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RESUMO

Em relação ao mercado financeiro, as demonstrações contábeis possuem um papel


de crucial importância, posto que fornecem informações importantes para os
analistas e investidores sobre investimentos, como seu desempenho atual e
possíveis perspectivas futuras de crescimento ou decréscimos. O objetivo geral
deste trabalho é mostrar a relevância da contabilidade no mercado financeiro como
uma ferramenta de gestão e de minimização de riscos. É necessário que o investidor
faça escolhas adequadas ao investir no mercado, o que está diametralmente ligado
com a quantidade e a qualidade de informações que o levam a tomar decisões. É,
assim, de se enfatizar a relevância das demonstrações contábeis como fonte de
informações para os investidores, fonte de subsídios importantes para análises. As
informações contidas nas demonstrações contábeis são capazes de mostrar o
desempenho econômico das organizações que comercializam produtos, permitindo
que os potenciais investidores conheçam e gerenciem o risco ao adquirir seus
títulos.

Palavras-chave: Contabilidade; Mercado financeiro; Investimentos.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................4
1 SISTEMA FINANCEIRO..................................................................................................................7
1.1 INTERMEDIAÇOES FINANCEIRAS......................................................................................8
1.2 COMPOSIÇÃO SISTEMA FINANCEIRO............................................................................10
2 MERCADO FINANCEIRO.............................................................................................................13
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INTRODUÇÃO

O mercado financeiro desempenha um papel crucial no desenvolvimento


econômico de um país, conforme afirmado por Iudícibus (2020). Isso se dá pelo fato
de que o mercado possibilita que as entidades captem recursos a uma taxa mais
baixa do que os empréstimos convencionais, além de oferecer aos investidores a
possibilidade de investir seu capital.
No Brasil, o mercado financeiro é regido pelo Sistema Financeiro Nacional,
composto por agentes econômicos que realizam transferências de recursos entre si.
Para garantir a manutenção do poder de compra, evitar a desvalorização do dinheiro
e obter rendimentos, os agentes superavitários necessitam de instrumentos de
investimento, enquanto aqueles em posição de déficit buscam opções para obter
recursos. O Sistema Financeiro Nacional controla e regulamenta o mercado
financeiro e de capitais por meio do Conselho Monetário Nacional, Banco Central do
Brasil e Comissão de Valores Mobiliários (PORTO, 2020).
À medida que o número de investidores no mercado cresce, a demanda por
informações que auxiliem na tomada de decisões relacionadas aos fundamentos
econômico-financeiros de empresas listadas na bolsa de valores, também aumenta.
Como apontado por Iudícibus (2020), a Contabilidade tem como propósito fornecer
informações úteis para a tomada de decisões de todos os tipos de usuários, assim é
uma ferramenta essencial para o gerenciamento do patrimônio e fornecimento de
informações aos investidores, “de natureza econômica, financeira, física e de
produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização” (IUDÍCIBUS, 2020,
p. 42).
As demonstrações financeiras são utilizadas para apresentar a atual
situação de um investimento, permitindo que os investidores utilizem esses dados
para inferir sobre o desempenho futuro destes investimentos. Além disso, ao
conhecerem a realidade dos ativos financeiros que estão adquirindo, bem como a
situação econômica e financeira da instituição que comercializa esses ativos, os
investidores tornam-se capazes de analisar os produtos financeiros e os riscos
envolvidos.
Pode-se destacar que a contabilidade é uma fonte relevante de informações,
disponibilizada por meio de seus relatórios contábeis, conforme mencionado por
Lopes e Martins (2007). Com isso, se torna importante por avaliar o impacto da
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divulgação das demonstrações financeiras na variação dos preços das ações, nos
volumes de negociação e na liquidez. Além disso, este estudo é relevante para
analisar o comportamento das ações e possibilitar que os analistas de mercado e
potenciais investidores possam utilizar essas informações para tomar decisões
informadas sobre suas estratégias de investimento.
Ressalta-se, ainda, que a importância deste estudo também reside no fato
de avaliar se as mudanças recentes no campo da contabilidade, que visam à
convergência das práticas contábeis aos padrões internacionais, têm sido efetivas
em tornar a contabilidade uma linguagem universal, útil para uma variedade de
usuários.
O propósito deste estudo, neste contexto foi investigar a relevância da
contabilidade no mercado financeiro para investidores. O objetivo geral da pesquisa
foi atender o seguinte questionamento de que maneira a contabilidade pode ser
utilizada como ferramenta de gestão para investimentos e de minimização de riscos?
ao apresentar a sua importância para investidores no mercado financeiro através do
uso de demonstrações e informações obtidas com a contabilidade.
Para atingir tal meta, este trabalho estabeleceu objetivos específicos como
apresentar o Sistema Financeiro Nacional, exibir os aspectos gerais do mercado
financeiro, incluindo suas principais opções de investimento e demonstrar a
importância da contabilidade para investidores. Como resultado desses objetivos,
foram elaboradas hipóteses que mostram a contabilidade como um meio para ajudar
investidores a gerir seus recursos, tomar decisões mais bem informadas e usar
como instrumento para minimização de riscos presentes em investimentos
(CAMLOFFSKI, 2019).
No entanto, a escolha deste tema se justificou pelo reconhecimento da
importância de compreender a relação entre o mercado financeiro e a contabilidade.
Além disso, tornou-se relevante ao destacar como o conhecimento contábil pode ser
utilizado como uma ferramenta que aprimora a capacidade de gerenciamento de
uma carteira de investimentos, por meio da análise das demonstrações contábeis
(CAMLOFFSKI, 2019).
A metodologia escolhida para este estudo foi a pesquisa qualitativa com foco
em fontes bibliográficas. A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio da leitura e
interpretação de obras relevantes, enquanto a pesquisa qualitativa foi utilizada para
destacar a importância da contabilidade no mercado financeiro para investidores
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pessoa física, por meio da análise das informações contidas nessas fontes que
estimularam a discussão do tema (CAMLOFFSKI, 2019).
Para a fundamentação teórica deste estudo segue uma estrutura organizada
em quatro capítulos. Em adição à introdução, o primeiro capítulo busca
contextualizar o Sistema Financeiro Nacional O segundo capítulo, que se encontra
subdividido, apresenta generalidades sobre o mercado financeiro e os principais
investimentos, bem como as opções mais comum de investimentos escolhidos por
empresas e por pessoas físicas. No terceiro capítulo, que se subdivide, se explora à
conexão entre as informações contábeis e o comportamento do mercado financeiro,
a forma e a utilização destas informações contábeis e a importância destas para o
investidor O quarto capítulo divide-se na apresentação dos métodos utilizados neste
trabalho, enquanto quinto capítulo apresenta-se uma análise das informações
coletadas. Por último, apresenta-se as conclusões finais do estudo.

