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Cartilha de Boas Práticas

para Inclusão das


Pessoas com Deficiência
no Ensino Superior

Cartilha de Boas Práticas para Inclusão das Pessoa com Deficiência no Ensino Superior 1
Cartilha de Boas Práticas para Inclusão das
Pessoas com Deficiência no Ensino Superior

Rodrigo Garcia - Governador

Aracélia Costa - Secretária Executiva - Respondendo pela Secretaria de Estado


dos Direitos da Pessoa com Deficiência
Carlos Gilberto Carlotti Junior - Reitor USP
Antonio José de Almeida Meirelles - Reitor Unicamp
Pasqual Barretti - Reitor Unesp
Rodolfo Azevedo - Presidente Univesp
Laura Laganá - Diretora-Superintendente Centro Paula Souza
Comissão de Inclusão no Ensino Superior do Estado de São Paulo

Márcio Bustamante & Natasha Higa (orgs.)

Diagramação e projeto gráfico: Equipe de Arte Univesp

São Paulo
2022
Índice
Inclusão no Ensino Superior no Estado de São Paulo 4
Acessibilidade e Inclusão: Eixos Transversais do Ensino Superior 7
Diretrizes Gerais para uma Política de Acessibilidade e Inclusão no
Ensino Superior e Técnico 13
Fundamentos legais 14
Eixos norteadores de atuação 17
Protocolos para Comissões Locais de Acessibilidade e Inclusão (CLAI) 24

Cartilha de Boas Práticas para Inclusão das Pessoas com Deficiência no Ensino Superior 3
Inclusão no Ensino Superior
no Estado de São Paulo
Cartilha de Boas Práticas para Inclusão das Pessoa com Deficiência no Ensino Superior 4
Inclusão no Ensino Superior no Estado de São Paulo

A Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa política de inclusão no ensino superior no Es-
com Deficiência cumprindo o seu propósito tado de São Paulo. A proposta inicial foi in-
de garantir o acesso a todos os bens e servi- centivar a troca de experiências e difundir re-
ços a este segmento da população do Estado flexões sobre as práticas de inclusão voltadas
de SP, ainda, frente aos desafiantes indica- ao segmento das pessoas com deficiência no
dores ligados especificamente ao acesso e a âmbito de universidades nacionais do Estado
permanência de alunos com deficiência nas de São Paulo. Num segundo momento, a Co-
Universidades, consolidou, no corpo da sua missão organizou um webnário internacional
Secretaria, a criação de uma Comissão Es- para ampliar a troca de experiências com ou-
tadual de Inclusão no Ensino Superior, com- tros países.
posta por membros das quatro universidades
estaduais – USP, Unicamp, Unesp e Univesp É atribuição da Comissão servir como espaço
– além do Centro Paula Souza. de representação das instituições envolvidas,
mas também dar subsídios para o fortaleci-
Animada pela troca de conhecimento produ-
mento da inclusão no Ensino Superior e Téc-
zido e de boas práticas, organizou uma sé-
nico no Estado de SP.
rie de workshops nos dias 07, 09, 14 e 16
de julho de 2020. Tais workshops consistiram Nesse ínterim, fruto das reflexões da Comis-
numa etapa inicial para o fortalecimento da são, foi sugerida a elaboração de uma cartilha

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Inclusão no Ensino Superior no Estado de São Paulo

contendo orientações de boas práticas a serem Temos por certo que a presença das pessoas
implementadas pelas universidades e escolas com deficiência, bem como a sua recepção e
técnicas. A expectativa é que, servindo como acolhimento no âmbito das universidades e co-
um guia a ser adaptado à cada contexto – res- légios técnicos só tem a agregar. A inclusão é
peitando assim a autonomia universitária - a um divisor de águas, seja na trajetória de cada
cartilha concorra para a inclusão de alunos, pessoa com deficiência, que passa a fazer par-
professores e funcionários que tenham alguma te, em termos mais igualitários, dessas insti-
deficiência na comunidade acadêmica. tuições, seja para o contexto acadêmico em si,
na medida em que novas formas de ser e estar
A Cartilha de Boas Práticas para Inclusão das
no mundo contribuem para a diversificação e
Pessoas com Deficiência no Ensino Superior es-
enriquecimento das epistemologias em circula-
tabelece diretrizes, sugere a criação de estru-
ção, gerando, assim, mecanismo de produção
turas, protocolos e procedimentos, bem como,
do conhecimento cada vez mais abrangentes,
incentiva as universidades a transformarem
democráticos e inclusivos.
sua cultura institucional. Todas as sugestões
são baseadas em práticas já implementadas,
Aracélia Costa - Secretária Executiva
ou em processo de implementação, em diver- Respondendo pela Secretaria de Estado
sas universidades – inclusive as que participa- dos Direitos da Pessoa com Deficiência
ram do processo de elaboração dessa cartilha.

