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NEUROPLASTICIDADE

E
FUNÇÕES CORTICAIS
Prof. Doutorando Pablo
Silva de Lima
BIBLIOGRAFIA ATUAL.

2
NEUROPLASTICIDADE
OU
PLASTICIDADE CEREBRAL

3
• Plasticidade é sua capacidade de fazer e desfazer ligações
entre os neurônios como consequência das interações
constantes com o ambiente externo e interno do corpo.

4
• É a capacidade das sinapses neurais e das vias cerebrais de serem
modificadas por pensamentos e emoções alteradas, bem como por estímulos
ambientais, comportamentais e neurais.

• Essas modificações repetidas ocorrem à medida que o cérebro aprende e


retém novos dados durante seu desenvolvimento.

• A poda sináptica geralmente acontece quando o cérebro exclui conexões


neurais desnecessárias ou inúteis; este processo reforça simultaneamente as
sinapses necessárias.

5
EXEMPLO...
• O treino e a aprendizagem podem levar à criação de novas sinapses e à
facilitação do fluxo da informação dentro de um circuito nervoso.

• É o caso de um pianista, que diariamente se torna mais exímio porque o


treinamento constante promove alterações em seus circuitos motores e
cognitivos, permitindo maior controle e expressão na sua execução musical.

• Por outro lado, o desuso, ou uma doença, podem fazer com que ligações
sejam desfeitas, empobrecendo a comunicação nos circuitos atingidos

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NEUROPLASTICIDADE

• Todo o tecido nervoso apresenta plasticidade, que é a capacidade de


alterar de modo mais ou menos prolongado a sua função e a sua
forma.

• A neuroplasticidade deriva dos fenômenos do desenvolvimento


ontogenético, mas pode se estender até a maturidade.

• Durante o desenvolvimento, no entanto, é mais expressiva do que


na fase adulta.

8
• São exemplos de neuroplasticidade a neurogênese que ocorre em
algumas regiões do cérebro adulto influenciada por fenômenos
ambientais; a regeneração bem-sucedida de axônios periféricos
submetidos a lesões, e a regeneração malsucedida dos axônios do
sistema nervoso central.

9
• Define-se neuroplasticidade como a propriedade do sistema nervoso
de alterar a sua função ou a sua estrutura em resposta às influências
ambientais que o atingem.

• Na verdade, o sistema nervoso é “construído” durante o


desenvolvimento embrionário e pós-natal obedecendo a regras
básicas expressas pelo genoma de cada espécie, mas de modo
extremamente suscetível a modulações por parte do ambiente.

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GENÉTICAS DESENVOLVIMENTO AMBIENTAIS

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• Essa fase de maior suscetibilidade ao ambiente, que caracteriza o
sistema nervoso imaturo, é chamada período crítico, e varia para as
diversas regiões e sistemas neurais, bem como para os
comportamentos e funções correspondentes.

• Exemplo de período crítico mais prolongado é o da aquisição da


linguagem nos seres humanos, que pode estender-se até a
adolescência.

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• Tanto durante o desenvolvimento quanto na vida adulta, a neuroplasticidade pode
manifestar-se paralelamente (com frequência, simultaneamente) de três maneiras
distintas:

• morfológica, ou seja, mediante alterações nos axônios, nos dendritos e nas


sinapses, detectáveis principalmente em animais experimentais por meio de
técnicas de microscopia;

• funcional, isto é, mediante alterações na fisiologia neuronal e sináptica, detectáveis


também em situações experimentais por meio de técnicas eletrofisiológicas;

• e comportamental, mediante alterações relacionadas com os fenômenos de


aprendizagem e memória.

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O SISTEMA NERVOSO SE
REGENERA?

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• Poucos anos atras, essa pergunta quase intuitiva que todos nos
fazemos tinha uma resposta direta e simples: não, o sistema
nervoso não se regenera.

• No entanto, a ultima década trouxe surpresas nesse aspecto, e a


resposta que devemos dar à pergunta já será um “depende”
bastante relativo.

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• A recuperação neural depende da restauração da função cerebral nos
tecidos neurais inicialmente perdidos em consequência de lesão ou
doença.

• A recuperação também pode se referir à habilidade de realizar tarefas e


exibir comportamentos gerais no mesmo nível que era possível antes da
lesão ou doença – referida como recuperação funcional.

