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O Mundo dos Concursos

Quatro Chaves da Preparação


Olá, meu amigo! Olá, minha amiga! Tudo bem com você? Eu espero que sim.
Eu sou o Kleber Leles e a gente vai falar sobre Técnicas para Preparação
para Concurso Público. E eu quero falar hoje sobre as Quatro Chaves para a
Preparação.

Essas Quatro Chaves estão relacionadas às seguintes questões:

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E eu quero começar a aula de hoje com uma pergunta provocadora:

Você usa marca texto para grifar o texto de lei?

Essa é uma pergunta polêmica que gera muita controvérsia, a gente vai tratar
dela logo mais.

Primeiro eu queria ressaltar a importância de estudar a lei seca. A lei seca -


como você sabe - é a lei sem qualquer comentário por parte de nenhum
doutrinador, ou seja, a lei tal qual editada pelo Poder Público. A importância de
ler a lei seca, de memorizar a lei seca, ela se dá principalmente pela
incidência de questões cobrando justamente conhecimento de lei seca nos
concursos.

Essas questões, elas são realizadas, elas são elaboradas basicamente sob
duas formas:

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A primeira em que se cobram, se elaboram questões com enunciados curtos,
perguntando ou questionando justamente o conhecimento sobre o texto de lei.
A segunda forma de elaboração de questões são aquelas em que o teu
examinador, ele te dá um caso concreto e pergunta, nas alternativas, ele
coloca algumas alternativas em que há, então, uma resolução para aquele
caso concreto, uma solução para aquele caso concreto. E essa solução
geralmente é apenas e tão somente o texto de lei, as demais questões trazem
alguma modificação em relação ao texto de lei, que tornam essas alternativas
incorretas.

Então eu trouxe aqui para ilustrar essas duas formas de incidência dessas
questões algumas questões que caíram em concursos públicos recentemente.
Para ilustrar esse primeiro exemplo, que é justamente a cobrança de
conhecimento sobre o texto de lei, eu trouxe uma questão do Concurso para
Juiz Substituto do TJ de São Paulo, Concurso 186. Veja o enunciado:

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A partir dali, o examinador coloca quatro alternativas que algumas se parecem
com o texto de lei, outras não tem nada a ver com o texto de lei e uma única,
ali no caso, que vai ser a letra da lei tal qual prevista no ordenamento. Ou
seja, a única alternativa correta é aquela que retrata efetivamente de modo
correto, de modo completo o texto de lei.

Então, por exemplo aqui, eu tenho essas quatro alternativas, analisando as


alternativas, a gente vê que a alternativa "a", ela está incorreta.

Por quê?

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A alternativa diz o seguinte: "a interrupção da prescrição por um credor
aproveita aos outros." Essa alternativa, ela está incorreta, porque ela está
totalmente contrária àquilo que prevê o art. 204 do Código Civil, que diz
exatamente o contrário, né? 

Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros;
semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu
herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.

Alternativa "b" da mesma forma: "a exceção possui um prazo autônomo e


diverso da pretensão." Veja que essa alternativa, ela é contrária àquilo que
prevê o art. 190 do Código Civil.

Da mesma forma, alternativa "d", ela também está em contrariedade com o


texto expresso de lei. A única alternativa correta seria, portanto - ou era - a
alternativa "c".

Essa alternativa era correta justamente por transcrever basicamente o texto


do art. 211 do Código Civil.

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Aquele segundo modelo, aquele segundo exemplo de questão, é uma forma
que tem sido exigida com mais frequência nos concursos públicos de alguns
anos para cá. E, ela - por exemplo - um exemplo dessa situação é aquela
questão que caiu no Concurso 187 para Juiz Substituto também no TJ de São
Paulo, onde havia ali um caso concreto, envolvendo uma situação de
usucapião e também uma situação sobre a possibilidade ou não de
interrupção ou de suspensão da prescrição. Eu não vou ler toda a questão
para vocês, mas ela está aí na tela, aqueles que tiverem interesse, dá um
pause no vídeo, leia a questão e verifique também a resposta, que a resposta
correta era a alternativa "d".

