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Lesões das áreas corticais secundárias resultam em agnosias, ou seja, na

incapacidade de identificar objetos ou aspectos dos objetos, mesmo estando


íntegras as áreas corticais primárias. São muitas as agnosias visuais em casos
de lesões restritas do lobo temporal envolvendo a via cortical ventral. Já
foram identificadas agnosias em que pacientes neurológicos perderam a
capacidade de identificar objetos e desenhos, a cor dos objetos e até mesmo a
face de pessoas conhecidas (prosopagnosia). (Ref.: MACHADO, Angelo B.
M. Neuroanatomia funcional. 2 ed. São Paulo: Atheneu Editora, 2007)

Referência: PURVES, Dales et al. Neurociências. 4ª ed. Rio Grande do Sul:


ARTMED® EDITORA S.A., 2010.
Prosopo, do grego, “face” ou “pessoa”
via ventral responsável pelo reconhecimento de objetos (Alça de Meyer)
Lesões no lobo temporal direito, na porção inferior ou próximo ao giro fusiforme
levam a agnosias para faces/objetos; visuais
Lobo temporal direito: medeia o reconhecimento de faces e é vizinho de regiões
responsáveis por outras categorias de identificação
Lesão no córtex temporal inferior do lobo direito → prosopagnosia: incapacidade
de identificar indivíduos/faces familiares (ou não); conscientes do estímulos, mas
sem capacidade de assimilá-los

Referência:
Damasio, A. R. (1985). Prosopagnosia. Trends in Neurosciences, 8(3), 132–
135. https://doi.org/10.1016/0166-2236(85)90051-7
Associada a lesões bilaterais no sistema visual central, localizada na região
occipitotemporal medial; as lesões destroem um setor específico do córtex
associativo visual OU desconectam esse das estruturas límbicas localizadas na
porção anterior do lobo temporal
Aparece relacionado a qualquer estímulo visualmente ambíguo (fisicamente
similar mas individualmente diferentes), em que o reconhecimento depende da
evocação de uma memória
Termo cunhado em 1947 por Bodamer
Perda da capacidade de reconhecimento de faces familiares e da habilidade de
aprender a identificar novas faces; paciente podem reconhecer outro pelo tom
de voz ou por características distintas (colocar exemplo Dr. P)
Sintomas frequentemente acompanhados: acromatopsia e alexia
Natureza do defeito:
Em casos de prosopagnosia isolada:
Paciente geralmente podem identificar outras classes do objetos
A área primária visual está intacta
Habilidade de integrar percepção facial com experiencias anteriores é
prejudicada
Agnosia se estende ao reconhecimento de automóveis, formatos/tipos de
roupas, ingredientes de forma e volume semelhantes, animais específicos num
grupo → processo de reconhecimento é lesado quando os indivíduos
precisam separar tais classes de estímulo de outros objetos num grupo
Os subcomponentes dos objetos são percebidos, mas não há integralização (Dr.
P)
Relação com a memória declarativa episódica: distúrbio da memória contextual
visualmente ativada (associativo)

Referência:
Albonico, A., & Barton, J. (2019). Progress in perceptual research: the case
of prosopagnosia. F1000Research, 8, F1000 Faculty Rev-765.
https://doi.org/10.12688/f1000research.18492.1
Prosopagnosia: comprometimento na habilidade de reconhecer faces familiares;
pode ser adquirida por lesões ou por desenvolvimento disfuncional
Diagnóstico:
Perda da familiaridade de rostos já conhecidos e incapacidade de reconhecer
novas faces
Testes de familiaridade a curto prazo: apresentação de rostos numa fase de
aprendizado, depois os mesmos juntamente com novas faces como distração →
sujeito deve indicar quais foram aprendidos na fase 1 + testes com rostos
familiares/famosos; ex.: the Warrington Recognition Memory Test10 and the
Cambridge Face Memory Test

03 tipos principais:
1. Testes de percepção facial: detectar faces num rol; discriminar/combinar
faces vistas
2. Testes de reconhecimento facial: citados acima
3. Testes de identificação facial: nomear e apresentar informações sobre a
pessoa cujo rosto é mostrado
2 e 3: indivíduos com prosopagnosia apresentam dificuldades
1: utilizado para distinguir se o indivíduo possui uma variante perceptiva
(subverificação da estrutura facial no processo perceptual) ou uma variante
associativa (problema não é a percepção, mas a habilidade dessa acessar
memorias faciais)
Questionários pessoais → problema: indivíduo pode não estar 100% ciente de
seu problema/habilidades de reconhecimento (Caso Dr. P)
Critérios:
1. Dificuldade de reconhecer faces no dia a dia
2. Reconhecimento prejudicado em pelo menos 2 testes
3. Percepção e memória intactas
4. Exclusão de outros transtornos que podem prejudicar o reconhecimento
facial (ex: TEA)
Base neurológica:
Lesões:
bilaterais ou concentradas no hemisfério direito
Áreas: região ventral do córtex occipitotemporal e giro fusiforme (variante
perceptiva) + córtex anterior temporal (variante associativa/amnésia)
Prosopagnosia de desenvolvimento:
sem grandes lesões aparentes → estudo feito com técnicas de neuroimagem,
como medição da grossura cortical, grau de ativação funcional e conectividade
na rede neural
Teorias – (1) associada a alterações em diversas regiões de reconhecimento
facial, principalmente giro fusiforme, menor densidade cortical, anormalidades
na difusão de imagens na substância branca e pouco feedfoward nas primeiras
áreas visuais occipitotemporais ou (2) desconexão entre regiões anteriores e
posteriores na rede facial
A prosopagnosia é apenas sobre faces?
Estudos de casos em prosopagnosia adquirida: resultados mistos → alguns
reconheciam normalmente outros objetos; outros apresentavam prejuízo (Dr. P)
Prosopagnosia do desenvolvimento: maioria mostrava reconhecimento de
objetos prejudicado
Hipóteses: processamento facial e de palavras visuais (escritas) competem por
regiões como o giro fusiforme → palavras processadas mais a esquerda e faces
se lateralizam mais à direita; porém, há intercambio; prosopagnosia do lado
direito → pequeno déficit de leitura e no processamento de palavras + alexia do
lado esquerdo → pequeno prejuízo no reconhecimento facial
Tratamento:
Estratégias compensatórias: reconhecimento alcançado contornando o prejuízo
no processamento facial + Remediação: atenuar o prejuízo
Estratégias focadas em melhora da função de memória VS estratégias focadas
na função perceptual
Sem cura até o momento

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