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Acessibilidade e Inclusão: Eixos
Transversais do Ensino Superior
Cartilha de Boas Práticas para Inclusão das Pessoa com Deficiência no Ensino Superior 7
Acessibilidade e Inclusão: Eixos Transversais do Ensino Superior

A promulgação da Declaração Universal dos No Brasil, diversos documentos legais ofere-


Direitos Humanos, de 1948, imputou à Socie- cem extensivas orientações, visando a garan-
dade o desafio da universalização da Educação. tia de direitos e deveres, para a Acessibilidade
O debate foi intensificado a partir da década e a Inclusão do público-alvo da Educação Es-
de 1990, quando um conjunto de declarações pecial, tais como: a Lei de Diretrizes e Bases
internacionais, coordenadas pela Organização da Educação – LDBEN (BRASIL, 1996); a Lei
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência de Acessibilidade, regulamentada pelo Decre-
e a Cultura (Unesco), passou a difundir o dis- to 5296/2004 (BRASIL, 2004); a Politica Na-
curso da “Educação para Todos”. cional de Educação Especial na Perspetiva da
Educação Inclusiva (BRASIL, 2008); os Refe-
Nessa direção, a Declaração de Salamanca,
renciais de Acessibilidade na Educação Supe-
de 1994, ao compreender a Educação como
rior e Avaliação in loco, do Sistema Nacional
um direito de todas as pessoas, independen-
de Avaliação da Educação Superior – SINAES
temente de suas condições físicas, intelectu-
(BRASIL, 2013); a Lei Brasileira de Inclusão
ais, sensoriais, sociais, emocionais e linguís-
(BRASIL, 2015); e, a quarta meta dos Obje-
ticas, vem influenciando os países membros
tivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS,
da Organização das Nações Unidas (ONU) a
propostos na Agenda 2030.
assumir princípios, políticas e práticas inclusi-
vas em suas instituições. Neste sentido, trazer os constructos Acessibi-

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Acessibilidade e Inclusão: Eixos Transversais do Ensino Superior

lidade e Inclusão como eixos transversais de Nesse cenário, as universidades, com a cola-
uma política institucional deve ser imperati- boração de comissões específicas para pro-
vo. Prover a acessibilidade indica a remoção moção de Acessibilidade e Inclusão no con-
de barreiras, sejam estas físicas, intelectuais texto universitário, necessitam criar espaços
ou sensoriais, que limitam a participação das para a construção de novas políticas, práticas
pessoas de atividades do cotidiano. Potencia- e culturas como uma dimensão articuladora
lizando, desta forma, a formação de uma so- com os eixos Acessibilidade e Inclusão em
ciedade mais inclusiva no que tange à equipa- seus Planos de Metas, reafirmando a perspec-
ração nas possibilidades de uso e manuseio, tiva da responsabilidade social e educacional.
flexibilidade, uso simples e intuitivo, captação
Para tanto, as comissões, ou núcleos, de Aces-
de informações, dimensões e espaços para
sibilidade e Inclusão das unidades de Ensino
uso e interação (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
Superior precisam articular-se em nível admi-
DE NORMAS TÉCNICAS, 2015).
nistrativo-organizacional, sendo colaboradoras
Igualmente importante é a acessibilidade di- das pró-reitorias, atuando em parceria para
gital, que oportuniza o acesso à web e seus implementar uma rede de suporte técnico
múltiplos benefícios também às pessoas com especializado, composta por profissionais da
deficiências e mobilidade reduzida. área, para oferecer assessoria às demandas
de orientação específicas.

