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RELATO DE EXPERIÊNCIA: APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO

BRASILEIRO DE AVALIAÇÃO DA CULTURA ORGANIZACIONAL -


IBACO(1)

Rebeca Heloisa Cardoso Carvalho(2); Tácia Emanuely Furtado Antunes(3);


(1) Trabalhodesenvolvido na Faculdade Evolução Alto Oeste Potiguar - FACEP;
(2) Estudante do curso de Psicologia; Faculdade Evolução do Alto Oeste Potiguar - FACEP; Pau dos Ferros, Rio
Grande do Norte; rebecacarvalho535@gmail.com;
(3) Estudante do curso de Psicologia; Faculdade Evolução do Alto Oeste Potiguar - FACEP; Pau dos Ferros, Rio

Grande do Norte; taciaemanuely05@gmail.com;

RESUMO: O presente trabalho, trata-se de um relato de experiência referente a


disciplina de Práticas Integrativas das Organizações e do Trabalho, do curso de
Psicologia da Faculdade Evolução Alto Oeste Potiguar, que objetiva proporcionar uma
experiência de campo dentro do espaço organizacional. Nessa experiência,
adentramos no setor empresarial de uma academia de musculação sediada no interior
do Rio Grande do Norte. Nosso objetivo foi analisar a estrutura organizacional da
empresa, e diante do contexto, propusemos investigar a cultura da instituição por meio
da aplicação da forma reduzida do Instrumento Brasileiro para Avaliação da Cultura
Organizacional - IBACO. A pesquisa de amostra quantitativa descritiva foi realizada
com a aplicação de um questionário sociodemográfico e do IBACO, avaliado de 1 a
5, que diz respeito aos valores ligados ao trabalho e a percepção que os funcionários
têm do ambiente. Os resultados avaliados em subgrupos constam que dentro dos
requisitos a empresa cumpre bem quando se fala de profissionalismo cooperativo e
satisfação e bem-estar dos empregados, mas o profissionalismo competitivo fica bem
abaixo da média esperada. Assim, o impacto desse trabalho dentro da organização
pôde ampliar os olhares a respeito do cuidado com o gerenciamento e
desenvolvimento das atividades corporativas realizadas pelo campo da Psicologia
Organizacional.

Palavras-chave: Práticas Integrativas; Cultura Organizacional; Psicologia.

INTRODUÇÃO

É notório que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente, além de que
conta com uma constante ampliação de serviços e oportunidades de emprego em todo
campo profissional. No setor empresarial, as academias, um ramo que cresce cada
vez mais, enfrentou problemas no último ano quando foi declarado período de
pandemia no início de 2020. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a
doença causada pela COVID-19 é altamente transmissível e cuidados como
distanciamento social e paralisação de algumas atividades não essenciais foram
fundamentais para a contenção do novo vírus. Então, nessa condição há uma
transformação do estilo de vida da população, que passaram a buscar a se exercitar
mais com o retorno das atividades (RAIOL, 2020). Com isso, buscamos compreender
com nossa pesquisa em meados de dezembro de 2021, como se dá a gestão de
pessoas e o gerenciamento de uma academia no interior do Alto Oeste Potiguar no
Rio Grande do Norte, já que esse ramo ganhou maior notoriedade principalmente pelo
aumento recente em práticas de atividades físicas (BARBOSA et al., 2020).
Não só nas academias como também em outros setores, é importante
compreender a cultura do ambiente, seus valores, missão e comprometimento com o
público. Nas academias, que trabalham diretamente com a imagem pessoal,
autoestima e subjetividade dos sujeitos, é importante que a equipe profissional esteja
instruída e bem comprometida no âmbito profissional, é crucial ter em seu escopo a
preocupação com o clima e a cultura organizacional, a preocupação com seus
funcionários para assim alcançar o objetivo planejado. Devem analisar como está o
nível de satisfação dos colaboradores, como se sentem no ambiente de trabalho, se
há autonomia e liberdade em suas funções, como é o trabalho em equipe, são fatores
que dispõe para um balanceamento geral de como anda a gestão de pessoas em uma
organização (BARBOSA et al., 2020).
Concordando com Barbosa et al. (2008) devemos compreender que a cultura
da organização é fundamental para o seu sucesso, ainda que somente um olhar sobre
os recursos financeiros, estrutura física, equipamentos, normas e procedimentos seja
reforçado por muitos autores. As organizações são também compostas por estruturas
humanas e sociais, com vida própria, que crescem, desenvolvem-se e adaptam-se às
exigências da instituição em que se inserem, interna e externa, mediata em termos de
perspectiva econômica, tecnológica, cultural, política e demográfica, e imediata nas
áreas de análise do cliente, mercado, concorrentes ou setores de atividade como
apresenta Antônio (2003).
Logo, o aprofundamento na avaliação de gestão de pessoas possibilita
entender a relação que há na empresa e como influencia todo o escopo da
organização. Na academia, a literatura é escassa, mas ainda conseguimos
compreender que essas avaliações são fundamentais para promover um melhor
trabalho na organização e graças aos testes possibilitar uma avaliação métrica,
recurso fundamental quando se atua na perspectiva organizacional e do trabalho. De
acordo com Barbosa et al. (2020) ‘‘é importante que haja o desenvolvimento de
estratégias, compostas pelos valores organizacionais, de fortalecimento da cultura e
da identidade organizacional [...]’’ (p. 11). Deste modo, contribuir para melhorar o
ambiente de trabalho, conhecendo a cultura, podendo intervir no desenvolvimento
laboral de forma adequada de acordo com os apanhados do estudo em nível
organizacional é essencial.
O Instrumento Brasileiro para Avaliação da Cultura Organizacional - IBACO
analisa especificamente alguns valores culturais da organização, como descreve
Ferreira e Assmar (2008), às crenças, normas e valores que até de forma inconsciente
fazem parte do ambiente. É importante entender as normas, comportamentos, e os
pressupostos que compõem seu sistema, assim conseguimos elaborar um estudo que
comporte essa visão cultural e como isso representa a empresa.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa quantitativa descritiva tem por objetivo descrever os fatos tangíveis,


