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LEITURA EXPLORATÓRIA

Em 17/9/2012 (segunda-feira), por volta de 0 h 50 min, Douglas Aparecido da


Silva foi alvejado por três disparos de arma de fogo quando se encontrava em
frente à casa de sua namorada, Fernanda Maria Souza, na rua Serafim, casa
12, no bairro Boa Prudência, em Salvador – BA.

A ação teria sido intentada por quatro indivíduos que, em um veículo sedã de
cor prata, placa ABS 2222/BA, abordaram o casal e cobraram, mediante a
ameaça de armas de fogo portadas por dois deles, determinada dívida de
Douglas, proveniente de certa quantidade de crack que este teria adquirido
dias antes, sem efetuar o devido pagamento.

Foi instaurado o competente inquérito policial, tombado, no 21.º Distrito Policial,


sob o n.º 0021/2012, para apurar a autoria e as circunstâncias da morte de
Douglas, constando no expediente que, na noite de 16/9/2012, por volta das
21h, a vítima se encontrou com a namorada, Fernanda, e, após passarem em
determinada festa de amigos, seguiram para a casa de Fernanda, no bairro
Boa Prudência, onde Douglas a deixaria; o casal estava em um veículo utilitário
de cor branca, placa JEL 9601/BA, de propriedade da vítima; na madrugada do
dia seguinte, por volta de 0 h 40 min, quando já estavam parados em frente à
casa de Fernanda, apareceu na rua um veículo sedã de cor prata, em que se
encontravam quatro rapazes, que cobraram Douglas pelo "bagulho" e
ameaçaram o casal com armas nas mãos, quando um dos rapazes deu dois
tiros para o alto, momento em que Douglas e Fernanda se deitaram no chão.

Em ato contínuo, um dos rapazes desceu do carro, chutou a cabeça de


Douglas e, em seguida, desferiu três disparos em sua direção, atingindo-lhe
fatalmente a cabeça e o tórax. Douglas faleceu ainda no local e os autores se
evadiram logo após a conduta, deixando Fernanda a gritar por socorro. Nos
autos do inquérito, consta que foram ouvidos dois vizinhos de Fernanda que se
encontravam, na ocasião dos fatos, na janela do prédio vizinho e narraram, em
auto próprio, a conduta do grupo, indicando a placa do veículo sedã de cor
prata (ABS 2222/BA) e a descrição física dos quatro indivíduos.
Na ocasião, foram apresentadas fotografias de possíveis suspeitos às duas
testemunhas, que reconheceram formalmente, conforme auto de
reconhecimento fotográfico, dois dos rapazes envolvidos nos fatos: Ricardo
Madeira e Cristiano Madeira. Fernanda foi ouvida em termo de declarações e
alegou conhecer dois dos autores, em específico os que empunhavam armas:
Cristiano Madeira, vulgo Pinga, que portava um revólver e teria desferido dois
tiros para o alto; e o irmão de Cristiano, Ricardo Madeira, vulgo Caveira, que,
portando uma pistola niquelada, desferira os três tiros que atingiram a vítima.
Fernanda afirmou desconhecer os outros dois elementos e esclareceu que
poderia reconhecê-los formalmente, se fosse necessário.

Ao final, noticiou que se sentia ameaçada, relatando que, logo após o crime,
em frente à sua residência, um rapaz descera de uma moto e, com o rosto
coberto pelo capacete, fizera menção que a machucaria caso relatasse à
polícia o que sabia. Em complementação à apuração da autoria, buscou-se
identificar, embora sem êxito, os outros dois indivíduos que acompanhavam
Ricardo e Cristiano na ocasião dos fatos. Juntaram-se aos autos o laudo de
exame de local de morte violenta, que evidencia terem sido recolhidos do
asfalto dois projéteis de calibre 38, e o laudo de perícia papiloscópica, realizada
em lata de cerveja encontrada nas proximidades do local, na qual foram
constatados fragmentos digitais de uma palmar. Lançadas as digitais em banco
de dados, confirmou-se pertencerem a Ricardo Madeira. Também juntou-se ao
feito o laudo cadavérico da vítima, no qual se constata a retirada de três
projéteis de calibre 380 do cadáver: um alojado no tórax e dois, no crânio.
Durante as diligências, apurou-se que o veículo sedã de cor prata, placa ABS
2222/BA, estava registrado em nome da genitora dos irmãos Cristiano Madeira
e Ricardo Madeira, Maria Aparecida Madeira, residente na rua Querubim, casa
32, no bairro Boa Prudência, em Salvador – BA, onde morava na companhia
dos filhos. Nos registros criminais de Cristiano, constam várias passagens por
roubo e tráfico de drogas.

No formulário de antecedentes criminais de Ricardo Madeira, também anexado


aos autos, consta a prática de inúmeros delitos, entre os quais dois homicídios.
Procurados pela polícia para esclarecerem os fatos, Cristiano e Ricardo não
foram localizados, tampouco seus familiares forneceram quaisquer notícias de
seus paradeiros, embora houvesse informações de que eles estariam na
residência de seu tio, Roberval Madeira, situada na rua Bom Tempero, s/n, no
bairro Nova Esperança, em Salvador – BA. Ambos foram indiciados nos autos
como incursos nas sanções previstas no art. 121, § 2.º, II e IV, do CP.