• O termo compensação, por outro lado, se refere ao tecido neural residual


que assume as funções do tecido danificado ou perdido, resultando
potencialmente em diferenças de desempenho motor e de desempenho
na execução de tarefas, em comparação aos desempenhos observados
antes da lesão ou doença.
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• A regeneração de um tecido após uma lesão geralmente é
associada à proliferação de células-tronco disponíveis nas
proximidades, para recompor os tipos celulares desse tecido.

• No caso do sistema nervoso, a palavra-chave é neurogênese,


ou seja, a capacidade de proliferação neuronal.

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• Sempre se soube que a neurogênese é ativa durante as fases iniciais do
desenvolvimento, cessando em seguida para dar lugar aos mecanismos de
posicionamento e diferenciação das células neurais; mas não se sabia que
algumas regiões do sistema nervoso retinham essa propriedade até a vida
adulta.

• Tornou-se então realista supor a existência de uma certa capacidade


regenerativa do sistema nervoso adulto.

18
• Desde os tempos do famoso histologista espanhol Santiago Ramón y Cajal
(1852-1934), sabia-se que os axônios do sistema nervoso periférico exibem
ampla capacidade regenerativa, tanto morfológica quanto funcional, e que isso
não acontecia tão facilmente no sistema nervoso central.

• Mas só recentemente se revelou que os axônios centrais também


apresentam essa propriedade, que é imediatamente bloqueada por
mecanismos que impedem o seu prosseguimento.

19
• Neurogênese significa o exercício do ciclo celular integral pela
célula nervosa.

• Ou seja: a sucessão de fases que resulta na mitose da célula-mãe,


produzindo duas células-filhas.

• Nada extraordinário para a grande maioria das células do


organismo, mas não para o neurônio.

20
• Um aspecto central da plasticidade é o aumento (ou
diminuição) de sinapses, porque é por meio das sinapses que
as células se comunicam e, portanto, é por meio das sinapses
que podem ocorrer alterações na comunicação entre os
neurônios.

21
• A neuroplasticidade está presente em ambos os casos, durante
processos patológicos e lesões no SN, bem como, faz parte da
fisiologia normal do nosso corpo desde a ontogenia (embriologia) até
a vida adulta e morte.

• Na maioria dos casos, atribuímos neuroplasticidade ao processo de


adaptação do SN em caso de traumas.

• Nas lesões, a neuroplasticidade surge na tentativa de promover


reparação ou regeneração tecidual, com finalidade de restabelecer as
funções normais dos neurônios.
22
• A região neuronal na qual é afetada também influencia a
neuroplasticidade regenerativa.

• Os prolongamentos como os axônios e dendritos têm maior


facilidade para serem restaurados e recuperados, no entanto, caso a
lesão seja a nível somático, ou seja, no corpo celular do neurônio, a
regeneração se torna impossível levando a morte neuronal.

23
REGENERAÇÃO AXÔNICA NO SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

• Quando uma fibra nervosa periférica é seccionada por um


traumatismo ou por uma cirurgia, em pouco tempo ela retoma o
crescimento e reconstrói o circuito interrompido.

• Essa capacidade plástica das fibras periféricas é uma verdadeira


regeneração, já que o próprio coto proximal da fibra seccionada
torna a crescer até os alvos e restabelece a função perdida.

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REGENERAÇÃO AXÔNICA NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
• No sistema nervoso central dos mamíferos a situação é bem diferente.

• A secção do axônio até que estimula a reativação da expressão gênica, mas o


cone de crescimento que se forma no coto proximal não encontra no
microambiente do tecido nervoso condições favoráveis para o seu
deslocamento, e por isso a regeneração se frustra.

• Os oligodendrócitos, gliócitos responsáveis pela mielinização dos axônios


centrais, comportam-se diferentemente das células de Schwann.

25
• A incapacidade de regeneração dos axônios centrais torna
permanente o efeito das lesões.

• Por exemplo, se uma pessoa sofrer uma secção do nervo óptico —


um nervo formado por axônios pertencentes a neurônios da retina
—, ocorrerá cegueira irreversível, pois será impossível recuperar o
circuito de comunicação entre a retina e o sistema nervoso central.

