Respeito - enquanto exigência subjetiva de reconhecer, defender e promover a intrínseca e


inalienável dignidade da pessoa.

Por conseguinte, tem como missão afirmar a profissão, enquanto prática reflexiva, numa
perspetiva ética; contribuir para uma cultura de responsabilidade a partir do interior do próprio grupo
profissional; estimular os profissionais a tomar consciência das situações mais ou menos complexas

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com que se deparam, a avaliar e ponderar o que está em jogo, para poderem decidir e agir de modo
adequado, justo e correto, o que significa uma procura ativa dos valores que estão na génese dos
critérios que sustentam este processo; constituir um instrumento que propicie a interrogação crítica
das práticas, tendo em vista o bem do outro e o bem comum; consciencializar os profissionais de que
o poder que detêm e o seu modo de agir, influencia, transforma e tem consequências naqueles que os
encontram no decurso do exercício da sua prática e, ainda propiciar a cada profissional, em função
do seu próprio contexto, um reequacionamento permanente e pessoal dos princípios nela enunciados,
de modo a ampliá-los e a situar a respetiva exigência.

Por último, estabelece cinco compromissos, que os profissionais se comprometem a mobilizar,


na procura de sentido ético, no seu agir pessoal e profissional e de modo específico nos seguintes
domínios:

- Compromisso com as Crianças

 Respeitar toda a criança, independentemente da sua religião, género, etnia, cultura, estrato
social ou com NEE, incluindo-a e promovendo e divulgando os seus direitos consignados na
Convenção Internacional.

 Encarar as suas funções educativas de modo amplo e integrado, na atenção à criança na sua
globalidade e inserida no seu contexto.

 Responder com qualidade às necessidades educativas das crianças, promovendo para isso
todas as condições que estiverem ao seu alcance.

 Considerar com o maior cuidado os diagnósticos e prognósticos da situação e futuro de cada


criança, sabendo que fazem parte da interação que se estabelece.

 Cuidar na relação educativa a gestão da “aproximação” e da “distância”, do respeito pela


individualidade, sentimentos e potencialidades de cada criança utilizando o seu poder no
sentido da autonomia de cada uma.

 Promover a aprendizagem e a socialização numa vida de grupo cooperada, estimulante, lúdica,


aberta à comunidade.

 Respeitar a privacidade de cada criança e garantir o sigilo profissional.

 Conhecer as leis de proteção às crianças e estar atento(a) a casos de abuso físico ou


psicológico, alertando os agentes competentes, quando necessário.

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- Compromisso com as Famílias

 Respeitar a família das crianças e a sua estrutura, valorizando a competência educativa das
mesmas e colaborando de modo a que as crianças sintam que a família e a instituição estão
ligadas no processo educativo

 Promover a participação e acolher os contributos das famílias, aceitando-as como


parceiras

 Manter sigilo relativamente às informações sobre a família (salvo exceções que ponham em
risco a integridade da criança)

 Fornecer às famílias informações sobre a instituição, sobre o seu projeto educativo e ainda
sobre o desenvolvimento concreto do mesmo. Informá-las acerca do dia-a-dia da criança e
sobre eventuais situações excecionais

 Disponibilizar-se para dar apoio

 Nunca utilizar as famílias para atingir interesses pessoais

- Comunidade e Sociedade

 Conhecer e respeitar as tradições e costumes da comunidade onde a instituição está inserida

 Estabelecer relações de cooperação com as diferentes entidades socioeducativas da


comunidade

 Assumir a sua condição de cidadã(o), agindo de modo informado, responsável e coerente com
o seu estatuto de profissional

 Situar-se nas políticas públicas educativas, contribuindo para uma educação de qualidade e
para a promoção de práticas de equidade social

 Implicar-se na valorização da função social e cultural dos profissionais de Infância e na


construção das condições estruturais que mais a dignifiquem

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 Reequacionar a sua ação de acordo com os desafios emergentes, perspetivando-os na ecologia
da infância.

- Entidade empregadora

 Participar na construção da própria organização social em que está inserido(a)

 Colaborar com a entidade empregadora na prossecução da qualidade do serviço, do bem-estar


da criança e do respeito pelas leis

 Cumprir com responsabilidade as funções que lhe estão atribuídas

 Respeitar as normas e regulamentos

 Contribuir para o bom- nome e credibilidade da instituição

 Tornar claro quando fala em nome do empregador ou no seu próprio nome

 Colaborar com a entidade empregadora, fazendo apelo ao diálogo franco e à razoabilidade,


não pactuando com situações ilegais ou que não se coadunem com a garantia dos interesses
das crianças ou com as exigências éticas.

- Equipa de trabalho

 Respeitar os colegas de profissão e colaborar com todos os intervenientes na equipa educativa


não discriminando qualquer colega

 Ser solidário com os seus colegas de trabalho nas decisões tomadas em conjunto e nas
situações difíceis

 Partilhar informações relevantes no seio da equipa dentro dos limites da confidencialidade

 No caso de desvios graves na prática de colegas, alertar as pessoas implicadas, tendo sempre
o cuidado de o fazer de forma sensível, colocando o interesse das crianças acima dos interesses
individuais

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Perfil do/a Técnico/a de Ação Educativa (segundo ANQEP)

Descrição Geral

Cuidar, apoiar, vigiar e acompanhar crianças e jovens sob a orientação de outros


profissionais, apoiando o planeamento, organização e execução de atividades do quotidiano,
de tempos livres e ou pedagógicas, contribuindo para o desenvolvimento integral e bem-estar
das crianças e jovens, no respeito pelos princípios de segurança e deontologia profissional.