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1 SISTEMA FINANCEIRO

Os agentes econômicos são divididos em quatro grupos: famílias, empresas,


governo e setor externo. Os fatores de produção, trabalho, terra e capital, são
usados para fabricar bens de capital, consumo ou bens intermediários. As empresas
oferecem bens e serviços no mercado e as famílias fornecem fatores de produção.
Assim, ocorre um fluxo de bens e serviços entre empresas e famílias, com as
primeiras oferecendo bens e serviços demandados pelas segundas, enquanto
demandam fatores de produção que as famílias possuem. Cada participante recebe
dinheiro pelo valor de seus produtos ou fatores de produção. Na economia em
equilíbrio, a renda não é totalmente consumida e uma parte é poupada. Essa
parcela pode ser investida em atividades produtivas visando obter lucros futuros,
sendo chamada de investimento.
O processo de investimento, preleciona Eirizik (2008) envolve a tomada de
decisões no presente com relação ao futuro. Ao optar por um investimento hoje, o
investidor renuncia ao consumo presente na esperança de obter melhor resultados
no futuro. A economia é composta por diversos agentes, incluindo governo,
empresas, famílias e indivíduos, que possuem diferentes intenções em relação à
poupança e ao investimento. Alguns deles gastam mais do que ganham, ou seja,
seus gastos são maiores do que sua capacidade de gerar poupança, enquanto
outros poupam mais do que gastam, ou seja, sua capacidade de poupança é maior
do que sua necessidade de investir. Esses são chamados, respectivamente, de
agentes deficitários e agentes superavitários.
A função do sistema financeiro, continua Eirizik (2008), é facilitar o encontro
entre os agentes superavitários, que possuem poupança, e os deficitários, que
necessitam de recursos para investimentos. O sistema financeiro, que consiste em
uma rede de mercados e instituições, é o meio pelo qual os fundos dos poupadores
são transferidos aos investidores.
Segundo Eirizik (2008) três serviços prestados pelo sistema financeiro
motivam poupadores e investidores a usá-lo: o compartilhamento de risco, a liquidez
e a informação. O compartilhamento de risco proporciona a diversificação do
portfólio de ativos dos poupadores, enquanto a liquidez se refere à facilidade de
troca de um ativo por outros ou por bens e serviços. A informação é dividida em
produção, que é saber o que o tomador fará com os fundos obtidos, e disseminação,
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que consiste em incorporar novas informações sobre oportunidades de empresas


nos preços dos ativos.
O mercado financeiro, na lição de Eirizik (2008), é dividido em quatro
segmentos: crédito, para necessidades de curto e médio prazo; capitais, para
financiamento de longo prazo; monetário, para as necessidades do governo em
relação à política monetária; e cambial, para compra e venda de moeda estrangeira.

1.1 INTERMEDIAÇOES FINANCEIRAS

Leciona Eirizik (2008) que as instituições financeiras atuam como


intermediários financeiros, facilitando a transferência de fundos dos agentes
superavitários para aqueles que precisam de recursos para realizar investimentos.
Essa intermediação pode ocorrer de forma direta ou indireta. Na intermediação
indireta, uma instituição financeira, como um banco ou cooperativa de crédito, fica
entre o poupador e o tomador de recursos, sem contato direto entre eles, apenas
com a instituição. Na intermediação direta, o contato existe e os fluxos de recurso
ocorrem diretamente entre os agentes, com a possibilidade de participação de
instituições que facilitem o processo, como bolsas e corretoras. O mercado de
capitais é um exemplo de intermediação direta. O intermediário financeiro remunera
os recursos dos superavitários com juros, pois, ao repassar esses recursos aos
agentes que precisam, ele cobra juros em um valor maior.
O termo "spread" bancário, continua Eirizik (2008) é utilizado para se referir
à diferença entre a remuneração obtida pela instituição financeira ao receber
recursos dos agentes superavitários e a remuneração cobrada ao conceder crédito
aos deficitários. Ao receber os recursos, a instituição financeira se torna devedora
dos agentes, mas, ao conceder crédito, ela se torna credora. Para garantir uma
alocação eficiente desses recursos, é essencial que as trocas sejam transparentes e
claras.
O economista britânico Ronald Coase, ganhador do Prêmio Nobel de
Ciências Econômicas em 1991, enfatizou a importância dos custos de transação e
direitos de propriedade na microeconomia. Na visão da Economia Neoclássica, as
instituições não precisariam intervir no desempenho econômico, pois não haveria
custos de transação e os agentes negociariam direitos de forma eficiente. No
entanto, Coase explicou que isso não é uma realidade, uma vez que os custos de
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transação são positivos e as instituições legais têm um impacto significativo sobre o


comportamento dos agentes econômicos.
É importante destacar, na lição de Eirizik (2008), que a Teoria dos Custos
de Transação (TCT) modifica três suposições da Economia Neoclássica: a
suposição de que os indivíduos têm racionalidade ilimitada, a suposição de que as
pessoas agem com base em seus próprios interesses, mas respeitando as regras do
jogo, e a suposição de que o capital pode ser transferido de uma atividade para
outra sem custo. Para a TCT, a racionalidade limitada e o oportunismo são
hipóteses que devem ser consideradas. Mesmo que as pessoas possuam
informações relevantes, pode haver limitações na capacidade de absorção dessas
informações. Além disso, pessoas buscam seus próprios interesses e podem
esconder ou distorcer informações para benefício próprio.
A intermediação financeira surge como uma necessidade de lidar com os
custos de transação, que envolvem cinco atividades necessárias para a realização
de uma transação, de acordo com Pinheiro e Saddi (2005). A seguir encontra-se
uma reescrita do trecho em questão. Inicialmente, há a atividade de buscar
informações relevantes sobre a distribuição de preços e a qualidade das
mercadorias, insumos de trabalho, potenciais compradores e vendedores, além do
comportamento desses agentes e do ambiente em que operam. Em seguida, é
necessário realizar negociações para determinar as verdadeiras intenções e limites
de compradores e vendedores, caso a determinação dos preços seja endógena.
Ainda de acordo com Pinheiro e Saddi (2005) é essencial realizar a
formalização dos contratos, incluindo o registro em órgãos competentes de acordo
com as normas legais - atividade fundamental do ponto de vista do direito privado, já
que é o que reveste o ato de garantias legais. Posteriormente, é importante
monitorar os parceiros contratuais e garantir que as formas contratuais sejam
devidamente cumpridas, bem como proteger os direitos de propriedade contra a
expropriação por particulares ou pelo setor público. Por fim, é necessário aplicar
corretamente o contrato, cobrar indenizações por prejuízos causados às partes
faltantes ou que não estiverem seguindo corretamente suas obrigações contratuais e
se esforçar para recuperar o controle dos direitos de propriedade que tenham sido
parciais ou totalmente expropriados.
Segundo Pinheiro e Saddi (2005) os intermediários financeiros oferecem
serviços que reduzem os custos de transação, possibilitando a diminuição dos
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custos de aquisição de informações e administração de portfólio, que seriam