O inquérito policial tramitou pela delegacia, em diligências, durante vinte e


cinco dias, encontrando-se conclusos para a autoridade policial que preside o
feito, restando a complementação de inúmeras diligências visando identificar os
outros dois autores e evidenciar, através de novas provas, a conduta dos
indiciados. Em face do relato acima apresentado, proceda, na condição de
delegado de polícia que preside o feito, à remessa dos autos ao Poder
Judiciário, representando pela(s) medida(s) pertinente(s) ao caso. Fundamente
suas explanações e não crie fatos novos.
ESTRUTURA DO MODELO CORINGA
MAPEAMENTO DA PEÇA

ENDEREÇAMENTO Vara do Tribunal do Júri da


Comarca de Salvador/BA
PREÂMBULO Autoridade Legitimada: art. Fundamento Legal: art. 1º,
144, §4º, da CF/88 e 2º, §1º incisos I e III, “a”, da Lei
da Lei 12.830/2013 7.960/89 c/c art. 2º, §4º, da
Lei 8.072/90.

Fundamento no art. 240, §1,º


alíneas “a”, “d”, “e” e “h”, do
CPP
FATOS Heptâmetro de Quintiliano Trata-se de inquérito policial
instaurado para apurar (...)
FUNDAMENTOS
- Prova da Existência do Elementos de prova que - Laudo de Local
Crime (Materialidade) demonstram que o fato - Laudo cadavérico
ocorreu - Informações das
testemunhas
- Tipo Penal: CP, art. 121,
§2º, inciso II e IV)

- Indícios de Autoria Elementos de prova que - reconhecimento por


vinculam os fatos aos fotografia
suspeitos - declarações de Fernanda
que afirma conhecer dois
autores
- Exame da Palmar na lata
de cerveja
- veículo usado no crime é de
propriedade da mãe dos
suspeitos

Periculum Elementos de prova que - ameaça à Fernanda


mostram que a(s) medida(s) - autores foragidos
são necessárias e -necessidade de
adequadas. identificação dos demais
autores
- apreensão das armas
- apreensão do carro
- reconhecimento formal dos
suspeitos
PEDIDO Essa medida me vai ser mais Reforçar os elementos de
útil em que? autoria e materialidade
QUADRO COMPARATIVO

TEMPORÁRIA PREVENTIVA
Fundamento Legal: Lei 7.960/89 CPP, arts. 311, 312 e 313 do CPP
Finalidade Investigativa (reforçar Finalidade Cautelar (garantia da
materialidade e/ou indícios de ordem pública, da ordem
autoria) econômica, por conveniência da
instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei
penal).

Somente antes do fim do IP A qualquer momento


Prazo: 5 + 5 ou 30 + 30 dias Revisão a cada 90 dias (CPP, art.
(crimes hediondos e equiparados) 316)
GUIA RÁPIDO DAS CAUTELARES

1. Cautelares de preservação de provas (Cautelares Investigativas)

a. Busca e Apreensão Domiciliar (fundamento: CPP, art.240, § 1° e CF, Art.

5º XI);

b. Interceptação de comunicações telefônicas (fundamento: Lei 9.296/96,

art. 3º, I);

a. Interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e

telemática (fundamento: Lei 9.296/96, art. 3º,

b. Prisão Temporária (fundamento: Lei 7.960/89);

c. Identificação Criminal (Fundamento: Lei 12.037/09, art. 3º, IV)

d. Sigilos financeiro, bancário e fiscal (Fundamento: LC n°105/2001, art. 1º, §

4º)

2. Cautelares de Preservação de Direitos

e. Prisão Preventiva (fundamento: CPP, arts 311, 312 e 313);

f. Medidas Cautelares da Lei 12.403/2011 (fundamento: CPP, art. 282, § 2º).

Pedido de Exame de médico-legal de insanidade mental com pedido de

internação provisória (CPP, art. 149, § 1º e art. 150, § 2º).

a.  Suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo

automotor, ou a proibição de sua obtenção do Código de Trânsito

(fundamento legal: Lei 9.503/97, art. 294).

b. Busca e Apreensão de Adolescente Infrator (Art. 106 do ECA, além dos

fundamentos para prisão preventiva).


3. Cautelares Reais

a. Sequestro de móveis: quando não cabível a busca e apreensão

(fundamento: CPP, art. 132);

b. Sequestro de imóveis (fundamento: CPP, art. 127).

Obs.: o Arresto não pode ser deferido por representação do delegado, pois

ocorre com o processo já em andamento.