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• Tem-se tentado utilizar meios farmacológicos ou imunológicos para
bloquear a ação das proteínas inibidoras do crescimento axônico,
desfazer a cicatriz glial, acelerar a remoção dos detritos de mielina.

• Mais recentemente, tem- se tentado também utilizar transplantes


de células-tronco e outras células capazes de fornecer aos axônios
lesados, localmente, substâncias químicas pró-regeneração.

27
COMO PROMOVER
NEUROPLASTICIDADE?

29
REFERÊNCIAS
• Cosenza, Ramon, M. e Leonor B. Guerra. Neurociência e educação: como o
cérebro aprende . Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo A, 2009.

• Lent, R. 100 bilhões de neurônios. Conceitos Fundamentais de Neurociências.


Atheneu, 2001

• Schenkman, Margaret, L. et al. Neurociência Clínica e Reabilitação .


Disponível em: Minha Biblioteca, Editora Manole, 2016.

• Quaresma, Roberto. Neurociência da Mente e do Comportamento .


Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo GEN, 2008.

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OBRIGADO!

32
FUNÇÕES
COGNITIVAS

33
• O conceito de que existem áreas corticais especializadas ou
dedicadas a funções específicas, como a linguagem, a atenção ou a
memória, vem sendo cada vez mais criticado e substituído pelo
modelo das redes nervosas dedicadas

• Tanto Luria (1973) como Mesulam (2000), por exemplo, já


propunham que, em relação à cognição, devemos prestar atenção a
sistemas funcionais, ou redes integradas.

34
Segundo Mesulam (2000), pelo menos cinco redes de larga escala
poderiam ser identificadas:
• 1. uma para atenção espacial, com epicentros nos córtices
parietal, pré-frontal e giro do cíngulo, com predominância à direita;

35
• 2. Uma para linguagem com epicentros frontal (área de Broca) e
temporoparietal (área de Wernicke), com predominância à esquerda;

36
• 3. uma para memória e emoção, com epicentros no hipocampo e
amígdala;

• 4. uma para funções executivas, com epicentros nas regiões pré-


frontais; e

• 5. uma para identificação de faces e objetos, com epicentros no


lobo temporal inferior e polo temporal.

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• A cognição, seguramente, é um fenômeno derivado do funcionamento dos
circuitos neurais.

• Ela não pode ser localizada em sinapses ou neurônios isolados, mas deriva do
processamento que ocorre em um grande número de elementos nervosos
interconectados de forma complexa.

• As funções cognitivas resultam de transações neuronais que ocorrem em


múltiplos circuitos distribuídos, os quais se entrelaçam e interagem de modo
contínuo.

• As redes se organizam hierarquicamente, mas os neurônios situados em uma


região cortical podem integrar mais de um circuito e, portanto, podem
participar de várias funções.

38
VAMOS AS FUNÇÕES
NEUROCOGNITIVAS

39
ATENÇÃO
FUNCIONAMENTO
ATENCIONAL
41
• Na verdade, boa parte dessa informação não chega a ser processada, não só
porque é desnecessária e seria pouco econômico cuidar dela, mas também
porque nosso cérebro, apesar de constituído por bilhões de células
interligadas por trilhões de sinapses, não tem a capacidade de examinar tudo
ao mesmo tempo.

• Por isso, a natureza nos dotou de mecanismos que permitem selecionar a


informação que é importante.

• Através do fenômeno da atenção somos capazes de focalizar em cada


momento determinados aspectos do ambiente, deixando de lado o que for
dispensável.

42
• O modelo cognitivo do sistema atencional humano proposto e revisado por
Posner (2012) envolve três componentes dissocia- dos: alerta, orientação e
atenção-executiva (ou vigília, processos atencionais automáticos e processos
atencionais controlados, dependendo da tradução)

• O primeiro processo diz respeito à ativação e à responsividade do sistema


nervoso central a estímulos internos e externos, envolvendo a ativação de
regiões subcorticais como o tronco encefálico, o tálamo e o diencéfalo.

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• Os processos atencionais automáticos representam um sistema relacionado
ao direcionamento do foco atencional diante de estímulos ambientais.