Atividades Principais

Colaborar na planificação, organização e execução de atividades a desenvolver com


as crianças e jovens em diferentes contextos de atuação.

Colaborar com o/a responsável pelas atividades lúdico-pedagógicas no seu


planeamento e organização, em função das temáticas e dos conteúdos a desenvolver.

Vigiar, acompanhar e apoiar crianças e jovens, no desenvolvimento das atividades


previstas, garantindo e promovendo a sua segurança em todos os momentos.

Acompanhar e apoiar crianças e jovens no desenvolvimento das atividades de higiene


pessoal.

Organizar refeições, bem como acompanhar e apoiar as crianças e jovens durante o


período de refeições.

Assegurar as condições de higiene, segurança e organização do local onde as crianças


e jovens se encontram, bem como dos equipamentos e materiais utilizados.

.Detetar e reportar superiormente eventuais problemas de saúde e de desenvolvimento


ou outros respeitantes às rotinas diárias das crianças e jovens.

Registar e reportar superiormente ocorrências.

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Alcançar o cumprimento da conduta e excelência profissional

 - Procurar uma atitude interior que tenha em conta valores claramente assumidos e uma
conduta que reúna atenção, respeito e confiança nos outros.

 - Cuidar do seu bem-estar físico e psicológico, bem como no seu modo de comunicar.

 - Assumir a sua profissão procurando uma articulação dialógica entre o eu pessoal e o eu


profissional.

 - Cuidar da sua formação contínua e fazer investigação pertinente, mantendo-se atualizado


com especial incidência na área da pedagogia.

 Trabalhar em equipa, promovendo uma relação de confiança, cooperação e uma prática


reflexiva.

 Ter consciência de que o profissional de infância é uma referência dentro e fora da instituição
em que trabalha, assumindo essa realidade.

 Aceitar os seus limites e dificuldades, procurando formas de os ultrapassar e decidir afastar-


se (temporária ou definitivamente) quando não possuir as capacidades físicas e psicológicas
para responder com qualidade às exigências da sua profissão.

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Orientação

Um dos compromissos para com a crianças, exigidos a um profissional trabalhador com


crianças e jovens é conhecer as leis de proteção às crianças e estar atento(a) a casos de abuso físico
ou psicológico, alertando os agentes competentes, quando necessário.

Para se intervir no âmbito da proteção das crianças é necessário:

• Distinguir os conceitos de “risco” e “perigo”

• As suas necessidades e as consequências das mesmas

• O que são maus tratos/negligência e as diferentes formas de ocorrerem

• Saber identificar identificadores de maus tratos / negligência

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Necessidades das Crianças

Na abordagem dos maus tratos na infância parte-se do ponto de vista da criança e das suas
necessidades, o que torna mais percetível a existência desta problemática., desta forma é pertinente
que o profissional de educação infantil tenha conhecimento das mesmas.

Necessidades Físico-biológicas

As necessidades de carácter físico-biológico referem-se às condições que devem cumprir-se para


garantir a subsistência e um desenvolvimento físico saudável. Este tipo de necessidades inclui saúde,
alimentação, vestuário, higiene, sono, atividade física, e proteção de riscos reais.

Necessidades Cognitivas

As necessidades cognitivas referem-se às condições que devem facultar-se para que as pessoas
possam conhecer e estruturar as experiências do mundo que as rodeia. Constituem-se, também, como
elementos necessários para a aquisição de competências de comunicação que lhes irão permitir viver
em relação com o outro. As necessidades cognitivas incluem a estimulação sensorial e física e a
compreensão da realidade

Necessidades Sociais e emocionais

As necessidades sociais e emocionais prendem-se com as condições que devem cumprir-se para que
os indivíduos tenham um desenvolvimento afetivo adequado e adaptado às circunstâncias do meio
envolvente. Constituem-se, ainda, como elementos necessários à aquisição de estratégias de
expressão de sentimentos e de interação com os outros. Todos estes elementos são essenciais para o
desenvolvimento do autoconceito, da autoestima e do autocontrolo.

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Maus tratos e negligência

Indicadores de Situações de Maus-Tratos ou Perigo dos 0 aos 6 anos

Indicadores Físicos

 Vai frequentemente para a creche/jardim de infância sem tomar o pequeno-almoço

 Vai frequentemente para a creche/jardim de infância sem levar nenhum alimento

 Pede frequentemente comida aos colegas.

 Usa sempre ou frequentemente a mesma rompa.

 Usa sempre ou frequentemente rompa inadequada.

 Apresenta−se sempre ou frequentemente com o cabelo sujo

 Apresenta sempre ou frequentemente odores desagradáveis

 Apresenta feridas com arranhões não explicáveis ou mal explicados pelos pais

 Apresenta sinais de mordeduras humanas

 Tem sinais de pancada no corpo.