4. Cautelares Especiais

a. Medidas da Lei de Organizações Criminosas (Fundamento: Lei

12.850/13)

-Colaboração Premiada (art. 4º, § 2º);

-Infiltração de agentes (art. 10);

-Infiltração Virtual na Internet (art. 10-A)

-Captação Ambiental (Art. 3°, II) (art. 8º-A, Lei 9.296/96).

b.Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Investigação de Crimes contra a


Dignidade Sexual de Criança e de Adolescente (art. 190-A, I, ECA)
COMO FICARIA A MINHA PEÇA

Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da Vara do Tribunal do Júri da Comarca


de Salvador/BA

IP Nº 0021/2012 – 21º DP

Sigiloso

A Polícia Civil do Estado da Bahia, representada pela autoridade policial que


ora subscreve, com lastro no art. 144, §4º da CF e 2º, §1º da Lei 12.830/2013,
vem à presença de Vossa Excelência representar pela prisão temporária por 30
dias de Cristiano Madeira e Ricardo Madeira, com o fundamento legal no art.
1º, incisos I e III, “a”, da Lei 7.960/89 c/c art. 2º, §4º, da Lei 8.072/90, bem
como pela expedição de mandado de busca e apreensão, nos endereços
descritos ao final, com fundamento no art. 240, §1,º alíneas “a”, “d”, “e” e “h”,
do CPP.

Dos Fatos

Trata-se de inquérito policial instaurado para apurar a morte de Douglas


Aparecido da Silva, ocorrida no dia 17/09/2012, por volta de 0h50m. A vítima foi
alvejada por três disparos de arma de fogo quando se encontrava na casa de
sua namorada Fernanda Maria Souza, na rua Serafim, casa 12, bairro Boa
Esperança, Salvador/BA.

Segundo os elementos de investigação reunidos até o momento, quatro


indivíduos concorreram para o crime, dos quais dois já foram devidamente
identificados como sendo os irmãos Ricardo Madeira e Cristiano Madeira.

Sobre a dinâmica do crime, consta no autos que os autores chegaram ao


endereço mencionado em um veículo sedã de cor prata, placa ABS 2222/BA.
Os disparos que causaram a morte da vítima teriam sido efetuados por Ricardo
Madeira, conforme relatos da testemunha Fernanda.

A motivação do crime seria suposta dívida de drogas que Douglas teria com os
suspeitos, tendo em vista que no momento da ação criminosa os autores
cobraram Douglas pelo “bagulho”.

Dos Fundamentos

Os elementos de informação são suficientes para demonstrar o fumus comissi


delicti de homicídio duplamente qualificado (art. 121, §2º, inciso II e IV do CP).

Nesse sentido, a materialidade está devidamente demonstrada, especialmente


pelo Laudo de Local, pelo Laudo Cadavérico, bem como pelas informações
prestadas por testemunhas que presenciaram os fatos.

No mesmo passo, há fortes indícios que demonstram que Ricardo e Cristiano


Madeira concorreram para a ação criminosa, tendo em vista que foram
reconhecidos por fotografia por testemunhas dos fatos; pelas declarações de
Fernanda, que afirma conhecer o dois autores; pelo exame da palmar na lata
de cerveja; pela identificação do veículo usado no crime, o qual é de
propriedade da mãe dos suspeitos.

O crime ora investigado está previsto como passível de prisão temporária na lei
de regência (Lei 7.960/89), estando listado na lei de crimes hediondos, o que
justifica o prazo de 30 dias de prisão (Lei 8.072/90).

A prisão dos suspeitos é imprescindível para as investigações do inquérito


policial, tendo em vista a necessidade de identificar os demais concorrentes do
crime; apreender as armas utilizadas pelos autores; apreender o veículo
utilizado; reconhecimento formal e interrogatórios dos suspeitos, respeitado o
direito constitucional ao silêncio.

Além disso, a prisão dos suspeitos é medida necessária para evitar


constrangimento ao recolhimento de elementos testemunhais, tendo em vista a
informação de que Fernanda, namorada da vítima, recebeu ameaças. Deve-se
ressaltar que os representados possuem antecedentes criminais pela prática
de infrações penais graves. Além do que estão foragidos, não tendo sido
localizados pelos policiais desta unidade.

De igual modo, encontram-se presentes os fundamentos para a expedição de


mandado de busca e apreensão, o que permitirá o esgotamento das medidas
investigativas, principalmente para a apreensão da arma do crime.

Durante as investigações, apurou-se que o veículo utilizado pelos autores está


registrado em nome da mãe dos irmãos Cristiano e Ricardo Madeira, residente
na rua Querubim, casa 32, bairro Boa Prudência, Salvador/BA, onde residiam.
Bem assim, há informações de que os suspeitos estariam na residência de um
tio de nome Roberval Madeira, localizada na rua Bom Tempero, s/n, no bairro
Nova Esperança, Salvador/BA.

Do Pedido

Assim exposto, representa-se pela decretação de prisão temporária em


desfavor de Ricardo Madeira e Cristiano Madeira pelo prazo de 30 dias
(fundamento legal: art. 1º, incisos I e III, “a”, da Lei 7.960/89 c/c art. 2º, §4º, da
Lei 8.072/90), bem pela expedição de mandado de busca e apreensão nos
endereços na rua Querubim, casa 32, bairro Boa Prudência, Salvador/BA e rua
Bom Tempero, s/n, no bairro Nova Esperança, Salvador/BA (fundamento no art.
240, §1,º alíneas “a”, “d”, “e” e “h”, do CPP).

Local, Data
Delegado de Polícia
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