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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE

FACULDADE DE EDUCAÇÃO DE CRATEÚS - FAEC


CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA
ANA GLÁUCIA ALVES DE OLIVEIRA

“PIOR DO QUE TÁ NÃO FICA... EITA FICOU”:


A CONTRUÇÃO DO DISCURSO ANTIDEMOCRÁTICO NA (RE)PRODUÇÃO DE MEMES NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NO CEARÁ (2022-2023).

CRATEÚS – CEARÁ
2023

SUMÁRIO
1- DADOS DE INDENTIFICAÇÃO 3
2- INTRODUÇÃO 4
3- JUSTIFICATIVA 5
4- PROBLEMATIZAÇÃO 6
5- OBJETIVOS 7
5.1 Objetivo Geral 7
5.2 Objetivos Específicos 7
6- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E QUADRO TEÓRICO
7- METODOLOGIA 9
8- CRONOGRAMA 10
9-REFERÊNCIAS 11

1 DADOS DE INDENTIFICAÇÃO
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Título do projeto:

Analisar a construção do discurso antidemocrático na (re)produção de memes, no período das eleições presidenciais 2022-2023.

Nome do autor:

Ana Gláucia Alves de Oliveira

Nome do orientador:

Ramon.

2-INTRODUÇÃO
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No período das eleições presidenciais de 2022-2023, as redes sociais se tornaram palco de intensa produção e disseminação de memes eleitorais. Esses

memes, caracterizados por sua natureza humorística e visual, foram utilizados como ferramentas de expressão política, transmitindo mensagens de forma rápida e

envolvente. No entanto, é importante examinar como a construção desses memes pode promover o discurso antidemocrático, minando os princípios fundamentais da

democracia. Neste texto, realizaremos uma análise crítica da construção do discurso antidemocrático na (re)produção de memes durante as eleições presidenciais no

estado do Ceará entre 2022-2023.

Esta proposta de pesquisa visa justificar a investigação dos memes antidemocráticos sob uma perspectiva acadêmica. A disseminação e o impacto dos

memes nas sociedades contemporâneas são amplamente reconhecidos, assim como sua influência na formação de opiniões e atitudes políticas. No entanto, essa pesquisa

acadêmica sobre memes antidemocráticos ainda é escassa, apesar da coragem para a compreensão dos desafios que a democracia enfrenta na era digital. Está

justificativa destaca a importância de investigar os memes antidemocráticos para analisar seus efeitos na esfera pública, discutir suas terapias para o discurso político e

identificar estratégias eficazes para mitigar seus efeitos negativos.

Isso vai permitir uma compreensão mais profunda dos memes antidemocráticos, incluindo sua natureza, conteúdo e estratégias retóricas. Isso forneceria

insights sobre como esses memes são criados, compartilhados e interpretados, ajudando a identificar padrões e tendências. Outra possibilidade é analisar o impacto dos

memes antidemocráticos na esfera pública, como eles influenciam a formação da opinião pública e as atitudes políticas dos cidadãos. Isso contribuiria para uma

compreensão mais ampla dos desafios enfrentados pela democracia na era digital.

Como poderia ajudar a identificar estratégias eficazes para mitigar os efeitos negativos dos memes antidemocráticos. Ao entender como esses memes são disseminados

e recebidos, seria possível desenvolver abordagens que promovam a educação cívica, a conscientização crítica e a construção de resiliência contra discursos

antidemocráticos.

3- JUSTIFICATIVAS

Demonstrar a importância da democracia, e as tentativas de desconstrui-la através de memes antidemocráticos, é uma questão presente nessa pesquisa.

Certamente, todos já devem ter visto, ouvido ou até mesmo criado um meme. Cada expressão verbal, desenhos e até mesmo imagens referentes a cena que se quer

enfatizar, vira um meme, e quase tudo torna-se uma febre nas redes sociais e grupos de WhatsApp. O meme é muito utilizado para fins específicos por variados grupos

sociais, dentre eles, o próprio universo da política institucional de um país, fazendo uma integração com o riso (cômico), a crítica e a informação.