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Analisando a questão e analisando a alternativa correta, vocês vão ver que o
candidato poderia resolver corretamente essa questão se ele tivesse na sua
memória o texto de lei do art. 1.238 do Código Civil e também o art. 198, o
inciso II, do Código Civil.

Então, o conhecimento desses dois artigos seria suficiente para resolver


aquela questão, ainda que houvesse um grau de complexidade um pouco
maior do que a primeira. Mas o texto de lei seria suficiente para resolver
ambas. Daí a importância de conhecer muito bem o texto de lei, para não
perder questões desse tipo.

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Como estudar, então, a lei seca?

Bem, primeira coisa, eu queria fazer uma distinção para vocês em relação ao
estudo passivo e ao estudo ativo. Técnicas de estudo passivo e técnicas de
estudo ativo.

Mas o que que é isso?

Estudo passivo é todo aquele estudo, aquela modalidade de estudo, que o


estudante é um telespectador do conhecimento.

EXEMPLO: Ou seja, aquelas situações em que o estudante lê um


determinado texto; aquela situações em que o estudante é ouve um
audiolivro, por exemplo, um audiobook; aquelas situações em que o estudante
assiste uma aula - gravada ou presencial.

Nessas circunstâncias, o candidato está realizando uma modalidade de


estudo passivo, em que ele apenas recebe o conhecimento.

Já o estudo ativo é aquela modalidade de estudo em que o candidato produz -


efetivamente - algum conhecimento a partir daquilo que ele armazenou na sua
memória.

EXEMPLO: Por exemplo, quando ele resolve alguma questão, quando ele faz
algum resumo de cabeça.

Nessas situações, ele está produzindo algum conhecimento. Então, nós


temos uma forma de estudo ativo. Para estudar a lei seca, é muito importante
que a gente consiga compatibilizar essas duas modalidades de estudo.

E como a gente começa, então, estudando a lei seca?

Bem, o primeiro passo é a leitura. Ler a lei.

Mas como é que eu leio a lei? Eu pego do art. 1º, por exemplo, Código
Civil, eu pego do art. 1º e vou lá até o artigo 2000 e pouco?

Não. Esse tipo de estudo não é uma forma de estudo producente, não é uma
forma de estudo eficaz. É importante que você faça a leitura por blocos.

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Mas como assim fazer a leitura por bloco?

Se você pegar o seu edital, você vai ver que o próprio edital ele já traz a
separação do Código ou das disciplinas que vão ser exigidas por temas, por
matérias. E, com base no edital, comparando, por exemplo, com o Código
Civil, com o Código Penal, você vai verificar que essa divisão de matérias do
edital é muito próxima daquela divisão de matérias que a própria lei traz, que
o próprio Código traz.

Ou seja, uma divisão por livro, por título, por capítulo. Então, quando você for
estudar a lei seca, é importante que você entenda qual o livro que você está
lendo, qual o capitulo, qual seção, sobre qual assunto você vai estudar. Lendo
aquele assunto específico, por exemplo, eu vou dar um exemplo aqui.

EXEMPLO: Prescrição. Você quer estudar sobre prescrição, você vai lá na


Parte Geral do Código Civil e vai separar aquele bloco de artigos que trazem
o tema da prescrição e vai estudar aqueles artigos. A partir do momento que
você fez esse estudo passivo, ou seja, a leitura desses artigos, você já formou
um conhecimento inicial sobre o conteúdo dessa matéria - veja - ainda numa
modalidade de estudo passivo.