mensuráveis da experiência humana (SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009). Foi realizada em
uma academia de musculação em uma cidade no Alto Oeste Potiguar, Rio Grande do
Norte, e contou com a participação de nove profissionais da empresa. Usamos como
ferramenta a aplicação de um questionário sociodemográfico para compreender a
caracterização social dos funcionários e ainda para estudo a nível cultural
organizacional a aplicação do Instrumento brasileiro de avaliação da cultura
organizacional - IBACO na sua forma reduzida, que é formado por 30 quesitos,
avaliados de 1 a 5, sendo 1 que o quesito não se aplica e 5 se aplica totalmente. Os
resultados são descritivos e limita-se apenas a empresa estudada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Primeiramente identificamos as características sociais dos funcionários que


compõem essa empresa, no total 9 funcionários participaram. A empresa é composta
por jovens, com média de idade de 25 anos, há predominância masculina, 66%
homens e 33% de mulheres. No que diz respeito a renda, a média de salário por
pessoa é de R$1.558,88, acima do salário mínimo. Além disso, podemos estabelecer
ligação direta com outros dois fatores que é seu estado civil: 88% são solteiros e a
quantidade de filhos, apenas 22% têm filhos. Observamos essas características com
base no ramo profissional, a academia de musculação é tipicamente atribuída a jovens
e isso influencia também a predominância de jovens como seus trabalhadores. Ainda,
se declararam majoritariamente pardos e uma pequena parcela de brancos. Sobre o
nível de escolaridade, 88% dos colaboradores informaram grau superior completo
e/ou cursando. Isso demonstra a preocupação da empresa em estabelecer um padrão
de qualidade e de preparação para melhor atender os clientes.
Quando falamos em cultura organizacional, estamos abordando uma série de
elementos presentes que compõem o sistema organizacional. O IBACO em sua forma
reduzida agrupa itens divididos igualmente em categorias e elas nos descreveram a
perspectiva dos funcionários sobre os seguintes componentes organizacionais,
Profissionalismo Cooperativo, Profissionalismo Competitivo e Satisfação e Bem-estar
dos empregados, esse por último dividido em 3 fatores de prática (integração externa,
recompensa e treinamento e promoção do relacionamento interpessoal). Os
indicadores nos informam qual a visão dos funcionários sob respectivas questões
dentro da corporação.
Em primeiro lugar, avalia-se o Profissionalismo Cooperativo, que obteve a
média de 4,178, isso indica que a empresa valoriza bastante o Profissionalismo
Cooperativo entre seus funcionários, e que quanto maior o resultado, maior o grau em
que o valor ou prática organizacional mensurada encontra-se na organização. Esse
fato representa de maneira simples que os funcionários atuam com qualidade e que
cooperam entre si, engajados em prestar o melhor serviço no ambiente.
Seguindo, o Profissionalismo Competitivo recebeu o valor de 2,444, isso
significa dizer que na composição desta organização o profissional não precisa ou não
é competitivo, logo esse fator representa um baixo valor na estrutura organizacional.
Isso pode indicar que para alcançar o resultado no seu trabalho, não necessariamente
precise competir com seus colegas por oportunidades ou transformar o ambiente em
um campo de competição, mas possa vim a realizar seu trabalho de forma mais
saudável.
No que diz respeito a Satisfação e Bem-Estar dos Empregados, 3,178 foi a
média de resposta da soma dos quesitos avaliados. O indicador avaliativo foi 3,178
da Satisfação e Bem-Estar, que moderadamente a empresa cumpre com uma
prestação de serviços de qualidade aos seus funcionários para realização de seu
trabalho. Para entendermos ainda mais sobre o Bem-Estar dos funcionários, este se
divide em mais 3 subitens, como integração externa, recompensa e treinamento e
promoção do relacionamento interpessoal.