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Acessibilidade e Inclusão: Eixos Transversais do Ensino Superior

Atentando-se à Educação Inclusiva e seus Assim sendo, a partir dos pressupostos do do-
pressupostos legais e conceituais, uma Insti- cumento do SINAES (BRASIL, 2013), a Aces-
tuição de Educação Superior (IES) e/ou Escola sibilidade deve estruturar-se com base nos
Técnica socialmente responsável é aquela que: seguintes eixos: Infraestrutura; Currículo, Co-
a) pratica a intersetorialidade e a transversa- municação e informação; Materiais didáticos e
lidade da educação especial; b) reconhece a pedagógicos acessíveis; Tecnologia assistiva e
necessidade de mudança cultural e investe no de serviços de guia-intérprete e de tradutores e
desenvolvimento de ações de formação conti- intérpretes de Libras; Programas de extensão.
nuada para a Inclusão, envolvendo os profes-
Considera-se que os fundamentos político-
sores de todas as áreas e toda a comunidade
-conceituais-éticos nos quais assenta-se a
acadêmica; e, c) promove a Acessibilidade em
Acessibilidade e a Inclusão devem materiali-
seu sentido pleno.
zar-se em um conjunto de ações e progra-
Diante disso, faz-se necessário e urgente a mas transversais que constituirão um marco
presença da Acessibilidade e da Inclusão nos de legitimidade, integridade e coerência das
Planos de Desenvolvimento Institucional (PDI) IES e Escolas Técnicas como espaço de qua-
e Projetos Pedagógicos de todos os cursos, lidade da Educação para todos. Um exemplo
apoiando ações e programas que assegurem a disto seria a temática estar contemplada nos
transversalidade da Educação Especial na IES. currículos de todos os cursos de graduação
oferecidos pela instituição.

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Acessibilidade e Inclusão: Eixos Transversais do Ensino Superior

Em suma, os registros referentes às questões


da Acessibilidade e Inclusão deverão refletir a
aplicabilidade da legislação vigente e a con-
dição de funcionamento como diferencial de
qualidade dos cursos em relação a este que-
sito, dada a importância do atendimento es-
pecializado aos estudantes nesta perspectiva.

Vera Lucia Messias Fialho Capellini


Unesp

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 9050/2015: Acessibilidade a
edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2015.
BRASIL. Decreto nº 5.296/04.Regulamenta as Leis n° 10.048 e 10.098 com ênfase na Promoção
de Acessibilidade. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/
Decreto/D5296.htm>. Acesso em: 07/10/2022

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BRASIL. - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN. Disponível em: <http://portal.
mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>. Acesso em: 07/10/2022
BRASIL, Política Nacional de educação especial. Disponível em < http://portal.mec.gov.br/seesp/
arquivos/pdf/politica.pdf > Acesso em: 07/10/2022
BRASIL Referenciais de acessibilidade na educação superior e a avaliação in loco do Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes)” (BRASIL, 2013
UNESCO. Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (COR-
DE). Declaração de Salamanca de princípios, política e prática para as necessidades educativas
especiais. Brasília: CORDE, 1994.
UNESCO. Declaração mundial sobre educação para todos. Plano de ação para satisfazer as ne-
cessidades básicas de aprendizagem. Tailândia, 1990.

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Diretrizes Gerais para uma
Política de Acessibilidade e Inclusão
no Ensino Superior e Técnico
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Fundamentos legais

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Diretrizes Gerais • Fundamentos Legais

Artigos 3º e 5º da Constituição Federal de 1988

A igualdade como princípio;


Promoção e proteção dos direitos humanos de todas as pessoas, com e sem deficiência, em
igualdade de condições.

Lei n° 9.394/1996 e Resolução CNE/CEB n° 2/2001

Diretrizes e bases da educação nacional.

Lei n° 7.853/1989, Decreto n° 3.298/1999, Lei n° 10.048/2000, Lei n° 10.098/2000


e Decreto n° 5.296/2004

Promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência, mediante a supressão de barreiras e


obstáculos.

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Diretrizes Gerais • Fundamentos Legais

Lei n° 10.436/2002 e Decreto n° 5.626/2005

Língua Brasileira de Sinais (Libras) e outros recursos de expressão a ela associados.

Decreto n° 7.611/2011

Educação Especial e Atendimento Educacional Especializado (AEE).

Lei n° 13.146/2015

Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.

Decreto n° 9.522/2018

Tratado de Marraquexe firmado em 2013.


Permitir acesso a obras públicas por pessoas cegas, com deficiência visual ou com outras
dificuldades.

