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COMUNICAÇÃO I
Professor Alexandre Rosado
Apostila 2019.1
Sumário
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Versão 1.0
29 de dezembro de 2018
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAÇÃO DE SURDOS
DEPARTAMENTO DE ENSINO SUPERIOR
AULAS DETALHADAS
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Versão 1.0
29 de dezembro de 2018
19 e 21/03 OFICINA PRÁTICA – O que são infográficos? Alguns exemplos e Sala de aula com
tipos Datashow.
• O que são infográficos?
• Tipos de infográficos: mapas, arte-texto, gráficos e visuais
• Um pouco de história da infografia
• Passo a passo para construir um infográfico
• Análise coletiva de alguns exemplos de infográficos
26 e 28/03 OFICINA PRÁTICA – Definição de grupos e debate de temas dos Sala de aula com
infográficos Datashow.
• Definiremos 4 grupos de trabalho
• Debateremos os temas que cada grupo deseja trabalhar em Sala de Aula com
seu infográfico
computadores.
• Foco em temáticas escolhidas a partir da BNCC do 1º ao 5º
ano (http://download.basenacionalcomum.mec.gov.br/)
02, 04, 09, 11/04 OFICINA PRÁTICA – Pesquisa de conteúdos para os infográficos Sala de Aula com
• Com o tema definido, cada um dos 4 grupos irá pesquisar computadores.
dados (textos, imagens, artigos, ilustrações) que servirão de
base para seus infográficos. Cada grupo deve
• A partir dos dados coletados, os grupos farão sínteses e
levar um pendrive.
esboços do que será incluído no infográfico.
• Usar um editor de textos para construir essa síntese dos
dados coletados.
16 e 18/04 OFICINA PRÁTICA – Apresentação, debate e revisão coletiva dos Sala de Aula com
conteúdos pesquisados computadores.
• Em sala de aula, cada grupo apresentará (um por vez) seus
achados e sínteses feitas. Cada grupo deve
levar um pendrive.
25 e 30/04 TEXTO TEÓRICO 1 Sala de aula com
Ismar de Oliveira Soares com o texto “Vertentes históricas de Datashow.
aproximação entre Comunicação e Educação”
• Discussão do texto que traça uma breve história da
comunicação e educação, especialmente na América Latina
02, 07, 09/05 OFICINA PRÁTICA – Principais recursos do PowerPoint Sala de Aula com
• Os alunos farão alguns exercícios com recursos específicos do computadores.
editor de apresentações.
• Como alterar o tamanho da página.
• Como inserir gráficos, imagens, vídeos e outros objetos.
Cada grupo deve
• Como aplicar transições na página. levar um pendrive.
• Como aplicar efeitos aos objetos.
• Como desenhar objetos novos com pontos.
14, 16, 21, 23/05 OFICINA PRÁTICA – Construção do infográfico pelos grupos Sala de Aula com
• Os grupos, a partir dos materiais coletados e discutidos em computadores.
sala de aula, iniciarão a construção dos seus infográficos no
PowerPoint. Cada grupo deve
• O professor auxiliará os grupos durante as aulas.
levar um pendrive.
28 e 30/05 OFICINA PRÁTICA – Análise e revisão coletiva do infográfico Sala de Aula com
• Após a construção dos infográficos pelos grupos, cada um computadores.
apresentará suas construções a todos os demais, visando a
elaboração de uma versão final. Cada grupo deve
levar um pendrive.
04 e 11/06 TEXTO TEÓRICO 2 Sala de aula com
Alexandra Bujokas de Siqueira com o texto “Midia: Quer estudar Datashow.
essa matéria?”.
A mídia educação como leitura crítica dos meios. Os conceitos-
chave da mídia educação e suas aplicações. Os momentos da
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mídia-educação.
13/06 REVISÃO DE CONTEÚDOS Sala de aula com
Aula especial com a revisão dos conteúdos dos textos teóricos 1 e 2 Datashow.
para realização da AV2.
Explicações sobre como será a prova AV2.
18/06 AV 1 – ENTREGA DO ARQUIVO COM O INFOGRÁFICO Sala de aula com
Cada grupo entregará seu arquivo, por email, com o infográfico Datashow.
finalizado para avaliação do professor.
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QUANDO FAZER UMA • Infográficos precisam
justificar sua existência. Eles
não são apenas um jeito de
melhorar uma página “cinza”
infografia ou cobrir a falta de uma foto 1
DICAS DE TEXTO PARA INFOGRAFIA
TÍTULOS
Use palavras que ajudem
a focar a parte gráfica:
• IMAGEM: Escollha qual forma ou imagem o leitor irá ver
POR QUE FAZER QUANDO FAZER O QUE MOSTRAR COMO MOSTRAR primeiro e tenha certeza que o título seja coerente. Se a sua
arte vai mostra um trem, você ajuda os leitores se “trem” ou
Infográficos servem para Para saber se sua história Se você tentar mostrar Considere a natureza da “ferrovia” estiverem no título
transmitir informações de precisa de um infográfico tudo, é provável que o informação você quer • SEJA CLARO: É melhor ir direto ao assunto do que fazer
maneira visual : considere esse pontos: leitor não entenda nada: transmitir: o leitor quebrar a cabeça. Bons títulos podem brincar com
• O texto não é a coisa mais • Como você contaria • Use apenas as • TABELAS: são palavras ou títulos de filme, etc. mas sem perder a clareza
importante no jornal, nem a rapidamente sua história informações que comparativas.Mostram • INTERPRETE OS DADOS: Se apresenta um grande número
foto, nem os gráficos. O mais para um colega ou um realmente interessam: a hierarquias, categorizam, de informações use um título que ajude o leitor a entender
importante é o leitor: se a editor? Ficaria mais fácil se imagem mais forte, os relacionam informações do que se trata. Ele não vai ter que checar um monte de
história não prende a atenção você tivesse um gráfico, um números mais relevantes, números sem saber o que eles querem mostrar
• DIAGRAMAS: mostram
do leitor, ou ele não entende, esquema ou mapa para textos curtos e didáticos
seqüências, processos, como
é uma perda de tempo…pelo ajudar a explicar?
• Sempre que possível funciona, passo a passo TEXTOS
menos para o leitor
• Palavras como procure detalhes e/ou Escrever para arte é muito diferente
• MAPAS: dão a dimensão
• Algumas histórias podem pesquisa, aumento/queda, comparações que podem
espacial. Devem ser usados de escrever um texto normal:
ser melhor contadas de lugar, porcentagem, esclarecer o leitor e ser a
sempre quando a geografia é
maneira visual do que com seqüência, pontos chave, porta de entrada para a arte. • Os texto devem ser curtos e objetivos. A idéia é que a
um fator importante
uma foto, ou um texto corrido. personagens, esquema, etc. O trem de pouso do avião arte seja uma leitura mais rápida. Senão, faça uma retranca
É aí que entram os são sinais de que o texto não funcionou? Como deveria • LINHAS DO TEMPO: com fotos, o leitor agradece
infográficos: para sintetizar pede um infográfico funcionar? seqüência onde o fator • Agrupe as informações similares sob um mesmo subtítulo.
informações de maneira visual cronológico é importante. Isso ajuda o leitor a ir direto onde interessa
• Imagens que são • Imagine como o leitor
ajudando o leitor a entender Fotos são importantes • Se tiver vários blocos de texto é melhor que eles sejam
impossíveis de fotografar, pensaria: “Qual é a
ou descobrir um novo assunto do mesmo tamanho. Fica mais fácil de deixar a arte bonita
como o funacionmento de novidade?”; “Do que esse • GRÁFICOS: organizam
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• Infográficos também são um prédio, problemas de infográfico está falando?”; visualmente as grandezas • Evite palavras longas: respectivamente, principalmente,
úteis para dar mais dinamismo saúde, questões científicas, “Por que eu devo ler isso?”; mostrando crescimento ou etc. Elas podem ocupar a linha toda
na leitura e, por que não, etc. são perfeitas para “Por onde eu vou começar a queda, proporção, • Revise o texto ANTES de passar para a arte. Isso poupa
beleza nas páginas desenvolver boas infografias ler esse gráfico?” porcentagens etc. um bocado de trabalho
Por Mário Kanno, baseado em textos de Monica Moses, Poynter Institute, e
COMO PRODUZIR UMA BOA • O texto não fica mais interessante
quando há detalhes que
complementam a narrativa? Isso
funciona também para os infos,
infografia os detalhes enriquecem a história 2
A IDÉIA PLANEJAMENTO INVESTIGAÇÃO O CONTEÚDO EDIÇÃO DE TEXTO O INFO NA PÁGINA
Nenhuma idéia é tão Quanto mais planejar Conseguir informação Simplifique. Os infos muitas Não espere até o último Pense antes na página
estúpida que não possa ser melhor será o resultado não é apenas tarefa para vezes têm dados em minuto para que revisem e inteira. O info vai competir
levada em conta final do infográfico os repórteres excesso ou desnecessários editem o infográfico com outras imagens?
• Discuta suas idéias: • O planejamento detalhado • Repórteres e editores • Infografistas e editores • Corrigir um info é muito • Um infográfico bem
aquelas que a primeira vista permite que o artista e os muitas vezes se queixam de devem trabalhar em conjunto mais demorado do corrigir o desenhado não faz uma
não parecem muito brilhantes editores possam visualizar ter de buscar informações sem deixar que seus egos texto, por isso, quando estiver página melhor ou vice-versa.
podem converter-se em todo o projeto de maneira sozinhos. Um bom atrapalhem. Se alguma coisa em um projeto, trate de No entanto, o inverso é
caminhos para outras idéias mais efetiva, antecipando infografista deve não está visualmente clara ou escrever e editar o texto do verdadeiro. Uma página mal
melhores erros e pensando na página compartilhar essa tarefa se a leitura está difícil, o infográfico o quanto antes resolvida pode estragar um
como um todo repórter deve dizer ao infográfico bom e vice-versa
• Quando está buscando • Em alguns casos, o • Quando a infografia estiver
• Dicas infografista deve ser capaz infografista. Da mesma • Infografia acompanhada
“idéias gráficas” faça as pronta, envie uma versão às
de conseguir toda a maneira, se for preciso de fotos requer um desenho
seguintes perguntas: - Comece o mais rápido fontes para que elas possam
informação, inclusive o texto diminuir o texto ou criar de página que estabeleça
- A idéia acrescenta, reforça possível checá-la. Não tenha medo de
intertítulos, o repórter não uma hierarquia visual
e/ou facilita a visualização do - Reúna editores, artistas e • Dicas incomodar de novo se for
precisa se ofender
assunto principal? fotógrafos que estarão necessário para que tudo • O tamanho do info deve
- Pesquise em fontes • Dicas
envolvidos esteja correto ser decidido o quanto antes.
