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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA 3° VARA

CÍVEL ESPECIALIZADA EM FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE


TRAMANDAÍ/RS

Processo no: 5000370-14.2017.8.21.0073

LEONIR FRANCISCO DE ALMEIDA, já qualificado nos


autos do processo em epígrafe, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, através da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul,
por seu agente signatário, manifestar-se nos termos que seguem:

I. DA COMUNICAÇÃO DA INTERPOSIÇÃO RECURSAL

Primeiramente, informa a interposição de agravo de


instrumento contra a decisão de evento 18, confirmada em evento 26, recurso
que visa a desconstituição de penhora do único imóvel do executado, ora
peticionante, requerendo, face o efeito regressivo, a reconsideração da
decisão e a preservação do bem de família de matrícula 32.210 (artigo
1018, CPC/15).

II. DA NULIDADE DA CITAÇÃO

Antes de adentrar no mérito, deve ser suscitada a


nulidade de citação, dada a grafia incorreta do nome do demandado, o
qual se chama Leonir Francisco De Oliveira, mas, nos autos, foi intitulado
como Valdeci Mota Dos Santos.

À fl.02, o autor indica à exordial o nome incorreto do


réu. Às fls.40/40v, a citação se dá em nome de terceiro, tal qual
referenciado, por erro na inicial, razão pela qual o réu não contesta e é
declarado revel, o que não se mostra correto, pois não teria razão de
responder processo não vinculado ao seu nome.

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Após a revelia, o processo segue e é proferida
sentença de parcial procedência às fls.59/61, com trânsito em julgado à
fl.71, iniciando o cumprimento de sentença ainda vinculando nome de
terceiro alheio aos autos. Apenas à fl.99, o nome do réu passa a ser o
correto, já em fase expropriatória, passados anos do início do processo.
Por fim, a primeira manifestação do réu nos autos foi às fls.134/135
quando os bens do mesmo já estavam sendo constritos, o que representa
total nulidade (artigo 272, §2, §3, 278, 281, 337, I, CPC/15).

Nesse sentido é o texto legal:

Art. 272. (...)

§ 2º Sob pena de nulidade, é indispensável


que da publicação constem os nomes das
partes (...)

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§ 3º A grafia dos nomes das partes não deve
conter abreviaturas.

Art. 278. A nulidade dos atos deve ser alegada


na primeira oportunidade em que couber à
parte falar nos autos, sob pena de preclusão.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto


no caput às nulidades que o juiz deva
decretar de ofício, nem prevalece a
preclusão provando a parte legítimo
impedimento.

Art. 281. Anulado o ato, consideram-se de


nenhum efeito todos os subsequentes que
dele dependam, todavia, a nulidade de uma
parte do ato não prejudicará as outras que
dela sejam independentes.

Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o


mérito, alegar:

I - inexistência ou nulidade da citação;

No mesmo sentido é a jurisprudência:

NULIDADE DA CITAÇÃO (…) NOME COM


GRAFIA INCORRETA. (…) Quanto ao
segundo fundamento, entretanto, razão
assiste ao revisando, pois, havendo outros
indivíduos com o mesmo nome, variando a
grafia entre "W" e "V", sem que constasse

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do edital a filiação ou outros dados de
identificação, o prejuízo é evidente, por
afronta aos princípios do contraditório e da
ampla defesa. Assim, a citação por edital
está eivada de nulidade. (Revisão Criminal,
Nº 70058507450, Terceiro Grupo de Câmaras
Criminais, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Vanderlei Teresinha Tremeia Kubiak, Julgado
em: 15-08-2014)

Diante do exposto, requer a nulidade da citação e de


todos os atos processuais que se seguiram, com a imediata desoneração
dos bens constritos, bem como oportunidade para oferecimento de
contestação.

III. DO MÉRITO

No mais, requer a manifestação expressa quanto ao


pedido de gratuidade de justiça feito à fl.135, tendo em vista que o peticionante
é pessoa sem renda considerável e sequer tem valores para custear as
despesas básicas de seu dia a dia, quem dirá as do processo, sem falar nos
problemas de saúde que sua família enfrenta (artigo 98, CPC/15).

Em decorrência da gratuidade de justiça, os cálculos


apresentados exigem correções, pois estão incluídos honorários advocatícios,
os quais não incidem para os beneficiários da AJG.

Quanto à multa pelo atraso no pagamento, também tem


de ser excluída, pois o processo correu à revelia por erro não imputado ao
executado que teve seu nome cadastrado incorretamente nos autos,
constando, em vez de Leonir Francisco De Almeida, Leonir De Oliveira.

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Nesses termos pede e espera deferimento.

Tramandaí/RS, 20 de maio de 2022

ANDRE ESTEVES DE ANDRADE


Defensor Público

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