Presta atenção, nessa primeira leitura, em momento algum eu falei sobre


grifar, eu falei sobre riscar, eu falei sobre fazer anotações. Calma! Nessa
primeira leitura, é importante que você tenha esse contato inicial com o texto
de lei, que você procure entender qual o contexto ali onde está inserido, se
está inserido na Parte Geral, na Parte Especial e a sequência de artigos,
como que o o legislador ele desenvolve aquela sistemática do próprio Código,
tratando daqueles artigos.

Faça essa primeira leitura para tentar entender esses pontos e tentar
memorizar - na medida do possível - esses artigos que você leu. Isso permite
também, essa leitura por blocos permite aquilo que a gente chama de "dividir
a matéria por 'frentes'".

EXEMPLO: Se você começa estudando - um exemplo, né? - o Código Civil do


art. 1º e quer começar a ler do art. 1º até o último artigo, isso não vai permitir
com que você faça uma divisão por blocos.

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Quando você estuda efetivamente por blocos, você consegue - por exemplo -
aliar o estudo da parte de Direito dos Contratos com o Direito de Família.
Você pode separar 2 horários diferentes no seu dia, na sua grade de horários,
para fazer esse estudo por blocos. E isso permite com que você avance ainda
mais na matéria. Você estuda Direito dos Contratos num determinado
momento, numa determinada hora do dia e estuda Direito de Família num
outro horário.

Isso é muito importante e isso otimiza o seu estudo. Esse estudo por blocos e
não esse estudo sequencial. A partir daí, é importante que você faça uma
combinação desse estudo passivo, de leitura, com o estudo ativo, de
realização de exercícios. Você teve um primeiro contato com a lei, você leu a
lei, leu aquele bloco específico de artigos, a partir do momento, procure
realizar questões relativas àquele bloco, para verificar se realmente você
conseguiu memorizar o texto de lei, se você conseguiu entender.

E essa realização de exercícios relativos àquele bloco que você fez, que você
já leu, é muito importante, porque vai permitir com que você dê atenção a
alguns detalhes do texto de lei que naquela primeira leitura você não se ateve.
Você vai realizar exercícios e vai perceber que, por vezes, ao realizar o
exercício vai ficar com dúvida entre uma ou duas alternativas, vai assinalar
alguma alternativa incorreta.

E quando você terminar de fazer esse exercício, o que que você vai
fazer?

Você vai voltar para o texto de lei e conferir as suas respostas. Isso permite,
então, que você realiza efetivamente um ciclo. Você vai analisar aí, vai fazer
exercício e retornar para a lei. Analisar a lei novamente, fazer novos
exercícios e voltar para a lei. Isso permite com que você tenha um estudo
otimizado e que a sua memória seja cada vez mais ativada.

Isso vai permitir também que você tenha um contato constante com a letra da
lei. É importante que você faça um cronograma de leitura da lei e que você
inclua - nos seus estudos diários - a leitura do texto da lei seca, é muito
importante. Isso vai fazer com que você leia a lei várias e várias vezes na
preparação do seu concurso. E que você cada vez mais elabore mais
exercícios a respeito daqueles temas, daqueles artigos que você leu.

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A ideia é que a gente consiga fazer é o que esse ciclo aqui, o que esse
pequeno fluxo ilustra.

Ou seja, a gente começa com a leitura da lei, vai para os exercícios, a partir
do momento que você vai para os exercícios, você já está exercendo,
exercitando o seu poder de memorização e você - depois que realizar os
exercícios - volta para o texto de lei, para conferir aquilo que você
eventualmente errou.

Então, esse ciclo é importante e a ideia é que você cada vez mais diminua a
leitura do texto de lei - porque você já vai se familiarizar com aquele texto - e
cada vez mais aumente o número de exercícios realizados. Isso vai
potencializar a sua memorização, vai potencializar também o conhecimento a
respeito da forma em que essas questões são elaboradas no concurso
público.

Então, é exatamente esse o objetivo:

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Reduzir gradativamente o tempo gasto com a leitura da lei, porque cada vez
mais você não vai ter que se atentar tanto à leitura, porque você já conhece
aquele texto e aumentar o tempo gasto com a resolução de
exercícios. Paulatinamente, você vai chegar num ponto em que você vai estar
basicamente realizando muitos exercícios e lendo a lei seca apenas para fins
de revisão.

