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Sistemas Estruturais

Material Teórico
Conceitos de Estabilidade

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Gabriel Baião

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Conceitos de Estabilidade

• Introdução às Leis de Newton;


• 1ª Lei de Newton;
• 2ª Lei de Newton;
• 3ª Lei de Newton;
• Conceitos de Estabilidade;
• Equações de Estabilidade;
• Apresentação dos Elementos Estruturais.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Fornecer conteúdo base que irá ser utilizado para o desenvolvimento das outras unidades
desta disciplina, conceitos de Física, dinâmica das estruturas e base matemática para
desenvolvimento dos cálculos e raciocínios.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Conceitos de Estabilidade

Introdução às Leis de Newton


Para iniciar nossos estudos sobre os conceitos de estabilidade e entender suas
aplicações e influências dentro das diversas Tecnologias empregadas para produzir
as estruturas que mantêm nossas edificações, precisamos antes entender proble-
mas que foram resolvidos com os estudos de Sir Isaac Newton.

Nossos estudos, nessa primeira parte do conteúdo, partirão do que foi postulado
por Newton em suas três Leis. Elas pertencem a uma área conhecida como Mecânica
Newtoniana e nos fornecem conteúdo teórico para entender como as forças e os es-
forços funcionam. Essa base será muito importante para nossas unidades seguintes.

Newton, a partir de diversos estudos, percebeu que movimento, tempo, acele-


ração e força possuíam ligações entre si. Esses estudos mostraram que, com va-
riações nas componentes, era possível aumentar, diminuir ou manter o resultado,
componentes que iremos conhecer agora.

1ª Lei de Newton
Uma partícula livre (que não está sujeita a nenhuma interação) ou está
em repouso ou em movimento retilíneo com velocidade constante.
(BARCELOS NETO, 2013)

Nos estudos realizados por Newton, notou-se que uma partícula só irá realizar
um movimento a partir de uma força externa realizada sobre ela. Então, essa par-
tícula ou estará parada (repouso) ou em movimento numa única direção e a veloci-
dade precisa ser constante, ou seja, não terá forças de aceleração ou desaceleração.

Essa Lei também é conhecida como a Lei da Inércia, pois o objeto sempre irá
manter a sua Inércia, seja parado, seja em movimento.

Esse tipo de movimento ocorre apenas no espaço, pois aqui no nosso planeta
sempre haverá uma força contrária que irá desacelerar nosso objeto. O melhor
exemplo de Inércia acontece quando estamos em um carro no banco do carona ou
no do passageiro, caso o motorista realize uma freada brusca, somos arremessados
para frente e o motorista não.

Por que isso ocorre?


• Ao frear o carro, ele irá utilizar o atrito dos pneus com o asfalto para desa-
celerar até parar, ou seja, esse atrito fará uma força contrária ao sentido de
deslocamento do carro;
• O motorista, por saber previamente que o carro irá parar, instintivamente vai
enrijecer o corpo e a inércia irá atuar de maneira mais sutil;

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• Os passageiros, por não saberem o que irá acontecer, tenderão a continuar o
seu movimento, ou seja, o movimento do carro.

Então, podemos perceber que o carro e todos os seus ocupantes estão realizan-
do o movimento na mesma direção e com a mesma velocidade, porém precisamos
analisar individualmente para saber como ele irá ocorrer.

Isso é dinâmica. Então, um objeto irá permanecer parado sua vida inteira e só
deixará essa condição caso alguém ou algo aplique uma força que o faça se mo-
vimentar. Uma espaçonave que esteja viajando entre o Planeta Terra e Marte não
precisa ficar acelerando quando já estiver no espaço, pois no vácuo não haverá
atmosfera para ficar “segurando” o movimento do veículo.

Você Sabia? Importante!

Quando é feito o lançamento de um foguete para o espaço, o combustível é necessário


apenas para retirá-lo do nosso Planeta e, depois de entrar no espaço, não é mais neces-
sária a propulsão, pois a inércia irá manter a velocidade constante por toda a viagem.

Em um movimento orbital, nosso objeto está sob o efeito da inércia, sendo sempre “puxa-
Explor

do” para dentro do nosso Planeta pela atração gravitacional; porém ele está em velocidade
suficiente para que vá para frente sem cair. Então, ele está sob a ação dessas duas forças.
Disponível em: http://bit.ly/2AlJKlJ

2ª Lei de Newton
A força é o resultado de uma interação entre a massa do objeto e a velocidade
em que ele está sendo projetado. A fórmula matemática que descreve a segunda
Lei está a seguir:

F=M×A

• onde:
» F = Força;
» M = Massa do objeto;
» A = Aceleração do objeto.

