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21/02/2023, 19:04 Afasia - Distúrbios neurológicos - Manuais MSD edição para profissionais

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Afasia
Por Juebin Huang , MD, PhD, Department of Neurology, University of Mississippi Medical Center
Avaliado clinicamente out 2021 | modificado nov 2021

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21/02/2023, 19:04 Afasia - Distúrbios neurológicos - Manuais MSD edição para profissionais

Afasia é uma disfunção de linguagem que pode envolver deficiência na compreensão ou expressão de palavras ou equivalentes
não verbais de palavras. Resulta de disfunção dos centros de linguagem no córtex cerebral e gânglios da base, ou das vias de
substância branca que os conectam. O diagnóstico é clínico, incluindo geralmente testes neuropsicológicos, com imagem do
encéfalo (TC, RM) para identificar a causa. O prognóstico depende da natureza e extensão da lesão e da idade do paciente. Não há
tratamento específico, mas a fonoaudiologia pode promover a recuperação.

Em pessoas destras e em cerca de dois terços das pessoas canhotas, a função da linguagem reside no hemisfério esquerdo.
No outro terço das pessoas canhotas, grande parte da função da linguagem reside no hemisfério direito. Áreas corticais
responsáveis pela função da linguagem incluem

Porção posterossuperior do lobo temporal (que contém a área de Wernicke)

Porção inferior adjacente do lobo parietal

Porção inferoposterior do lobo frontal logo anterior ao córtex motor (área de Broca)

Conexões subcorticais entre essas regiões


A lesão em qualquer parte dessa área aproximadamente triangular (p. ex., por infarto, tumor, trauma, ou degeneração)
interfere em alguns aspectos da linguagem.

A prosódia (qualidade de ritmo e ênfase que acrescenta significado à fala) costuma ser influenciada por ambos os hemisférios,
mas, às vezes, é afetada por disfunção isolada do hemisfério não dominante.

A afasia é diferente dos distúrbios de desenvolvimento da linguagem e da disfunção das vias motoras e músculos que
produzem a fala (disartria).

Etiologia da afasia
Afasia geralmente resulta de distúrbios que não causam danos progressivos (p. ex., acidente vascular encefálico, traumatismo
craniano, encefalite); nesses casos, a afasia não se agrava. Ela às vezes resulta de um distúrbio progressiva (p. ex., tumor
cerebral que se alarga, demência); nesses casos, a afasia piora progressivamente.

Tipos de afasia
A afasia é amplamente dividida em afasia de recepção e afasia de expressão.

Afasia de recepção (sensorial, fluente ou de Wernicke): os pacientes são incapazes de compreender palavras ou de
reconhecer símbolos auditivos, visuais ou táteis. É causada por um distúrbio na parte posterior do giro temporal
superior do hemisfério dominante para linguagem. Com frequência, a alexia (perda da capacidade de ler palavras)
também está presente.

Afasia de expressão (motora, não fluente ou de Broca): a capacidade de produzir palavras é prejudicada, mas a
compreensão e capacidade de formar um conceito são relativamente preservadas. Esse tipo de afasia resulta de um
distúrbio na parte dominante frontal esquerda ou área frontoparietal, incluindo a área de Broca. Frequentemente causa
agrafia (perda da capacidade de escrever) e prejudica a leitura oral.

Há outros tipos de afasia (ver tabela Tipos de afasia) que podem se sobrepor consideravelmente. Nenhum sistema de
classificação de afasias é ideal. Descrever os tipos de deficits é normalmente a forma mais precisa de descrever uma afasia
particular.

Sinais e sintomas da afasia


Anomia (incapacidade de nomear objetos) geralmente ocorre em todas as formas da afasia.

Afasia de Wernicke
Pacientes com afasia de Wernicke pronunciam fluentemente as palavras incluindo fonemas sem sentido mas não sabem seu
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Pacientes com afasia de Wernicke pronunciam fluentemente as palavras, incluindo fonemas sem sentido, mas não sabem seu
significado ou suas relações. O resultado é um amontoado de palavras ou uma "confusão de palavras". Os pacientes
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geralmente não estão cientes de que sua fala é incompreensível para outros.

A compreensão auditiva e escrita é comprometida. Pacientes cometem erros de leitura (alexia). A escrita é fluente, mas
contém muitos erros e tende a não ter palavras substantivas (agrafia fluente).

Uma redução no campo visual direito acompanha comumente a afasia de Wernicke, pois a via visual está próxima da área
afetada.

