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William James - Psicologia da Consciência

“Todo pensamento tende a ser parte de uma consciência pessoal”.


Não existe tal coisa como uma consciência individual independente da pessoa a quem pertence essa consciência.
Há apenas o processo de pensamento, assim como é experienciado ou percebido por um indivíduo.

“Dentro de cada consciência pessoal o pensamento está sempre se transformando”.


Não podemos nunca ter exatamente o mesmo pensamento 2 vezes. Podemos ver o mesmo objeto, ouvir o mesmo
som, mas a nossa consciência dessas percepções mudam a cada vez.
O que parece ser um pensamento repetitivo é, na verdade, uma série em mudança contínua; sendo que cada
pensamento é único, parcialmente determinado por modificações prévias do pensamento original.

Cada onda de consciência momentânea, cada pensamento que passa, “sabe” de todos os que precederam na
consciência. Cada pulsação de pensamento, à medida que se extingue, transmite o título de propriedade de seu
conteúdo mental ao pensamento sucessor.
Cada pensamento emergente toma parte de sua força, foco, conteúdo e direção dos pensamentos precedentes.
Mesmo que se percebem brechas na consciência, não as acompanha o sentimento de descontinuidade.

A consciência é seletiva, “está sempre mais interessada em uma parte de seu objeto do que em outra e recebe,
rejeita ou escolhe durante todo o tempo que pensa”.
James dirige sua atenção para os principais determinantes do processo seletivo: atenção e hábitos.

Antes que a experiência possa ser experienciada, precisa-se dar atenção a ela. “Minha experiência é aquilo a que
eu concordo prestar atenção. Apenas aqueles itens que eu noto formam minha mente sem um interesse seletivo,
a experiência é um caos absoluto”.
Uma pessoa incapaz de manter a atenção é atacada pelas experiências, incapaz de ordená-las e pode ser que aja
de uma maneira confusa ou caótica. Embora a atenção seja comumente predeterminada pelos hábitos mentais, é
possível fazer uma opção real mesmo contra estas correntes de respostas habituais.
William James - Psicologia da Consciência

São ações ou pensamentos que aparecem aparentemente como respostas automáticas a uma dada experiência.
Diferem dos instintos pelo fato de que um hábito pode ser criado, modificado ou eliminado pela direção consciente.
“O hábito simplifica o movimento necessário para obter um dado resultado”. Neste sentido, os hábitos constituem
uma faceta de aquisição de habilidades. Por outro lado, “o hábito diminui a atenção consciente com a qual nossas
ações são realizadas”. Se isso é vantajoso ou não, depende da situação. Retirar a atenção de uma ação a faz mais
fácil de ser executada, mas também a torna resistente à mudança.

Por que você aceita uma ideia racional ou teoria e rejeita outra? Isto é, em parte, uma decisão emocional; aceitamos
uma porque nos capacita a entender os fatos de uma forma emocionalmente mais satisfatória.
James descrevia essa satisfação emocional como um “intenso sentimento de tranquilidade, paz, descanso. Esta
falta total da necessidade de explicar, de discutir, de justificar é o que chamamos de sentimento de racionalidade”.
Antes que uma pessoa aceite uma teoria, 2 conjuntos diferentes de necessidades devem ser satisfeitos:
1- A teoria deve ser intelectualmente agradável, consistente, lógica e assim por diante.
2- Ela deve ser emocionalmente atraente, deve encorajar-nos a pensar ou agir de forma que nos pareça
satisfatória e aceitável ao nível pessoal.
Gostamos de acreditar que tomamos decisões com bases puramente racionais; mas há sempre a tendência
emocional, outra variável crítica no processo. O sentimento de racionalidade é a carga emocional que emerge do
relacionamento com uma ideia antes que nos mobilizemos para aceitá-la ou não.