- A imagem escolhida confiáveis
simplifica ou complica a - Discuta o conteúdo e o - Qual o objetivo dessa • Agrupe informações Baseie a decisão no
- Busque informações na
compreensão? enfoque do projeto infografia? similares em blocos com conteúdo, privilegiando o
internet (texto e imagem)
- O que o leitor precisa saber subtítulos info, a foto ou o texto da
- A idéia faz o conteúdo da - Decida qual tipo de - Tire fotos reportagem
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história mais relevante ou tratamento visual funcionará está claro?
- Consiga a maior quantidade • Perca tempo com os títulos
atraente? melhor - Se tiver dúvida, tire um print e subtítulos. Eles devem • O conteúdo visual da
de informações possível.
- Há informação suficiente - Estabeleça etapas e um e peça para uma terceira conduzir a leitura de forma página como um todo é a
Talvez você não use tudo,
para sustentar essa idéia? cronograma de trabalho pessoa ler e opinar clara e objetiva prioridade número um
mas deve tê-las à disposição
Por Jeff Goertzen, diretor de infografia da SND e infografista do diário St. Petersburg Times (Estados Unidos) – Traduzido e adptado por Mário Kanno
COMO ESCOLHER A MELHOR • Na maioria das vezes, o info não é um
fim em si mesmo, mas parte de uma
página ou de uma reportagem. Leve isso
em conta para criar um hierarquia visual
infografia que conquiste o leitor 3
PÁGINAS MAIS FOTOGRÁFICAS MAIS ILUSTRATIVAS PÁGINAS MAIS INFOGRÁFICAS
Nas coberturas Ilustração A infografia
“quentes” a planejada, merece maior
imagem interagindo com investimento
fotográfica é os gráficos e quando o dado
mais importante, textos, permite técnico,
enquanto interpretar e histórico ou
registro da direcionar a científico
notícia, do que leitura dos precisa ser
o infografico dados explicado
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Elas podem ocupam uma linha inteira 3º Prefira verbo nos títulos. Ao invés de
2º Prédios, monumentos e representem melhor “A evolução da dólar” use “O dólar sobe” informação possível, mas não para publicar, e
4º Use intertítulos para agrupar o espírito da notícia.
tudo mais que ajude a dar 4º É bom tem muitos números na hora de pensar sim para escolher quais são realmente relevantes
vida ao gráfico e referências 5º Se a matéria não tem foto vale a Exemplo: “Naufrágio
o gráfico, mas não caia na tentação de publicar 4º Um ou mais detalhes da imagem principal
ao leitor são bem-vindas pena considerar uma ilustração da balança comercial”
todos eles para não confundir o leitor ampliados e explicados são como cerejas no bolo
Por Mário Kanno
http://kanno-infografia.blogspot.com/
Marcos na História
da Visualização de Dados
• Até o séc. 17: Primeiros Mapas e diagramas
As origens da visualização estão nos diagramas geométricos, nas tabelas de posição das estrelas e nos mapas. No
século 16, com expansão marítima da Europa, novas técnicas e instrumentos foram desenvolvidos e, com eles, novas,
e mais precisas, formas de apresentação visual do conhecimento. Em 1436, Johannes Gutenberg inventa a imprensa
1375
Livro Catalão reúne, em
visual deslumbrante,
c. 950 c. 1350 cosmografia, calendário
Primeiro registro conhecido a O bispo francês Nicole Oresme (1323- perpétuo e
mostrar variáveis 1382) propõe o uso de gráficos de representações temáticas
graficamente (posição do sol, barras para demonstrar uma variável do mundo conhecido.
lua e planetas durante o ano) que depende de outro valor Abraham Cresques (1325-
1387), Mallorca, Espanha
1569
Invenção da projeção cilíndrica
para retratar o globo terrestre.O
belga Gerardus Mercator (1512-
1594), também dividiu seu mapa-
c. 1500 múndi em páginas para facilitar o
O italiano Leonardo da Vinci uso e estampou a imagem do
(1452-1519) transpõe seu deus Atlas na capa
conhecimento em ilustrações
detalhadas para retratar a 1595
anatomia, máquinas e Rumold Mercator (1545-1599),
movimentos filho de Gerardus continua seu
trabalho e publica este mapa-
múndi em 1595, um ano após a
morte do pai
9
http://kanno-infografia.blogspot.com/
1644
Descrição feita por
Michael van Langren's das
12 referências de
longitude de Toledo a Roma
1686
Primeiro mapa
meteorológico conhecido
mostra a prevalecência dos 1669
ventos em um mapa Gráfico de função mostra como
geográfico. Edmond Halley encontrar os anos de vida restantes de
(1656-1742), Inglaterra acordo com a idade atual, de Christiaan
Huygens (1629-1695)
1765 1779
Linha do tempo: Análise gráfica
vida de 2.000 pessoas de variação
famosas de 1200 a.C. até periódica na
1750. O tempo de vida foi temperatura do
representado por barras. solo. Johann
Joseph Priestley (1733- Heinrich Lambert
1804), Inglaterra (1728-1777),
Alemanha
1782
O primeiro mapa
topográfico.Marc
ellin du Carla-
Boniface, França
1786
Gráfico de
barras e de
linhas com
dados
econômicos.
1782 William Playfair
Uso da geometria, figuras proporcionais (quadrados) (1759-1823),
para comparar dados demográficos em superposição. Inglaterra
Charles de Fourcroy, França
10
• 1800-1849: O início da infografia moderna
A primeira metade do século 19 foi responsável por uma explosão no crescimento de gráficos estatísticos e de mapeamento temático,
graças às inovações obtidas no século anterior.Todas as formas de gráficos estatísticos conhecidos hoje foram desenvolvidos nesta
época; na cartografia, mapas simples foram transformados em atlas complexos baseados em grande variedade de dados
1801
O primeiro mapa geológico da Inglaterra e do País de Gales
desenvolveu um padrão para a cartografia geológica. Também
conhecido como o “mapa que mudou o mundo” (para os geólogos, pelo
menos). Desenhado em 1801, versão final de 1815. William Smith
(1769-1839), Inglaterra
1819
Cartograma, mapa com
sombras em preto e
branco, mostrando a
distribuição do
analfabetismo na França.
Talvez o primeiro mapa
estatístico. Baron Pierre
1801 Charles Dupin (1784-
Gráfico de pizza circular, de William
1873), França
Playfair (1759-1823), Inglaterra
1838
Atlas físico com a
distribuição de plantas,
animais, clima, etc. , um
dos mais extensivos e
detalhados atlas
temáticos. Inclui tabelas
e gráficos ilustrados.
1820 Heinrich Berghaus (1797-
Um grande número de de publicações 1884), Alemanha
científicas começam a contar com
gráficos e diagramas para
descrever, e não analisar, fenômenos
naturais (variação magnética, clima,
etc.). Michael Faraday (1791-1867),
Inglaterra
1836
Mapeamento das prostitutas
em Paris. Alexandre Jean
Baptiste Parent-Duchatelet (1790-
1836), França
1843 1844
O uso de coordenadas polares em um “Tableau-graphique” mostrando o transporte comercial
gráfico (direção da freqüência dos ventos). com as variáveis distância (horizontal),
Léon Lalanne (1811-1892), França quantidade (barras divididas) e custo por área.
Charles Joseph Minard (1781-1870), França
11
• 1850 a 1900: Era de Ouro das Estatísticas
Por volta de 1850 todas as condições para um rápido crescimento da visualização estavam estabelecidos. Escritórios de análise se
espalhavam pela Europa com o aumento da importância das informacões numéricas para planejamento social, indústria, comércio
e transportes. A teoria estatística iniciada por Gauss e Laplace deu os meios para fazer sentido a um grande número de dados
1855
Mapeando os casos da epidemia
de cólera em Londres, Dr. John
Snow concluiu que eles se
concentravam próximos a um único
local de abastecimento público de
água, que foi fechado 1869
O melhor gráfico estatístico já feito?
O engenheiro francês, Charles Minard (1781-1870), ilustrou graficamente a desastrosa campanha
de Napoleão contra a Rússia em 1812. A largura do trajeto é proporcional ao número de soldados
sobreviventes na campanha de guerra. Em cinza o caminho de ida e, em preto, a volta
1872
Gravação do movimento de uma corrida de
1857 cavalo por meio de de câmeras acionadas por
Os mortos por doença eram mais numerosos
fios. Eadweard Muybridge (1830-1904), EUA
que os mortos devido a ferimentos em
combate. Este gráfico foi usado em
campanha para melhoria das condições
sanitárias no exército. Florence Nightingale 1879
(1820-1910), Inglaterra Estereograma tridimensional da
população em forma de pirâmide,
baseado em dados do Censo Sueco
(1750-1875). Luigi Perozzo, Itália
1896
1861 Uso de retângulos em mapa para representar
Mapa do tempo mostrando áreas de duas variáveis e o produto delas (população dos
pressão através de ícones que se arredores de Paris, porgentagem de estrangeiros;
assemelham ao atuais. Francis Galton área do retângulo = nº absoluto de estrangeiros).
(1822-1911), Reino Unido Jacques Bertillon (1851-1922), França
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• 1900 a 1949: Período Negro dos Gráficos de Estatística
Aconteceram poucas inovações gráficas e o entusiasmo vivido no século passado foi suplantado pelo crescimento da quantifi-
cação e modelos formais. Durante esse período, no entanto, tudo que foi alcançado consegue se popularizar, seja no governo,
no comércio e nas ciências. A visualização gráfica é consagrada para explicar novas descobertas e teorias
1911
A primeira exposição de
Higiene em Dresden
reúne 259 figuras
1920
Invenção do diagrama em setas para
gráficas estatísticas de
mostrar a relação entre variáveis,
35 expositores nacionais e
formando um sistema estrutural.
internacionais. Emil Eugen
Sewall Wright (1889-1988), EUA
Roesle (organizador) (1875-
1962), Alemanha
1933
Mapa do metrô de
1924 Londres se tornou um
Otto Neurath (1882-1945)
símbolo reconhecido
organiza o Museu Social
mundialmente por sua
de Gráficos Estatísticos
simplicidade e clareza.
em Viena, Áustria e
Harry Beck baseou o
introduz o Isotype
mapa em um diagrama
(International System of
de circuitos que ele
Typographic Picture
usava no dia-a-dia
Education)
1965
Evolução nos histogramas de análises
de contas, novas propostas de
comparação visual. John W. Tukey
(1915-2000), EUA
1971
Polígono irregular para representar a multivariedade de
dados (com vértices de iguais intervalos, distânciados do
1967 centro proporcionalmente ao valor da variável). J. H.