Assim, podemos ver que a força que será realizada pelo corpo tem relação direta
entre sua massa, geralmente medida em quilogramas (kg), e sua velocidade, medida
em metros por segundo (m/s) ou quilômetros por hora (km/h). O valor da força
também possui uma unidade chamada de Newton (N). Para essa fórmula iremos

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UNIDADE Conceitos de Estabilidade

seguir o SIA (Sistema Internacional de Medidas) que utiliza a massa em kg e a ace-


leração em m/s. Se compararmos dois eventos distintos, poderemos notar como
essa equação funciona:
• Primeiro, vamos imaginar um veículo pesando uma tonelada e duzentos quilo-
gramas (1,2 toneladas ou 1200 quilogramas) viajando em uma velocidade de
180 quilômetros por hora (180 km/h ou 50 m/s), a força que ele está realizan-
do contra a resistência do ar seria:

F = M × A → F = 1200 kg × 50 m/s × F = 60.000 N ou 60 kN

Poderíamos de maneira simples afirmar que o impacto que ele realizaria em


uma colisão contra outro veículo seria 60kN, porém teríamos de analisar a área
do impacto e outras informações que não são importantes para nosso estudo
neste momento;
• Agora, vamos analisar outro evento. Temos, também, um veículo, porém ago-
ra pesando 14 toneladas ou 14 mil quilogramas e queremos que a força per-
maneça em 60kN. Qual seria a velocidade então?

m
F = M × A → 60.000 = 14.000 × A → A = 4, 29 ou 15, 40 km / h
s

Com um veículo muito mais pesado, precisamos de uma menor velocidade


para realizar a mesma força. Assim, é possível notar como essas grandezas físicas
se relacionam.

Quais outros exemplos você consegue imaginar sobre a 2ª Lei de Newton? Será que a queda
Explor

de uma pena de uma ave ou a folha de uma árvore poderia ferir gravemente uma pessoa,
dependendo da altura?

3ª Lei de Newton
Quando duas partículas interagem, a força numa delas possui o mesmo
módulo, mesma direção e sentido contrário na força que atua sobre a
outra. (BARCELOS NETO, 2013)

A terceira Lei também é chamada de “Lei da Ação e da Reação”. Newton perce-


beu que as forças sempre andam em pares opostos, ou seja, em um atropelamento
o carro colide com uma pessoa, mas a pessoa também colide com o carro, por isso
ambos sofrem prejuízos. O evento de ação e reação pode ser explicado e demons-
trado de inúmeras maneiras:
• Quando uma pessoa correndo se choca contra algum objeto, o indivíduo es-
tará aplicando força contra esse objeto e ele exercerá a mesma força contra a

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pessoa, porém com sentido oposto. No primeiro momento, foi da pessoa para
o objeto, no segundo do objeto para a pessoa. Se o objeto não devolvesse a
força, nunca sentiríamos dor, apenas o objeto passivo da ação levaria prejuízo.
A força da colisão entre ambos possui a mesma intensidade, ou seja, a força
que o objeto devolve na pessoa é a mesma que a pessoa provocou no objeto.
A direção segue o raciocínio que foi realizada entre dois objetos, ou seja, entre
a pessoa e o poste, o poste e a pessoa, não sendo possível o impacto ser sen-
tido por uma terceira pessoa nesse evento;
• A gravidade sempre está nos empurrando para o centro do nosso Planeta,
porém estamos sentados agora estudando em uma cadeira e está cadeira está
em repouso em uma laje, que está apoiada numa viga, que se apoia em um
pilar, que está apoiado em uma fundação que, por último, apoia-se em uma
camada de solo, e essa camada se apoia em outra camada e assim por diante.
Tudo isso exerce força uns contra os outros e essas forças são equilibradas com
forças contrária; se isso não fosse real, tudo iria desabar.

Para fechar esse conceito de força e a Terceira Lei de Newton, precisamos con-
versar rapidamente sobre vetores.

Os Vetores são utilizados para explicar e exemplificar esse conceito de movi-


mento, deslocamento e força. Toda força é um vetor, portanto, todo vetor possui
intensidade, direção e sentido.