 Apresenta queimaduras.

 Mostra−se sempre ou frequentemente cansada

 Chega sempre ou frequentemente cansada à escola.

 O sem rosto exprime sempre ou frequentemente tristeza.

 Apresenta um desenvolvimento físico inadequado.

 Adoece com muita frequência.

 Vai sempre ou frequentemente à creche/jardim quando está doente.

Indicadores Comportamentais

 Manifesta atitudes defensivas perante qualquer aproximação física.

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 Mostra−se cauteloso no contacto físico com adultos ou com os pais.

 Tem sempre ou frequentemente uma atitude hipervigilante.

 Permanece sempre ou frequentemente muito tempo calado.

 É frequentemente pouco expressivo.

 Mostra−se sempre ou frequentemente muito inquieto.

 Chora sempre ou frequentemente nas aulas sem justificação.

 Mostra−se sempre ou frequentemente triste.

 Procura sempre ou frequentemente proteção nos profissionais.

 Mostra−se sempre ou frequentemente apreensivo quando vê outras crianças a chorar.

 Manifesta frequentemente pouca empatia com os sentimentos das outras pessoas.

 Não quer ir para casa.

 Tenta continuamente ser o centro das atenções

 Isola−se sempre ou frequentemente no recreio

 Os colegas não simpatizam com ele.

Indicadores Familiares

 Subestimam frequentemente os comportamentos perturbadores/problemáticos.

 Recusam-se a comentar os problemas da criança.

 Não dão nenhuma explicação aceitável para as situações sinalizadas pelas/os

educadores/ajudantes.

 Não impõem limites ao comportamento da criança.

 São extremamente protetores da criança.

 Tratam os irmãos de forma desigual.

 Têm uma imagem negativa da criança.

 Não prestam atenção às umas necessidades.

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 Deixam-se frequentemente do comportamento da criança. São muito exigentes com a

criança

 Utilizam uma disciplina demasiado rígida e autoritária.

 Utilizam o castigo físico como método de disciplina.

 Culpam ou desprezam a criança.

 Não manifestam afeto em relação à criança.

 Não se preocupam com a educação da criança.

 Não se preocupam com a sua estimulação.

 Parecem não se preocupar com a criança.

 Deixam-se frequentemente do comportamento da criança. São muito exigentes com a

criança

 Utilizam uma disciplina demasiado rígida e autoritária.

 Utilizam o castigo físico como método de disciplina.

 Culpam ou desprezam a criança.

 Não manifestam afeto em relação à criança.

 Não se preocupam com a educação da criança.

 Não se preocupam com a sua estimulação.

 Parecem não se preocupar com a criança.

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Definição de Maus Tratos/negligência