• Envolvem a modulação dos recursos sensoriais e de processamento com


relação ao estímulo-alvo, além do uso de esquemas fortemente consolidados
pelo organismo, como a leitura e a contagem.

• Esse segundo aspecto da atenção é muito associado a regiões posteriores do


córtex cerebral, sobretudo os lobos occipitais e parietais.

• Além disso, esse sistema apresenta também conexões com regiões dos lobos
frontais relaciona- das aos movimentos oculares e manuais e à linguagem
expressiva.
46
• O terceiro componente do sistema atencional é composto pelos
processos atencionais controlados, que envolvem recursos de
natureza executiva, permitindo ao sujeito a mudança voluntária de
foco, a manutenção do tônus atencional e a resolução de conflitos
atencionais em situações que demandam inibição, flexibilidade e
alternância.

• Esses últimos processos são fortemente associados a regiões


anteriores do sistema nervoso central, incluindo as porções
anteriores do giro do cíngulo.

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• atenção executiva é que ela está relacionada aos mecanismos de
autorregulação, ou seja, com a capacidade de modular o comportamento de
acordo com as demandas cognitivas, emocionais e sociais de uma determinada
situação.

• Dessa forma, a atenção executiva é importante para o bom funcionamento da


aprendizagem consciente.

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50
• Processos atencionais automáticos encontram grande sobreposição com o
conceito de velocidade de processamento, domínio cognitivo comumente
encontrado em estudos de natureza psicométrica que se relaciona à
velocidade de execução de diferentes tarefas, das mais simples às mais
complexas.

• Seus principais correlatos neurobiológicos seriam as fibras de substância


branca, que conectam diferentes regiões do encéfalo, e regiões corticais
posteriores.

• Os processos atencionais controlados, por sua vez, apresentam grande


sobreposição com o conceito de funções executivas.

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Atenção sustentada

• Diz respeito à capacidade do indivíduo para manter o foco da atenção em uma


determinada tarefa, de forma consistente, por um período prolongado de
tempo.

A atenção dividida

• É a capacidade do indivíduo de realizar mais de uma tarefa simultaneamente, de


atender concomitantemente a duas ou mais fontes de estimulação.

A atenção seletiva ou focalizada

• É a capacidade de direcionar a atenção para um determinado estímulo e


simultaneamente ignorar outros, resistindo à interferência de estímulos
irrelevantes à tarefa (distratores).

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APRENDIZAGEM

ATENÇÃO

SOLUÇÕES DE
DIVERSOS
PROBLEMAS DA
VIDA DIÁRIA
53
LINGUAGEM

54
O QUE É LINGUAGEM?
• Segundo Harley (2013, p. 5), “trata-se de um sistema de símbolos e regras que
possibilitam que nos comuniquemos.

• Os símbolos representam outras coisas: palavras, escritas ou faladas, são


símbolos.

• As regras especificam como as palavras são ordenadas para formar frases.”

• A comunicação é a função primária da linguagem, no entanto, Crystal (1997)


identificou oito funções diferentes para ela. Além da comunicação, usamos a
linguagem para pensar, registrar informações, expressar emoções (p. ex., “Eu te
amo”), fingir que somos animais (p. ex., “Au! Au!”), expressar identidade com
um grupo (p. ex., cantar na igreja) e assim por diante.

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• Detalhes da base neural da linguagem foram inicialmente
evidenciados a partir de estudos de distúrbios adquiridos da
linguagem, conhecidos como afasias.

• Lesões encefálicas focais ocasionadas por doenças


cerebrovasculares (derrame), traumatismos cranianos e doenças
degenerativas, como as doenças de Alzheimer e de Pick, causam
afasias.

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• Portanto, os distúrbios de linguagem adquiridos geralmente
interferem de forma significativa nas habilidades comunicativas,
sociais, laborais e de (re)integração à sociedade (Hillis, 2007).

• A linguagem manifesta-se na forma de “compreensão” receptiva e


de decodificação do input linguístico (“compreensão verbal”), que
inclui a audição e a leitura, ou no aspecto de codificação expressiva
e produção, que inclui fala, escrita e sinalização.