Então, precisamos trazer um vetor para um plano bidimensional ou tridimen-


sional, dependendo do problema em questão que precisa ser resolvido, podemos
simplificar o conceito de vetor utilizando a seguinte analogia: imagine que você
está em um veículo em uma estrada que liga os estados do Rio de Janeiro e de São
Paulo. Então, as componentes são:
• A intensidade do seu vetor é seu veículo e a velocidade em que ele está se des-
locando. Assim, teremos uma força composta pela massa e pela aceleração;
• A direção em que você está é a estrada na qual você se encontra naquele
momento. Caso seu veículo encontre-se parado na rodovia que liga o Rio de
Janeiro e São Paulo, saberemos que você está saindo de um dos dois estados
e indo para o outro, não sendo possível definir partida ou destino;
• O sentido é em qual das mãos da via você está viajando, ou está saindo do Rio
de Janeiro e indo para São Paulo ou está saindo de São Paulo e indo para o
Rio de Janeiro.

Importante! Importante!

A Terceira Lei está em tudo na nossa vida! Ao tocar ou pegar algum objeto, nós o senti-
mos em nossa mão e podemos dizer que esse objeto também está nos tocando, pois para
toda ação existe uma reação.

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UNIDADE Conceitos de Estabilidade

Figura 1 – Colisão entre veículos, na qual ambos saem


danificados, pois ambos os corpos reagiram entre eles
Fonte: Getty Images

Conceitos de Estabilidade
A condição mais importante em qualquer tipo de estrutura é a sua estabilidade.
Enquanto o Sistema permanecer estável, será seguro para a ocupação humana. Uma
a estrutura está sujeita a diversas cargas, deformações e tensões durante toda sua
vida útil, e dificilmente o projetista será capaz de prever todas elas; porém podemos
dimensionar a estrutura partindo de diversas Teorias da Estática e da Dinâmica.

A ideia de estabilidade existe em variadas Ciências. Em algumas ela se apresen-


ta como estabilidade, em outras como resiliência; porém o conceito é sempre o
mesmo: manter sua forma original após qualquer tipo de evento. Em Física, temos
o conceito de Estabilidade Assimptótica, na qual todos os movimentos terão valor
zero ao longo do tempo, ou seja, o somatório de todas as forças tende a ser zero
ao longo do tempo. Então, deformações e deslocamento temporários irão acon-
tecer, porém com o tempo eles serão desprezíveis para o equilíbrio da estrutura.
Em Resistência dos Materiais também utilizamos o conceito de Estabilidade, muito
parecido com a Assimptótica, porém estudamos essa Estabilidade em dois pontos:
• Podemos estudar a estabilidade do ponto de vista micro e macro em uma
estrutura, avaliando sua estabilidade local, ou seja, ligação por ligação, ou po-
demos analisar se do ponto de vista global nossa estrutura permanece estável;
• Outro ponto é analisar se nossos elementos estruturais são capazes de resistir
as cargas e os esforços solicitados. Todos os componentes precisam ser avalia-
dos em suas condições de trabalho para que não haja deslocamentos excessivos
ou rupturas. As deformações aqui se assemelham a Estabilidade Assimptótica.
Nossa estrutura será carregada e descarregada várias vezes ao longo do dia e
precisa sempre voltar ao seu estado original entre um carregamento e outro.

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As estruturas podem ser estudadas e dimensionadas sob duas óticas diferentes:
estática ou dinâmica.

Quando falamos do ponto de vista estático, partimos da afirmação que ela está
estática e precisamos apenas analisar se essa condição permanece satisfeita ao
longo do cálculo estrutural.

Essa condição tende a ser mais simples, porém alguns esforços importantes
tendem a ser desprezados. O cálculo estrutural a partir das condições dinâmicas é
mais elegante, porém complexo. Nesse método, buscamos o equilíbrio/estabilidade
da estrutura partindo do ponto em que ela não está de maneira alguma em equilí-
brio. Para esse método, levamos em conta as cargas de vento dinâmicas, vibrações,
amortecimentos e deslocamentos variados, para citar alguns fenômenos.