demasiadamente onerosos para agentes sem especialização. A atuação dos
intermediários financeiros possibilita maior acesso às informações e melhor
monitoramento, atendendo às necessidades dos agentes econômicos.
Pinheiro e Saddi (2005, p. 62) defende que o sistema financeiro tem papel
crucial na redução dos custos de transação graças ao desenvolvimento de
tecnologias como caixas eletrônicos, que diminuem os gastos com saques
bancários. Além disso, o sistema também se beneficia das economias de escala
decorrentes do aumento no número de transações. Acrescenta ainda Pinheiro e
Saddi (2005) que os intermediários financeiros desempenham outras duas funções:
desenvolvem instrumentos para atender às demandas dos tomadores excedentes e
deficitários e promovem instrumentos de proteção para outros agentes, aproveitando
sua capacidade técnica na gestão de riscos.Portanto, é importante observar os
riscos aos quais o mercado financeiro está exposto e como as instituições
financeiras atuam para gerenciá-los.

1.2 COMPOSIÇÃO SISTEMA FINANCEIRO

Para que a transferência de recursos ocorra de maneira satisfatória, é


necessário que o país tenha um mercado financeiro bem estruturado, que
disponibilize diversas opções de investimentos
De acordo com Pinheiro e Saddi (2005) o mercado financeiro é
funcionalmente definido como um conjunto de mecanismos voltados à transferência
de recursos entre os agentes econômicos. Essa transferência pode ser vista sob
duas perspectivas. Quantitativamente, o mercado financeiro molda a estrutura de
produção à da apropriação. Qualitativamente, por meio da intermediação financeira,
ele cria melhores condições de liquidez, prazo, risco, rentabilidade e outras, para
atender tanto os poupadores quanto os tomadores.
Dessa forma, um mercado financeiro bem-organizado oferece mais
alternativas de investimento, permitindo a transferência de recursos entre
poupadores e tomadores em condições satisfatórias para ambos. Além de melhorar
as condições de negociação para os agentes econômicos, um mercado financeiro
bem-organizado otimiza o tempo e o espaço, centralizando a oferta e a demanda de
recursos.
Segundo Pinheiro e Saddi (2005), diferente da maioria das atividades
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comerciais, os agentes envolvidos nas transações do mercado financeiro, como


poupadores e investidores, raramente se conhecem. Além disso, as transações têm
descompasso temporal, em que os recursos são tomados hoje para serem pagos no
futuro. Consequentemente, os autores afirmam que as operações financeiras
dependem de um bom aparato jurídico, já que não há país desenvolvido sem um
bom sistema financeiro, o que implica que também não há país nessa situação sem
um bom sistema legal e judicial, pois a intermediação financeira não pode se
desenvolver sem uma base jurídica adequada.
A Constituição Federal de 1988 estabelece, em seu artigo 192, que o
Sistema Financeiro Nacional deve promover o desenvolvimento equilibrado do país
e servir aos interesses da coletividade. Ainda, prevê que ele será regulamentado por
leis complementares, que abordarão, inclusive, a questão da participação do capital
estrangeiro nas instituições (BRASIL, 1988).
De acordo com Figueiredo (2012), uma interpretação extensiva e sistemática
do artigo 3º da Constituição, que apresenta os objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil, em conjunto com o artigo 192, mostra que as entidades
financeiras devem seguir um plano de políticas públicas que concilie interesses
coletivos com a obtenção de lucro e o desenvolvimento racional e sustentável do
país. Assim, as atividades econômicas realizadas pelos particulares devem buscar
alcançar os objetivos expressos no artigo 3º da Constituição Federal. O Sistema
Financeiro Nacional, como um instrumento para garantir acesso ao crédito e
maximizar o bem-estar econômico, desempenha papel fundamental no
desenvolvimento socioeconômico do país
Figueiredo (2012), afirma que existem duas maneiras pelas quais o Sistema
Financeiro Nacional pode influenciar o processo de formação de capital e,
consequentemente, o desenvolvimento econômico do país. A primeira seria a
expansão do volume total de poupança, já que o respeito aos prazos e a liquidez,
proporcionados pela intermediação financeira, podem ser atrativos para os
poupadores. A segunda refere-se à eficiência da transformação desses recursos
poupados em recursos produtivos.
Nesse sentido, continua Figueiredo (2012) que a movimentação de recursos
permite que uma grande parcela da população tenha acesso ao crédito, contribuindo
para aquecer as relações de consumo e incentivar investimentos em diversos
setores da economia, estimulando assim o desenvolvimento não só da nação como
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um todo, mas também da própria população.


Leciona Figueiredo (2012), que a Lei n. 4.595 de 31 de dezembro de 1964
instituiu o Conselho Monetário Nacional como o órgão superior do Sistema
Financeiro Nacional e estabeleceu a regulamentação da política monetária, bancária
e de crédito. O artigo 1º da referida legislação apresenta a composição do Sistema
Financeiro, que é composta pelo Conselho Monetário Nacional, Banco Central do
Brasil, Banco do Brasil S.A., Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
outras instituições financeiras públicas e privadas.
Menciona ainda, Figueiredo (2012), que dentro dessa composição, o
Sistema Financeiro Nacional pode ser estruturado em três tipos de órgãos: órgãos
normativos, que definem as normas gerais e propõem políticas públicas
estratégicas; entidades supervisoras, que são responsáveis pela fiscalização do
cumprimento das regras estabelecidas pelos órgãos normativos; e operadores, que
são intermediários financeiros e atuam diretamente com o público.
1. quadro ilustrativo

Fonte a autora
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2 MERCADO FINANCEIRO

