Você está na página 1de 8

Enem: Inep divulga apostilas de

correção da redação
Nesta semana, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira) disponibilizou para todos os estudantes que
estão se preparando para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) as
apostilas de capacitação dos corretores de redação, elaboradas para a
edição de 2019. O material, que era de uso restrito aos avaliadores, agora
está disponível no para download no portal oficial do Inep.

(foto: Inep/Reprodução)

Continua depois da publicidade

Ao todo, são seis manuais de correção da redação que detalham os


critérios de avaliação de cada uma das cinco competências cobradas no
Enem e as situações que levam à nota zero. Além dos manuais, foram
publicados as cartilhas do participante dos anos de 2017, 2018 e 2019.

Além dessas apostilas, no portal do Inep, é possível acessar todas


as provas do exame e os respectivos gabaritos. Além disso, participantes
surdos têm todas as questões disponíveis em videoprovas à disposição
na plataforma. Acesse os manuais e cartilhas aqui.

Transparência nos critérios de avaliação

A nota da redação tem importante papel na composição final da


pontuação do participante. A avaliação exige do candidato o domínio das
chamadas competências que são: domínio da escrita formal da língua
portuguesa; compreensão do tema proposto; adequação ao tema;
argumentação e proposta de intervenção.

Daniel Lima, professor de redação há 15 anos (foto: Arquivo pessoal)

Para o professor de redação Daniel Lima, o material recém-liberado pelo


Inep trará mais informação e clareza para estudantes e professores sobre
como é feita a correção da prova dissertativa. “Facilita quando o
professor vai trabalhar em sala de aula e quando o aluno vai procurar
informação porque, muitas vezes, ele vai para a prova com algumas
orientações que foram passadas, mas não tem muita certeza de quais
critérios o avaliador vai usar na hora de corrigir”, diz.

Continua depois da publicidade

Existem vários sites que oferecem serviço de correção de redação on-


line. “Eu via muita discrepância em relação às correções das redações
nessas plataformas. Eles corrigiam com o critério deles. Agora, com os
manuais do Inep, acredito que esses corretores de sites corrigirão com
uma visão mais próxima da da banca.” Daniel Lima é professor de
redação nas instituições Espaço Campus, Estúdio Aulas e Gran Cursos
Online.

Chance de se direcionar

Pedro Victor Rodrigues está se preparando para fazer o Enem para cursar medicina (foto: Arquivo pessoal )

Embora seja de conhecimento dos estudantes que estão se preparando


para o Enem o que pode zerar a redação e o que é cobrado em cada uma
das cinco competências da redação, a divulgação das apostilas foi muito
bem recebida pelos alunos. O estudante do 3º ano do ensino médio
Pedro Victor Rodrigues, 17, avalia que o material é importantíssimo para
entender como, de fato, a redação será corrigida. “Saber como cada
competência é avaliada, saber pontos que podem ser descontados da
nossa redação é muito importante para nós que vamos fazer o Enem”,
conta.

Pedro Victor estuda no Colégio Objetivo de Taguatinga Norte e tem tido


aulas por videochamada. Depois das aulas da escola, pela manhã, o
estudante dedica a tarde a revisar. “Faço revisão de conteúdos, prático
redação e dou uma olhada em repertórios socioculturais e nas notícias
do dia, já que as atualidades são muito importantes para redação”, conta.

Um recurso a mais nos estudos

Ana Clara Emerich sonha em cursar direito e fará o Enem como treineira (foto: Arquivo pessoal )

Para a estudante Ana Clara Emerich, 15, a divulgação das apostilas pelo
Inep ajudará muitas pessoas a entenderem melhor os critérios de
avaliação. “Achei de suma importância, pois, com isso, o aluno tem um
direcionamento de como estudar redação, que é a dificuldade de muitos.
É um material tão bom que deveria ser mais divulgado. Isso é excelente”,
diz.