O avanço computacional faz com que cada vez mais o cálculo estrutural dinâ-
mico ganhe mais adeptos, devido aos complexos cálculos que precisam ser resol-
vidos como: Método dos Elementos Finitos, Transformadas de Fourier, Método de
Newmark, Método Runge-Kutta de quarta e quinta ordem, o uso de computadores
poderosos aceleram os resultados e podemos analisar a mesma estrutura várias
vezes em um curto espaço de tempo. Para nosso Curso, iremos utilizar cálculos
mais simples em nossa terceira unidade para entender e definir geometricamente
os elementos estruturais das nossas estruturas.

Podemos trazer o conceito de estabilidade sob diferentes óticas, que irão ilustrar
de maneira simples como é possível defini-lo:
• Do ponto de vista financeiro, dizemos que a pessoa está com estabilidade
quando todos os seus rendimentos são iguais ou maiores que suas dívidas
somadas ao custo de vida. Caso contrário, ele precisará recorrer aos Bancos
buscando empréstimos para poder “fechar a conta no final do mês”;
• Um carro de corrida é considerado estável quando consegue realizar as diver-
sas curvas de um circuito nas velocidades necessárias para os melhores tem-
pos, sem escorregar ou escapar;
• No relacionamento interpessoal, uma pessoa equilibrada ou estável emocional-
mente é aquela que consegue mesmo passando por diferentes adversidades ao
longo do dia se manter em suas condições originais. Sob esse ponto de vista, é
chamada de resiliente, porém muito se assemelha à estabilidade assimptótica.

As cargas às quais nossas estruturas estão submetidas são diversas e variam com
o tempo. Essas variações irão provocar deformações e deslocamentos diferentes
ao longo tempo, enquanto essas deformações estiverem dentro da norma ou dos
limites de tolerâncias, consideramos nossa estrutura dentro do regime elástico:

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UNIDADE Conceitos de Estabilidade

T
B A - limite elástico
C A’ - limite de proporcionalidade
A’ B - limite de resistência
A escoamento C - limite de ruptura


fase
elástica fase elástica

Figura 2 – Gráfico Tensão × Deformação

No Gráfico, vemos, no eixo das abscissas (horizontal), a deformação do nosso


material e no eixo das ordenadas (vertical) a tensão aplicada.

Todos os materiais seguem dois regimes: fase elástica e fase plástica. A fase
elástica ocorre enquanto a deformação segue proporcional à tesão e tem como
característica o fato de a estrutura voltar ao seu estado original quando a tensão é
retirada, essa característica segue a Lei de Hooke.

Então, durante toda a dinâmica da vida de nossa estrutura ela será carregada e
descarregada pelas cargas. Haverá momentos em que poderá ser mais solicitada
do que em outros, sofrerá mais as cargas de ventos e dias de tempestades e com
grandes ventanias.

Um bom exemplo é uma Biblioteca universitária:


• Durante as férias, ela segue carregada pelo mobiliário, os livros e os funcioná-
rios; alguns poucos alunos irão lá devolver ou pegar algum livro;
• No semestre letivo, o fluxo de alunos aumenta conforme os meses vão pas-
sando e as datas das provas se aproximando. O período mais carregado para
a estrutura é durante a semana de provas, na qual muito alunos utilizam a
Biblioteca para estudar;
• Então, percebemos que, durante o ciclo de um semestre, esse ambiente passa-
rá por diferentes tensões, porém suas deformações e deslocamentos precisam
permanecer dentro do limite para o habitar humano e para a resistência dos
materiais. Assim, o projetista precisará calcular essa estrutura pensando no
pior caso, que seria no período de provas universitárias.

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Importante! Importante!

O Sistema Estrutural precisa ser dimensionado para garantir sua estabilidade global
quanto ao peso próprio da estrutura, os pesos móveis (pessoas, mobiliário), vibrações
excessivas e outros efeitos indesejados na nossa edificação.

Então, em estabilidade, teremos forças que irão tentar desestabilizar nossa es-
trutura e como as forças andam em pares, teremos reações que irão estabilizar a
estrutura, a soma entre elas precisará ter resultante nula; sendo assim, nosso equi-
líbrio estará satisfeito.

Em casos em que a estrutura possui estabilidade muito acima do necessário, ou


seja, as forças estabilizadoras são muito maiores que desestabilizadoras, dizemos
que são estruturas superdimensionadas, ou seja, elas provavelmente são muito mais
robustas do que deveriam ser, portanto, são inviáveis economicamente. Caso seja o
inverso, ou seja, ela não consegue estabilizar os esforços solicitados são chamadas
de subdimensionadas e provavelmente irão ao colapso ou apresentar severas pato-
logias ao longo da sua vida, diminuindo sua vida útil.