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Mitos sobre os Maus tratos
É FALSO QUE… É VERDADEIRO QUE …
ÉOsFALSO
mausQUE…
tratos às É VERDADEIRO
A incidência de maus tratos às crianças situa-se,QUE
a …
crianças
Os maussão pouco
tratos às nível mundial,de
A incidência entre
maus1,5tratos
e 2 por
àsmil. Refere-se
crianças apenas
situa-se, a
frequentes.
crianças são pouco aos
nívelcasos que entre
mundial, são registados.
1,5 e 2 porEstima-se que os
mil. Refere-se apenas
frequentes. números
aos casosreais
quesejam ainda maisEstima-se
são registados. elevados. que os
Só as pessoas alcoólicas, números
Todas as reais sejam
pessoas sãoainda mais
capazes deelevados.
maltratar as
Só as pessoas alcoólicas,
toxicodependentes ou Todas asdependendo
crianças, pessoas sãodas
capazes de maltratar
circunstâncias. Nemastodas
toxicodependentes ou
mentalmente perturbadas crianças,
as pessoasdependendo das circunstâncias.
com problemas Nem todas
de adições ou patologias
mentalmente
é que maltratamperturbadas
as as pessoas
mentais com problemas
maltratam de adições ou patologias
as crianças.
écrianças.
que maltratam as mentais maltratam as crianças.
crianças.
Os maus tratos às Os maus tratos ocorrem em todas as classes sociais.
Os maus tratos às Os maus tratos ocorrem em todas as classes sociais.
crianças só acontecem As famílias com maiores recursos económicos e
crianças só acontecem As famílias com maiores recursos económicos e
em classes sociais baixas sociais também maltratam as crianças, se bem que a
em classes sociais baixas sociais também maltratam as crianças, se bem que a
ou economicamente
ou economicamente detecção
detecção seja
seja mais
mais difícil,
difícil, associados
associados aa outros
outrosfactores
factores
desfavorecidas.
desfavorecidas. de
de perturbação.
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Os pais
Os pais podem
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Os filhos
filhos não
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atribuídasresponsabilidades
responsabilidadesparentais
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filhos ee ninguém
filhos ninguém se
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cumprirem esseesse poder/dever
poder/deverem embenefício
benefíciodos
dosfilhos.
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Estado ee aa Sociedade
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colocam em em perigo
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perigo causado
causado porpor outrem
outrem e/ou
e/ou pelos
pelos próprios
própriosfilhos.
filhos.
Embora seja
Embora seja obrigação
obrigação da da família
família cuidar
cuidareeproteger
proteger
as crianças,
as crianças, aa responsabilidade
responsabilidade pelopelo bem-estar
bem-estarda da
infância recai
infância recai sobre
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todaaacomunidade.
comunidade.
Os
Os filhos necessitam de
filhos necessitam de AA utilização
utilização dodo castigo
castigo físico
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como método
método de de
mão
mão pesada; de outro
pesada; de outro disciplina provoca
disciplina provoca reacções
reacções agressivas
agressivas que
que aumentam
aumentam
modo não aprendem. a frequência e gravidade dos conflitos na família. De
modo não aprendem. a frequência e gravidade dos conflitos na família. De
tal modo que cada vez são necessários mais castigos e
tal modo que cada vez são necessários mais castigos e
de maior intensidade para controlar o comportamento
de maior intensidade para controlar o comportamento
da criança, produzindo-se uma escalada da violência
da criança,
entre pais eproduzindo-se uma escalada
filhos. Pelo contrário, da violência
uma disciplina firme
entre
baseadapaisem
e filhos. Pelodemocráticos
princípios contrário, uma disciplina
e não firme
violentos
baseada em princípios
gera a cooperação dos democráticos
mais pequenos. e não violentos
gera a cooperação dos mais pequenos.
Maltratar é danificar Quando se fala de maltratar uma criança incluem-
Maltratar é danificar
fisicamente uma criança Quando
se tantoseasfala de maltratar
acções abusivas uma
comocriança incluem-
as omissões e
fisicamente uma
deixando-lhe criança
graves se tanto as acções
negligências. Emboraabusivas
os mauscomo as omissões
tratos e
físicos tenham
deixando-lhe
sequelas graves
físicas. negligências.
grande impacto Embora
públicoospela
maus tratos físicos
indignação que tenham
geram
sequelas físicas. e maiorimpacto
grande visibilidade, sãopela
público maisindignação
frequentesqueoutros
geram
etipos devisibilidade,
maior maus tratos, que
são se frequentes
mais caracterizam por não
outros
responderem
tipos de maus satisfatoriamente às necessidades
tratos, que se caracterizam por não
emocionais ousatisfatoriamente
responderem físicas básicas para o desenvolvimento.
às necessidades
A natureza humana emocionais ou físicas
Algumas pessoas básicas
revelam para odificuldades
graves desenvolvimento.
em
impulsiona os cuidar devidamente
Algumas dos filhos
pessoas revelam emdificuldades
graves determinadas
em
A natureza humana
progenitores para o condições. Ser pai não implica em todos os casos
impulsiona os cuidar devidamente dos filhos em determinadas
cuidado e atenção aos saber, querer, ou poder fazer o mais adequado para os
progenitores para o condições. Ser pai não implica em todos os casos
filhos. filhos. A parentalidade positiva é composta por uma
cuidado e atenção aos saber,
série dequerer, ou poder fazer
comportamentos queosemais adequado
podem para os
aprender.
filhos. filhos. A parentalidade positiva é composta por uma
série de comportamentos que se podem aprender.

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É FALSO QUE… É VERDADEIRO QUE …
Os abusos sexuais não Na realidade, muitas crianças em todo o mundo são
existem ou são muito vítimas de abuso sexual. Trata-se de um fenómeno
pouco frequentes. expressivo e frequente, em todos os países. No
entanto, os dados estatísticos revelam apenas uma
pequena parte da realidade.
As crianças inventam as Quando uma criança denuncia um abuso devemos
histórias sobre abusos prestar-lhe tanto mais atenção quanto menor for a
sexuais. sua idade.
As vítimas dos abusos O abuso sexual pode ocorrer em qualquer idade,
sexuais costumam ser sendo os casos perpetrados sobre as crianças mais
adolescentes. pequenas mais graves e difíceis de detectar, pela sua
maior incapacidade de se defenderem e de denunciar
a situação. Frequentemente, os abusadores fazem os
possíveis (através de chantagens, proibições, ameaças,
…) para silenciar as vítimas.
Em geral, o agressor de A maior parte dos abusadores sexuais são familiares
um abuso sexual é uma directos ou pessoas próximas da vítima (pai, tio, avô,
pessoa sem escrúpulos e irmão, vizinho, amigo da família, monitor, …), que
alheia à família. apresentam uma imagem normalizada e socialmente
adaptada.
O abuso sexual é fácil de A maior parte dos casos de abuso sexual não são
reconhecer. conhecidos pelas pessoas próximas das vítimas,
já que este é um problema que tende a ser negado
e ocultado, frequentemente por medo das vítimas
relativamente ao agressor.
Só as raparigas podem ser Na realidade tanto as raparigas como os rapazes
vítimas de abuso sexual são vítimas, tudo dependerá das preferências dos
agressores e da facilidade que estes têm em chegar a
uns ou a outros.
Algumas crianças são Algumas crianças pelas suas características atraem a
sedutoras e provocantes simpatia dos adultos, contudo jamais pode justificar
que um adulto julgue que pode estar a ser provocado
sexualmente. Quando uma criança solicita o carinho
de um adulto, o que quer transmitir é que confia nele e
necessita do seu afecto.