O conceito de meme foi concebido em 1976 pelo biólogo britânico Richard Dawkins. O termo apareceu pela primeira vez no bestseller “O Gene Egoísta”,

para definir elementos replicadores de comportamentos. Quando ele falava do gene, afirmava que a evolução humana era baseada nos genes, que eram preservados e

transmitidos em geração. O termo “memetica” foi utilizado pelo mesmo, para dizer que o gene era transmitido hereditariamente. Esse nome foi posteriormente

modificado, para facilitar a pronuncia, tornando assim somente, meme.

A partir de então esse termo passou a ser utilizado na internet para designar qualquer viral que se publicavam na internet. Esses eram imagens e vídeos que

sofriam alterações e eram compartilhados pelos os usuários. Um exemplo foi o meme trollface. Ele é a personificação da ‘trollagem’, ato de fazer uma brincadeira ou

piada com intuito de irritar alguém de maneira cômica. Os memes já fazem parte do nosso cotidiano contemporâneo, e influenciam muitas das nossas decisões, senso

crítico e até mesmo opiniões sobre diversos assuntos. Quantas vezes nos levamos de forma espontânea a acreditar sobre uma determinada temática, ou conhecê-la
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através de memes que assistimos, ocasionado sua representação em nosso pensamento. O meme além de gerar humor, ele defende uma opinião, um ponto de vista de

quem o compartilha de uma maneira engraçada, mas que não deixa de ser também violenta, dependendo dos casos.

Na era das redes sociais é quase impossível não encontrar os chamados memes, praticamente, todos os dias, mensagens humorísticas em textos, fotos ou

vídeos, criados em montagens grosseiras e deliberadamente amadoras, são rapidamente compartilhadas entre os usuários. Mas, para além do humor e do simples

entretenimento, o meme tem um potencial de comunicação que tem sido explorado por diferentes organizações da sociedade civil.

Bem no início das propagandas eleitorais do ano de 2022, e em todos os meios de comunicação, a mídia social surge como um caminho importante para os

partidos políticos manterem uma conversa mais informal, e de forma mais leve com seus eleitores. É com essa estratégia que grandes políticos tentam se colocar através

de memes e trends nas redes sociais. Essa forma foi uma das maneiras mais atuais que esses grupos encontraram para se comunicar, usando esses recursos para atrair

um eleitorado (jovens, adultos e velhos) sem algum senso crítico ou leitura de assuntos do universo sociopolítico.

Portanto, há a necessidade de reflexão sobre como estes recursos utilizados nos meios virtuais, interferem na construção de uma ideologia que pode afetar

as bases da democracia brasileira, tendo em vista resultados negativos como o ataque a democracia representativa, ocorridos após as eleições de 2022.

A seguir uma charge de Silva (2023) que descreve o cenário caótico que ocorreu durante os atos terroristas de invasão ao Congresso, Supremo Tribunal

Federal e Palácio do Planalto, em Brasília no ano de 2023. A charge visa conscientizar acerca dos protestos que se diziam pacíficos e que tinham inclusive apoio de

alguns policiais que filmaram o ataque ao invés de impedirem os terroristas que depredavam o patrimônio público.

Fonte: Silva (2023) https://www.nsctotal.com.br/colunistas/ze-dassilva/charge-do-ze-terrorismo-em-brasilia .


Quando analisamos esse tipo de mensagem em um protesto de direita, percebemos claramente que algumas pessoas ainda não entenderam que a soberania

do país não é centrada nas mãos de um poder representativo, para, justamente, garantir a participação do povo. Assim, percebemos que não existe debate político e
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crítico, mas sim uma imposição de uma “verdade” tida como absoluta nas redes sociais, que baseia-se em um recortes de falas que geram um humor que é distribuído

em forma de memes e, assim, a disseminação de mentiras no ambiente virtual.

Portando, tendo como conhecimento prévio que as preferências políticas são pautadas pelas emoções, e sendo assim discutidas e disseminadas, a impressa

ganha o papel fundamental nas verificações da veracidade das informações que são jogadas nas redes e mídias, com o objetivo de desmentir as Fake News, e logo

garantir um maior acesso à informação de qualidade.

Todavia, por ser um ambiente onde todos tem acesso, e nem sempre há uma verificação ampla de informações, as redes sociais tornam-se uma “uma terra

sem lei” na qual a cada dia há o aumento de falsas informações, nas quais os autores nunca são penalizados, a exemplo, foi nas redes sociais que deu-se início a

construção das ações antidemocráticas, que apropriaram-se de memes e fake News para a proliferação de apoio e fomentação aos atos terroristas, ocorridos em janeiro

de 2023.