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Aqui - prestem atenção - depois que você fez aquela primeira leitura, que
você foi para os exercícios e já conseguiu iniciar um processo de
memorização, justamente com realização deste estudo passivo aliado com
esse estudo ativo, aqui nesse momento, você vai ter condição de usar as
canetas marca texto, fazer grifos, fazer anotações.

Por quê?

Porque a marcação, com marca texto, ela é importante sobretudo para gerar
algum tipo de gatilho mental para você relembrar trechos importantes. Então,
nesse momento, você vai ter condições - depois que você já fez uma primeira
leitura da lei seca e realizou exercícios - você já vai ter condições de avaliar
quais são os trechos, quais são os textos de lei mais exigidos no concurso,
quais são aqueles que eventualmente você teve um pouco mais de
dificuldade, teve que voltar para o texto de lei para entender como é que era a
dinâmica do texto legal.

É importante que você faça a marcação, neste momento, de palavras chaves.


Essas palavras que efetivamente disparem esses gatilhos de memória. E é
possível - aqui - você fazer, então, essas anotações, inclusive, com cores
diferentes. Veja aqui que na tela aqui eu coloquei cores, grifos diferentes,
justamente para ilustrar essa situação. É possível.

EXEMPLO: Por exemplo, uma determinada regra que seja importante você


memorizar, você pode marcar com uma determinada cor e as exceções,
marcar com outra cor. Nesse momento, você pode, por exemplo, marcar
aquelas palavrinhas-chaves, como, por exemplo, "salvo", "sempre", "nunca".
Essas palavras-chaves que, por vezes, derrubam muitos candidatos na prova.

Então, a partir desse segundo momento é que você vai poder usar o seu
marca texto. Perceba, se você usou marca texto logo na primeira leitura, você
não tinha condição de dizer o que era e o que não era importante. Então, a
tendência do candidato - neste primeiro momento - é marcar tudo. E, depois,
quando ele for ler, ele não vai saber exatamente o que que é relevante, o que
que não é. Ele não vai conseguir ativar esses gatilhos mentais para se
lembrar do texto de lei aquilo que efetivamente é essencial, aquilo que
efetivamente é cobrado no concurso público.

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Então, essa é uma dica que eu acho que é muito interessante para vocês,
segura a ansiedade, segura o marca texto. É uma ferramenta muito
importante, mas use-a com moderação e com consciência, marcando essas
palavras-chaves, esses textos que são mais exigidos apenas, justamente para
ativar aquilo que eu falei dos gatilhos mentais, da sua memória.

Uma outra forma de estudar a lei - e aqui também, nesse contexto de um


estudo passivo - é ouvir o texto de lei. Eu acho muito bacana, por exemplo,
ouvir textos da Constituição, o art. 5º da Constituição, acho muito bacana se
você tiver essa possibilidade de fazer o seu estudo com áudio-livros, que é
uma coisa prática.

Você pode fazer isso no metrô ou no ônibus, treinando na academia. Não é


tão bacana, né?, treinar na academia com áudio-book de lei, mas se é uma
possibilidade também. Fazendo caminhada etc. Isso vai ativar cada vez mais
a sua memória e vai trabalhar um outro canal que não só o visual.

Nesse caso, você está ativando a sua memória auditiva, que juntamente com
a memória visual que você já adquiriu da leitura do texto de lei, com a
realização de exercícios, isso vai potencializar ainda mais a sua capacidade
de se lembrar do texto da lei na hora da prova.

É importante também a possibilidade de você realizar mapas mentais, que


são aqueles esquemas com desenhos, com setas. Isso é muito importante,
principalmente naquelas matérias em que você tem uma dificuldade maior de
memorização ou até mesmo uma dificuldade maior de entender.