Teoria de símbolos e modelos Siegel, R. M. Goldwyn and Herman P. Friedman, EUA
de representação gráfica. Jacques
Bertin, França
13
• De 1975 até hoje: O computador como nova fronteira
As inovações ocorridas nesta época foram muitas e em diversas áreas: o desenvolvimento de softwares e sistemas de computador,
altamente interativos e de fácil manipulação, foram a alavanca para tudo. Os novos paradigmas de manipulação de dados, a
invenção de técnicas gráficas e os métodos de vizualização multidimensional deixaram suas marcas também
1982
Página da previsão
do tempo do jornal
norte-americano USA
Today, desenvolvido
por George Rorick. O
diário inaugura uma
era de impressão
colorida nos jornais
que se espalha pelo
mundo. Logo, os
infográficos se
tornam parte do dia-a-
dia da imprensa.
1981
Vista do olho de peixe: permite focar e
detalhar mais uma área de interesse de um
todo, deixando as imagens secundárias em
volta, mas com bem menos detalhes. George
W. Furnas, EUA
1993
Estabelecida nos EUA a Xplane, empresa 1999
especializada em visualização de dados Alguns dos melhores artistas
aplicado ao comércio e administração gráficos dos EUA são
de empresas. reunidos por Richard Saul
Wurman no livro
“Understandig USA”, um
compêndio visual de dados
socio-econômicos do país.
Acima, páginas de Nigel
Holmes
1999
Leland Wilkinson escreve “A Gramática dos
Gráficos” neste ano, uma espécie de dicionário
sistemático e de fácil compreensão com regras
gramaticais para dados e gráficos. Acima, mapa
contornado em 3D em estrutura computadorizada.
Leland Wilkinson (1944-), EUA
1999
Explosão da internet e novas tecnologias
permitem que a visualização passa a ser
interativa e/ou animada. Os jornal espanhóis
“El Pais” e “El Mundo” se tornam
1996 referências internacionais no segmento
Software de dados cartográficos, com
ferramentas que permitem vários tipos
de mapeamento simultâneos.
Jason Dykes, Reino Unido
14
4 princípios do Design Gráfico
Vamos estudar os elementos de criação e desenho de uma peça gráfica?
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Apresentaremos quatro princípios
fundamentais para o Design de
elementos que compõe uma peça gráfica.
1. Contraste
Serve para evitar elementos muito similares em
um material gráfico. Se os elementos forem
distintos, diferencie-os completamente. O
contraste costuma ser a mais importante atração
visual de uma peça gráfica.
16
2. Repetição
Repita os elementos visuais do design e espalhe-os
pelo material. Você pode repetir a cor, a forma, a
textura e as relações espaciais como a espessura, os
tamanhos etc. Isso ajuda a criar uma organização e
fortalece a unidade do material. Deve-se pensar aqui
o conjunto de todo material publicado.
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3. Alinhamento
Nada deve ser colocado arbitrariamente em uma
página. Cada elemento deve ter uma ligação visual
com outro elemento da página. Isso cria uma
aparência limpa, sofisticada e suave. Em geral,
deve-se utilizar um tipo de alinhamento somente.
18
Este é o alinhamento à
esquerda quando usamos
esse tipo de recurso.
Este é o alinhamento
centralizado quando usamos
esse tipo de recurso.
19
4. Proximidade
Itens relacionados entre si deveriam ser
agrupados.
Quando vários itens estão próximos, tornam-se
uma unidade visual, e não várias unidades
individualizadas.
Isso ajuda a organizar as informações e reduz a
desordem.
Crie uma relação entre os elementos através da
proximidade.
Da mesma forma, separe os elementos não
relacionados.
20
Exemplo de aplicação 1
Proximidade de elementos semelhantes,
alinhamento centralizado e contraste de
fontes e tamanho.
UnB
UnB
Venha participar do
Encontro anual de Encontro
professores. anual de
professores.
Av. Brasil, 456
Brasília - DF
Av. Brasil, 456
Brasília - DF
Venha participar!
Exemplo de aplicação 2
Proximidade de elementos, aplicação de
contraste (tamanho e fonte) e alinhamento à
esquerda.
Bolo de maisena
14 porções
Ingredientes
Ingredientes 6 gemas
6 gemas 1 xícara de chá de açúcar
1 xícara de chá de açúcar 250 g de margarina
250 g de margarina 4 xícaras de maizena
1 colher de sopa de fermento
4 xícaras de maizena
6 claras em neve
1 colher de sopa de fermento
6 claras em neve
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CADERNOS DE DEBATE DA CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA
Educação para a mídia / organização : Alessandra Xavier Nunes Macedo, David Ulisses Brasil Simões Pires, Fernanda
Alves dos Anjos. – 1. ed. -- Brasília : Ministério da Justiça, Secretaria Nacional de Justiça, 2014. 160 p. -- (Cadernos de
debate da classificação indicativa ; v.5 )
ISBN : 978-85-5506-007-6
Educomunicação e Educação Midiática:
INTRODUÇÃO
2
Republicado (suprimidos o resumo e as palavras-chave) com autorização da editora. Este artigo foi publicado originalmente
na revista Comunicação & Educação, vol.19, n. 2, jul-dez. 2014.p.15-26. Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/comueduc/article/view/72037>
3
Professor titular da Universidade de São Paulo, na Licenciatura em Educomunicação da Escola de Comunicações e Artes.
Coordenador do NCE (Núcleo de Comunicação e Educação da USP). Presidente da ABPEducom (Associação Brasileira de
Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação).E-mail: ismarolive@yahoo.com
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23
Educação para a mídia
4
Uma visão de como a intelectualidade norte-americana valoriza a educação midiática pode ser obtida com a leitura do paper
Confronting the Challenges of Participatory Culture: 1 Media Education for the 21st Century, de henry Jenkins (coord.), diretor
do comparative media studies program, do massachusetts institute of technology. disponível em: <https://mitpress.
mit.edu/sites/default/files/titles/free_download/9780262513623_confronting_the_challenges. pdf>. Acesso em: 11 jul. 2014.
5
Em 2013, o centre de liaison de l'enseignement et des médias d’information (clemi) celebrou seus 30 anos de assistência aos
programas de educação aos meios na França. Disponível em: <www. clemi.org/fr>. Acesso em: 11 jul. 2014.
6
Disponível em: <www. lasotrasvoces.org.ar/index.php?option=com_co ntent&task=view&id=6& itemid=11>. Acesso em: jul.
2014.
34
24
CADERNOS DE DEBATE DA CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA
CORRENTES TEÓRICAS
7
Com destaque para o trabalho da ong viração educomunicação (www. viracao.org), presente em todo o território nacional,
com grupos de jovens se articulando para produzir comunicação, a partir de um planejamento e uma gestão compartilhada.
ver também o trabalho do conjunto das ong que fazem parte da rede cep – comunicação, educação e participação
(www.redecep.org. br), assim como o serviço oferecido pela ONG Planetapontocom (http:// planetapontocom.org.br).
8
Tomamos como referência o núcleo de comunicação e educação da universidade de são paulo (nce-usp), cujas pesquisas
deram origem ao presente artigo. no entanto, a circulação de papers sobre a prática educomunicativa no Brasil, em eventos
científicos, na primeira década do século xxi (messiAs, 2011), bem como a produção de mais de 97 pesquisas acadêmicas,
registradas no banco de teses da capes, entre os anos de 2000 e 2012 (pinheiro, 2013), demonstram que são numerosos os
centros de pesquisas, em programas de pós-graduação em educação, comunicação e ciências humanas, que se interessam
pelo assunto.
9
Disponível em: <http:// portalsme.prefeitura. sp.gov.br/anonimo/educom/nasondas.aspx>. Acesso em: jul. 2014.
35
25
Educação para a mídia
36
26
CADERNOS DE DEBATE DA CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA
tradicionalmente negado aos mais pobres e excluídos. O foco desta vertente não
é a mídia, em si, mas o processo comunicativo em sua abrangência. O
designativo “mediático” aponta para o reconhecimento alcançado pela Teoria
das Mediações Culturais 14 que assegura que todos estamos inseridos nos
diferentes ecossistemas comunicativos que nos envolve, transitando entre as
funções de emissores e de receptores de comunicação. No caso, a Educação
para a Comunicação, aqui denominada como Educomunicação 15 preocupa-se
fundamentalmente com o fortalecimento da capacidade de expressão de
crianças e jovens. Para que a meta seja alcançada, todas as formas de
comunicação são objeto de análise, desde a interpessoal, a familiar, passando
pela escolar, até chegar à midiática massiva. Na escola, o que se propõe é a
revisão das disfunções comunicativas oriundas das relações de poder, buscando-
se formas democráticas e participativas da gestão escolar, com o envolvimento
das novas gerações. O que distingue este protocolo é sua intencionalidade:
valoriza a mídia e inclui sua análise e uso como procedimento metodológico,
mas vai além dela em seus propósitos e metas. Opera por projetos, valorizando
todas as formas de expressão, especialmente a artística, tendo como objetivo a
ampliação do potencial comunicativo da comunidade educativa e de cada um de
seus membros. No caso, professores e alunos são igualmente aprendizes e
igualmente educomunicadores.
14
Como visto em: mArtín-BArBero, Jesús. comunicação e mediações culturais. Revista Brasileira de Comunicação, São Paulo,
vol. XXIII, n. 1, jan./jun. 2000, pp. 151-163.
15
O assunto foi largamente desenvolvido pelo autor ismar de oliveira soares, cujos trabalhos são referenciados na bibliografia.
Informações preliminares sobre o conceito podem ser obtidas no artigo Caminhos da Educomunicação, na América Latina e
nos Estados Unidos, também de Ismar De Oliveira Soares (ECA-USP). Disponível em:
<https://sites.google.com/site/midiaseducacaonce2/cadernos_3>. Acesso em: jul. 2014.