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Responsabilidade dos Profissionais de educação Infantil na Prevenção dos Maus
Tratos

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Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo

Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo (Lei n.º 147/99)

Primeiramente… É pertinente distinguir os conceitos de “Risco” e “Perigo”

Risco Perigo

Situação de vulnerabilidade tal que, se não for Probabilidade séria de dano da segurança,
superada, pode vir a determinar futuro perigo ou saúde, formação, educação e desenvolvimento
dano para a segurança, saúde, formação, integral da criança, ou já a ocorrência desse dano
educação ou desenvolvimento integral da
criança/jovem

Ex.: “A Maria tem 13 anos e está grávida de 8 Ex.: “A Maria tem 13 anos e está grávida de 8
meses. Vai periodicamente às consultas meses. Os seus pais, quando tomaram
acompanhada pelos seus pais que não dispõem conhecimento da situação da Maria agrediram-
de grandes recursos económicos mas na e expulsaram-na de casa. A Maria não tem
apresentam bons recursos afetivos. Frequenta a mais familiares a quem recorrer, tendo sido
escola até à data com aproveitamento. A partir encontrada pela polícia a dormir no banco de
do momento do nascimento da criança, passará uma estação de comboios.”
a ser difícil a conciliação dos horários, bem
como se observará a um acréscimo de despesas
difíceis de suportar para os pais. A família mora
numa casa apenas com duas assoalhadas.”

A lei refere uma consciência social a todos os cidadãos que detetem uma situação de maus
tratos ou outras situações de perigo para uma criança, têm o dever de lhe prestar auxílio imediato e/ou
a comunicar o facto às entidades competentes de primeira linha ou às Comissões de Proteção de

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Crianças e Jovens. Esta obrigação genérica converte−se em específica quando se refere ao dever dos
profissionais das entidades com competência em matéria de infância e juventude.

 Esta lei aplica-se quando o “representante legal, pais ou guarda de facto, ponham em perigo
(…) a criança ou o jovem, (…) resulte da ação ou omissão de terceiros ou da própria criança
ou do jovem (…).” Artigo 3º-1

Emprega-se aquando a criança:

 Está abandonada ou vive entregue a si própria;


 Sofre maus tratos físicos ou psíquicos ou é vítima de abusos sexuais;
 Não recebe os cuidados ou a afeição adequamos à sua idade e situação pessoal;
 Está ao cuidado de terceiros, durante período de tempo em que se observou o estabelecimento
com estes de forte relação de vinculação e em simultâneo com o não exercício pelos pais das
suas funções parentais;
 É obrigada a atividades ou trabalhos excessivos ou inadequados à sua idade, dignidade e
situação pessoal ou prejudiciais à sua formação de desenvolvimento;
 Está sujeita, de forma direta ou indireta, a comportamentos que afetem gravemente a sua
segurança ou o seu equilíbrio emocional;
 Assume comportamentos ou se entrega a atividades ou consumos que afetem gravemente a
sua saúde, segurança, formação, educação ou desenvolvimento sem que os pais, o
representante legal ou quem tenha a guarda de facto se lhes oponham de modo adequado a
remover essa situação.

Medidas de Promoção e Proteção:

Medidas de colocação:

 Acolhimento familiar
 Acolhimento residencial

Meio natural de vida:

 Apoio junto dos pais;


 Apoio junto de outro familiar;

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 Confiança a pessoa idónea;
 Apoio para a autonomia de vida.

Acolhimento familiar

É a colocação de uma Criança/Jovem até aos 18 anos em meio familiar estável de uma
criança ou jovem que está em situação de perigo, visando garantir o afeto, o bem-estar e o seu pleno
desenvolvimento.

Quem pode ser família de acolhimento?

• Uma pessoa singular.

• Duas pessoas casadas ou unidas de facto há mais de 2 anos.

• Duas ou mais pessoas ligadas por laços de parentesco e que vivam em comunhão de mesa e
habitação.

Ter idade superior a 25 anos.

Ter condições de saúde física e mental para acolher crianças ou jovens.

Ter uma habitação adequada com condições de higiene e segurança. • Ter idoneidade para o
exercício do acolhimento familiar.

À data da apresentação da candidatura, não ser candidato à adoção.

Não ter cometido crimes

Quanto tempo?

Depende da gravidade da situação da criança; - Pode ter a duração de 6 meses, revista até 18
meses. - Toda a vida; - Não pode ser revogada.

Acolhimento Residencial

Crianças e jovens de ambos os sexos até aos 18 anos (ou com menos de 21 anos solicite a
continuação da intervenção iniciada antes de atingir os 18 anos), em situação de perigo, a quem a
Comissão de Proteção de Crianças e Jovens ou o Tribunal tenha aplicado uma medida de promoção

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e proteção de colocação em acolhimento residencial para os afastar da situação de perigo em que
estes se encontravam.

Adoção

É um processo gradual, que permite a uma pessoa ou a um casal criar um vínculo de filiação
com uma criança. Para haver uma adoção, o candidato ou candidatos têm de ser avaliados, preparados
e selecionados pela entidade responsável pelos processos de adoção.