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Eixos norteadores de atuação

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Diretrizes Gerais • Eixos norteadores de atuação

I II III IV
Política e cultura Acesso e Promoção de Acessibilidade
institucional. permanência (física) ajustes razoáveis estrutural, de
nos diferentes (tecnologias materiais e
ambientes. assistivas) para equipamentos
acessibilidade aos (serviços e apoio
serviços e materiais pedagógico e para
produzidos na o trabalho).
universidade.

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Diretrizes Gerais • Eixos norteadores de atuação - Política e cultura institucional

I • Política e cultura institucional

Estabelecer um Plano de Metas e Ações


• Em cada unidade universitária, campus e unidade;
• Construção coletiva;
• Vigência de quatro anos.

Criar Comissões Locais de Acessibilidade e Inclusão


• Representantes de segmentos acadêmicos e administrativos;
• Integrantes pessoas com e sem deficiência;
• Em cada unidade universitária, campus e unidade.

Criar uma Comissão de Acessibilidade e Inclusão


• Estabelece regimento comum para as comissões locais;
• Trata os casos e as situações omissas.

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Diretrizes Gerais • Eixos norteadores de atuação - Política e cultura institucional

Estabelecer redes de comunicação e apoio, entre:


• A Universidade e os serviços de âmbito municipal e estadual;
• As unidades universitárias e os cursos.

Realizar mapeamento georreferenciado


• Tipo da deficiência /outras necessidades;
• Curso frequentado / seção de trabalho.

Revisão dos Projetos Políticos Pedagógicos dos cursos


• Diretrizes e ações pedagógicas para pessoas com deficiência (PcD) e com
necessidade educacionais específicas.

Criar uma Política de Acessibilidade e Inclusão


em eventos acadêmicos
• Parte da programação de todos os eventos de extensão.

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Diretrizes Gerais • Eixos norteadores de atuação - Acesso e permanência física

II • Acesso e permanência (física) nos


diferentes ambientes

Implementar adequações físicas para a acessibilidade e uso dos


espaços e edificações

Planejar novas edificações de acordo com a Lei federal


nº 10.098/2000

Fazer a aquisição de mobiliários adequados aos padrões de acessibili-


dade para permanência e uso de todos nos espaços e edificações

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Diretrizes Gerais • Eixos norteadores de atuação - Promoção de ajustes razoáveis

III • Promoção de ajustes razoáveis (tecnolo-


gias assistivas) para acessibilidade aos servi-
ços e materiais produzidos na universidade
(materiais e equipamentos acessíveis)
Garantir rede digital para o atendimento dos estudantes cegos, surdos e
com outras deficiências ou necessidades educacionais específicas.

Garantir materiais e equipamentos didáticos e


pedagógicos para estudantes cegos, surdos e
com outras necessidades educacionais especiais:
• tradutores;
• scanners;
• leitores de braile;
• outros equipamentos que se fizerem necessários.

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Diretrizes Gerais • Eixos norteadores de atuação - Acessibilidade estrutural

IV • Acessibilidade estrutural, de mate-


riais e equipamentos (serviços e apoio
pedagógico e para o trabalho)
Criar Grupo de Apoio Pedagógico
Dar suporte e capacitação aos professores da graduação e pós-graduação; atendam a
estudantes com necessidades educacionais específicas.

Ofertar cursos de formação contínua


para professores; modalidade básica em Educação Inclusiva e Especial

Garantir serviços ou profissionais da Educação Especial


Redes de atenção pedagógicas; atendimento às demandas educacionais especificas.

Incentivar tutorias
entre pares; de professores e estudantes.

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Protocolos para Comissões Locais de
Acessibilidade e Inclusão (CLAI)
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Protocolos CLAI