A evolução pessoal é possível e que todos têm uma capacidade inerente de modificar ou mudar comportamentos
e atitudes. James conclui que há um depósito de experiências latentes ou realizadas que subjaz ao impulso em
direção ao crescimento.
Formação de hábitos: na aquisição de novos hábitos ou no abandono de velhos, nunca enfrente uma reprovação
até que o novo hábito esteja seguramente enraizado em sua vida. Cada lapso é como o deixar cair um rolo de
barbante que está sendo cuidadosamente enrolado: um simples deslize desfaz muito mais do que várias voltas
enrolarão novamente.
A continuidade do treinamento é o grande meio de fazer o sistema nervoso agir de forma infalivelmente correta.
Desapego de sentimentos: ele dizia que um equilíbrio entre a indiferença aos sentimentos e a expressão deles
serve ao organismo da melhor forma. James diz para deixar as emoções virem ou irem embora, não as levando em
conta de qualquer maneira; pois elas não são indicadoras de nosso estado de espírito, mas meras indicadoras de
nosso temperamento ou de nossa condição física presente.
Excitação emocional: ao mesmo tempo que o desapego é um estado desejável, há também vantagens em estar
dominado pelos sentimentos; o transtorno emocional é um meio pelo qual hábitos duradouros podem ser
rompidos; liberta as pessoas a tentarem novos comportamentos ou explorarem novas áreas de percepção. James
concluiu que o evento precipitador não era o fator crítico, e sim a resposta que o indivíduo dava à excitação.
Saúde mental: é o termo de James para o agir como se as coisas pudessem ir bem, o agir com base em ideais.
Para James, o idealismo era uma força ativa. Seu próprio retorno à saúde mental começou com o ideal de se agarrar
ao ideal da vontade livre.
William James - Psicologia da Consciência

Maus hábitos: são aquelas forças que retardam nosso desenvolvimento e limitam nossa felicidade. Nós somos,
antes de mais nada, criaturas com hábitos. A maioria de nossas atividades consome-se em ações que fazemos com
uma mínima tomada de consciência.
Nós temos até mesmo o mau hábito de passar por cima, ignorar ou compreender nossos outros maus hábitos; são
os obstáculos mais óbvios e prevalecentes ao crescimento na nossa vida cotidiana.
Emoções não expressas: James viu que era imperativo fazer algo com nossa energia emocional. Bloqueá-la ou
recalcá-la poderia conduzir à enfermidade emocional. Ele sentia que era desnecessário expressar a exata emoção,
especialmente se isto pudesse ferir a própria pessoa ou os outros. Contudo, era importante encontrar algum escape
para a excitação. Se uma pessoa se sentisse corajosa, caridosa ou compassiva, estes sentimentos deveriam ser
traduzidos em ações ao invés de serem aquietados.
Erros de excesso: é uma prática comum a de chamar algumas características pessoais de benéficas e outras de
prejudiciais. James estava convicto de que essa dicotomia simples só é válida para demonstrações moderadas de
sentimentos. Um excesso de amor torna-se possessividade, um excesso de lealdade torna-se fanatismo, um excesso
de consideração torna-se sentimentalismo; cada virtude diminui seu possuidor uma vez que lhe permitamos
assumir sua forma extrema.
Cegueira pessoal: é a inabilidade de compreender uma outra pessoa. Nosso fracasso em tomarmos consciência de
nossa cegueira é uma importante fonte de infelicidade no relacionamento com outras pessoas. Sempre que
presumimos poder decidir por outros o que é bom para eles ou o que deveriam aprender ou quais são suas
necessidades, caímos no erro.
James sugere que perdemos parte dessa consciência ao perdermos contato com a natureza. Essa cegueira nos
impede de tomar consciência da intensidade do momento presente. Outros sintomas são a inabilidade de expressar
nossos sentimentos, a ausência de conscientização que leva aos erros de excesso, a aceitação voluntária de nossos
maus hábitos que restringem a consciência e impedem sua remoção.

James argumenta que nós temos uma capacidade inata para fazer escolhas reais, apesar das limitações genéticas,
dos hábitos pessoais e de outras circunstâncias externas. Parece ser mais útil, mais benéfico e mentalmente mais
sadio acreditar na vontade livre do que não o fazer.

É aquela continuidade pessoal que cada um de nós reconhece cada vez que acorda. James descreve várias camadas
do self.
Self material: inclui todas aquelas coisas com as quais nos identificamos. O self material abrange não apenas nossos
corpos mas também nossas casas, posses, amigos e família. Na medida em que uma pessoa se identifica com uma
outra pessoa ou objeto externos, este constitui parte de sua identidade.
Self social: é o reconhecimento que um homem tem por parte de seus companheiros. Constitui qualquer e todos
os papéis que nós voluntária ou involuntariamente aceitamos. Uma pessoa pode ter muitos ou poucos selves
sociais, consistentes ou inconsistentes, mas ela se identifica com cada um deles na situação apropriada.
Self espiritual: é o ser interior e subjetivo de uma pessoa. É a fonte de esforço, atenção e o lugar do qual parecem
emanar as ordens da vontade.

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