O mercado financeiro teve origem a partir de um sistema de leis


estabelecido em 1964, período em que grandes conflitos sociais muitas vezes
terminavam sem solução, principalmente no âmbito político. Normalmente, cada país
tem seu próprio ambiente financeiro, mas isso não impede a negociação de valores
originários do mercado interno. Santos (2004) afirma que a partir dessa época, os
mercados financeiros mundiais se tornaram mais integrados, resultando em uma
maior mobilidade de capital. Desde sua criação, esse ramo tem uma função social
importante, especialmente na expansão de um vasto conjunto de títulos econômicos,
e uma de suas funções básicas é promover canais pelos quais os agentes
econômicos que possuem fundos disponíveis possam investi-los em uma ampla
gama de títulos emitidos pelos agentes econômicos que precisam desses recursos.
O mercado financeiro, segundo Santos (2004) pode ser visto como um
elemento dinâmico no processo de crescimento econômico, uma vez que possibilita
o aumento das taxas de poupança e investimento e permite que as unidades
econômicas se comuniquem entre si, resultando em um aumento geral da
produtividade, eficiência e bem-estar da sociedade. Ele desempenha funções
importantes, como estimular a formação de poupança, facilitar a transferência de
poupança entre unidades econômicas e fornecer liquidez para essas unidades. A
operação básica desse mercado gera uma corrente que alimenta todo o sistema
financeiro.
Em relação à ampliação social das questões financeiras, sob a ótica do
mercado de investimentos, entende Santos (2004) que a interferência de um com o
outro ocorre de forma a gerar a ampliação do capital em um contexto produtivo em
determinada localidade, o que se traduz em geração de riqueza. Os investimentos
representam os membros mais importantes do mercado financeiro, e podem surgir
de várias formas, com diversas opções de investimento. Uma das principais formas
é por meio de fundos de investimento, que consistem em um conjunto de recursos
monetários que são uma opção conveniente para aqueles que desejam participar
ativamente do mercado de capitais.

Atualmente, no mercado financeiro de investimentos, existem três tipos de


perfis de investidores: conservador, moderado e arrojado. Esses perfis são
identificados por meio do questionário API - Análise do Perfil do Investidor,
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preenchido no momento da aplicação, assim leciona Santos (2004), o investidor


deve responder a perguntas sobre horizonte de investimento, tolerância ao risco,
objetivos de investimento, renda mensal e patrimônio, frequência e volume das
aplicações, formação acadêmica, necessidade futura de uso dos recursos aplicados
e, por fim, experiência com o mercado financeiro.

Toda aplicação financeira, menciona Santos (2004) possui algum nível de


risco e, para reduzi-lo, é importante informar-se na instituição financeira sobre o tipo
de aplicação escolhido. Este capítulo aborda as definições e tipos de riscos
existentes nas aplicações financeiras. O risco é a incerteza dos rendimentos futuros
em um investimento. Quanto mais volátil o investimento, mais se espera um retorno
maior. Portanto, os investimentos de curto prazo geralmente têm retornos menores,
dado que a volatilidade é relativamente menor.

2.1 INVESTIMENTOS EM ESPÉCIE

2.2.2 FUNDOS DE INVESTIMENTOS


Os fundos de investimento podem ser classificados, segundo Santos (2014)
em várias categorias no Brasil dos últimos dez anos, sendo as principais: fundos
referenciados, fundos de renda variável, fundos de renda fixa, fundos balanceados,
fundos multimercados, fundos de capital protegido, fundos de investimento no
exterior, fundos de investimento imobiliário e fundos de ações. Com o avanço da
globalização e a facilidade de acesso à internet, é possível investir em fundos a
partir de qualquer aparelho celular conectado.
Os fundos de renda variável ou fundos de ações têm como principal
característica a variação dos rendimentos, que dependem de fatores internos e
externos ao mercado financeiro, tais como as flutuações das taxas de câmbio. De
acordo com Santos (2014), a renda variável não apresenta valores absolutos, pois
sua remuneração é relativa a diversos fatores.
Santos (2014) afirma que os ativos da renda variável possuem uma
remuneração que não tem origem necessariamente definida. A renda variável indica
incertezas em relação aos rendimentos futuros, não existindo um horizonte visível e
afirmando que não se sabe se haverá retorno, nem quando ele ocorrerá. Portanto,
quando o cliente investe em renda variável, o retorno dependerá exclusivamente dos
resultados da instituição investida, que incluem ações de uma organização, não
havendo garantias quanto ao rendimento futuro dos investimentos realizados.
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Embora haja incertezas em relação aos investimentos de renda variável,


Santos (2014) destaca algumas vantagens desses investimentos, tais como a
possibilidade de geração de rentabilidade a longo prazo, recebimento de dividendos
periódicos, investimento acessível em relação aos parâmetros brasileiros,
possibilidade de compra ou venda dos ativos de acordo com as preferências do
investidor, realização e gerenciamento dos investimentos por meio da internet, e
eficácia tributária em casos específicos. Dessa forma, as questões relacionadas a
investimentos e suas opções demonstram a importância do mercado financeiro no
campo das ciências atuariais.
2.1.2. CERTIFICADOS/RECIBO DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS
Os Certificados de Depósito Bancário (CDBs), conforme Santos (2014), são
títulos de investimento emitidos por bancos que buscam forma de capitalização. Ao
investir em um CDB, o investidor empresta dinheiro ao banco e recebe uma
remuneração por isso. É importante destacar que esse tipo de investimento não é
isento de imposto de renda, e as instituições financeiras têm liberdade para aplicar
os recursos da forma que desejarem. Os CDBs são compromissos futuros de
pagamento de um recurso que foi aplicado em uma instituição financeira, mediante
um depósito a prazo. Esse capital é geralmente utilizado para financiar empresas.
Investir em CDBs é, portanto, como conceder um empréstimo ao banco e receber o
dinheiro de volta com um rendimento atrelado.
De acordo com Santos (2014), o principal objetivo desses produtos é captar
recursos para serem repassados em operações de crédito ou serem aplicados em
outros produtos financeiros do mercado. Esses títulos podem ser pré ou pós-fixados
e a remuneração varia de acordo com a escolha. No entanto, é importante ressaltar
que o imposto de renda incide sobre o rendimento obtido a depender do prazo de
permanência da aplicação no CDB/RDB. Desde janeiro de 2005, no resgate ou no
vencimento da aplicação, é cobrado o imposto de renda de acordo com o prazo de
permanência na tabela definida. Não há prazo máximo para manter o dinheiro
aplicado em CDB/RDB, mas o prazo mínimo é de 30 dias.
Segundo Fortuna (2005) Os Certificados de Depósitos Bancários (CDB) e os
Recibos de Depósitos Bancários (RDB) são títulos de renda fixa, conhecidos
oficialmente como Depósitos a Prazo, e somente podem ser emitidos por bancos
comerciais, bancos múltiplos e bancos de investimento. A principal diferença entre
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CDB e RDB é que o certificado de depósito bancário pode ser transferido a outros
investidores por endosso nominativo, enquanto o RDB é um título intransferível.
2.1.3 DERIVATIVOS
Os derivativos, na explicação de Santos (2014), são instrumentos financeiros
cujo preço é derivado do valor de um ativo, taxa de referência ou índice de mercado.
Existem derivativos de ativos físicos, como milho e algodão, mas também de ativos
financeiros, como ações, taxas de juros e moedas. Ao negociar um contrato futuro
de moedas, por exemplo, não se está operando com o dólar ou o euro em si, mas
com um contrato baseado em seu valor no mercado à vista. Os quatro tipos mais
comuns de derivativos são contratos a termo, contratos futuros, opções e swaps. As
negociações podem ocorrer, conforme Santos (2014), tanto no mercado de balcão
quanto em Bolsas, e muitas vezes são estabelecidas como contratos padronizados,
com características definidas previamente. A dinâmica da negociação é simples: o
negociador se compromete a comprar ou vender um ativo por um preço em um
prazo estabelecido. A liquidação pode ser física, com a entrega do ativo na data de
vencimento, ou financeira, sem necessidade de entrega física do ativo. Os
derivativos são amplamente utilizados para proteção, especulação e arbitragem.
2.1.4 RENDA FIXA
No mercado de renda fixa, são oferecidos produtos com rentabilidade quase
garantida, como o próprio nome sugere. De acordo com Santos (2014), o termo
renda fixo é usado para designar as aplicações que estabelecem a taxa de juros a
ser aplicada ou indicam um índice a ser usado para corrigir o principal, ou ainda,
ambos os casos.
Nos investimentos em renda fixa, de acordo com Santos (2014), tanto o
tomador como o aplicador sabem previamente qual será a rentabilidade da
operação, através da taxa estabelecida ou de um índice que, embora ainda a ser
definido para a data de resgate, já indica a correção que será aplicada ao principal.
Esses ativos costumam ser considerados mais seguros, uma vez que contam com a
garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que atualmente cobre até R$
250.000,00 por conta de crédito. Eles costumam ser procurados pelas classes de
renda mais baixas, já que são menos complexos de entender e aceitam quantidades
iniciais menores. No entanto, devido às garantias oferecidas, esses produtos
apresentam menor risco de perdas e, consequentemente, rentabilidades menores
em comparação aos instrumentos de renda variável.
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2.1.5 CADERNETA DE POUPANÇA