Quem pode adotar?

• Duas pessoas - se forem casadas (e não separadas judicialmente de pessoas e bens ou de facto)
ou viverem em união de facto há mais de 4 anos, se ambas tiverem mais de 25 anos.

• Uma pessoa - se tiver mais de 30 anos (ou mais de 25 anos se pretender adotar o filho do
cônjuge).

• A partir dos 60 anos a adoção só é permitida se a criança a adotar for filha do cônjuge ou se
tiver sido confiada ao adotante antes de este ter completado os 60 anos.

• A diferença de idades entre o adotante e o adotado não deve ser superior a 50 anos (exceto
em situações especiais).

Quem pode ser adotado?

• Pais incógnitos ou falecidos

• Se tiver havido consentimento prévio

• Se estiverem abandonado a criança

• Se por ação ou emissão, mesmo por doença mental ponham em perigo

• 3 meses de desinteresse apos o pedido de confiança

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Convenção dos Direitos das Crianças

A Convenção Sobre os Direitos da Criança e a LPCJP consideram que criança/jovem são


todas as pessoas com menos de 18 anos (Brigido, 2011; Sottomayor, 2016). A intervenção da CPCJ
pode ir até aos 21 anos, caso tenha tido início antes dos 18 anos (Guerra, 2016). A CDC reconhece
pela primeira vez às crianças o direito à participação e à autodeterminação (art.12.º). As situações de
risco colocam em causa os direitos da criança nos diversos domínios, segurança, saúde, formação,
educação e desenvolvimento biopsicossocial e afetivo da criança (APAV, 2011; Sousa & Carvalho,
2015). Assim, a Lei nº 147/99 considera as situações que podem colocar em perigo a criança ou jovem
são: está abandonada ou vive entregue a si própria; sofre maus tratos físicos ou psíquicos ou é vítima
de abuso sexual; não recebe os cuidados ou afeição adequados à sua idade e situação pessoal; está
aos cuidados de terceiros, durante período de tempo em que se observou o estabelecimento com estes
de forte relação de vinculação e em simultâneo com o não exercício pelos pais das suas funções
parentais; é obrigada a atividades ou trabalhos excessivos ou inadequados para a sua idade, dignidade
e situação pessoal ou prejudiciais à sua formação ou desenvolvimento; está sujeita, de forma direta
ou indireta, a comportamentos que afetem gravemente a sua segurança ou o seu equilíbrio emocional;
assume comportamentos ou se entrega a atividades ou consumos que afetem gravemente a sua saúde,
segurança, formação, educação ou desenvolvimento sem que os pais, o represente legal ou quem
tenha a guarda de facto se lhes oponham de modo adequado a remover essa situação (artigo 3.º da
Lei n.º 147/99).

A convenção sobre os Direitos baseia-se em quatro princípios:

A não discriminação, que significa que todos os direitos se aplicam a todas as crianças sem exceção
e sem qualquer tipo de discriminação (por exemplo, relativamente ao sexo, género, cor, etnia, religião,
língua ou situação económica).

O superior interesse da criança, que remete para o facto de todas as decisões que digam respeito à
vida da criança deverem sempre ter em conta aquilo que for o melhor para ela.

A sobrevivência e desenvolvimento, que sublinha a importância da garantia de acesso aos serviços


básicos e à igualdade de oportunidades para que a criança possa desenvolver-se plenamente.

A opinião da criança, que defende que a voz da criança deve ser ouvida e tida em consideração,
especialmente nos assuntos que se relacionem com a sua vida e com os seus direitos.

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Quais são os Direitos da Criança?

Os 31 direitos da criança estão organizados em quatro categorias:

Os direitos de sobrevivência estão associados à prestação de cuidados básicos. Considera-se a


satisfação de todas as necessidades biológicas e primárias essenciais ao desenvolvimento, tais como
a disponibilidade de comida, alojamento e cuidados de saúde.

Os direitos de desenvolvimento referem-se à disponibilidade e acessibilidade a determinados


serviços, tal como a educação. Enquadram-se, aqui, os direitos inerentes à satisfação das
necessidades de desenvolvimento pessoal ao nível cognitivo, emocional, social e cultural – ou seja,
incluem-se as necessidades educacionais de mediação cultural, da valorização da cultura e religião,
as necessidades associadas ao brincar e, ainda, ao estabelecimento de relações sociais.

Os direitos de proteção dizem respeito à proteção da criança contra qualquer forma de violência
física, psicológica ou sexual, bem como contra todos os tipos de exploração. Também envolve a
satisfação de necessidades associadas a vulnerabilidades específicas como, por exemplo, o direito
da criança refugiada ter uma proteção e ajuda especiais. Atribui-se particular atenção às questões
relacionadas com abusos, tratamentos negligentes, violência, tráfico e exploração sexual e de
trabalho.

Os direitos de participação são relativos ao direito de cada criança a envolver-se ativamente na vida
em sociedade. Envolve a satisfação de necessidades relacionadas com a possibilidade de exceder as
competências pessoais e de determinar as suas condições de vida.

Sobrevivência

 Artigo 6.º - Sobrevivência e desenvolvimento

Todas as crianças têm direito inerente à vida, e o estado tem obrigação de assegurar a sobrevivência
e desenvolvimento da criança.