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Os componentes de representação da linguagem envolvem o
processamento nos seguintes níveis:

• a) Semântico: refere-se ao significado das palavras ou ideias


veiculadas.
• b) Fonético: compreende a natureza física da produção e da
percepção dos sons da fala humana.
• c) Fonológico: corresponde os sons da fala (fonemas).
• d) Morfológico: diz respeito às unidades de significado – palavras
ou partes de uma palavra.

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• e) Lexical: envolve compreensão e produção de palavras. Léxico é o
conjunto de palavras em uma dada língua ou no repertório linguístico de uma
pessoa.
• f) Sintático: refere-se às regras de estrutura das frases, às funções e às
relações das palavras em uma oração.
• g) Pragmático: compreende o modo como a linguagem é usada e
interpretada, considerando as características do falante e do ouvinte, bem
como os efeitos de variáveis situacionais e contextuais.
• h) Prosódico: integra a habilidade de reconhecer, compreender e produzir
significado afetivo ou semântico com base na entonação, na ênfase e em
padrões rítmicos da fala

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• Estudos de neuroimagem funcional com participantes neurologicamente
saudáveis e com pacientes com dano neurológico têm destacado a
importância do hemisfério cerebral esquerdo (HE) para o processamento da
linguagem, tanto oral como escrita (Ca- tani et al., 2012; Purcell, Napoliello, &
Eden, 2011; Vigneau et al., 2006).

• Historicamente, os estudos de Paul Broca e Carl Wernicke, no século XIX,


analisando pacientes que desenvolveram afasia de expressão e compreensão,
relacionaram esses déficits aos casos pós-lesão nas regiões frontal e
temporal, respectivamente (Cappa, 2001).

60
• Vigneau e colaboradores (2006) realizaram um estudo de metanálise
descrevendo a organização funcional do HE para a linguagem.

• Esses autores destacaram o papel do giro frontal inferior para o proces-


samento fonológico e semântico.

• Além disso, ressaltaram o envolvimento da área auditiva primária na


compreensão de sílabas e da área motora responsável pelos movimentos da
boca.

• Por fim, os pesquisadores defenderam a evidência de uma área cortical no


giro frontal inferior responsável pelo processamento sintático e na parte
posterior do giro temporal superior, que ́ ativada durante o processamento de
sentenças e de textos.

61
• No estudo de revisão de Catani e colaboradores (2012),
identificaram-se di- versas regiões, concentradas principalmente no
HE, responsáveis pelas habilidades de linguagem.

• Esses autores descreveram que o fascículo arqueado,


compreendendo as áreas 22, 37 e 42 de Brodmann, está
relacionado com as afasias de Wernicke e de condução.

62
• As projeções talâmicas auditivas (área 21 de Brodmann), quando
dani- ficadas, mostram-se responsáveis pela surdez cortical de sons
ou palavras.

• Quando há prejuízo nos segmentos anterior e posterior do


fascículo arqueado (áreas 39 e 40 de Brodmann), podem surgir as
disgrafias e dislexias adquiridas, compreensão reduzida, anomia e
memória operacional verbal deficitária.

63
• O hemisfério cerebral direito (HD) também tem um importante papel no pro-
cessamento da linguagem e da comunicação.

• Estudos têm demonstrado que o HD armazena os aspectos prosódicos de produção


da fala e os componentes lexicais de reconhecimento visual das palavras (Lindell,
2006).

• Em relação às habilidades comunicativas que envolvem o HD, observa-se que esse


hemisfério é responsável principalmente pelas funções discursivas, pragmáticas,
inferenciais, léxico-semânticas e prosódicas.

• Pacientes com lesão no HD podem apresentar, ainda, déficit na produção ou no


reconhecimento emocional de faces ou do som das vozes (Fonseca et al., 2006).

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• Entre as alterações adquiridas de linguagem, as afasias são as mais
estudadas.

• A afasia é definida como a perda ou a deficiência da linguagem


expressiva e/ou receptiva, provocada por um dano cerebral,
geralmente no HE.

• Além disso, outros processos cognitivos relacionados à linguagem,


como memória, categorização, atenção e funções executivas,
podem estar prejudicados.