Muitos brasileiros possuem uma poupança, sem saber ao certo como
funciona. Essa modalidade de investimento é bastante difundida no país e
principalmente atrai os investidores com pouco capital ou que preferem não correr
muito risco. A história da caderneta de poupança remonta ao início do século XIX e
foi criada em 1861 para receber as economias das classes menos abastadas,
pagando juros de 6% ao ano naquela época.
Segundo Fortuna (2005), a poupança é o investimento mais simples e
tradicional, além de ser uma das poucas, senão a única, em que se pode investir
pequenas somas e ter liquidez diária, apesar da perda da rentabilidade para saques
fora da data de aniversário. A rentabilidade é mensal e é estabelecida por uma taxa
de juros de 0,5% ao mês mais a variação da TR (Taxa Referencial) na data de
aniversário da aplicação. Assim, a rentabilidade do investimento depende da
quantidade de dias úteis no mês e da variação da TR durante o período.
Segundo Fortuna (2005) a caderneta de poupança pode receber depósitos
de pessoas físicas ou jurídicas. Os investidores que desejam aplicar em uma
poupança podem abrir uma conta em qualquer dia do mês e as contas abertas nos
três últimos dias começam a render no primeiro dia útil do mês seguinte. A
remuneração da poupança é mensal e não é tributada pelo imposto de renda para
pessoas físicas e organizações sem fins lucrativos. Por outro lado, a rentabilidade é
trimestral para empresas e é tributada pelo imposto de renda de acordo com a
legislação específica. É importante lembrar que o imposto de renda incide sobre a
rentabilidade da poupança.
2.1.6 LETRA DE CRÉDITO DO AGRONEGÓCIO
Leciona Santos (2014) as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e as
Letras de Crédito Imobiliário (LCI) são capitalizadas de acordo com suas taxas de
juros, que podem ser fixas ou flutuantes. Dependendo da negociação, elas podem
ser pagas em única vez ou em seu vencimento. As negociações das LCAs são feitas
diretamente entre os investidores e os bancos, enquanto as LCIs podem ser
remuneradas com taxas prefixadas ou pós-fixadas, com a taxa DI, Selic, ANBID,
TBF ou TJPL como indexadores.
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2.1.7 CERTIFICADO DE DEPÓSITO INTERBANCÁRIO – CDI


O mercado de Certificados de Depósitos Interbancários (CDI) surgiu nos
anos 80 para atender à demanda por fluxos de recursos das instituições financeiras.
Segundo Fortuna (2005), os CDIs são títulos emitidos por instituições financeiras
monetárias e não-monetárias que lastreiam as operações do mercado interbancário.
Embora possuam características semelhantes ao CDB/RDB, a negociação do CDI é
restrita ao mercado interbancário. Esses instrumentos são responsáveis por
transferir recursos de uma instituição financeira para outra, pagando uma taxa por
este empréstimo.

O CDI serve como indexador de várias aplicações financeiras, incluindo


CDBs. A relação entre a rentabilidade do CDB e a variação do CDI faz com que o
CDB se torne um título de rendimento pós-fixado. Geralmente, os investimentos em
CDI ocorrem através dos fundos de investimento, conhecidos como Fundos DI, que
buscam seguir a rentabilidade do mercado. Segundo Santos (2014) dá dinheiro
emprestar para os bancos, os fundos DI rendem em média 9% ao ano, enquanto os
CDBs, em média, rendem 12% ao ano, após descontada a taxa de administração. A
vantagem dos fundos DI é que a quantia inicial da aplicação costuma ser menor,
geralmente abaixo de R$ 1.000, enquanto nos CDBs as instituições financeiras
exigem valores acima de R$ 1.000.
2.1.8 DEBENTURES
Uma empresa pública ou privada que deseje financiar projetos de longo e
médio prazos, como por exemplo, a renovação da frota de veículos ou a ampliação
da fábrica, precisa obter recursos financeiros. A emissão de títulos de dívida,
chamados debêntures, é uma alternativa menos onerosa para a empresa, entre
muitas outras disponíveis no mercado. De acordo com Fortuna (2005), a debênture
é um título emitido por sociedades anônimas não financeiras de capital aberto, com
garantia de seus ativos e com ou sem garantia subsidiária da instituição financeira,
que os lança no mercado para obter recursos de médio e longo prazos,
normalmente destinados a financiar projetos de investimentos ou alongar o perfil do
passivo. Resumidamente, uma debênture corresponde a um empréstimo que o
comprador do título faz à empresa que o emitiu. O objetivo de rentabilidade de uma
debênture é, de acordo com Fortuna (2005) geralmente, superar a rentabilidade do
CDI, sendo considerada um produto de renda fixa. As debêntures da Bradespar,
19