 Artigo 23.º - Crianças com deficiência

A criança com deficiência tem direito a cuidados especiais, educação e formação adequados que lhe
permitam ter uma vida plena e decente, em condições de dignidade, e atingir o maior grau de
autonomia e integração social possível.

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 Artigo 24.º - Saúde e serviços médicos

A criança tem direito a gozar do melhor estado de saúde possível e a beneficiar de serviços médicos.
Os estados devem dar especial atenção aos cuidados de saúde primários e às medidas de prevenção,
à educação em termos de saúde pública e à diminuição da mortalidade infantil. Neste sentido, os
estados encorajam a cooperação internacional e esforçam-se por assegurar que nenhuma criança seja
privada do direito de acesso a serviços de saúde eficazes.

 Artigo 25.º - Revisão periódica da colocação

Quando a criança é separada da sua família e é colocada numa instituição para fins de assistência,
proteção ou tratamento, tem o direito de ver revista periodicamente essa colocação a fim de se
salvaguardar o seu bem-estar.

 Artigo 26.º - Segurança social

A criança tem o direito de beneficiar da segurança social, incluindo prestações sociais.

Desenvolvimento

 Artigo 7.º - Nome e nacionalidade

A criança tem direito a um nome desde o nascimento. A criança tem também o direito de adquirir
uma nacionalidade e, na medida do possível, de conhecer os seus pais e de ser criada por eles.

 Artigo 9.º - Separação dos pais

A criança tem o direito de viver com os seus pais a menos que tal não seja considerado incompatível
com o seu interesse superior. A criança tem também o direito de manter contacto com ambos os pais
se estiver separado de um ou de ambos.

 Artigo 10.º - Reunificação da família

As crianças e os seus pais têm direito de deixar qualquer país e entrar no seu para fins de reunificação
pu para a manutenção das relações pais-filhos.

 Artigo 27.º - Nível de vida

A criança tem o direito a um nível de vida adequado ao seu desenvolvimento físico, mental, espiritual,
moral e social. Cabe aos pais a principal responsabilidade primordial de lhe assegurarem um nível de

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vida adequado. O estado tem o dever de tomar medidas para que esta responsabilidade possa ser - e
seja – assumida. A responsabilidade do estado pode incluir uma ajuda material aos pais e aos filhos.

 Artigo 28.º - Educação

A criança tem direito á educação e o estado tem a obrigação de tornar o ensino primário obrigatório
e gratuito, encorajar a organização de diferentes sistemas de ensino secundário e tornar o ensino
superior acessível a todos, em função das capacidades de cada um. A disciplina deve respeitar os
direitos e a dignidade da criança.

 Artigo 30.º - Crianças de minorias ou de populações indígenas

A criança pertence a uma população indígena ou a uma minoria tem o direito de ter a sua própria vida
cultural, praticar a sua religião e utilizar a sua própria língua.

 Artigo 31.º - Lazer, atividades recreativas e culturais

A criança tem direito ao repouso, a tempos livres e a participar em atividades culturais e artísticas.

 Artigo 42.º - Direito a conhecer os direitos

Os estados comprometem-se a tornar amplamente conhecidos, por meios ativos e adequados, os


princípios e as disposições da presente convenção, tanto pelos adultos como pelas crianças.

Proteção

 Artigo 11.º - Deslocações e retenções ilíricas

O estado tem a obrigação de combater as deslocações e retenções ilíricas de crianças no estrangeiro


levadas a cabo por um dos pais ou por terceiros.

 Artigo 19.º - Proteção contra maus-tratos e negligências

O estado deve proteger a criança contra todas as formas de maus-tratos por parte dos dois ou de outros
responsáveis pelas crianças e estabelecer programas sociais para a prevenção dos abusos e para tratar
das vítimas.

 Artigo 20.º - Proteção da criança privada de ambiente familiar

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O estado tem a obrigação de assegurar proteção especial à criança privada do seu ambiente familiar
e de zelar para que possa beneficiar de cuidados alternativos adequados ou colocação em instituições
apropriadas. Todas as medidas relativas a esta obrigação deverão ter devidamente em conta a origem
cultural da criança.

 Artigo 21.º - Adoção

Em países em que a adoção e reconhecida ou permitida só poderá ser levada a cabo no interesse
superior da criança e quando estiverem reunidas todas as autorizações necessárias por parte das
autoridades, bem como todas as garantias necessárias.

 Artigo 22.º - Crianças refugiadas

Deve ser dada proteção especial à criança refugiada ou que procure obter o estatuto de refugiada. O
estado tem a obrigação de colaborar com as organizações competentes que asseguram esta proteção.

 Artigo 32.º - Trabalho das crianças

A criança tem o direito de ser protegida contra qualquer trabalho que ponha em perigo a sua saúde, a
sua educação ou o seu desenvolvimento. O estado deve fixar idades mínimas de admissão no emprego
e regulamentar as condições de trabalho.

 Artigo 33.º - Consumo e tráfico de drogas

A criança tem o direito de ser protegida contra o consumo de estupefacientes e de substâncias


psicotrópicas, e contra a sua utilização na produção e tráfico de tais substâncias.