A realização de mapas mentais, em que você coloca ali uma palavra-chave no


meio e dali puxa algumas setas indicativas a respeito daquele tema, permite
que você também crie uma imagem, uma memória visual. E, nesse caso,
você vai trabalhar muito bem também a sua realização de estudo na forma
passiva e da forma ativa se você mesmo realizar os seus mapas mentais.

Quando você realiza os seus mapas mentais, você vai estar desenvolvendo
um estudo ativo. E toda vez que você reler aquela matéria, você vai ativar
esses gatilhos de memória realizando ali o estudo passivo, porque - naquele
momento - você vai simplesmente ler, simplesmente relembrar. Mas isso vai
ficar gravado na sua memória, aquelas setas, aqueles esquemas e isso ajuda
muito na hora da prova também. É mais uma forma de ativar a sua memória.

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Por fim, uma outra forma de estudo ativo muito eficaz é a realização de
resumos. É tentar, não a partir da leitura da lei, ler a lei e fazer resumos. Não.
É fazer resumos a partir da sua memória, tentando lembrar - a partir da sua
memória - tentar fazer resumos.

EXEMPLO: Por exemplo, requisitos para a prisão preventiva. Coloca lá no


papel, quais são os requisitos, como se você tivesse resolvendo uma questão
de concurso público.

Quais são os princípios norteadores do Tribunal do Júri?

Pensa nessa questão e coloca ali no papel quais são esses princípios, sem
consultar o texto de lei. Você vai estar estudando de forma ativa. E realizando
esse resumo, você vai potencializar também a sua memória acerca do texto
de lei.

Do que eu falei até aqui, já dá para entender que um erro muito comum que
infelizmente acontece é aquele erro do candidato que estuda muita doutrina e
negligencia a leitura do texto da lei seca e negligencia também a realização
de exercícios. Que são as duas formas de ativar, de potencializar a sua
memória.

É muito importante ler a doutrina, é claro que sim. Mas você não pode
negligenciar a leitura da lei seca. Então, este é um erro muito comum que

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infelizmente acontece em relação aos concursos públicos que os candidatos
cometem.

Agora, a gente vai passar pra outra questão, que é justamente como estudar
a jurisprudência naqueles concursos em que é exigido o conhecimento sobre
a jurisprudência. Eu trouxe aqui alguns apontamentos.

O primeiro apontamento que eu faço é o seguinte: você tem que conhecer o


perfil da banca. Saber se aquela banca organizadora daquele concurso, se
tem uma tradição de exigir conhecimento de jurisprudência e dentro desse
conhecimento, se é exigido o conhecimento apenas de Súmulas ou se
também se exige o conhecimento de precedentes vinculantes ou, ainda mais,
se é exigido o conhecimento de informativos.

Então, é muito importante que você tenha esse conhecimento prévio, para
você saber o que que você vai estudar. Não começa lendo informativo
desavisadamente, porque isso pode simplesmente tomar o seu tempo para
estudar aquilo que efetivamente é relevante, aquilo que efetivamente vai cair.

Então, conheça o perfil da sua banca e veja se vai ser exigido o conhecimento
de informativos. Tem muito concurso de nível superior, inclusive os mais
concorridos, em que o conhecimento de informativo não é exigido.

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Para estudar Súmulas, a orientação que eu passo é a seguinte: estude
seguindo a mesma regra de estudo da lei seca. Ou seja, por temas. Não
adianta pegar a Súmula 1, a Súmula 2, Súmula 3, Súmula 4 e ir estudando
até a Súmula 600 do STJ, de forma sequenciada, até porque as Súmulas,
cada um tem um assunto diferente.

Então, pegue as Súmulas, os blocos de Súmula por temas. No site do STJ,


por exemplo, existem lá formas de você fazer pesquisas por temas, pesquisa
de jurisprudência por temas. E lá aparece as Súmulas organizadas por
assunto. Então, faça esse tipo de estudo dessa forma, estudo de Súmulas
dessa forma.