Afasia de Broca
Pacientes com afasia de Broca podem compreender e conceituar relativamente bem, mas sua capacidade de formar palavras
é prejudicada. Em geral, a deficiência afeta a produção da fala e a escrita (agrafia não fluente, disgrafia), frustrando bastante
as tentativas de comunicação por parte do paciente. Mas a comunicação falada e escrita faz sentido para o paciente.

A afasia de Broca pode incluir prosódia e repetição prejudicadas, além de anomia. A escrita é prejudicada.

Tipos de afasia

Diferenciação de outros problemas de comunicação

Testes neurológicos à beira do leito

Testes neuropsicológicos

Exames de imagem do cérebro


A interação verbal normalmente pode identificar afasias flagrantes. Entretanto, o médico deve tentar diferenciar afasias de
problemas de comunicação que se originam de disartria grave ou da audição, visão (p. ex., ao avaliar a leitura) ou capacidade
motora de escrever prejudicadas.

Inicialmente, a afasia de Wernicke pode ser confundida com delirium. No entanto, a afasia de Wernicke é uma perturbação
pura da linguagem sem outras características de delirium (p. ex., nível flutuante de consciência, alucinações, falta de atenção).

Testes no leito para identificar deficits específicos devem incluir a avaliação do seguinte:

Fala espontânea: A fala espontânea é avaliada por fluência, número de palavras faladas, capacidade de iniciar a fala,
presença de erros espontâneos, pausas para encontrar palavras, hesitações e prosódia.

Nomeação: solicita-se ao paciente que nomeie objetos. Os que têm dificuldade de nomear geralmente utilizam
circunlocuções (p. ex., “o que você utiliza para ver o horário?” no lugar de “relógio”).

Repetição: os pacientes são solicitados a repetir frases gramaticalmente complexas (p. ex., “sem se, e ou mas”).

Compreensão: os pacientes são solicitados a apontar objetos nomeados pelo médico, executar comandos com uma
etapa e múltiplas etapas e responder a perguntas simples e complexas “sim ou não”.

Leitura e escrita: os pacientes são solicitados a escrever espontaneamente e ler em voz alta. É avaliada a compreensão
de leitura, soletração e escrita em resposta a ditados.

Testes neuropsicológicos formais realizados por um neuropsicólogo ou fonoaudiólogo podem detectar níveis de disfunção
mais sutis, auxiliar no plano de tratamento e avaliar o potencial de recuperação. Vários testes formais para diagnóstico de
afasia (p. ex., Boston Diagnostic Aphasia Examination, Western Aphasia Battery, Boston Naming Test, Token Test, Action
Naming Test) estão disponíveis.

Imagens cerebrais (p. ex., TC ou RM, com ou sem protocolos angiográficos) são necessárias para caracterizar a lesão (p. ex.,
infarto, hemorragia, tumor). Quando indicados, são realizados testes adicionais para determinar a etiologia da lesão (p. ex.,
avaliação de acidente vascular encefálico ).

Prognóstico da afasia
A recuperação é influenciada pelo seguinte:

Causa

Tamanho e localização das lesões

Extensão do comprometimento da linguagem

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Resposta à terapia

Em menor grau, idade, escolaridade e saúde geral do paciente


Crianças com < 8 anos de idade costumam recuperar a função linguística depois de lesões graves em qualquer hemisfério.
Após essa idade, grande parte recupera-se nos primeiros 3 meses, mas a recuperação continua em grau variável até 1 ano.

Tratamento da afasia

Tratamento da causa

Fonoaudiologia

Instrumentos amplificadores de comunicação


O tratamento de certas lesões pode ser muito eficaz (p. ex., corticoides se uma lesão de massa causa edema vasogênico). A
eficácia do tratamento da própria afasia é duvidosa, mas a maioria dos médicos acredita que o tratamento por fonoaudiólogos
qualificados ajuda e que há mais melhora em pacientes tratados do distúrbio logo após o início.

Os pacientes que não conseguem recuperar as habilidades básicas de linguagem e os seus cuidadores algumas vezes são
capazes de interpretar mensagens com instrumentos amplificadores de comunicação (p. ex., um livro ou quadro que contenha
quadros ou símbolos das necessidades diárias, instrumentos computadorizados).

Pontos-chave

A função da linguagem reside no hemisfério esquerdo em pessoas destras e em dois terços das pessoas
canhotas.

Descrever uma afasia específica definindo os tipos de deficits porque os tipos de afasia se sobrepõem e
nenhum sistema de classificação é ideal.

Avaliar a capacidade do paciente de nomear, repetir, compreender, ler e escrever à beira do leito, fazer imagens
do cérebro e considerar testes neuropsicológicos.

Tratar a causa, quando possível, e recomendar terapia da fala.

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