PROTOCOLOS PARA COMISSÃO As CLAI’s atuam de forma consultiva e execu-


tiva no levantamento das demandas existentes
LOCAL DE ACESSIBILIDADE E
na Universidade que são relacionadas com os
INCLUSÃO (CLAI) diversos aspectos da acessibilidade, diagnosti-
Os protocolos abaixo, uma versão adaptada da cando o público alvo, as condições e as ações
promissora política de inclusão levada à cabo implementadas, bem como prepara plano de
pela Unesp nos seus câmpus, estabelecem di- ação para consecução de políticas, práticas e
retrizes para a instituição das Comissões Locais culturas que promovam a acessibilidade e a
de Acessibilidade e Inclusão (CLAI). As CLAI’s inclusão de todos os atores que integram a
consistem numa ferramenta decisiva, no corpo comunidade universitária.
da estrutura acadêmica, à implementação das Partir da organização das CLAI’s no âmbito do
ações pela inclusão das pessoas com deficiên- organograma das instituições de ensino técni-
cia. Elas são a ponta de lança da política, isso co e superior consiste em estratégia importan-
porque assumem uma posição muito impor- tes barra agilizar a supressão de barreiras à in-
tante de mediação: entre a rotina dos alunos, clusão, bem como conquistas o envolvimento
professores e funcionários no chão da escola, de toda a comunidade acadêmica.
laboratórios e bibliotecas e os órgãos adminis-
trativos e diretivos da Universidade e dos Co-
légios Técnicos.

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Protocolos CLAI

COMISSÕES LOCAIS 2 – Público-Alvo


Docentes, Servidores, Discentes e Comunida-
DE ACESSIBILIDA- de Externa.

DE E INCLUSÃO
3 - Ações para ampliar as culturas
de Acessibilidade e Inclusão – Eixo
1 - Finalidade
transversal
Atuar de forma consultiva, executiva e ativa
a) Levantamento periódico do público-alvo
no levantamento das demandas existentes na
Universidade, relacionadas com os diversos Docentes, Servidores e Discentes que neces-
aspectos da acessibilidade, diagnosticando as sitam de atendimento diferenciado quanto às
condições e as ações implementadas e pre- ações e recursos para garantia do direito de
parando planos de ação para consecução de acessibilidade e inclusão na Universidade.
políticas, práticas e culturas que promovam a b) Promoção de oportunidades de escuta
acessibilidade e a inclusão de todos os atores
Constituir interlocutores da comissão para con-
que integram a comunidade universitária.
versas com os professores das turmas onde há

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Protocolos CLAI

alunos com necessidades educacionais especí- no atendimento da pessoa com necessidades


ficas, além dos próprios alunos, para orienta- educacionais específicas para a inclusão e para
ção e apoio na melhor forma de atendimento a acessibilidade.
do público alvo da educação especial (PAEE).
e) Promoção de formação para a inclusão:
c) Mobilização e destinação de recursos:
Atuar em diferentes frentes de trabalho, na
Mobilizar os recursos diversos (disponíveis e formação de base, com a inserção de discipli-
faltantes) para o atendimento das demandas nas voltadas a educação inclusiva nos currícu-
referentes a inclusão e a acessibilidade. los das graduações e na formação continuada,
ofertando curso de extensão, oficinas virtuais
d) Mapeamento de Barreiras:
e webinários temáticos para fomento de deba-
Identificar, de acordo com as particularidades tes e busca por soluções às diversas deman-
de cada campus, os tipos de barreiras para das existentes.
acessibilidade e inclusão existentes, sejam ar-
f) Mapeamento das necessidades de cada
quitetônicas, atitudinais, comunicacionais, a
Faculdade e/ou Escola para formações e
insuficiência ou inexistência de equipamentos,
capacitações específicas e continuada:
mobiliários, softwares, recursos, currículos e
profissionais (pessoas) preparadas para atuar • Aprofundar formação em alguma especialidade;

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Protocolos CLAI

• Atendimento de demandas internas e espe- nas demandas especificas que forem surgindo,
cíficas que forem identificadas nas Unidades. com acolhimento e apoio a docentes, discen-
tes e servidores que se sintam amparados com
g) Sensibilização de toda comunidade
esta rede de apoio; (pensar juntos, somando
para a cultura inclusiva:
conhecimentos específicos).
Com a atuação da comissão para manter a cul-
i) Criação de canais de comunicação e
tura ativa na comunidade, via conselho de cur-
ambiente virtual para as CLAI’s:
sos, semanas e eventos dos cursos, abertura
de eventos, peças teatrais etc.; (pode-se usar Criar dentro do ambiente virtual da Escola/Fa-
o calendário oficial de datas sobre a pessoa culdade, espaço exclusivo da CLAI, com ban-
com deficiência, seja dos municípios, do Esta- ner de apresentação, informações sobre a po-
do ou Federal). pulação e as pessoas com deficiência, ações
da comissão, agenda de reuniões e eventos,
h) Implementação e organização de pro-
modelos de documentos referentes ao traba-
jetos com trabalho colaborativo, em rede
lho da comissão e solicitações por parte dos
e interdisciplinar:
usuários. Criar e-mail institucional e perfil nas
Com apoio da comunidade acadêmica e de es- redes sociais.
pecialistas na questão que possam colaborar