65
• O diagnóstico de afasia é realizado a partir do desempenho do
paciente em tarefas de linguagem oral e escrita que avaliam
compreensão, expressão, nomeação e repetição nos níveis da
palavra, da sentença e do discurso

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NEUROANATOMIA DA LINGUAGEM

Área de Wernicke,
Área de Broca, na
no lobo temporal
região frontal
superior posterior
lateral esquerda
esquerdo,

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AFASIA DE BROCA
• Caracterizam-se por fala espontânea e repetição de sentenças não fluentes
(extensão da frase reduzida melodia e agilidade articulatória alteradas, menor
número de palavras por minuto).

• Nas afasias de Broca, apesar do déficit de expressão da linguagem ser mais


preponderante, há também dificuldades na compreensão de sentenças, que
podem estar relacionadas aos processos léxico-semânticos (Baumgaertner &
Tomp- kins, 2002).

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AFASIA GLOBAL
• A fala espontânea consiste em estereotipias e perseverações, em que a
compreensão mostra-se severamente prejudicada, podendo ser
compreendidos apenas comandos simples.

72
AFASIA DE WERNICKE
• Caracteriza-se por linguagem expressiva espontânea e repetição fluentes,
mas desprovidas de sentido (jargão), além de comprometimento da
compreensão de palavras, sentenças e conversação.

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75
MEMÓRIA
• A complexidade da memória diz respeito ao envolvimento de
diversos processos de recepção, arquivamento e recordação de
informações. Trata-se de uma função multifacetada, envolvendo
diversos mecanismos neurais

• A capacidade individual de adquirir, reter e resgatar informações de


forma consciente permite, teoricamente, utilizar as experiências
anteriores como dados para a tomada de decisão.

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• Grande parte do conhecimento atual sobre neuroanatomia da memória teve
como gatilho o famoso caso de amnésia anterógrada profunda (perda da
capacidade de fixar na memória acontecimentos ocorridos após um agente
amnéstico) do paciente H.M

• A primeira publicação sobre esse paciente ocorreu no final dos anos 1950
(Scoville & Mil- ner, 1957), quando foi relatada a retirada cirúrgica de porções
temporais mediais bilateralmente, evidenciando a importância das estruturas
dessas regiões para a memória, assim como possibilitando seu fracionamento
entre memória declarativa (explícita) e não declarativa (implícita) – esta última
preservada no paciente, apesar de sua total incapacidade de se lembrar de
eventos novos

78
• https://www.youtube.com/watch?v=W0TTQroCjoQ&list=PLCt5pFbxY1GTUKZ
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80
MEMÓRIA DE CURTO A MEMÓRIA DE LONGO
PRAZO PRAZO
• Se caracteriza por ser um • Refere-se à memória
sistema de capacidade para eventos que
limitada responsável ocorreram a vários
pelo armazenamento minutos, horas, dias,
temporário e pelo meses ou anos atrás
controle da informação. (tulving, 1983).

81
• As memórias declarativas são aquelas que contêm informação que, em geral,
sabemos que possuímos e à qual temos acesso consciente.

• Esse tipo de memória inclui o conhecimento de nossa história pessoal e sobre


o mundo que nos rodeia, e pode subdividir-se em dois tipos:

• memórias episódicas e memórias semânticas.

83
A memória episódica é aquela que
memórias declarativas semânticas
contém informação acerca da nossa
contêm informação a respeito do
própria vida e de eventos com ela
ambiente que nos rodeia e da qual
relacionados como, por exemplo, a
somos capazes de lembrar sem saber
festa de nossos 15 ou 18 anos ou o
como, quando e/ou onde a adqui-
dia em que conhecemos nossa
rimos.
companheira ou nosso companheiro.

84
• As memórias procedimentais (de procedimento ou implícitas, ou
ainda não-declarativas) contêm informação à qual não temos
acesso consciente, tal como o conhecimento de um procedimento
automático (dirigir um automóvel, digitar um documento) e a
informação adquirida durante paradigmas de condicionamento e
habituação.

85
• Na formação das memórias declarativas participam várias regiões corticais
(pré-frontal, entorrinal, parietal etc.) e, fundamentalmente, o hipocampo,
uma estrutura cortical filogeneticamente antiga localizada no lobo temporal
do cérebro

• A formação das memórias implícitas envolve alguma dessas áreas, mas


depende principalmente de circuitos subcorticais (envolvendo o núcleo
caudado, por exemplo) ou cerebelares

87
• Denomina-se amnésia a perda ou falha da memória declarativa.