37
27
Educação para a mídia
incluindo a produção de audiovisual por parte dos pequenos. Foi criado no ano
de 1968, numa iniciativa do pedagogo Luis Campos Martínez. Denominava-se
Plan de Niños (PLAN-DENI) e previa a preparação de professores para trabalhar
com o cinema em sala de aula. A partir de l969, a Ocic (Organização Católica
Internacional de Cinema) assumiu o PLAN-DENI e, ao longo das três décadas
seguintes, o multiplicou em países como o Uruguai, o Brasil, o Paraguai, a
República Dominicana, além do Equador. No Brasil, o programa denominou-se
Cineduc, estabelecendo-se no Rio de Janeiro, com atuação até o presente
momento 16. Bebendo, inicialmente, dos fundamentos do protocolo cultural, o
PLAN-DENI converteu-se no mais precursor exemplo da prática educomu-
nicativa, no continente latino-americano.
Já os jovens adultos contavam com os cineclubes, estes, sim, uma tradição
que chegou da Europa e do Canadá. Fato notável foi o uso dos debates sobre a
produção cinematográfica internacional, para acalentar, nos círculos de cultura,
discussões sobre temas filosóficos e políticos, na efervescente sociedade do
início dos anos 1960.
Na década de 1970, assistiu-se a uma dura reação dos intelectuais e
educadores latino-americanos à possível influência dos meios de comunicação –
especialmente da televisão – sobre crianças e jovens. Tal reação tinha dois
fundamentos, teoricamente opostos.
Os intelectuais preocupavam-se com o estudo das estruturas econômicas
e políticas que davam suporte a toda forma de comunicação (crítica às empresas
e aos governos que ofereciam retaguarda aos veículos de informação). Estavam
atentos e denunciavam uma evidente dependência cultural que o hemisfério Sul
mantinha com relação ao hemisfério Norte, em termos de produção e
distribuição de bens culturais e comunicacionais. A teoria que sustentava tais
manifestações tinha como base a corrente marxista da imposição da ideologia
das classes dominantes (detentora dos meios de informação) sobre as classes
dominadas (consumidora dos meios) 17.
Aqueles que se envolviam com a Educação Midiática adotavam, por sua
vez, a visão de pesquisadores norte-americanos, de linha liberal, como Laswell e
Schramm 18, para quem a eficácia do processo comunicativo era garantida pela
16
RAMOS, Pablo. Tres décadas de Educomunicación en América Latina: los caminos del plan DENI. OCLACC – Organización
Católica Latinoamericana y Caribeña de Comunicación, Quito, 2001
17
AGUIRRE, Jesús María; BISBAL, Marcelino. La ideología como mensaje y masaje. Caracas: Monte Avila editores, 1981.
18
LASWELL; SCHRAMM. Proceso y efectos de la Comunicación Colectiva. Quito: ciespal, 1964.
38
28
CADERNOS DE DEBATE DA CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA
teoria dos efeitos, isto é, pela prevalência do emissor sobre o receptor (os
poderosos meios de comunicação dirigiam o imaginário de uma audiência
passiva). A teoria dos efeitos era uma das vertentes, na educação, da teoria da
aprendizagem social, de cunho comportamentalista (as crianças e jovens
aprendiam com a mídia, que necessitava ser vigiada). Nos programas levados às
salas de aula, o objeto de estudo eram as mensagens dos meios e seus impactos
(os estereótipos que carregavam) e não exatamente os processos de produção
ou a estrutura de poder por trás deles, como ocorria na corrente que defendia a
perspectiva ideológica.
De todas as formas, por motivos diferentes, as duas correntes eram
denuncistas e desconsideravam a capacidade de reação e resposta do público
consumidor. O processo de rejeição daí decorrente provocava, em última
análise, o abandono da possibilidade de um diálogo entre o mundo da
comunicação (tido como o espaço do entretenimento e do lazer
descomprometido e promíscuo) e o da educação (o espaço sério da formação),
levando, finalmente, a uma resistência dos sistemas educativos aos próprios
programas de Educação Midiática. Foi nesse contexto que a Unesco decidiu
intervir, incentivando propostas de formação a partir de uma terceira via: a do
desenvolvimento cultural dos povos do continente.
39
29
Educação para a mídia
19
GUTIÉRREZ, Francisco. Educación y comunicación em el Proyecto Principal. Santiago do Chile: Unesco, 1984.
20
MIRANDA, Martín (ed.). Educación para la comunicación. Manual Latinoamericano. Santiago do Chile: Unicef/ Ceneca, 1992.
21
BORDENAVE, Juan Diaz; CARVALHO, Horácio Martins de. Comunicação e planejamento. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
22
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Comunicação e mediações culturais. Revista Brasileira de Comunicação, São Paulo, vol. XXIII, n. 1,
jan./jun. 2000, pp. 151-163.
23
O LCC foi promovido pela UCBC (União Cristã Brasileira de Comunicação), organização que se notabilizou pela promoção
anual dos Congressos Brasileiros de Comunicação Social e pelo poder de mobilização junto ao movimento popular a partir dos
meados da década de 1970. Adotando uma perspectiva dialética de análise da mídia, chegou a organizar uma média de 60
encontros de formação ao ano, em todo o país, ao longo dos anos 1980. Ver: GOMES; SOARES (1988).
40
30
CADERNOS DE DEBATE DA CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA
24
21. Sobre o NCE-USP, ver ALVES, 2002.
25
22. O WCME, já extinto, surgiu a partir dos congressos internacionais sobre Pedagogia da imagem, que reuniram
especialistas de todo o mundo, ocorridos em La Coruña, Espanha, nos meados da década de 1990.
26
Compareceram ao evento intelectuais como: Robert Ferguson (Inglaterra), Barry Duncan e Carolyn Wilson (Canadá),
Guillermo Orozco (méxico), Geneviève Jacquinot (França), Kathleen Tyner (USA), Mario Kaplún (Uruguai), Gabriela Bergomas
(Argentina), Robyn Quin (Austrália), Costas Criticos (África do Sul), José Luis Olivari Reyes (Chile), Pablo Ramos (Cuba), Martin
Alfonso Gutiérrez, Roberto Aparici, Carmen Mayugo e Sara Renè (Espanha).
41
31
Educação para a mídia
27
Segundo Devadoss, dos cinco eventos internacionais que ofereceram maior contribuição para o estudo da Media Education
no mundo, entre 1990 e 2000, três foram promovidos na Europa, com a colaboração direta da Unesco: o Congresso de
Toulouse, julho de 1990, com o tema “New Directions in Media Education”; o congresso de La Coruña, Espanha, sobre
“Pedagogics of Representation”, julho de 1995; e o congresso de Paris, abril de 1997, sob o título “The Young People and the
Media Tomorrow”. os dois outros ocorreram fora da Europa, respectivamente, no Brasil: o I Congresso Internacional sobre
Comunicação e Educação, maio de 1998, sobre “Multimedia and Education in a Globalized World”, e no Canadá, o congresso
de Toronto, (2000), sobre “Children, Youth and the Media beyond the Millennium” (DEVADOSS, 2006).
42
32
CADERNOS DE DEBATE DA CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA
28
Idem, pp. 30-31.
29
Em 2001, a Prefeitura de São Paulo convidou o Núcleo de ComunicaçÃo e EducaçÃo da USP a levar a prática
educomunicativa a 455 de suas escolas de ensino fundamental. Inicialmente, o Educom. rádio foi considerado como uma ação
alternativa de assistência social, destinada a reduzir a violência nos estabelecimentos de ensino mas, no final do programa de
formação, em 2004, com a promulgação de uma Lei Municipal especialmente voltada à prática do conceito (Lei 13.941, de
12/2004), a Educomunicação foi integrada ao âmbito do currículo, onde permanece até a presente data. Acesso ao texto da
lei: <www.cca. eca.usp.br/politicas_publicas/sao_paulo/lei_educom>. Pesquisas sobre o Educom.rádio vêm sendo feitas,
dentre as quais a que deu origem ao livro de Isabella Bruni, L’Educomunizazione brasiliana sulle onde della radio. Analisi di
Caso. roma: università la sapienza, 2010. Sobre o programa Educomunicação pelas Ondas do Rádio, veja o site:
<http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/anonimo/ educom/nasondas.aspx>.
43
33
Educação para a mídia
30
Ver documentos do ministério sobre o tema: <www.cca.eca.usp.br/ politicas_publicas/ministerio_meio_ambiente>.
44
34
CADERNOS DE DEBATE DA CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA
REFERÊNCIAS
AGUIRRE, Jesús María; BISBAL, Marcelino. La ideología como mensaje y masaje. Caracas:
Monte Avila Editores, 1981.
ALVES, Patrícia Horta. Educomunicação: a experiência do núcleo de Comunicação e
Educação. Mestrado, ECA-USP, 2002.
BELLONI, M.L. O que é mídia-educação. Campinas: Autores Associados, 2001.
BORDENAVE, Juan Diaz; CARVALHO, Horácio Martins de. Comunicação e planejamento.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
BRUNI, Isabella. l’Educomunizazione brasiliana sulle onde della radio. Analisi di Caso.
Roma: Università La Sapienza, 2010.
BUCKINGHAM, David. Watching media learning. making Sense of media Education.
Londres: Falmer, 1990.
CANCLINI, Néstor. Consumidores e cidadãos. Rio de Janeiro: UFRY, 1995.
CITELLI, Adilson Odair; COSTA, Maria Cristina Castilho. Educomunicação: construindo
uma nova área de conhecimento. São Paulo: Paulinas, 2011.
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Sagayaraj. media Education, Key Concepts, Perspectives, Difficulties and main
Paradigms. Chennai, Índia: Arubu Publications, 2006.
FANTIN, Monica. mídia-educação: conceitos, experiências e diálogos Brasil-itália.
Florianópolis: Cidade Futura, 2006.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz eTerra, 1967.
GOMES, Pedro Gilberto; SOARES, Ismar de Oliveira. Da formação do senso crítico à
educação para a comunicação. São Paulo: Edições Loyola, 1988.
GUTIÉRREZ, Francisco. Educación y comunicación em el Proyecto Principal. Santiago do
Chile: Unesco, 1984.
45
35
Educação para a mídia
______. Educommunication: Concept and Aim. media Challenges Amidst Cultural And
religious Pluralism, Ucip, Genebra, v. 1, 2005, pp. 113-116.
______. El derecho a la pantalla: de la educación a los medios a la educomunicación en
Brasil. Comunicar, Huelva, España, 31, XVI, 2008, pp. 77-82.
______. Educomunicação, o conceito, o profissional, a aplicação. São Paulo: Paulinas,
2011.
47
37
INTRODUÇÃO
MÍDIA: QUER ESTUDAR ESSA MATÉRIA?