Cartilha de Boas Práticas para Inclusão das Pessoas com Deficiência no Ensino Superior 28
Protocolos CLAI

4 - Encontros/reuniões:
mas sociais comuns são tornados adequados
Organizar e promover reuniões virtuais e/ou para toda a diversidade humana - composta
presenciais periódicas entre os membros das por etnia, raça, língua, nacionalidade, gênero,
comissões locais e promover encontros entre orientação sexual, deficiência e outros atributos
as comissões das diversas unidades acadêmi- - com a participação das próprias pessoas na
cas para trocas de experiências, boas práticas formulação e execução dessas adequações”.
e publicização dos resultados alcançados, com
Para a efetivação da inclusão, deve haver a
registro em ata.
acessibilidade que pela LBI, Lei nº 13.146/2015,
em seu art. 3º, I, é “ a possibilidade e condi-
ção de alcance para utilização, com segurança
DÚVIDAS e autonomia, de espaços, mobiliários, equi-
pamentos urbanos, edificações, transportes,
FREQUENTES informação e comunicação, inclusive seus sis-
temas e tecnologias, bem como de outros ser-
a) O que é inclusão?
viços e instalações abertos ao público, de uso
Utilizamos aqui a definição de Sassaki (2009), público ou privados de uso coletivo, tanto na
que considera a Inclusão “como um paradigma zona urbana como na rural, por pessoa com
de sociedade, é o processo pelo qual os siste- deficiência ou com mobilidade reduzida”.

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Protocolos CLAI

Esta mesma Lei apresenta em seu art. 3º, II, ou impeça a participação social da pessoa,
o Desenho Universal para a Aprendizagem bem como o gozo, a fruição e o exercício de
(DUA) como real possibilidade de promoção da seus direitos à acessibilidade, à liberdade de
inclusão, prevendo que o “desenho universal movimento e de expressão, à comunicação, ao
é a concepção de produtos, ambientes, pro- acesso à informação, à compreensão, à circu-
gramas e serviços a serem usados por todas lação com segurança”.
as pessoas, sem necessidade de adaptação ou
A referida lei também classifica as barreiras
de projeto específico, incluindo os recursos de
existentes:
tecnologia assistiva”.
a) Barreiras urbanísticas: as existentes nas
vias e nos espaços públicos e privados aber-
b) Quais são as barreiras que limitam e to ao público ou de uso coletivo;
impedem a inclusão e a acessibilidade
b) Barreiras arquitetônicas: as existentes
para todos?
nos edifícios públicos e privados;
A LBI, Lei nº 13.146/2015, dispõe em seu art.
c) Barreiras nos transportes: as existentes
3º, IV quais são as barreiras que impedem a
nos sistemas e meios de transportes;
acessibilidade, sendo: “qualquer entrave, obs-
táculo, atitude ou comportamento que limite d) Barreiras nas comunicações e na informa-

Cartilha de Boas Práticas para Inclusão das Pessoas com Deficiência no Ensino Superior 30
Protocolos CLAI

ção: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou c) Quem pode procurar ajuda?


comportamento que dificulte ou impossibi-
Todos os membros da Comunidade Acadêmi-
lite a expressão ou o recebimento de men-
ca: Docentes, Servidores, Discentes e tercei-
sagens e de informações por intermédio de
ros. Reforçando que as ações de divulgação
sistemas de comunicação e de tecnologia da
devem ser intensificadas nos processos de in-
informação;
gresso dos discentes – vestibular e matrícula.
e) Barreiras atitudinais: atitudes ou compor-
tamentos que impeçam ou prejudiquem a
participação social da pessoa com deficiên-
cia em igualdade de condições e oportuni-
dades com as demais pessoas;
f) Barreiras tecnológicas: as que dificultam
ou impedem o acesso da pessoa com defici-
ência às tecnologias.

1 Versão Adaptada dos Protocolos de Acessibilidade e Inclusão da Unesp – Campus Bauru

Cartilha de Boas Práticas para Inclusão das Pessoas com Deficiência no Ensino Superior 31
Dezembro/2022

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