Equações de Estabilidade
Até aqui, vimos que a estrutura precisa permanecer sempre em equilíbrio/está-
vel e para isso são utilizadas as equações de estabilidade. As equações testam as
estruturas em seus diferentes tipos de deslocamentos: horizontal, vertical e giro.
Existem diferentes forças que podem gerar os deslocamentos, como:
• As forças horizontais podem ser: carga de vento, impacto de veículos com os
elementos estruturais, deslizamento de terra etc.;
• As forças verticais podem ser provocadas por: mobiliários, veículos (caso seja um
edifício garagem), alvenarias, vedações em geral, pessoas, equipamentos etc.;
• As forças de giro ou de torção aparecem, principalmente, em sacadas, nas
quais uma parte dessa estrutura está apoiada e outra não.

As equações de estabilidade são três e precisam ser utilizadas em todas as peças


estruturais para que seja possível saber a situação de carga a que cada um dos ele-
mentos está submetido.

Cada um dos esforços precisará ser equilibrado e precisamos, ainda, garantir


que os materiais serão capazes de resistir. Essas equações foram criadas para faci-
litar o cálculo estrutural de todas as peças do nosso conjunto.

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UNIDADE Conceitos de Estabilidade

Então. as equações utilizadas são:

0
∑ Fx =
0
∑ Fy =
∑M = 0

• onde:
»» A primeira equação é a somatória de todas as cargas horizontais;
»» A segunda a somatória de todas as cargas verticais;
»» A terceira a somatória de todos os momentos fletores.

Apresentação dos Elementos Estruturais


Elementos estruturais são peças projetadas para serem autoportantes, ou seja,
elas precisam suportar o seu próprio peso, e precisam resistir aos esforços solicita-
dos pelo Projeto.

Todos os elementos que não possuírem essas duas capacidades estarão subdi-
mensionados e trazem riscos aos usuários da edificação.

O Sistema Clássico dos elementos estruturais são os pilares, vigas e as lajes, em


que cada um irá assumir uma função diferente dentro do Sistema. Iremos estudá-los
profundamente em unidades futuras.

Agora, neste momento, vamos nos ater à evolução desses elementos ao longo
dos séculos.

Figura 3 – Estrutura em concreto armado


Fonte: Getty Images

Os pilares são os elementos mais complexos entre todos. As condições às quais


eles estão submetidos são bem diferentes em relação às vigas e às lajes.

Ao longo dos anos, eles foram evoluindo para vencer as dificuldades dos anti-
gos construtores.

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Temos os gregos utilizando os pilares da maneira convencional:

Figura 4
Fonte: Wikimedia Commons

Aqui, os pilares estão apoiando a enorme viga apoiada sobre eles; podemos ver
um grande pé direito, porém uma pequena distância entre os pilares, ou seja, o
vão entre eles é pequeno, o que limita muito fatores arquitetônicos, porém essa é a
arquitetura da época.

Séculos depois, os construtores descobriram que seria possível vencer vãos maio-
res utilizando pilares em um formato diferente. Nascem, então, os arcos romanos:

Figura 5
Fonte: FreeImages

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UNIDADE Conceitos de Estabilidade

Os pilares em arco foram essenciais na expansão do Império romano: possi-


bilitaram a construção de aquedutos e estradas em todos os terrenos, facilitando
vencer geografias que antes eram intransponíveis.

Esse tipo de construção é baseado no conceito de que a pedra central irá man-
ter todo o arco estável, enquanto as pedras estão caindo umas contra as outras e,
no final, empurram a pedra central de um lado contra o outro, deixando todo o
Sistema estável.

Os pilares são dimensionados para sustentar todo o peso que se encontra em


seu andar e nos andares superiores, ou seja, os pilares dos andares superiores su-
portam cargas menores do que os andares inferiores; então, o projetista tem maior
liberdade de diminuir a Geometria dos pilares conforme projeta os andares: geral-
mente, a cada 5 andares, os pilares têm as seções diminuídas para aliviar o peso da
própria estrutura, evitando superdimensionamentos desnecessários.