Surge-se então a necessidade de regularização deste ambiente virtual e para isto tem-se a PL 2630/201 que visa a regularização da Internet e do uso

das redes sociais, além da busca para impedir a disseminação de notícias-falsas.

Tendo em vista este cenário político no Brasil, o presente trabalho vem para analisar essa produção imagética-discursiva dos memes sobre a democracia nas

eleições de 2022 no estado do Ceará, e por consequência, gerar o questionamento sobre os impactos destes a democracia.

4- PROBLEMATIZAÇÃO

As redes sociais acompanharam a explosão dos memes, em especial os políticos nas últimas eleições. Em período de crises, as imagens, vídeos e jargões

mostraram que o brasileiro tem uma capacidade cômica de lidar com suas adversidades. O país é um dos campeões em produção de “memes”, até já venceu a Primeira

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Guerra memeal contra Portugal .

Utilizar os “memes” como forma de representar sua opinião, diz muito não só sobre o seu senso de humor, mas também sobre seu alinhamento ideológico.

É um jogo da adesão, onde o “curtir” e o “compartilhar” ganham cada vez mais espaço. As mensagens veiculadas pelos “memes” são decodificadas e interpretadas pelos

receptores, que irão replicá-las, caso se familiarize com a linguagem contida. Assim, há um diálogo entre esses usuários que compartilham das mesmas interações de

transmissão de ideias através dos memes. Você vê uma postagem, se você olhar nos comentários, quantos “memes” estão presentes ali? Você lê e já sabe se é uma

mensagem de apoio, se é um deboche, se é uma ironia. Desse modo, o meme se constrói como uma forma de expressar uma opinião dos usuários.

1
O Projeto de Lei 2630/20 institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet.
PL 2630/2020 — Portal da Câmara dos Deputados https://www.camara.leg.br › propostas-legislativas. Fonte: Agência Câmara de Notícias
2
VINHAL, Gabriela; JORDÃO, Fernando. Brasil "vence" primeira guerra de memes contra Portugal. 2016.
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Logo o presente trabalho vai analisar os atos midiáticos dos memes na invasão do planalto no dia 8 de janeiro, como uma ressonância do resultado das

eleições de 2022. Também será analisado quais os partidos políticos do Ceará apoiaram e tiveram um papel midiático nos atos antidemocráticos acontecidos em

Brasília.

Voltando para a discussão da política institucional, Montesquieu (2005, p.168) argumentou que "tudo estaria perdido se o mesmo homem exercesse os três

poderes, o de fazer as leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes". Partindo dessa premissa da democracia representativa do filósofo, qual seria a

real intenção desse discurso antidemocrático, tão forte nessa última eleição presidencial de 2022? E a forma cômica, aparentemente leve ter sido propagada com

tamanha força, através de memes divulgados rapidamente nas redes?

Quando partirmos pra analisar o momento em que o pais se encontrava entre 2018 e 2022, nos deparamos com um grande aumento em favor do Regime

Civil-Militar . Nesse pequeno espaço de tempo representou a atuação de grupos da Extrema Direita que se movimentam gradativamente em ações contrárias aos

Direitos Humanos e às Instituições da República, com pedidos de intervenção militar e o fechamento do STF. Em meios dos perfis desses indivíduos, destacamos

pertencerem a classe média alta, que contaram com o apoio de parlamentares do Congresso Federal. Essas manifestações vêm acompanhada do discurso de ódio contra

as minorias, demonstrando a face preconceituosa desses indivíduos, discurso esses que por muito tempo estava escondido por eles por medo, já que os governos

anteriores que governavam antes eram de esquerda por sua maioria e inibia de certa forma esse tipo de manifestação e repressão da classe mais pobre.

Com isso a forma de disseminar o discurso antidemocrático a direita conservadora se utiliza das mídias sociais como uma ferramenta principal para

espalhar de forma rápida e eficaz p informações manipuladas e, principalmente, os ódios, revoltas e traumas de diversas partes da sociedade; unir essas pessoas

socialmente e, a partir disso aparelhar esse público para seu objetivo principal, que é enfraquecer a democracia.

5- OBJETIVOS

5.1 Objetivos Geral

Analisar as representações antidemocráticas usadas pelos partidos políticos do Ceará através dos memes nas eleições de 2022-2023.

