Da visão arcaica literária a concepção revolucionária social: uma análise sobre
a obra “O cabelo de Lelê”
Marcos Mendes da Silva
É notório destacar que para grande massa da sociedade a literatura infantil se
resume apenas a uma simples atividade de entretenimento e ensinamentos morais as pequenas crianças. No entanto, apesar de perdurar essa visão literária arcaica que permeia a atual sociedade, na qual se destina a penas a esconder os inúmeros problemas sociais, como as questões de identidade de gênero, violência, racismo entre outras formas de discriminação social. Existem obras como “O cabelo de Lelê” que visa demostra as crianças a existência desses tipos de problemas, de modo com que não haja uma distorção da realidade na qual muitas das vezes é modificada para atender as necessidades da classe dominante. Na pequena obra elaborada pela autora Valeria Belém e ilustradora Adriana Mendonça é possível observar que apesar de ser utilizada uma linguagem “simples” ajuda a proporcionar a criança o despertar da curiosidade, haja vista que os elementos textuais buscam constantemente estabelecer uma correlação com as ilustrações a fim de não só encantar os olhares de quem aprecia como também instigar o passar de páginas. Cabe ressaltar que apesar da presente história se concentra nas questões de identidade étnico raciais ainda possibilita o reconhecimento de memorias históricas e geográficas sobre o continente africano tendo em vista que foi e é não só o berço da cultura afro como também o palco de inúmeros problemas sociais, demonstrando assim a possibilidade do educador realizar um trabalho interdisciplinar a fim de contribuir cada vez mais no processo de formação social, como também intensificar o debate sobre as questões referentes as questões étnico raciais. Além disso, cabe ressaltar que a presente obra visa proporcionar as crianças uma modificação sentimental de tristeza e não reconhecimento da sua própria identidade social por sentimentos de alegrias e aceitação da adversidade, de modo a demonstrar as crianças que tudo que é diferente é belo e merece se não só apreciado como também respeitado. Dessa forma compreende-se que a obra não possui apenas a finalidade de apresentar as pessoas negras como as principais protagonistas da história em obras literárias e debater as questões de identidade étnico racial, mas sim demonstrar que apesar dos preconceitos e as mais diversas formas de violência social, devemos sempre buscar dar valor as nossas peculiaridades. Ou seja, devemos nos reconhecer como ser histórico de direitos capas de ocupar não só os mais diversos papeis das histórias infantis como também os mais diversos cargos sociais.