As vigas ficam diretamente acima dos pilares e fazem a transferência de carga


entre as lajes para os pilares adjacentes. Esses elementos estruturais são dimensio-
nados para que consigam transferir toda a carga solicitada sem grandes desloca-
mentos ou deformações, pois grandes deformações podem trincar paredes ou até
impedir o correto fechamento e funcionamento de portas e caixilhos.

As vigas possuem como características terem duas seções que precisam ser
dimensionadas conforme os esforços solicitantes do projeto e seu comprimento
(vão-livre), que irá depender de fatores arquitetônicos e das limitações da Tec-
nologia empregada (o dimensionamento e os materiais iremos conhecer nas
próximas Unidades).

As lajes recebem as cargas móveis, como pessoas e o mobiliário, e precisam


transferir essa carga de maneira segura para as vigas que a sustentam, todo esse
Sistema se complementa e é dimensionado para que, do ponto de vista micro (a
resistência do elemento estrutural) e do ponto de vista macro (as ligações entre os
elementos) lajes, vigas e pilares funcionem.

O Sistema Estrutural é pensado para que esses componentes trabalhem em


conjunto, potencializando as capacidades de cada um.

Em um Sistema no qual existam apenas pilares e lajes, a transferência de carga


seria deficitária e os pilares acabariam “furando” as lajes, como um sapato de salto
na areia.

As lajes são compostas por duas dimensões muito maiores que sua espessura.
A espessura da laje irá garantir que deformações excessivas não ocorram para esse
elemento, sendo que essas deformações são chamadas de flechas.

Esse efeito pode ser relacionado a uma cama elástica, na qual o material se
deforma excessivamente ao se colocar o peso de uma criança. No caso da laje, o
material vai se deformar conforme a Lei de Hooke.

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Essa deformação é chamada de flecha: quanto maior a flecha, precisaremos de
espessuras maiores para contê-la.

A flecha pode estar relacionada ao vão-livre da laje, a regiões sem vigas ou pila-
res e à falta de uma espessura que evite esse efeito.

Uma imagem de como os elementos estruturais são conectados.


Explor

Disponível em: http://bit.ly/2Ao3hlo

Nas próximas Unidades, estudaremos todos esses elementos de maneira com-


pleta: seus dimensionamentos, as cargas que atuam sobre eles, as diferentes fun-
ções da sua geometria, as diferentes geometrias que podem ser adotadas, os tipos
de tecnologias, suas vantagens e desvantagens.

Entender a física por trás do Sistema Estrutural é uma das capacidades cogniti-
vas que serão desenvolvidas em nossa Disciplina.

As Tecnologias também são importantes na hora de escolher a melhor estru-


tura que irá manter nossa edificação estável e, para a melhor escolha, precisamos
ficar atentos aos prazos, custos, disponibilidade de mão de obra, questões arqui-
tetônicas etc.

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UNIDADE Conceitos de Estabilidade

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Leitura
Sistemas estruturais na Arquitetura
INOJOSA, L. da S. P; BUZAR, M. A. R. Sistemas estruturais na Arquitetura. Paranoá:
cadernos de arquitetura e urbanismo, n. 15.
http://bit.ly/2Qc74gp
Estrutura e elementos estruturais básicos
http://bit.ly/2AjzgTT
Elementos estruturais
http://bit.ly/2Ap85a0
Leis de Newton – Brasil Escola
http://bit.ly/2Ap8bOU
Leis de Newton – Só Física
http://bit.ly/2Qc5Gu2

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Referências
BARCELOS NETO, J. Mecânica Newtoniana, Lagrangiana e Hamiltoniana.
2.ed. São Paulo: Livraria da Física, 2013.

BRASIL, R. M. L. F. R; SILVA, M. A. Introdução à Dinâmica das Estruturas:


para a Engenharia Civil. 2.ed. São Paulo: Edgard Blutcher, 2014.

BOTELHO, M. H. C. Concreto armado, eu te amo: para arquitetos. 2.ed. São


Paulo: Edgard Blutcher, 2011.

HELERBROCK, R. Leis de Newton. Brasil Escola. Disponível em: <https://


brasilescola.uol.com.br/fisica/Leis-newton.htm>. Acesso em 11 de agosto de 2019.

REBELLO, Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. São Paulo:


Zigurate, 2000.

SILVER, P; MCLEAN, W; EVANS, P. Sistemas Estruturais. São Paulo: Edgard


Blutcher, 2013.

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