• Porém, nas amnésias mais graves ocorre também certa perda de


memória procedimental.

• Na amnésia anterógrada ocorre a impossibilidade de transferir ou


armazenar nova informação de forma perdurável e, portanto, de
lembrar além de breves instantes alguma coisa que tenha
acontecido.

89
• Já a amnésia retrógrada impede a lembrança de fatos e eventos que
tenham acontecido antes do início da patologia.

• Várias doenças provocam amnésia. A depressão é a causa mais


freqüente mas a menos grave, e geralmente não vem acompanhada de
dano neuronal.

• As demências são as mais graves. A mais comum delas é a doença de


Alzheimer, que se caracteriza pela ocorrência de lesões iniciais nas áreas
do cérebro responsáveis pelo processamento das memórias declarativas
(córtex entorrinal, hipocampo) e, mais tarde, no resto do cérebro.

90
• A região CA11 do hipocampo desempenha papel fundamental na formação
de memórias declarativas.

• Porém, essa região não atua isoladamente, mas sim como parte de um
circuito reverberante funcionalmente ativo que envolve o neocórtex
temporal vizinho (córtex entorrinal) e outras duas subáreas hipocampais: o
giro dentado e a região CA3

• Ressalta-se que as emoções aumentam a retenção de memórias, mas também


podem induzir falsas memórias (Santos & Stein, 2008).

91
• Estruturas límbicas:

• O sistema límbico é constituído por estruturas interligadas e


interconectadas que fornecem um substrato neuroanatômico para
comportamentos relacionados a motivação e emoção e atuam na
aprendizagem e memória.

• Os componentes profundos do cérebro do sistema límbico incluem


a amígdala (ou corpo amigdaloide) e o hipocampo, ambos
localizados no lobo temporal.

92
PARA EU APRENDER

1.aquisição de material;

2.armazenamento;

3.resgate do material.
94
FUNÇÕES
VISUOPERCEPTIVAS
• Os principais processos cognitivos associados à identificação e ao
reconhecimento de objetos incluem os processos visuais primários,
perceptivos e associativos.

• Processos visuais primários


• Esses processos têm relação com acuidade visual, discriminação de
formas, cor, textura, movimentos e posição. Seus correlatos neurais
incluem as áreas cerebrais de projeções primárias tanto no
hemisfério esquerdo como no direito.

96
• Processos perceptivos
• Esses processos integram os processos visuais primários em estruturas
perceptivas coerentes, possibilitando perceber a forma de um objeto.

• Áreas visuais associativas, tais como o córtex parietal e o têmporo-


occipital no hemisfério direito estão particularmente relacionados com
essas funções.

• A alteração desses processos pode produzir o quadro de agnosia


aperceptiva.

97
• Processos associativos
• Os processos associativos são responsáveis pela análise semântica do objeto
ou reconhecimento de seu significado.

• Estão vinculados às regiões têmporo-occipitais nos dois hemisférios cerebrais.


A alteração desses processos pode produzir o quadro de agnosia associativa.

98
• Prosopagnosia
• Esse quadro consiste na incapacidade de reconhecer faces familiares e
famosas como consequência de comprometimento da região têmporo-
occipital, especialmente do giro fusiforme, no hemisfério direito (não
dominante).

• Função principal do lobo parietal envolve aspectos complexos de orientação


e percepção espacial, incluindo a autopercepção e a interação com o mundo
que nos rodeia.

99
REFERÊNCIAS
• Fuentes, Daniel, e outros. Neuropsicologia . Disponível em: Minha Biblioteca, (2ª edição).
Grupo A, 2014.

• KREBS, Cláudia. Neurociências Ilustradas . Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo A, 2015.

• Cosenza, Ramon, M. e Leonor B. Guerra. Neurociência e educação: como o cérebro


aprende . Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo A, 2009.

• Quaresma, Roberto. Neurociência da Mente e do Comportamento . Disponível em: Minha


Biblioteca, Grupo GEN, 2008.

• Miotto, Eliane, C. et al. Neuropsicologia Clínica, 2ª edição . Disponível em: Minha


Biblioteca, Grupo GEN, 2017.

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OBRIGADO !
LEMBRE-SE DA ATIVIDADE DE PÓS-AULA

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