Sinopse Introdução
1 Jornalista, doutora em Educação com pós-doutorado em Estudos de Mídia pela Open University, Inglaterra.
Coordenadora do Centro de Educação a Distância e Aprendizagem com Tecnologias da Informação e Comunicação
da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e Consultora desta Edição Temática. E-mail: bujokas@uol.com.br
48
e as crianças que tinham vivido sob um rí- autoridades competentes de cada país a
gido regime militar precisavam aprender lançarem e darem suporte a amplos pro-
o sentido da liberdade de expressão, liber- gramas de mídia-educação, da educação
dade de imprensa e direito à informação” infantil à universidade, e também na edu-
(MORDUCHOWICZ, 2009, p. 182). cação de adultos. Em 2008, a Unesco reu-
niu um grupo de especialistas para discutir
Apesar de ainda não termos uma po- as bases de um referencial curricular para
lítica específica, a exemplo do caso argenti- a formação de professores. O resultado foi
no, nossas iniciativas na área são bastante a publicação do documento “Alfabetização
antigas. Um marco importante foi o projeto Midiática e Informacional - Currículo para
“LCC – Leitura Crítica da Comunicação”, que Formação de Professores” (UNESCO, 2011),
a União Cristã Brasileira de Comunicação que já foi traduzido para o português3.
Social idealizou em 1979 e ministrou para
mais de 40 mil comunicadores populares Embora variem na forma como são
(SOUZA e PEREIRA, 2003). Em 1985, a Socie- concretizadas, as propostas de mídia-educa-
dade Brasileira de Estudos Interdisciplinares ção têm o objetivo comum de “empoderar”
da Comunicação (Intercom) elegeu o tema pessoas de diferentes idades e grupos sociais
“Comunicação e Educação – Caminhos Cru- para usar criticamente a mídia, o que impli- 5
zados” como tema do seu congresso anual ca saber reconhecer o modo como as men-
e, um ano depois, reuniu trabalhos que fo- sagens são feitas, tecer hipóteses sobre as
ram publicados, relatando experiências, em relações entre a mensagem e as disputas de
andamento, em áreas que os organizadores, poder no contexto em que elas foram cria-
à época, chamaram de “didática da comuni- das e publicadas e avaliar o impacto dessas
cação” (algo mais próximo do que estamos mensagens para diferentes audiências. Nes-
chamando de mídia-educação), e “didática se processo, os educadores para a mídia se
dos meios” (sobre o uso de mídias nas áreas valem de abordagens pedagógicas baseadas
tradicionais do currículo) (KUNSCH, 1986). no questionamento e na investigação, orien-
tados por perguntas como: “Quem é a audi-
A UNESCO vem se preocupando ência dessa mensagem e por quê?”, “De que
com a educação para a mídia há cerca de perspectiva esse fato está sendo narrado?”;
30 anos. Em 1982, a organização realizou “De que modo os elementos específicos da
um simpósio em Grunwald, Alemanha, linguagem contribuem para gerar os sen-
que gerou uma declaração clamando às tidos predominantes na mensagem?”; “De
3 Disponível em http://goo.gl/GQGPd
49
que maneira diferentes grupos poderiam (BRASIL, MEC, 1997, p. 54). Logo, há espaço
interpretar a mesma mensagem?”; “Como para ampliar o estudo da mídia na escola.
essa mensagem me afeta?”, etc.
Um pouco de teoria
As atividades de mídia-educação de-
vem mover os aprendizes, de uma posição Uma diversidade de conceitos vin-
de consumidores cotidianos, para “analistas dos das áreas de Sociologia, Psicologia, Co-
de mídia”, pressupondo que a capacidade de municação, Semiótica e Didática têm sido
desmontar e analisar produtos da cultura usados para fundamentar as propostas de
midiática à luz dos seus contextos de ori- mídia-educação. Aqui, vamos tratar de três
gem, dê às pessoas autonomia para decidir fundamentos: a democracia radical, faci-
se gostam ou não, e se concordam ou não, litada pela popularização das ferramentas
com os pontos de vista apresentados e por web 2.0 e pelas redes sociais; a apropriação
que pensam desse jeito. Essa é a natureza da e a negociação de sentidos, tal como expli-
leitura crítica. cadas pelos Estudos Culturais britânicos e
pela abordagem latino-americana das Me-
Por fim, deve-se ressaltar que, tal diações; e a multimodalidade como suporte
como será apresentada a seguir, a mídia- para concepções atuais de ensino da leitura 6
-educação se integra com facilidade ao cur- e da escrita. Esses fundamentos se somam
rículo escolar brasileiro, em especial para o aos chamados “conceitos-chave da mídia-
Ensino Médio, porque, no final das contas, -educação”: linguagem, audiências, institui-
foca as mesmas competências gerais de co- ções de mídia e representação, que, juntos,
municar e representar, investigar, compre- criam um corpus teórico consistente, por-
ender e contextualizar, social e historica- que: 1. permitem o estudo da mídia em ter-
mente, os conteúdos (BRASIL /MEC, 1999). mos de extensão, variedade e profundidade;
2. concentram esforços em algo relevante
Os Parâmetros Curriculares Nacio- para leitura crítica, que é o distanciamento
nais de Língua Portuguesa para o Ensino necessário para refletir sobre as próprias es-
Fundamental 2 colocam, como prática fun- colhas; 3. orientam o estudo sistemático, in-
damental para o ensino da língua, promover dependentemente das constantes inovações
a “recepção ativa” que, conforme o docu- tecnológicas e do surgimento e desapareci-
mento “torna-se uma necessidade, especial- mento de produtos que viram moda.
mente no que diz respeito aos textos veicula-
dos pelos meios de comunicação de massa” É conhecida entre educadores bra-
50
sileiros a tese do português Boaventura de que emerge dos movimentos sociais, “em-
Souza Santos (1999), segundo a qual, na con- poderados” pelas conexões e agrupamentos,
temporaneidade, os princípios da igualdade, facilitados, por exemplo, pelas redes sociais
da liberdade e da fraternidade, que criaram na internet.
o arcabouço dos direitos individuais e coleti-
vos nas democracias liberais modernas, não Considerar o preceito da democracia
são suficientes para sustentar o respeito a radical na educação para a mídia implica
uma esfera pública pluralista, que contem- em ofertar aos estudantes ferramentas cog-
ple todas as diferenças. No contexto brasi- nitivas para que façam a prospecção do que
leiro, particularmente a partir do início da precisa ser melhorado no espaço em que
década de 1990, ganharam força os discur- vivem, para que suas vidas também melho-
sos em favor de uma política de reconhe- rem. E as metodologias da mídia-educação
cimento de identidades que se integram a parecem promissoras para essa empreitada
uma ampla revisão da ideia de democracia porque ensinam os jovens a identificar pro-
na escola. Alguns desses discursos se mate- blemas, transformá-los numa pauta, coletar
rializaram nas reformas educacionais rea- informação e materializar essa investigação
lizadas a partir da Lei de Diretrizes e Bases numa mensagem para ser compartilhada na
da Educação Nacional (BRASIL, 1996), que rede. Ao concluir todas as etapas desse pro- 7
contemplaram, desde mecanismos de par- cesso, os estudantes acessam uma diversi-
ticipação da comunidade na gestão escolar dade de fontes de informação, selecionam
até flexibilização do currículo e autonomia e ordenam dados, discutem e constroem
para a construção de projetos pedagógicos pontos de vista, numa dinâmica na qual se
locais. deve fomentar a apropriação crítica, e onde
não cabe a imposição de uma única leitura
Esse movimento coincide, no cenário correta.
mais amplo, com a emergência do concei-
to de “democracia radical” segundo o qual Adquirir consciência sobre os pro-
a sociedade não é uma identidade estática, cessos que usamos para atribuir sentido a
mas sim uma possibilidade de transforma- uma mensagem é a base que fundamenta a
ção e amadurecimento, fruto da interação ideia de leitura crítica da mídia, construída
entre diversidades. Promover a cidadania no diálogo com duas teorias que se com-
nesse contexto não é só dar acesso aos di- plementam: codificação e decodificação na
reitos garantidos pelo Estado, mas também perspectiva dos Estudos Culturais (HALL e
facilitar possibilidades de auto-realização WHANNEL, 1964; HALL, 2003) e a teoria das
(DAHLBERG e SIAPERA, 2007). É a cidadania mediações, numa perspectiva latino ameri-
51
cana (MARTIN BARBERO, 2004). nais, pelo menos, este é o único tipo
de controle moral que pode ser aplica-
Na tentativa de superar a aborda- do à rápida expansão que tem aconte-
gem “inoculativa”4 do estudo da mídia, Hall cido. O processo da avaliação é o ne-
e Whannel (1964) defendiam que a escola gócio próprio da educação, começa no
deveria se preocupar em entender, não o sistema formal, mas não acaba nele.
que as mídias faziam com as pessoas, mas o
que é que as pessoas faziam com as mídias. Na perspectiva sistêmica dos Estu-
Embora estivessem falando do que hoje cha- dos Culturais, a comunicação se realiza sob
mamos de “velhas mídias”, muitos dos insi- a forma de “signos-veículo”, inseridos num
ghts continuam atuais. circuito de produção, distribuição, repro-
dução. Signos-veículo podem ser caracte-
Para os autores, as mídias fornecem aos jo- rizados como algo em que o sentido ainda
vens informações e idéias conflitantes so- não foi fixado e está sujeito à apropriação
bre a sociedade em que vivem e cabe aos (HALL, 2003). Para que a mensagem possa
estudantes, guiados pelo professor, testar ser distribuída para diferentes audiências,
algumas dessas descrições e interpretações ela precisa estar sob a forma discursiva. Em
da realidade, comparando os produtos da uma reportagem que investiga problemas 8
cultura de massa com suas próprias experi- na oferta de um serviço público ao jovem,
ências. Desmontar esse processo de codifi- por exemplo, o modo como os diversos ato-
cação e decodificação das mensagens midiá- res sociais são representados pode resultar
ticas parece ser um caminho produtivo para na atribuição de culpa a um ou outro ator,
promover habilidades críticas para o uso da dependendo do modo como as informações
mídia. É nessa tarefa que reside a essência e ideias são ordenadas na mensagem.
da mídia-educação. Conforme Hall e Whan-
nel (1964, p. 46, tradução da autora): Quando chega ao seu destino, o dis-
curso deve ser transformado em práticas
Precisamos prestar atenção às formas sociais para que o circuito de produção,
pelas quais as novas experiências são circulação e reprodução se complete e pro-
apresentadas, discriminar valores e duza efeitos. A questão é saber que práticas
analisar nossas respostas a elas, cui- sociais a emissão gera e como o público se
dadosamente. Em termos educacio- apropria e faz uso desses signos-veículo. O
4 O termo “inoculação” é usado para descrever a abordagem segundo a qual o professor deve ensinar seus
alunos a rejeitar produtos da cultura midiática tidos como ruins.