E aí, empregue todas aquelas técnicas que eu mencionei para estudo da lei
seca, também em relação às Súmulas.

EXEMPLO: Por exemplo, ler primeiramente a Súmula, depois fazer


exercícios, para depois usar um marca texto, grifa texto para você saber
exatamente quais são aqueles pontos que você tem que destacar no seu
texto para depois ativar a sua memória, o seu gatilho mental para resolver
essas questões.

O próximo passo é sobre estudos de informativos e jurisprudência. Ou seja,


você já analisou o teu concurso, você já sabe que a tua banca ela exige
conhecimento de precedentes vinculantes, de jurisprudência dos Tribunais
Superiores e de informativos.

Como você vai fazer esse estudo?

Primeiro, você tem que fazer ali uma divisão do seu material, para saber quais
são os precedentes jurisprudenciais que são vinculantes e quais não são.
Você deve dar atenção, uma atenção especial para esses que são
vinculantes, a depender do seu concurso público. Se não for um precedente
vinculante, pode ser que haja divergência de posicionamentos.

Então, é importante você saber quais são os posicionamentos divergentes. E


é importante você saber também qual que é o posicionamento majoritário. E
aí eu dou uma outra dica: você conhecendo a banca é possível que você
identifique também qual que é o posicionamento daquele examinador,
daquela banca. Isso pode te ajudar numa prova. Não necessariamente você

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tem que seguir aquela orientação na tua vida profissional etc, mas no
concurso isso vai poder te ajudar bastante.

Então, identifique se é uma jurisprudência pacífica ou se é uma jurisprudência


em que há divergência. Se houver divergência, procure entender qual que o
ponto de divergência e quais são as posições divergentes. Sempre buscar,
também, compatibilizar o estudo da jurisprudência com a lei seca. Partindo da
lei seca, analisando a jurisprudência e vice-versa, compatibilizando estes dois
estudos.

Isso permite com que você também desenvolva um raciocínio jurídico. É a


nossa quarta perguntinha que eu fiz lá no início sobre as quatro chaves.
Então, você compatibilizando lei seca com a jurisprudência, é uma forma
importante de você entender ou de você desenvolver um raciocínio jurídico.

Como estudar doutrina?

Eu disse no começo, em meados, no meio da nossa aula, eu falei que muitos


candidatos cometem o erro de só estudar doutrina e negligenciar a lei seca.
Mas veja, eu não disse que não é importante estudar doutrina. É importante
estudar doutrina.

A questão é: como fazer?

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Primeiro ponto: conhecer o perfil da banca, conhecer o perfil da prova, o que
que geralmente é exigido, como é que a doutrina pode ser exigida por aquela
banca, por aquela empresa organizadora do concurso público. Então, procure
conhecer, olhe provas anteriores, analise exercícios anteriores, para verificar
como questões envolvendo doutrina podem cair na sua prova.

Outro ponto bastante importante que me ajudou no meu concurso público e


eu acredito que pode ajudar você também: conheça o examinador, a pessoa,
o responsável, o Magistrado que está participando da banca ou o Procurador
ou eventualmente o Defensor Público que participa da banca ou
representante da OAB.

Conheça o examinador, saiba qual é a formação acadêmica dele, se ele tem


doutorado, se ele tem mestrado, se ele tem livros publicados, se ele tem
artigos, qual que é a área efetiva ou a área específica de atuação desse
membro da banca. É muito importante você conhecer a pessoa do teu
examinador, isso vai permitir com que você faça um estudo dirigido também
em relação à doutrina.

Por que isso?

Porque é natural ou é comum que o examinador, a pessoa física do


examinador, ele procure - numa prova oral, por exemplo - fazer questões que
estão mais relacionadas ao seu dia a dia, ao seu conhecimento pessoal, à
sua área de informação, ao seu trabalho de mestrado, de doutorado etc.