 Artigo 34.º - Exploração sexual

O estado deve proteger a criança contra a violência e a exploração sexual, nomeadamente contra a
prostituição e a participação em qualquer produção de carácter pornográfico.

 Artigo 35.º - Venda, tráfico e rapto

O estudo tem a obrigação de tudo fazer para impedir o rapto, a venda ou o tráfico de crianças.

 Artigo 37.º - Tortura e privação de liberdade

Nenhuma criança deve ser submetida à tortura, a penas ou tratamentos cruéis, à prisão ou detenção
ilegais. A pena de morte e a prisão perpétua sem possibilidade de libertação são interditas para
infrações cometidas por pessoas menores de 18 anos. A criança privada de liberdade deve ser separada

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dos adultos, a menos que, no superior interesse da criança, tal não pareça aconselhável. A criança
privada de liberdade tem o direito de beneficiar de assistência jurídica ou qualquer outro tipo de
assistência adequada, e o direito de manter contacto com a sua família.

 Artigo 38.º - Conflitos armados

Os estados tomam todas as medidas possíveis na prática para que nenhuma criança com menos de 15
anos participe diretamente nas hostilidades. Nenhuma criança com menos de 15 anos deve ser
incorporada nos exércitos. Os estados devem assegurar proteção e assistência às crianças afetadas por
conflitos armados, nos termos das disposições previstas pelo direito internacional nesta matéria.

 Artigo 40.º - Administração da justiça a crianças

A criança suspeita, acusada ou reconhecida como culpada de ter cometido um delito tem o direito a
um tratamento que favoreça o seu sentido de dignidade e valor pessoal, que tenha em conta a sua
idade que vise a sua reintegração na sociedade. A criança tem direito a garantias fundamentais, bem
como a uma assistência jurídica ou outra adequada à sua defesa. Os procedimentos judiciais e a
colocação em instituições devem ser evitadas sempre que possível.

Participação

 Artigo 12.º - Opinião da criança

A criança tem o direito de exprimir livremente a sua opinião sobre questões que lhe digam respeito e
de ver essa opinião tomada em consideração.

 Artigo 13.º - Liberdade de expressão

A criança tem o direito de exprimir os seus pontos de vista, obter informações, dar a conhecer ideias
e informações, sem considerações de fronteiras.

 Artigo 14.º - Liberdade de pensamento, consciência e religião

O estado respeita o direito da criança à liberdade de pensamento, consciência e religião, no respeito


pelo papel de orientação dos pais.

 Artigo 15.º - Liberdade de associação

As crianças têm o direito de se reunirem e de aderirem ou formarem associações.

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Página 40
 Artigo 16.º - Proteção da vida privada

A criança tem direito de ser protegida contra intromissões na sua vida privada, na sua família,
residência e correspondência, e contra ofensas ilegais à sua honra e reputação.

 Artigo 17.º - Acesso a informação apropriada

O estado deve garantir à criança o acesso a informação e a materiais provenientes de fontes diversas
e encorajar os media a difundir informação que seja de interesse social e cultural para a criança. O
estado deve tomar medidas para proteger a criança contra materiais prejudiciais ao seu bem-estar.

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Página 41
Intervenção dos Profissionais de Educação em Situações de Risco e Perigo

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Página 42
O que fazer em caso de Maus-tratos?

• Em situações de maus-tratos deve-se comunicar o caso ao superior hierárquico o mais


rapidamente possível (se este não for este o pretenso abusador); o propósito de comunicar um
mau-trato e proteger as pessoas de comportamentos abusivos.

• Escrever toda a informação numa folha ou ficha de ocorrência para não se esquecer de nenhum
detalhe e para que este registo possa ser utilizado por outros técnicos que venham a intervir
no caso.

Se presenciar um colega a efetuar maus-tratos e uma criança

• Tente acalmar o ambiente; peça de forma firme e assertiva que o abusador altere o seu
comportamento; não o trate de forma humilhante nem agressiva, pois isso pode dificultar a
situação;

• se o comportamento do agressor se tornar violento e constituir uma ameaça, a sua prioridade


deve ser proteger-se a si e aos outros do perigo e pedir ajuda.

• Reportar a um superior hierárquico (se for o abusador, às autoridades competentes)

Nos termos da Lei (LPCJP), qualquer pessoa que tenha conhecimento duma criança vítima de maus
tratos ou em situação de perigo pode e deve comunicá-la às:

 ECMIJ, entidade com competência em matéria de infância ou juventude, e, por vezes, as que
têm, especificamente, intervenção no âmbito social (AS).

 Entidades policiais (PSP e CNR).

 Comissões de proteção de crianças e jovens (CPCJ).

 Autoridades judiciárias (MP, Tribunais de Família e Menores, Tribunais de

Comarca).

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Linhas telefónicas de emergência:

SOS Criança – Instituto de Apoio à Criança

Telefone: 217 931 617

Horário de funcionamento: 9h30 às 18h30

Recados da Criança – Provedoria da Justiça

Telefone: 800 20 66 56

Linha Nacional de Emergência Social

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BIBLIOGRAFIA E FONTES

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