empresa controlada pelo Banco Bradesco, oferecidas ao mercado no início de 2009,


por exemplo, pagavam praticamente 125% da rentabilidade do CDI, com vencimento
em dois anos e pagamentos de juros periódicos. As debêntures caracterizam-se por
títulos de longo prazo, com pagamentos de juros periódicos semestrais ou anuais.
Algumas debêntures podem ser convertidas em ações preferenciais, o que
resulta em uma tributação de imposto de renda de 15% sobre a rentabilidade no
momento do pagamento dos juros e no vencimento do título. Além disso, pode ser
cobrada uma taxa de custódia destes títulos, que podem chegar a 0,4% do valor de
face, uma vez que se trata de valores mobiliários.
2.1.9 TESOURO NACIONAL
O Tesouro Direto, conforme Santos (2014), é a forma pela qual o setor
público busca financiamento no mercado financeiro. Os títulos públicos federais,
emitidos pelo Tesouro Nacional, têm a finalidade de executar a política fiscal e
financiar eventuais déficits orçamentários. Além disso, permitem a antecipação de
receitas orçamentárias. Esses títulos oferecem três opções de rendimento: pós-
fixados, prefixados ou indexados ao dólar. Eles podem ser adquiridos por meio de
leilões promovidos pelo Banco Central, em instituições financeiras no mercado
primário e, posteriormente, negociados no mercado secundário, com outras
instituições financeiras ou não financeiras
Atualmente, de acordo com Fortuna (2005), o cenário econômico no Brasil é
bastante favorável para investimentos em títulos do Tesouro Nacional. A taxa básica
de juros (taxa Selic) é uma das maiores do mundo e, ao ser descontada a taxa de
inflação, resulta na maior taxa real de juros do mundo, em média de 5,5% a 6% no
Brasil. Nesse contexto, os títulos do Tesouro oferecidos pelo governo federal
tornam-se altamente atrativos aos investidores. Mas o que são esses títulos? Os
títulos públicos são instrumentos financeiros de renda fixa que têm como objetivo
principal captar recursos para o financiamento da dívida pública ou para financiar
programas do governo federal.
2.1.10 AÇÕES
De acordo com Fortuna (2005) uma ação é a menor parcela (fração) do
capital social de uma sociedade por ações. Elas podem ser emitidas com ou sem
valor nominal, de acordo com o estatuto da companhia. As empresas habilitadas a
emitir ações no mercado devem ser constituídas como sociedades anônimas de
capital aberto. Existem dois tipos de ações: as preferenciais e as ordinárias.
20

As ações preferenciais podem ser divididas em uma ou mais classes e


geralmente não conferem direito a voto. Para o acionista preferencial, o lucro é mais
importante do que o controle da empresa. Esse tipo de ação prioriza a distribuição
de resultados.
As ações ordinárias, por outro lado, concedem ao titular o direito a voto nas
Assembleias de Acionistas, permitindo-lhes determinar o destino da empresa. Em
comparação com as ações preferenciais, as ordinárias possuem menor prioridade
na distribuição de dividendos, mas ainda garantem ao acionista um pagamento após
os acionistas preferenciais.
Para investidores que decidem investir em ações, ainda De acordo com
Fortuna (2005) é fundamental ter controle emocional e sangue frio, a menos que
eles sejam especuladores que buscam lucrar com a oscilação do mercado num
curto período de tempo. Como observado no exemplo anterior, o investimento em
ações por períodos mais longos geralmente traz resultados satisfatórios. As ações
são representadas no mercado por códigos, tais como PETR4, que indica uma ação
preferencial da Petrobrás, ou USIM3, que indica uma ação ordinária da Usiminas.
SANB11 indica uma ação unit do banco Santander, que representa uma cesta de
ações preferenciais e ordinárias. No caso de investidores em ações, a incidência do
imposto de renda restringe-se a 15% sobre o ganho auferido na venda do ativo. No
entanto, os investidores que vendem uma quantia mensal inferior a R$ 20.000,00
estão isentos desse imposto.
No mercado de ações, ainda De acordo com Fortuna (2005), a rentabilidade
não é garantida, o que significa que o investidor pode ter prejuízos financeiros.
Essas perdas podem ocorrer por diversos motivos, como a instabilidade financeira
da empresa em que ele investiu, crises internas ou externas e até mesmo
especulação. Por essa razão, os investidores que desejam comprar e vender ações
devem estar cientes desses riscos. É recomendado que qualquer investidor que
queira participar do mercado de ações procure uma corretora ou distribuidora de
valores mobiliários.
21

3. METODOLOGIA
A pesquisa é um procedimento que consiste em buscar conhecimento a
partir de um questionamento inicial, por meio do qual um problema é identificado e
induz a busca por respostas e exploração de fenômenos e situações de interesse do
pesquisador. Pode-se dizer que a pesquisa é a atividade básica da ciência, por meio
da qual é possível explicar a realidade e descobrir novos fenômenos.
Assim, entende-se que a pesquisa é uma técnica de investigação e
aplicação de métodos que têm como objetivo obter informações sobre determinados
aspectos, desenvolvida sistematicamente para descobrir novos fatos e explorar
dados já existentes, buscando-se obter respostas e soluções.
Neste trabalho, realizou-se uma pesquisa por meio do levantamento de
informações e leitura de livros, artigos, resoluções, pronunciamentos técnicos e
outros materiais bibliográficos sobre o mercado financeiro e a contabilidade, com o
intuito de identificar a importância da contabilidade no mercado financeiro para os
investidores pessoa física, como instrumento de gestão dos investimentos e de
minimização de riscos, através da utilização das demonstrações e informações
obtidas com a contabilidade.
A pesquisa qualitativa parte de uma relação pressuposta entre pesquisador
e objeto de estudo e permite que os fenômenos sejam interpretados conforme o
contexto, os fatos e a análise das relações. Dessa forma, a pesquisa qualitativa
baseia-se na coleta de dados descritivos, buscando interpretá-los a partir de
análises detalhadas, consistentes e coerentes, baseadas em experimentos
empíricos.
Neste caso, utilizou-se a pesquisa qualitativa para apresentar a importância
da contabilidade no mercado financeiro para os investidores pessoa física, por meio
da interpretação de fontes bibliográficas e da apresentação de ideias que
promoveram a discussão do tema.
Além disso, aplicou-se a pesquisa bibliográfica, considerada a primeira etapa
de um estudo científico, que envolveu a leitura, coleta e análise de informações
sobre o tema pré-estabelecido pelo pesquisador. Esse tipo de pesquisa visa explicar
um assunto a partir de referências teóricas já existentes em estudos anteriores,
fornecendo subsídios necessários à definição, discussão e interpretação do assunto.
Assim, a pesquisa bibliográfica foi utilizada neste trabalho para apresentar
como a contabilidade pode auxiliar os investidores pessoa física na gestão dos
22

investimentos, na análise e na tomada de decisão.