52
produtor nem sempre tem controle dos efei- da qualidade televisiva, do ‘profissionalis-
tos, e é assim que se realiza o uso da infor- mo’, etc” (HALL, 2003, p. 400). Essas defi-
mação: se nenhum sentido é absorvido, não nições estão interligadas, explícita ou impli-
pode haver consumo; se ele não é transfor- citamente, a grandes visões de mundo que
mado e articulado em alguma prática, não atribuem perspectivas globais. São também
tem efeito. as definições que carregam consigo o selo
da legitimidade e parecem coincidir com o
Nesse processo, Hall argumenta que que é natural, inevitável ou óbvio a respeito
sempre haverá leituras individuais e varian- da ordem social.
tes. A percepção seletiva reforça o que ele
chama de “não necessária correspondên- Quando não acata integralmente
cia”, uma vez que o sentido é construído a posição da mensagem, o receptor opera
como produto de articulação de dois mo- com o chamado “código negociado”. Nes-
mentos distintos: a codificação e a decodifi- ta versão, o ato de decodificar contém uma
cação. A codificação, por si só, não garante mistura de elementos de adaptação e opo-
que a decodificação acontecerá conforme sição. É a decodificação que absorve, reco-
previsto. O resultado são três posições hipo- nhece a legitimidade e uma certa legalidade
téticas a partir das quais a decodificação de das definições hegemônicas para produzir 9
um discurso pode ser construída. as grandes significações, e que, porém, tem
capacidade para fazer suas próprias regras
O autor fala em uma “posição hege- sintagmáticas. Esse código opera através de
mônica”, caracterizada pela absorção direta lógicas específicas ou localizadas, que se ca-
e integral, quando o receptor se apropria do racterizam por seu desacordo, sua relação
sentido conotado, decodificando a mensa- diferencial com os discursos e lógicas de po-
gem nos termos do código referencial no der. Na prática são os mal-entendidos, que
qual ela foi codificada. Nessas situações, surgem das contradições e disjunções entre
pode-se dizer que o receptor está operando codificações hegemônico-dominantes e de-
de acordo com o código dominante, que ser- codificações negociadas. É o que os profis-
ve de caminho para reproduzir as definições sionais da mídia chamam de falha na comu-
dominantes “precisamente porque coloca nicação.
entre parênteses seu caráter hegemônico e
opera com códigos profissionais deslocados, Há, por fim, as situações em que a
que destacam questões aparentemente téc- decodificação gera um sentido oposto à pro-
nicas e neutras, como as da qualidade visu- posta hegemônica originalmente codificada.
al, dos valores da notícia, da apresentação, Na prática, o receptor desvia a mensagem
53
do código preferencial porque tem bagagem rações comunicacionais dos diferentes ato-
Este é o ideal
de sujeito
cultural suficiente para deslocá-la até um res do processo” (MARTIN-BARBERO, 2004,
crítico da mídia- referencial alternativo. “Esse é o caso do p. 17).
educação, que
se opõe aos telespectador que ouve um debate sobre a
discursos Metodologicamente, ele propõe
necessidade de limitar os salários, mas ‘lê’
hegemônicos.
cada menção ao ‘interesse nacional’ como deslocar o debate dos “meios para as arti-
‘interesse de classe’. Ele está operando com culações entre práticas de comunicação e
o que chamamos de código de oposição” movimentos sociais, para as diferentes tem-
(HALL, 2003, p. 402). Esse pode ser conside- poralidades e para a pluralidade de matrizes
rado um momento político significativo no culturais” (1987, p. 270). Essa tarefa começa
circuito de produção-distribuição-reprodu- na análise dos discursos, mas não reduz a
ção porque a codificação (e possivelmente o comunicação à linguagem. Trata-se de ler os
efeito) começa a ter uma leitura contestató- discursos da mídia como situações de poder,
ria, uma espécie de luta no discurso. operando análises que ponham:
A moral dessa história é que a ideia (...) o que se fala no discurso contra
de um público que aceita passivamente os o que se diz. O que nele fala – isto é,
discursos ofertados pela mídia não se sus- os conflitos sociais, políticos, econô- 10
tenta, como tampouco se sustenta o livre- micos, libidinais – contra o que se diz,
-arbítrio absoluto. Mesmo as leituras de isto é, a retórica da liberdade, da feli-
oposição são construídas a partir de um cidade, do bem-estar. Opor o que fala
código hegemônico que já circunscreveu a o discurso da massmidiação ao que
arena do debate. O que conhecemos e o que se diz é descobrir o que ele censura e
temos capacidade de avaliar, em certa medi- nega, o que impede de nomear, mas
da, depende das experiências culturais que contra o qual não existe mais remédio
nos são permitidas. do que a ação” (MARTIN-BARBERO,
2004, p. 67).
É nesse contexto que, paralelamente,
surge na América Latina a chamada “Teoria Conforme o autor, tal metodologia
das Mediações” de Martin-Barbero. Usando deve ter como base uma teoria que comece
a metáfora do “mapa noturno”, isto é, um a estabelecer relações “não mecânicas” en-
mapa pouco claro, descoberto no tatear, o tre as diferentes etapas dos processos de co-
autor se empenha em situar o estudo dos municação: a produção dos discursos com
meios de comunicação a partir das “matri- as características de propriedade dos meios;
zes culturais, dos espaços sociais e das ope- as diferentes relações que as corporações de
54
mídia estabelecem com o Estado; as moda- da internet que contenham clipes de áudio,
lidades de decodificação e as respostas que juntamente com fotos e animações acom-
diferentes grupos sociais dão às mensagens panhando o texto, são facilmente reconhe-
recebidas. Tal teoria exige que se mude, não cíveis como multimodais, assim como o é a
só o padrão de respostas, mas também os fala, que vem acompanhada de entonação e
tipos de perguntas a partir das quais formu- expressões faciais. Para a semiótica social,
lamos problemas. o campo que dá fundamento ao conceito
de multimodalidade, toda comunicação hu-
Trazer as teorias de Hall e Martin- mana é multimodal, uma vez que raramen-
-Barbero para o campo da mídia-educação te recebemos ou enviamos uma mensagem
implica encontrar formas de promover o usando um modo exclusivo.
aprendizado de habilidades de decodifica-
ção que fortaleçam leituras negociadas e Estudar criticamente a mídia na
de oposição, ampliando a bagagem cultural perspectiva da multimodalidade envolve
dos estudantes, de modo a contemplar ques- olhar cada um dos componentes da mensa-
tões de natureza política e cultural integra- gem para compreender o modo como cada
das à aprendizagem das técnicas e padrões um deles comunica significados, em separa-
de uso da linguagem na mídia. Decodificar, do e/ou combinados, uma vez que é da com- 11
neste caso, vai além da mera leitura e alcan- binação que emergem as conotações.
ça também as práticas de produção e enga-
jamento, usando as diversas linguagens. É Um exemplo dessa dinâmica é a fotografia
aqui que os estudos de recepção encontram publicada pelo portal brasileiro de notícias
o conceito de multimodalidade. UOL5 sobre ação do Batalhão de Operações
Especiais (Bope) do Rio de Janeiro, retrata-
O termo se refere a uma caracterís- do no filme “Tropa de Elite” do diretor José
tica facilmente identificável nas páginas da Padilha.
web, mas também presente num simples
ato de fala. Diversos em sua natureza, esses Trata-se de um plano médio de dois
dois exemplos podem ser reduzidos à cate- soldados do Bope. Eles seguram armas de
goria de multimodais, isto é, de textos que guerra em posição de descanso e conver-
usam mais de um modo semiótico ou ca- sam entre si. Ao fundo, vê-se uma imagem
nal de comunicação (KRESS, 2000). Páginas estilizada do palhaço Bozo, com os olhos
55
vidrados, segurando uma arma com diver- Uma resposta preliminar é oferecida por
sos canos e uma cinta de balas. No muro Cortés (2005): a mídia apresenta informa-
está escrito: “A alegria do palhaço é ver o ção, organiza ideias, dissemina valores, cria
circo pegar fogo”. A análise do modo se- e reforça expectativas, fornece modelos de
miótico não-verbal nos permite enxergar a comportamento. Ter uma atitude autônoma
pose em que os soldados foram retratados, neste contexto implica saber reconhecer a
conversando descontraidamente, as armas natureza da informação disseminada pelos
de guerra valorizadas na composição e o meios de comunicação, identificar os mo-
enquadramento que une os soldados à ima- dos como a mídia cria suas representações,
gem e ao texto ao fundo. Ao associar os dois criar hipóteses sobre os tipos de aprendiza-
soldados relaxados, o desenho do palhaço e gem que podem ocorrer através de nossa
a frase: “A alegria do palhaço é ver o circo exposição constante aos textos ficcionais e
pegar fogo”, emerge uma imagem que de- não ficcionais, ao longo da vida.
bocha do Bope: enquanto eles conversam
distraidamente, o tráfico atua por trás. Ou Converter essas questões em ativi-
que esses soldados somente vão à favela dades de ensino e aprendizagem é algo que
para gerar mais violência. A legenda sob a pode ser feito com o uso dos chamados
foto diz “Agentes do Bope (Batalhão de Ope- “conceitos-chave da mídia-educação” (LUS- 12
rações Especiais da PM) ocupam o morro do TED, 1991; BUCKINGHAM, 2003; QCA, 2003,
Turano, no Rio, para a implantação da 12ª UNESCO, 2011). Aqui, vamos tratar de quatro
UPP (Unidade de Polícia Pacificadora)”. A es- deles: linguagem, audiências, instituições de
colha pela combinação da informação deno- mídia e representação.