A integração externa diz respeito a preocupação com o atendimento e
qualidade para com os clientes, nesse conjunto vale avaliar o atendimento, a
prestação de serviços e qualidade do atendimento que a empresa visiona para seu
público e dessa forma adquiriu a média de 4.556, a partir da soma dos quesitos e que
indica que esse valor é bastante aplicado na empresa.
Segundo fator é sobre recompensa e treinamento os itens vão expressar
questões a respeito da recompensa e treinamentos que a empresa oferece aos
colaboradores, são características de empresas que reconhecem e valorizam o
esforço profissional dos seus colaboradores. Assim, avaliaram esse e os demais
pontos que compunham esse subgrupo e a média resultou no valor de 3.332, isso
representa para os profissionais que a empresa recompensa e valoriza seus serviços
moderadamente. Deve-se levar em consideração a percepção de cada um e a
compreensão a respeito das atividades que ocorrem na empresa.
Por fim, temos a promoção do relacionamento interpessoal. Nesse índice, com
nota média de 4.044 podemos observar que se aplica bastante os bons modos de
relacionamento e boa vivência tanto entre funcionários quanto com o chefe.
Percebemos assim como um fator que implica diretamente no desenvolvimento da
atividade laboral para bons resultados, bem como foi apresentado pela equipe e chefe
que na empresa não há nível hierárquico, mas sim uma tomada de decisões bem
horizontal e participativa, apresentando ser um ambiente amigável e favorável aos
relacionamentos dos funcionários com o superior propiciando uma maior colaboração
entre todos. Na satisfação e bem-estar dos empregados, todos os quesitos obtiveram
nota alta e isso representa que as práticas descritas são efetivadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, a metodologia da pesquisa possibilitou a investigação de


traços que compõem a cultura da organização, além de promover a empresa uma
interpretação de fatos até mesmo inconscientes que fazem parte de seu ambiente.
Portanto, compreender e estudar a estrutura de uma empresa é muito importante,
principalmente para ampliar, desenvolver tanto a organização como a nível pessoal
aos que fazem parte desse sistema. A cultura de uma empresa representa seus
valores e a percepção que as pessoas têm daquele ambiente, por isso a pesquisa se
faz fundamental.
Os resultados foram bastante significativos a respeito da empresa, logo
concluímos que este é um ambiente organizacional que busca melhorar seus níveis
estruturais e sociais considerando a participação do colaborador para garantir o nível
dos serviços ofertados e ainda elevar ao ambiente maior efetivação do
reconhecimento do trabalhador e são vários os fatores que colaboram para este
cenário como técnicas de motivação, treinamento e a promoção de bons
relacionamentos interpessoais.

REFERÊNCIAS

ANTÔNIO, N. S. Estratégia Organizacional: do posicionamento ao movimento. Lisboa:


Edições Silabo, Ltda. 2003.

BARBOSA, J. P.; OLIVEIRA, K. S. C.; FORESTO-DEL COL, D. R. Psicologia


Organizacional: Análise dos Valores Organizacionais de uma Academia. UniFunec
Científica - Multidisciplinar, Santa Fé do Sul, v. 9, n. 11, 2020. p. 1-12. Disponível em:
https://seer.unifunec.edu.br/index.php/rfc/article/view/4088

FERREIRA, M. C.; ASSMAR, E. M. L. Cultura Organizacional. In: SIQUEIRA, M. M.


M. (Org.). Medidas do comportamento organizacional: ferramentas de diagnóstico e
de gestão. Porto Alegre: Artmed, 2008. 7, p. 127-141. Disponível em:
https://03832529387879815477.googlegroups.com/attach/ed3af5f3041f8/Medidas%
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SILVEIRA, D. T.; CÓRDOVA, F. P. A pesquisa científica. In: GERHARDt, T. P.


SILVEIRA, D. T. (orgs.). Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.
p. 31-42. Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=dRuzRyEIzmkC&oi=fnd&pg=PA9&dq=pesquisa+quantitativa+descritiva&
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