4 A CONTABILIDADE E O MERCADO FINANCEIRO


De acordo com Brito (2013) a Contabilidade possui um papel fundamental no
mercado financeiro, pois fornece informações valiosas para a tomada de decisões
tanto dentro quanto fora das empresas. Investidores pessoa física podem se
beneficiar muito com os conhecimentos contábeis, uma vez que as informações
obtidas podem auxiliar no gerenciamento dos recursos investidos e na compreensão
dos aspectos econômicos de cada produto financeiro.
Alguns dos principais benefícios que a contabilidade pode proporcionar aos
investidores incluem o planejamento de metas e objetivos a curto e longo prazo, o
controle da performance das aplicações financeiras e a análise e interpretação dos
resultados financeiros obtidos. Essa abordagem, baseada em princípios de
controladoria, pode ser utilizada como instrumento de gestão de recursos e
direcionamento das decisões a serem tomadas.
Brito (2013) por meio da controladoria, a contabilidade oferece aos
investidores independentes a possibilidade de analisar e controlar os riscos
assumidos com as aplicações financeiras. Isto permite que o investidor desenvolva
medidas preventivas e proteja o retorno do investimento feito.
As demonstrações financeiras, de acordo com Brito (2013) retratam a
situação econômico-financeira atual de uma empresa, permitindo que os
investidores obtenham dados para inferir o desempenho futuro da companhia.
Ademais, as demonstrações financeiras ajudam a reduzir a assimetria informacional,
permitindo tanto aos acionistas minoritários quanto aos majoritários terem
visibilidade dos impactos das decisões organizacionais nos indicadores econômico-
financeiros da entidade.

Brito (2013) têm explorado o impacto da divulgação dos demonstrativos


contábeis no mercado de capitais, buscando identificar como as informações
contábeis estão associadas, direta ou indiretamente, às reações dos mercados
financeiros. Algumas pesquisas e acordo com Brito (2013), não encontraram
evidências significativas de que a divulgação das informações contábeis afetou o
mercado de capitais. No entanto, ainda há uma lacuna de pesquisa no estudo do
comportamento dos participantes do mercado de capitais, principalmente em relação
ao preço e à liquidez das ações das empresas brasileiras.
23

A Contabilidade, De acordo com Brito (2013), é importante uma vez que o


preço da ação de uma determinada companhia geralmente espelha seu
desempenho econômico, o crescimento das vendas, o endividamento, a liquidez e
as perspectivas futuras da empresa. Dessa forma, os agentes do mercado de
capitais utilizam essas informações financeiras para antecipar os resultados que
serão divulgados nas demonstrações financeiras e projetar o preço das ações das
companhias. Ainda assim, é possível que se observe uma considerável volatilidade
no preço das ações após os participantes do mercado de capitais terem acesso às
demonstrações financeiras das empresas.
Destaca-se que a contabilidade é uma fonte importante de informações por
meio de seus relatórios contábeis de acordo com Brito (2013), tornando essa
pesquisa relevante por avaliar se a divulgação das demonstrações financeiras
impacta significativamente a variação nos preços, volumes de negociação e liquidez
das ações. Além disso, continua Brito (2013) a contabilidade também pode contribuir
com informações relevantes sobre o fluxo de caixa de uma empresa. Ao investir, é
importante considerar o investimento inicial e o potencial de retorno do ativo
financeiro adquirido. Com base nesses questionamentos, pode-se projetar os
chamados fluxos de caixa futuro, que estimam os ganhos associados ao valor
investido. A análise desses fluxos permite registrar as saídas e entradas e avaliar a
viabilidade econômica do investimento feito.
Outra forma de avaliar decisões de investimento conforme, Brito (2013), é
através da análise de relatórios contábeis como o Balanço Patrimonial e a
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), por exemplo. A análise desses
demonstrativos possibilita ao investidor compreender a realidade econômica e a
capacidade de retorno do ativo financeiro no qual está aplicando seu capital, com
base no potencial da entidade de gerar e distribuir recursos.
É possível que o investidor leciona Brito (2013) avalie a viabilidade de
investir em determinada entidade por meio da análise da demonstração do fluxo de
caixa dela. De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 03 (R2), emitido pelo
Comitê de Pronunciamentos Contábeis, as informações contidas nesta
demonstração, quando analisadas em conjunto com outras demonstrações,
fornecem embasamento para avaliar a estrutura financeira e a capacidade da
empresa de gerar recursos para movimentação do caixa e equivalentes.
24

Continua Brito (2013) o Pronunciamento Conceitual Básico (R1) - CPC 00


determina que as demonstrações são elaboradas com o objetivo de apresentar
informações que orientam e embasam a tomada de decisões. Dessa forma, o
investidor utiliza as demonstrações contábeis para avaliar as decisões de compra e
venda de instrumentos da entidade, em função do potencial de retorno apresentado
e da avaliação dos montantes e incerteza projetados nos fluxos de caixa.
De acordo com Brito (2013), o CPC 26 (R1), que aborda a Apresentação das
Demonstrações Contábeis, as demonstrações devem apresentar de maneira
adequada a posição financeira e patrimonial, bem como o comportamento dos fluxos
de caixa da organização. Portanto, essas demonstrações devem ser representações
precisas das transações financeiras, seguindo os critérios relevantes no
reconhecimento de ativos, passivos, receitas e despesas.
As organizações devem reconhecer, mensurar e evidenciar as operações
que envolvem instrumentos financeiros, seguindo as orientações técnicas do Comitê
de Pronunciamentos Contábeis. São eles: o Pronunciamento Técnico CPC 39 -
Instrumentos Financeiros: Apresentação; o Pronunciamento Técnico CPC 40 (R1) -
Instrumentos Financeiros: Evidenciação; e o Pronunciamento Técnico CPC 48 -
Instrumentos Financeiros.
Para os investidores pessoas físicas, a contabilidade pode ser utilizada
como um instrumento de gerenciamento do patrimônio, dos recursos e dos riscos
assumidos. Ela orienta a tomada de decisões e possibilita a execução de medidas
que garantem o alcance dos objetivos econômico-financeiros dos indivíduos que a
utilizam no mercado financeiro. Entre eles, estão assegurar que o capital investido
ofereça retornos e que os riscos não comprometam a rentabilidade dos produtos
financeiros.
4.1 INFORMAÇOES CONTÁBEIS
De acordo com Iudícibus (2020), a finalidade principal da contabilidade é
fornecer informações úteis aos diversos usuários, propiciando condições para
tomada de decisão, como os relatórios contábeis e as notas explicativas que
retratam a situação patrimonial, bem como as mutações ocorridas neste patrimônio
em um dado período. Iudícibus (2020) menciona, ainda. que analisar o impacto de
uma informação consiste em verificar se ela pode fornecer subsídios para que
participantes do mercado acionário possam traçar expectativas futuras relacionadas
ao retorno de seus ativos. Nesse contexto, Iudícibus (2020) defende que a
25