tada (ocupação do morro para implantação
de Unidade de Política Pacificadora ) com a O primeiro conceito propõe inves-
imagem depreciativa corrobora uma leitura tigar em que medida as características da
de que a política de pacificação não irá re- linguagem produzem sentido e que este não
solver o problema. Mas esse é um sentido é algo óbvio e transparente em relação à re-
sutil, somente detectável após uma cuida- alidade, mas resultado do emprego de uma
dosa análise e síntese do discurso semiótico. série de procedimentos técnicos e simbóli-
cos que reconstroem a realidade na tessitu-
Para além desses preceitos gerais, é ra da mensagem. As atividades pedagógicas
necessário levar em conta também propos- são planejadas para se deslocarem da ideia
tas específicas de ensino da mídia-educação. de transparência para uma abordagem ana-
Defini-las requer oferecer respostas consis- lítica e questionadora de como o significa-
tentes à pergunta: “Como a mídia ensina?”. do foi construído por práticas profissionais
56
estabelecidas. O distanciamento, provocado estudo de ações e processos que se repetem
pela análise objetiva daquilo que nos toca até que se tornem um conceito geral e abs-
emocionalmente e dos exercícios propos- trato, passando a descrever algo aparente-
tos pela análise estrutural das mensagens, mente objetivo. Nesse ponto, as instituições
podem trazer à tona aspectos sutis que se tornam ideológicas, e cabe ao pensa-
passam despercebidos sobre, por exemplo, mento crítico refazer o percurso histórico,
incoerências, fatos importantes que foram do processo inicial à abstração, trazendo à
negligenciados ou pelos que passaram como tona relações de poder. A naturalização de
simplesmente naturais ou inevitáveis. algo cultural resulta, por exemplo, na defini-
ção de critérios para o que merece e para o
O conceito de audiência se concentra que não merece ser notícia, o que é ético ou
no estudo dos usuários da mídia e é útil para antiético na indústria do entretenimento; e
investigar a ideia comum de falta de senso quais são os parâmetros que separam a cen-
crítico e de ausência de atividade mental do sura, a regulação de mídia e a liberdade de
público quando consome produtos da cultu- expressão.
ra midiática. Para tanto, navega entre dois
extremos: o pressuposto da mensagem todo- Finalmente, as atividades para o es-
-poderosa e a audiência vulnerável; e o pres- tudo da representação também transitam 13
suposto dos espectadores todo-poderosos entre dois extremos: mensagens como espe-
e a mensagem como praticamente incapaz lho e fidelidade ou como fantasia e distorção.
de determinar crenças e comportamentos. Entre esses dois pontos, podemos localizar a
As atividades pedagógicas devem exercitar a representação ligada à ideia de identidade,
capacidade de construir um ponto de equi- isto é, a grupos diversos que codificam e de-
líbrio que relacione as estruturas do texto e codificam a realidade usando as linguagens
as comunidades interpretativas, levando a midiáticas e criando aparências diversas para
uma compreensão dialética do comporta- o mesmo assunto. Cabe à mídia-educação
mento da audiência que, ora é, sim, aliena- propiciar modos de entender como as con-
da, ora é crítica e engajada. Criar hipóteses venções de cada segmento criam representa-
sobre qual tipo de mensagem encoraja cada ções, e como tais representações variam de
tipo de resposta é um exercício produtivo acordo com a intencionalidade do produtor e
para superar a visão moralista criticada por as expectativas do público.
Hall e Martin-Barbero.
57
Teoria na prática
OBJETIVOS
Compreender como a publicidade usa imagens, música, diálogos e personagens para criar
narrativas que associam valores a produtos e serviços;
Compreender a ideia de apelo na publicidade; 14
Produzir conteúdo experimentando a linguagem publicitária
Conhecer mecanismos de regulação que asseguram ao público o direito de reclamar quando
se sentir ofendido por um anúncio publicitário.
ATIVIDADES
1. Estudar as propagandas “Ursos e Pinguins” e “Vídeo-game” da Coca-cola1, e responder
questões sobre o modo como a propaganda foi feita: quem são os personagens? O que acon-
tece no começo, no meio e no fim de cada propaganda? Que valores associamos aos perso-
nagens e, consequentemente, ao produto anunciado? Quem interpretou o anúncio de modo
semelhante? Quem fez interpretações diferentes? Por que isso acontece?
2. Estudar o conceito de apelo na propaganda e identificar o apelo de propagandas das quais
o grupo se lembre.
3. Estudar o modo como diversos anúncios usam animais para criar apelos: o coelho na pro-
paganda de pilha, o cachorro na velha propaganda dos amortecedores, o tigre na propaganda
de cereal, a águia na propaganda de serviços de segurança.
4. Usando uma seleção de fotos de animais, identificar os valores associados a cada um deles
e que tipo de produtos ou serviços poderiam anunciar.
5. Estudar os anúncios dos medicamentos Neosaldina e Tylenol, disponíveis no Youtube.
58
Identificar o modo como cada um deles representa a ideia de dor de cabeça. Quais são os
argumentos de cada anúncio? Há problemas na forma como construídos os apelos?
6. Conhecer a proposta de autorregulação do Conselho Nacional de Autorregulamentação
Publicitária (Conar) e as normas do código de ética.
7. Usando o código de ética e o conhecimento adquirido sobre a linguagem da propaganda,
escolher um anúncio controverso e escrever uma carta de reclamação para o Conar.
8. Criar uma campanha de incentivo ao estudo em casa, focada no público formado pelos
“baderneiros” da escola. Identificar um apelo ao qual esse público se sensibilize e associar o
hábito de estudar a esse apelo, através do texto e da imagem.
59
ponível para se produzir uma reportagem. nal da Verdade e argumenta como a mídia-
Conhecendo as práticas profissionais por -educação pode ser uma ferramenta produ-
trás da produção de conteúdo, o professor tiva para levar esses assuntos para a sala de
amplia seu referencial de leitura crítica, ao aula.
mesmo tempo em que ganha experiência
para realizar atividades de produção que sir- Em conjunto, este artigo intro-
vam também ensinar seus alunos a conhe- dutório e os três específicos procuram
cer a mídia “por dentro”. levar ao leitor um quadro abrangente
do que é e de como se faz mídia-educa-
O segundo artigo se chama A pro- ção, relacionando leitura crítica, produ-
dução de texto publicitário radiofônico em ção de conteúdo e engajamento cívico.
ambiente escolar: uma proposta de mídia-
-educação e foi escrito pela professoras
Lígia Beatriz Carvalho de Almeida e Roseane
Andrelo. Pensando na demanda criada pelas
rádio-escolas vinculadas ao programa “Mais
Educação” do MEC7, as autoras tratam do
texto publicitário radiofônico em ambiente 16
escolar, discorrendo sobre os fundamentos
dessa linguagem, seu potencial pedagógico
e propõem atividades práticas.
7 O Programa Mais Educação tem como objetivo oferecer atividades optativas para estudantes de escolas
públicas de Educação Básica, agrupadas em campos como meio ambiente, esporte e lazer, direitos humanos,
cultura e artes, cultura digital, prevenção e promoção da saúde, educação científica e educação econômica. Uma
dessas atividades é a produção da chamada “rádio escola”, na qual estudantes produzem e veiculam conteúdos
radiofônicos.
60
REFERÊNCIAS
CORTÉS, C. E. How the Media Teach. In: SCHWARZ, GRETCHEN e BROWN, Pâmela. Media
Literacy: transforming curriculum and teaching – 104º Yearbook of the National Society for the
Study of Education. Malden: Blackwell, 2005. 17
DAHLBERG, L. e SIAPERA, E. Radical Democracy and the Internet - Interrogating Theory and
Practice. New York: Palgrave Macmillan, 2007.
HALL, S.; WHANNEL, P. The popular arts. Londres: Hutchinson Educational, 1964.
LUSTED, David (org.). The Media Studies Book – A Guide for Teachers. Londres: Routledge, 1991.
61
SANTOS, B. S. Pela mão de Alice. São Paulo: Cortez, 1999.
UNESCO. Media and Information Literacy Curriculum for teachers. Paris: UNESCO, 2011.
www.uftm.edu.br/redeci
www.medialiteracybrasil.net
vamoslerjornaldamanha.com.br
www.worldpressphoto.org
18
62
Mídia-educação
“a mídia-educação é
a incessante análise
do modo em que nós
interpretamos o
mundo e do modo
em que outros
interpretam o mundo
por nós”
(Ferguson, 1991, p. 19-24) 63
Leitura
pontos de discussão
Não temos no Brasil uma
política pública específica de
mídia-educação, mas iniciativas
isoladas a partir dos anos 60.
O tema começa
internacionalmente a ser
definido na década de 70 na
França, pelo Conselho
Internacional do Cinema e
Televisão (CICT), organização
ligada à UNESCO.
Como disciplina curricular há o
estudo das linguagens e
conteúdos da mídia em um
processo de Alfabetização
Midiática.
Leitura
pontos de discussão
A propostas da mídia-educação
tem como objetivo comum o
empoderamento de pessoas e
grupos sociais para usar
criticamente as mídias.
- Como as mensagens foram
feitas? Qual a perspectiva do
fato narrado?
- Que disputas de poder
existem em seus contextos de
criação?
- Qual o impacto dessas
mensagens em sua
audiência?
64
Leitura
pontos de discussão
A forma mais básica de
abordagem mídia-educativa é a
do questionamento e
investigação sobre meios e
mensagens.
Intenta-se sair da posição de
consumidor cotidiano de
produtos para a condição de
“analista de mídias” (leitores
críticos).
Desenvolve-se a capacidade de
descontruir e analisar os
produtos midiáticos.
Identificação do problema >
transformação em pauta > coleta de
informação > criação uma nova
mensagem compartilhada em rede
Leitura
consultas opcionais
A codificação e decodificação
de mensagens é apontada por
Alexandra Bujokas como
prioridade na leitura crítica.
A semiótica pode nos ajudar
nesse processo, sendo o artigo
abaixo útil.
TAVEIRA, Cristiane C.; ROSADO,
Luiz A. S.
Por uma compreensão do
letramento visual e seus
suportes: articulando pesquisas
sobre letramento, matrizes de
linguagem e artefatos surdos.
Espaço, Rio de Janeiro, n. 39, p.
27-, jan./jun. 2013.
65
Exercício
pontos de discussão
o que esta imagem significa para você?
Exercício
pontos de discussão
o contexto maior da imagem: o deus grego dos mares
http://orig10.deviantart.net/10c8/f/2011/234/8/3/poseidon_god_of_the_sea_by_darkness84-d47gqrk.jpg 66
Exercício
pontos de discussão
o contexto maior da imagem: o deus grego dos mares
Leitura
pontos de discussão
O receptor não é um sujeito
passivo, sem reações e
pensamentos próprios!
O velho esquema emissão-
mensagem-recepção da Teoria
da Comunicação não faz mais
sentido sob o ponto de vista
cultural.