5.2 Objetivos específicos

 Analisar a prática social dos memes nas redes sociais durante o período eleitoral de 2022.

 Identificar quais grupos políticos partidários e suas redes de atuação estão (re)produzindo o discurso antidemocrático no Ceará.

 Compreender quais discursos e imagens são criadas acerca da democracia, das eleições e da figura do Estado Republicano pelos memes no processo

eleitoral de 2022-2023.

6- REVISÃO BIBLIOGRÁFIA E QUADRO TEÓRICO

... espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos


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computadores e das memórias dos computadores. (...) Essa definição incluem o

conjunto dos sistemas de comunicação eletrônicos (aí incluídos os conjuntos

de rede hertzianas e telefônicas clássicas), na medida em que transmitem

informações provenientes de fontes digitais ou destinadas à digitalização.

Insisto na codificação digital, pois ela condiciona o caráter plástico, fluido,

calculável com precisão e tratável em tempo real, hipertextual, interativo

e, resumindo, virtual da informação que é, parece-me, a marca distintiva

do ciberespaço. Esse novo meio tem a vocação de colocar em sinergia e

interface a todos os dispositivos de criação de informação, de gravação, de

comunicação e de simulação.

LÉVY, Pierre.2000

Observamos na afirmação de Pierry Lévy (2000) sobre esse novo meio de comunicação como internet, rede de televisão, que possuímos para comunicação

que é um espaço de criação, que se comunica, ou seja, leva informações para serem propagadas em larga escala, e simultaneamente, simula o que lhe é interessante a ser

propagado.

Ao analisarmos dessa forma, temos mais uma justificativa para avaliar o uso da internet e suas mídias digitais como uma forma de simulação e

manipulação, já que ela se enquadra como um meio de comunicação de caráter principal para a população mundial atualmente.

Um conjunto de meios diferentes, cada vez mais refinados tecnologicamente. Mídia não é tão-somente o aparato tecnológico. Há que se compreender

mídia como associação de um suporte tecnológico, uma linguagem adequada e uma estratégia de ação precisa e clara (SANTARENO, 2007 SP).

Quando Santareno (2007) ressalta, que há uma estratégia clara e precisa, quanto a utilização da mídia, observamos que igualmente os memes eleitorais têm o

poder de influenciar a opinião pública, pois são capazes de transmitir mensagens políticas de maneira acessível e envolvente. Através do uso de imagens, textos e

referências culturais, os memes podem estabelecer narrativas que ressoam com o público, afetando suas experiências e emoções políticas. No entanto, é importante

reconhecer que os memes têm um viés humorístico e simplificador, o que pode levar a uma compreensão superficial dos problemas políticos.

Existe uma teoria bem conhecida que procura explicar o processo de formação da opinião pública por meio do modelo “cascata”. Para Lima (2005), o modelo

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cascata , explica a formação da opinião pública, como “resultado de um fluxo linear de informações do topo da pirâmide social até as ditas classes populares”. Ou seja,

3
Segundo essa proposta, a opinião pública se formaria a partir de pequenos grupos, situados no topo da pirâmide social e depois viria “descendo”, por degraus, até a base da pirâmide. No primeiro
degrau dessa “cascata”, estaria o pequeno grupo das elites econômicas e sociais; no segundo grupo estariam o das elites políticas e, no terceiro, a mídia, seguida pelos chamados formadores de opinião –

intelectuais, religiosos, artistas, educadores, líderes empresariais e sindicais, jornalistas – e, finalmente, no último degrau, a grande maioria que constitui a base da população. (LIMA, V. A 2005)
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a classe predominante no Brasil, que é minoria, mas detém o maior poder econômico, dissemina suas opiniões através dessas mídias, na qual a grande maioria da

população tem acesso, de forma cômica, com a intenção de que absorvam as imagens e discursos como uma “verdade” absoluta.

Quase sempre os memes possuem um caráter humorístico, mas é necessário examinar o impacto potencialmente negativo que eles podem ter no discurso

político. Durante o período eleitoral de 2022, observou-se o início de memes com discursos antidemocráticos, que deslegitimam instituições democráticas, disseminam

informações enganosas e propagam polarização política. Esses memes podem ajudar o debate público de forma saudável e minar a confiança nas eleições e nas

instituições democráticas.