divulgação de demonstrações contábeis oferece valoroso conteúdo informativo ao


mercado de capitais e que a variação ocorrida nos valores dos títulos negociados na
bolsa de valores retrata a expectativa dos agentes econômicos diante dessas
informações.
É pertinente destacar, na forma do lecionado por Iudícibus (2020), que o
estudo da divulgação das demonstrações financeiras é importante para a eficiência
do mercado de capitais, uma vez que é necessário disponibilizar informações de
eventos que possam influenciar, de forma rápida e precisa, o retorno dos
investimentos e as decisões de todos os participantes deste mercado .
De acordo com Iudícibus (2020), os investidores podem obter maior
rentabilidade em seus investimentos quando possuem um conhecimento
diferenciado das empresas investidas. Nesse sentido, os referidos autores defendem
que os demonstrativos contábeis, ao apresentar a situação financeira, patrimonial e
econômica das organizações, fornecem aos investidores e usuários externos a
possibilidade de avaliar riscos, bem como conhecer os potenciais retornos de seus
investimentos. Com isso, é evidente a contribuição significativa das informações
geradas pela contabilidade para os diversos participantes do mercado de capitais.
Relata Iudícibus (2020) que vários pesquisadores, despenderam esforços
para avaliar o mercado brasileiro e examinar as relações entre a divulgação de
informações contábeis e o mercado de capitais. Alguns buscaram compreender se
as divulgações das demonstrações financeiras das quatro maiores companhias
abertas do setor de comércio provocaram retornos anormais nos preços das ações,
enquanto outros investigaram se a publicação das demonstrações financeiras
afetava o preço e o volume de negociações das ações das empresas de capital
aberto.
Continua Iudícibus (2020), por sua vez, um grupo analisou a relevância dos
demonstrativos contábeis para o desenvolvimento do mercado de capitais,
verificando o impacto da divulgação das informações contábeis no preço das ações.
Em geral, os estudos indicaram que a divulgação das demonstrações contábeis
exerce impacto significativo nos preços das ações em algumas empresas e pode
explicar o retorno da ação em outras, porém nem sempre afeta significativamente os
preços dos títulos. Além disso, na lição de Iudícibus (2020) retornos anormais em
subamostras referente às empresas que divulgam as suas demonstrações
financeiras pontualmente e às empresas privadas. Esses estudos mostram a
26

importância da divulgação das demonstrações contábeis para o mercado de capitais


e como as informações financeiras podem afetar o comportamento dos investidores.
Iudícibus (2020) relata, no contexto das empresas que atrasam a
evidenciação de seus relatórios contábeis e das empresas estatais, os investidores
ajustam suas expectativas negativamente à medida que se aproxima a divulgação
das informações. Não obstante, Iudícibus (2020) argumenta que a divulgação de
informações corporativas, sejam elas econômicas, contábeis ou ambientais,
contribuem para a redução da assimetria informacional entre os usuários externos e
nivela as informações entre os participantes do mercado, aumentando a liquidez e a
negociação das ações da empresa.
Afirma Iudícibus (2020) que investidores menos informados tendem a
diminuir o preço que estão dispostos a pagar por um título e/ou aumentar o preço
exigido para vendê-los para se proteger contra possíveis perdas resultantes de
negociações com investidores mais bem informados, o que pode afetar a liquidez do
mercado. Iudícibus (2020) identificou, também, retornos anormais no período
próximo à divulgação de projeções de resultados futuros, com a publicação de
guidance, mas encontrou indícios de insider trading, incluindo um período de
retornos extraordinários antes da data da divulgação das demonstrações contábeis.

CONCLUSÃO
No mercado financeiro brasileiro, existem diversas opções de investimentos
disponíveis para quem tem interesse em aplicar recursos e obter rendimentos. A
regulamentação desses produtos, que circulam dentro do Sistema Financeiro
Nacional, é feita pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), pelo Banco Central do
Brasil (BACEN) e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
No entanto, as decisões de investimento geralmente visam a busca por
maiores rentabilidades, e como observado neste trabalho, os produtos financeiros
podem apresentar riscos capazes de comprometer o retorno esperado. Para
minimizar esses riscos, o próprio mercado oferece recursos, como a análise do perfil
de investidor, que mostra o nível de risco que cada investidor está disposto a
assumir, operações de hedge e de swap, mercado a termo, mercado de opções e a
diversificação da carteira de investimentos.
O objetivo deste trabalho foi apresentar a importância da contabilidade no
mercado financeiro para o investidor pessoa física. A contabilidade fornece
27

informações sobre a realidade das instituições por meio das demonstrações


contábeis, permitindo que o investidor tome decisões com base no desempenho
econômico e financeiro retratado nessas demonstrações. Para isso, as
demonstrações contábeis devem ser elaboradas e divulgadas em concordância com
os pronunciamentos técnicos (CPCs).
Portanto, a importância da contabilidade neste contexto está relacionada ao
fornecimento das informações e à possibilidade que oferece aos investidores a
realização de análises quanto à viabilidade e capacidade que os produtos
financeiros comercializados têm de gerar retornos satisfatórios aos investidores
independentes, auxiliando na tomada de decisão.
Além disso, a contabilidade é importante por auxiliar os investidores na
gestão dos riscos, pois a tomada de decisão baseada nas demonstrações contábeis
divulgadas permite a aplicação de recursos em produtos que apresentam maior
capacidade de oferecer retorno, de acordo com o desempenho econômico e
financeiro das entidades que os oferecem, identificados por meio da análise das
demonstrações contábeis.
Considerando as hipóteses estabelecidas no início do trabalho e a
interpretação das bibliografias apresentadas ao longo do desenvolvimento, é
possível afirmar que a contabilidade oferece meios para análise da viabilidade de
investimentos. As demonstrações contábeis, elaboradas de acordo com os
pronunciamentos técnicos, são capazes de indicar o comportamento econômico das
organizações detentoras dos produtos comercializados, fornecendo aos potenciais
investidores informações relevantes para a avaliação do risco envolvido na aquisição
desses títulos.
É evidente, portanto, a importância da contabilidade no mercado financeiro
para os investidores pessoa física, uma vez que as demonstrações contábeis
proporcionam uma análise clara e objetiva do comportamento financeiro dos
investimentos.
28

BIBLIOGRAFIA

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