O produtor-emissor não possui
controle total sobre os
receptores, pois estes podem
atribuir sentidos próprios ao
que recebem (decodificação
própria).
https://doisdedosdeprosa.files.wordpress.
com/2007/06/telefone.jpg
67
Leitura
pontos de discussão
três modos de recepção, segundo Hall
Código de
oposição
(autoconsciência
Código negociado total)
(meio termo)
Posição
hegêmonica
(passividade total)
Leitura
pontos de discussão
três modos de recepção, segundo Hall
68
Exercício
pensando a mídia...
Exercício
pensando a mídia...
O que você sente vendo
este anúncio? Que
objetivo ele tem?
Como a mulher é
retratada neste
anúncio?
A que ideias e
sentimentos o produto
cerveja está sendo
associado neste
anúncio?
Em que locais este
anúncio foi/é
veiculado?
Que eventos, locais e
veículos de
comunicação esta
marca patrocina? Em
que locais você viu a
marca exposta?
http://f.i.uol.com.br/fotografia/20
15/10/03/555352-640x480-
1.jpeg 69
Exercício
pensando a mídia...
Exercício
pensando a mídia...
O que você sente vendo
este anúncio? Que
objetivo ele tem?
Como a Dengue é
retratada neste
anúncio?
Que ideias e
sentimentos estão
sendo mobilizados
neste anúncio?
Em que locais este
anúncio foi/é
veiculado? Em que
época?
Que eventos, locais e
veículos de
comunicação esta
campanha patrocinou?
Em que locais você viu
este anúncio exposto?
https://compostura.files.wordpress.co
m/2010/04/banner_dengue_site.jpg
70
Leitura
4 conceitos-chave
Leitura
4 conceitos-chave
Linguagens nunca
serão totalmente
transparentes.
A apreensão de
sentidos nunca é
(1) Linguagem (2) Audiências transparente ou
óbvia para aquele
que recebe a
mensagem.
Toda linguagem
reconstrói a
realidade por
(3) Instituições (4) procedimentos
de mídia Representação técnicos e
simbólicos.
Não existem
significados e
sentidos “naturais”. 71
Exercício
4 conceitos-chave: exemplo
Como descrever a
imagem ao lado para um
estrangeiro? Que
elementos e sensações
seriam destacadas?
Como esta mesma
imagem poderia ser
descrita a uma pessoa
cega? Que elementos e
sensações seriam
destacadas?
Como esta imagem seria
descrita a alguém que já
foi ao sambódromo e é
carioca? Que elementos
seriam destacados?
http://blog.groupon.com.br/files/2013/01/carnaval_groupon8.jpg
O modo como contamos
(linguagem) e como se
apreende varia de acordo
com a audiência (público-
alvo).
Leitura
4 conceitos-chave
Nenhuma audiência é
totalmente passiva,
vulnerável ou sem
senso crítico algum.
Dois extremos quando
(1) Linguagem (2) Audiências se fala de mensagens:
- A mensagem todo-
poderosa que
controla a audiência.
- Os espectadores
todo-poderosos
impenetráveis às
mensagem e a
(3) Instituições (4) mudanças de
comportamento.
de mídia Representação
É preciso desenvolver
um conceito de
audiência dinâmica que
varia seus
comportamentos de
recepção. 72
Leitura
4 conceitos-chave: exemplo
Leitura
4 conceitos-chave
Aqui tratamos
diretamente dos
conteúdos e ideias
cristalizados em nossa
cultura.
O que se naturaliza, se
(1) Linguagem (2) Audiências torna ideologia,
cabendo ao
pensamento crítico o
refazimento do
percurso, a
desconstrução,
trazendo a tona as
relações de poder
(3) Instituições (4) envolvidas em sua
de mídia Representação criação.
São essas ideias
cristalizadas que as
instituições de mídia
fazem uso em suas
peças.
73
Exercício
4 conceitos-chave: exemplo
Leitura
4 conceitos-chave
Toda mensagem
carrega uma
representação sobre
algo.
Grupos diferentes
(1) Linguagem (2) Audiências codificam e
decodificam a realidade
usando a mídias e suas
linguagens.
Um mesmo assunto
pode ser representado
de maneiras diversas,
por cada grupo cultural
específico.
(3) Instituições (4) Exemplo de assuntos
de mídia Representação polêmicos: uso de
maconha, legalização
do aborto, existência da
polícia militar,
maioridade penal,
união homoafetiva.
74
Leitura
4 conceitos-chave: exemplo
Leitura
4 conceitos-chave: exemplo
http://4.bp.blogspot.com/-
4EBGct3wjo0/UGYMKU8EHzI/A
AAAAAAAAm4/83Kemz2H3uk/
s1600/chamada.png 75
Momentos da mídia-educação
Leitura
consultas opcionais
Para maior aprofundamento a
respeito das questões teórico-
metodológicas da mídia-
educação, recomendamos a
leitura do texto de Monica
Fantin, pesquisadora da UFSC.
Os slides a seguir foram a partir
desse texto.
FANTIN, Monica.
Mídia-educação: aspectos
históricos e teórico-
metodológicos.
Olhar de professor, Ponta
Grossa, v. 14, n. 1, p. 27-40,
2011.
76
Momentos da Mídia-educação
Fase 1 - inoculatória (anos 30 até 60)
Espectadores como vítimas da mídia
Desenvolvimento
inicial da industrial
cultural (rádio,
cinema, TV).
Mídias como mal que
a educação deveria
combater.
Os veículos de
comunicação são
vistos como anti-
cultura e
espectadores
vulneráveis.
Escola que resiste às
mídias e combate
seus efeitos.
http://4.bp.blogspot.com/_vIC-
anHE8H8/TJtRbt9AISI/AAAAAA
AAAFM/wNY9GLOhd3U/s1600/
TV.gif
Momentos da Mídia-educação
Fase 2 - Leitura crítica da mídia (anos 60)
Cinema como área
privilegiada. Cultura
cinematográfica e
experiência dos
cineclubes.
Algumas mídias e seus
“textos” passam a ser
vistos como dignos
estética e
culturalmente.
http://culturacolectiva.com/wp-
content/uploads/2015/03/top-
10-woody-allen-11.jpg
77
Momentos da Mídia-educação
Fase 2 - Leitura crítica da mídia (anos 60)
Atenção para os
sujeitos consumidores
das mídias. Análise do
tipo textual dessas
produções.
Análise da propriedade
e controle dos meios,
processos de
produção, marketing,
venda, distribuição e
audiência.
http://fbl.ba/wp-
content/uploads/2014/05/annie-
hall-poster.jpg
http://www.cinematascabile.com/
wp-
content/uploads/2012/04/to_ro
me_with_love.jpg
http://filmfanatic.org/reviews/wp-
content/uploads/2006/07/EYAW
TKAS-Poster.jpg
Momentos da Mídia-educação
Fase 3 - ideológica (anos 70 e 80)
Resistência, recepção ativa e produção de mídia
Resistência ao
contexto das
ditaduras militares
dos anos 60, 70 e
80.
Crescimento da
imprensa e mídia
comunitária
alternativa.
Educação popular e
defesa da
democracia e direitos
humanos.
https://capitalismoemdese
ncanto.files.wordpress.com
/2014/03/dscn2697.jpg
78
Momentos da Mídia-educação
Fase 3 - ideológica (anos 70 e 80)
Resistência, recepção ativa e produção de mídia
Mídia-educação
como forma de luta.
A mídia não é
transparente e pode
ser instrumento de
reprodução social.
Estudos da audiência
e o papel ativo dos
espectadores.
http://www.documentosrev
elados.com.br/wp-
content/uploads/2012/01
/panflet-resistencia-1971-
janeiro-Page-02.jpg
Momentos da Mídia-educação
Momento atual
os estudos culturais, teoria das mediações
e os estudos da recepção
79
Momentos da Mídia-educação
Momento atual
os estudos culturais, teoria das mediações
e os estudos da recepção Os estudos da
recepção recusam a
influência direta da
mídia sobre os
usuários.
É preciso levar em
consideração outros
mediadores
entrelaçados nas
respostas dadas aos
meios de
comunicação:
- Família
- Ambiente de
trabalho
- Estudos prévios
- Religião
- Gênero e idade
- Classe social
- Local de residência
Protocolo moral
(anos 30 até o presente)
Espectadores como vítimas da mídia
Origem religiosa
(Vaticano).
Atividades educativas
contra os perigos
representados
inicialmente pelo
cinema e, depois,
pela “invasão” da
mídia a partir dos
anos 50.
Defende a produção
midiática de
qualidade para
crianças e
adolescente
(classificação
indicativa).
http://4.bp.blogspot.com/_vIC-
anHE8H8/TJtRbt9AISI/AAAAAA
AAAFM/wNY9GLOhd3U/s1600/
TV.gif
81
Protocolo cultural
A mídia deve ser conhecida e estudada
Protocolo mediático
(anos 80 até o presente)
Universalização do direito à comunicação
Faces da mídia-educação
Autores-
produtores
Críticos
Sobre
•Crítica
•Alfabetismo
Espectadores
Faces da
mídia-
educação
Através Com
•Ativismo •Instrumental
•metodológico
84
Faces da mídia-educação
os 4 “Cs” segundo Fantin
Cultura
• Ampliação de
repertório
Cidadania
Criação Crítica
• Capacidade de • Capacidade de
expressão e análise e
comunicação avaliação
A MultiRio é a
empresa de
mutimeios da
prefeitura do Rio de
Janeiro, tendo 22 anos
de existência.
Tem produzido
diferentes mídias com
enfoque educativo
voltadas a crianças e
jovens, priorizando as
escolas públicas da
cidade.
No website da MultiRio
podem ser
encontrados diversos
programas educativos
em sua WebTV,
aplicações Web, livros
para educadores,
entre outros materiais.
http://www.multirio.rj.gov.br/
Sites da Mídia-educação
Blog da Mídia-educação
“Blog da Mídia-
educação“ da
professora Alexandra
Bujokas de Siqueira,
do Cead da UFTM.
Traz postagens sobre
a teoria e a prática
da leitura crítica dos
meios de
comunicação.
http://medialiteracyb
rasil.net
86
Sites da Mídia-educação
Apostilas da Redeci
Apostilas e materiais
produzidos pela
Redeci usadas em
suas oficinas de mídia-
educação.
A primeira parte é
sobre texto e
fotografia e a segunda
parte é sobre áudio e
video.
O projeto Redeci é
uma iniciativa do
Centro de Educação a
Distância e
Aprendizagem com
TICs (Cead) em
parceria com o grupo
de pesquisa Educação,
Mídia e Novas
Cidadanias da UFTM.
http://www.uftm.edu.br/re
deci/index.php/materiais
Sites da Mídia-educação
Núcleo de Comunicação e Educação da USP
87