É mais comum que ele faça isso, ele vai se sentir mais a vontade de fazer
esse tipo de questão. E se você é conhece o seu examinador você vai poder
fazer um estudo de doutrina mais dirigida para aquelas questões e isso pode
te ajudar no teu concurso público.

E o que ler?

Como eu falei, tente fazer uma leitura direcionada para o teu concurso,
analisando banca, analisando o examinador, analisando provas anteriores.
Você não vai conseguir ler o Tratado de Pontes de Miranda, você não vai
conseguir ler todos os livros de Processo Penal, você não vai conseguir ler
todos os compêndios de Direito Constitucional.

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Então, a tua leitura, tem que ser uma leitura eficaz. Essa leitura eficaz, ela
está calcada basicamente no conhecimento da tua prova, as provas
anteriores, a tradição daquela banca e no teu examinador, aquele que vai
efetivamente fazer perguntas.

E isso vai permitir com que você faça um estudo dirigido, um estudo
direcionado, um estudo mais eficaz. E não perder tempo lendo ali Tratados
que efetivamente não vão permitir com que você faça uma boa prova e
somente vão tomar tempo, um tempo precioso do seu estudo para outras
outras frentes.

Existe muita literatura própria para concurso público. Existem muitos livros
esquematizados, sistematizados etc. É um tipo de leitura que pode ser
interessante, a depender do seu concurso público. É importante que para isso
você conheça também a sua banca.

Então, é importante por que?

Porque esse tipo de literatura, geralmente já traz ali um um compilado de


ideias de outros doutrinadores ou de concursos públicos, aquilo que tem sido
exigido nos concursos públicos. Isso pode ser uma forma de você avançar
nos seus estudos. Então, uma leitura direcionada a concursos públicos pode
ser uma boa. 

E a partir do momento em que você conhece o teu examinador, que você


conhece a tua banca, que você conhece a formação do teu examinador, você
pode fazer uma leitura mais densa, uma doutrina mais densa para uma
segunda fase, uma fase oral, eventualmente, para a Magistratura, para a
Procuradoria, para o Ministério Público etc.

Essa leitura mais densa, ela tem que ser feita - como eu disse - de uma forma
direcionada, considerando todo esse cenário: a banca, o teu examinador, a
formação dele etc. Isso é possível e às vezes vai ser necessário também.

Mais uma questão, a nossa quarta questão, a gente chega nela, que é: como
desenvolver um raciocínio jurídico?

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Bom, o raciocínio jurídico - vocês sabem - é um raciocínio lógico e
sistemático. Então, é importante que você tenha, na hora de redigir uma
questão, por exemplo, uma prova que seja uma prova escrita, que você tem
que efetivamente redigir uma segunda fase de Magistratura, Ministério Público
etc. Ou eventualmente até uma prova oral em que você tenha que
desenvolver um raciocínio jurídico ali de forma oral, é importante que você
faça isso seguindo os postulados da lógica.

Ou seja, a premissa maior, premissa menor e uma conclusão. É importante


que o seu raciocínio traga esse silogismo que a gente conhece desde os
tempos da faculdade, que é o silogismo que atua no campo jurídico. Pode ser
a norma, o fato e a subsunção do fato à norma, é uma possibilidade de você
fazer uma prova oral, caso o examinador de traga, por exemplo, um caso
concreto.

Então, seria esse tipo de raciocínio lógico a qual me refiro. Como eu disse,
geralmente esse tipo de raciocínio, ele é exigido do candidato em provas orais
e também em provas escritas. Um ponto de partida para resolver a maioria
das questões, em uma prova dissertativa, por exemplo, é a Constituição
Federal. O candidato, ele pode partir dos princípios gerais da Constituição
Federal e, a partir daí, ingressar na questão de modo mais específico.

Mas como assim?

Um exemplo que eu trago para vocês, o exemplo 1, de uma questão que trate
sobre prisão preventiva.