De acordo com Bourdieu (1997), “as palavras fazem coisas, criam fantasias, medos, fobias ou simplesmente, representações falsas”. Portanto discursos

antidemocráticos presentes nos memes eleitorais podem minar a confiança nas instituições democráticas e promover a polarização política.

A representação política é um processo complexo que envolve a relação entre representantes e representados.

Segundo Pitkin, em seu livro "The Concept of Representation" (O Conceito de Representação), a representação política não se limita simplesmente à transmitida

de interesses e comprimida dos cidadãos através de seus representantes. Ela argumenta que a representação política é um processo simbólico e comunicativo que

envolve três elementos essenciais: o representante, o representado e o ato de representação. A representação política é mais do que uma mera cópia ou espelho dos

interesses e vontades dos cidadãos. Ela enfatiza que os representantes políticos não apenas refletem passivamente os desejos de seus consumidores, mas também

exercem uma agência ativa na interpretação e defesa desses interesses. Os representantes têm o papel de "ficção" ou "substitutos" dos cidadãos, agindo em nome deles e

tomando decisões em seu benefício.

Além disso, Pitkin destaca a importância da presença dos representados no processo político, ou seja, participação ativa nas eleições. Ela argumenta que a

representação política não é apenas sobre a transmissão de interesses, mas também sobre a expressão expressa da presença e da identidade dos cidadãos na arena

política. Assim, a representação política representa um papel fundamental na legitimação do sistema político e na construção da identidade coletiva.

No artigo “O paradoxo do conceito de representação política” Antônio Alkmin afirma baseado nos estudos das obras de Hanna F. Pitkin uma grande

Cientista política que essa ideia de que exista uma representação de ideais iguais para dois grupos diferentes ,é um tanto que impossível. (ALKMIM, 2013)

“O paradoxo da representação política pode ser denotada como a impossibilidade de igualdade dos termos da A = B, pois na esfera do poder esta

igualdade é logicamente impossível, porque um sujeito ou vontade pessoal não pode se expressar através de outro sujeito ou vontade. Desta forma,

problemas relativos à participação política seriam reduzidos à gênese da própria representação” (ALKMIM, 2013 P.57)
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A representação política envolve o processo pelo qual os cidadãos elegem ou designam indivíduos para agir em seu nome e defender seus interesses e

influenciar na esfera política. Em um sentido amplo, a representação política implica que os representantes atuem como intermediários entre os cidadãos e as instituições

políticas, expressando suas demandas, necessidades e aspirações. Os representantes políticos são encarregados de tomar decisões e formular políticas que reflitam os

interesses e valores dos cidadãos que eles representam.

Segundo Rousseau (2005) “No momento em que se dá representantes, o povo não é mais livre, não mais existe.” O autor parece sugerir que a existência de

representantes políticos pode resultar na diminuição da liberdade dos cidadãos, uma vez que eles perdem sua capacidade direta de tomar decisões políticas. Essa

perspectiva reflete as preocupações de Rousseau sobre a possibilidade de corrupção e alienação do poder político através da representação. Essa citação pode ser

considerada uma das ideias centrais do pensamento político de Rousseau e tem pensamento inspirado para a teoria democrática e a concepção de soberania popular.

Essa representação é interpretada como uma democracia representativa, que de acordo com Hanna Pitkin, a representação política não é simplesmente a

transmissão mecânica de combustível e interesses dos cidadãos através de seus representantes. Ela envolve um processo simbólico e comunicativo, no qual os

representantes agem como "substitutos" dos representados, interpretando e defendendo seus interesses, ao mesmo tempo em que expressam simbolicamente sua

presença e identidade política.

7- FONTES E METODOLOGIA

Essa pesquisa busca fazer uma análise de conteúdo, isto é, com essa metodologia envolvemos a identificação e a categorização sistemática de elementos

presentes nos memes, como palavras-chave, imagens, símbolos e temas recorrentes, especificamente no período eleitoral do ano de 2022.

Nossa análise de conteúdo se realizará de forma sistemática e quantitativa do material publicado nas redes sociais, como Twitter, Facebook e Instagram,

nas quais possuam páginas que não são necessariamente ligadas a partidos políticos, mas possuem discursos antidemocráticos, propagados através de memes, e

palavras-chave relacionadas a discursos ultra conservadores. Deste modo, pretendemos criar um banco de dados para organizar e recortar todo o material imagético-

discursivo para compreender a força da representação através dos memes.

Utilizando-se ferramentas de análise de redes sociais, como monitoramento de mídias sociais: Plataformas como o Brandwatch, o Hootsuite, o Sprout

Social e o Social Mention permitem monitorar menções, hashtags e palavras-chave específicas em várias redes sociais. Essas ferramentas podem ajudar a identificar

conteúdo que promova discursos antidemocráticos, para mapear a estrutura da tranquilidade entre usuários nas redes sociais, identificar padrões de conexões entre
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contas e perfis que promovem discursos antidemocráticos. Isso pode revelar a existência de grupos, páginas, perfis ou hashtags específicos que estão engajados nesse

tipo de discurso.

Assim empregaremos uma análise discursiva para examinar os discursos presentes nos memes. Identificando as estratégias retóricas utilizadas, tais como a

ridicularização, a sátira, a ironia, a polarização ou a desinformação. Portanto, explorar como essas representações se relacionam com a democracia, e quais os partidos

cearenses que propagaram tais discursos nas redes sociais serão o escopo dessa pesquisa.

Legenda: Deputado fez publicações contra o STF mesmo após a invasão e depredação do local

Fonte:Tweet. Escrito por Igor Cavalcante, igor.cavalcante@svm.com.br 06:00 - 26 de maio de 2023.


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A imagem acima é uma das provas que a Policia Federal tem contra o Deputado Federal do Ceará André Fernandes (PL), nos atos antidemocráticos de 08

de janeiro de 2023. Para os investigadores, um agravante do caso é que Fernandes “conferiu ainda mais publicidade à depredação, tendo em vista o alcance das suas

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redes sociais” .

Esse tipo de imagem, gerada pelo próprio deputado, gerou além de provas contra si mesmo, muitos memes que foram divulgados nas redes e mídias sócias. Fazendo

com que as pessoas relembrassem outros momentos da história do deputado, no qual ele foi bastante visualizado. Como o meme a baixo.

Fonte: @portallbrasil

8- CRONOGRAMA

1º Semestre 2023 Jan Fev. Mar Abr. Maio Jun.

4
igor.cavalcante@svm.com.br 06:00 - 26 de Maio de 2023. Diário do Nordeste
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Leituras e x x

fichamentos

Leituras x X
fichamentos e
projeto
2° semestre/
Jul. Ago. Set Out Nov. Dez
2023

Sumário X

Análise das fontes x x

Capítulo 1 x x

Capítulo 2 x x

Capítulo 3 X

1° semestre/ 2024 Jan Fev. Mar Abr. Maio Jun.

Capítulo 3 x x

Introdução e x x

Conclusão

Apresentação do x
tcc

9-REFERÊNCIAS

ALKMIM, Antonio Carlos. O paradoxo do conceito de representação política. Teoria & Pesquisa: revista de ciência política, São Carlos, v.

22, n. 1, pág. 56-71, jan./jun. 2013

LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34, 2000.p.92-93.
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LIMA, V. A. A opinião privada tornada pública. Observatório da Impresa. Ano 12, n. 342, de 16/08/2005. Disponível em:

<http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=342 JDB001>. Acesso em 21 de jun. 2023.

MONTESQUIEU. O Espírito das Leis. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 168.

PITKIN, Hanna Fenichel. 1967. The concept of representation. Berkley: University of California Press

ROUSSEAU, J.-J. (2005). O Contrato Social. São Paulo: Martin Claret.

SANTARENO, S. L. Mídia e opinião pública. Disponível em: <http://www.jesocarneiro.com.br/artigos/midia-e-opiniao-publica/15_10_2007/>.Acesso em 10 jan.


2008.

SILVA, Zé da. Charge do Zé: Terrorismo em Brasília. 2023. Disponível em: https://www.nsctotal.com.br/colunistas/ze-dassilva/charge-do-ze-terrorismo-em-brasilia.

Acesso em: 13 jun. 2023.

VINHAL, Gabriela; JORDÃO, Fernando. Brasil "vence" primeira guerra de memes contra Portugal. 2016. Disponível:
em:https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/tecnologia/2016/06/15/interna_tecnologia,536535/brasil-vence-primeira-guerra-de-memes-contra-portugal.shtml.
Acesso em: 13 jun. 2023.

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