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Imaginamos uma questão discursiva, tratando sobre a prisão preventiva. Se o
candidato for muito seco na resposta e simplesmente disse lá quais são os
requisitos da prisão preventiva e simplesmente numerar e ponto, acabou, vai
ser uma resposta que pode eventualmente estar correta, mas ela pode não
ser considerada suficiente, porque o examinador que você mostre o seu
conhecimento.

Então, uma forma que pode ser adequada para resolver esse tipo de questão
é você - por exemplo - fazer uma correlação entre o princípio constitucional da
presunção de inocência para, a partir daí, tratar sobre os pressupostos da
prisão preventiva, tratando a prisão preventiva como uma exceção a esse
princípio ou uma mitigação ao princípio da presunção de inocência, por
exemplo.

Permitindo, então, uma prisão antes do trânsito em julgado da sentença penal


condenatória. Uma exceção, então, a essa regra de que ninguém pode ser
preso sem uma sentença penal condenatória.

O segundo exemplo, por exemplo, é aquele que trata uma questão


envolvendo o regime de bens na união estável. É possível que o candidato,
em vez de resolver de cara essa questão, de responder de bate pronto essa
questão sobre o estável, ele trate sobre o princípio da proteção familiar,
esculpido na Constituição Federal para, a partir daí, ele desenvolver um
raciocínio com base na legislação infraconstitucional. É claro que você precisa

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verificar se a tua questão permite que você faça esse tipo de raciocínio, esse
tipo de desenvolvimento de raciocínio jurídico.

Um terceiro exemplo, é aquele relacionado à adoção, por exemplo, você pode


tratar sobre o princípio constitucional da proteção integral, previsto na
Constituição Federal para, daí em diante, tratar sobre as regras específicas
sobre adoção na legislação infraconstitucional. Você está desenvolvendo um
raciocínio jurídico, tratando de uma norma geral, vindo para uma norma
especial e tratando de um caso concreto, resolvendo um caso concreto.

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Na mesma esteira desse raciocínio, você pode correlacionar princípios gerais,
como, por exemplo, dignidade da pessoa humana, igualdade, razoabilidade e
proporcionalidade, com princípios específicos de uma determinada disciplina:
boa-fé, objetiva, no campo do Direito Civil; presunção de inocência, no Direito
Penal; legitimidade dos atos, da Administração Pública, no Direito Público,
Direito Administrativo.

Então, é possível você fazer essa correlação entre princípios também. Isso
demonstra para o teu examinador que você tem efetivamente um
conhecimento e conseguiu desenvolver esse raciocínio.

Uma outra forma, é correlacionar, por exemplo, princípios ou artigos da parte


geral como os princípios da parte especial. Temas relacionados à parte geral
com a parte especial. Isso vai permitir com que você desenvolva também
esse raciocínio jurídico.

Por fim, fazer essa correlação entre lei, jurisprudência e doutrina. Isso é muito
importante, sobretudo para resolver questões escritas, uma prova de segunda
fase, por exemplo, ou provas orais, em que o examinador eventualmente faça
uma pergunta e você responde de bate pronto. Essa resposta de bate pronto
pode não ser muito bem aceita.

É importante que você faça de um modo resumido, é claro, você não pode
encher linguiça na tua prova, você não pode querer gastar tempo. É
importante que você faça esse raciocínio de uma forma rápida, mas mostre
pro seu examinador que você tem esse conhecimento amplo, esse
conhecimento sistematizado sobre o ordenamento jurídico.

Essa é a ideia que você deve ter em mente quando você vai desenvolver o
raciocínio jurídico para resolver uma questão. Correlacionando aqueles três
pontos: a lei, desde a leitura da lei seca lá de traz, a jurisprudência e a
doutrina.

Pessoal, eu agradeço. Espero que vocês tenham bons estudos e que vocês
sejam felizes nos seus objetivos de vida! A gente se vê! Um abraço e até
mais!

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