Ana Clara Emerich está cursando o 1º ano do ensino médio no Centro de


Ensino Médio (CEM) 2 de Brazlândia. Sem aulas presenciais desde
março, Ana Clara passou a receber conteúdos na plataforma Google Sala
de Aula. “Os professores postam exercícios e matérias e estão
disponíveis para tirar dúvidas dos alunos”, conta.

A jovem está inscrita no Enem 2020 como treineira. Sobre a rotina de


estudos, Ana Clara Emerich conta que não tem sido fácil manter o foco
em meio a tudo que tem acontecido no mundo devido à pandemia.
“Estou tentando fazer um cronograma e também uso como base de
estudos uma plataforma on-line chamada Sala do Saber”, relata.

As apostilas não abrangem tudo


Continua depois da publicidade

Gabriel Remington professor de redação (foto: Arquivo pessoal )

Para o professor de redação do Colégio Marista João Paulo II Gabriel


Remington, a iniciativa do Inep de liberar esse material para todos os
professores e alunos foi uma forma de auxiliar os estudantes neste
momento de suspensão das aulas presenciais devido à pandemia de
covid-19. O ponto positivo é a clareza nas informações da correção que,
antes, eram restritas apenas aos avaliadores e, agora, estão ao alcance
de todos.

No entanto, o professor pondera que o conteúdo presente nesses


manuais não abrange tudo que os alunos devem estudar para a redação,
já que elas esclarecem apenas como é feita a correção da redação.
“Essas informações têm uma linguagem muito técnica, são muito
específicas e partem mais do pressuposto de como levar em conta o
processo de construção do texto na hora de ser avaliado”, diz o
professor.

Gabriel Remington explica que é necessário que o estudante tenha um


conhecimento técnico prévio da língua portuguesa para poder colocar
em prática as informações contidas nas apostilas de forma mais
tranquila. “Esse conhecimento é apoiado principalmente nos aspectos
gramaticais, linguísticos e semânticos. Ou seja, são aspectos que não
aparecem nessas apostilas, nesses manuais em si. Os manuais trabalham
mais com o aspecto de funcionamento de cada uma das competências”,
aponta.

Para o professor, embora esses materiais tragam informações claras no


caso da competência 5, para entender melhor sobre as outras
competências, o aluno já deve ter conhecimentos prévios de como
funciona a estrutura de um texto dissertativo argumentativo, gênero
cobrado pelo Enem.

“A competência 3, a qual exige que o candidato elabore uma


argumentação hierarquizada e sólida, requer que ele tenha um
conhecimento específico sobre esse gênero textual”, explica.

Por onde começar?

Veja as recomendações do professor de redação do Colégio Marista


João Paulo II Gabriel Remington para usufruir do material liberado pelo
Inep:
1) Os estudantes devem começar os estudos pelas apostilas menos
técnicas, em especial a da competência 5, que trata da proposta de
intervenção e que representa 200 pontos da nota total da redação.

2) Os alunos podem passar, então, para a apostila que envolve as


situações que levam à nota zero porque, embora sejam informações
conhecidas, o novo material liberado pelo Inep tem uma especificidade
um pouco maior e auxilia a compreender de maneira mais ampla aquilo
que não deve ser feito no texto.

3) Depois disso, o participante deve explorar as competências 2 e 3,


sobre o gênero textual e sobre o processo de argumentação,
respectivamente.

4) As duas que sobram, a 1 e a 4, são muito densas porque elas tratam, a


grosso modo, de gramática. Então, o conhecimento prévio do aluno será
a chave para entender como essas competências funcionam. Se ele não
tiver um desenvolvimento adequado sobre o funcionamento das regras
padrão da língua portuguesa, não vai conseguir discernir exatamente o
conteúdo que aparece nessas duas apostilas e como aplicar esse
conteúdo na hora de fazer o texto. Existem algumas regrinhas bem
claras, por exemplo: ele vai descobrir que não pode cometer mais de dois
erros gramaticais; não é adequado repetir palavras, isso está na apostila
da competência 4, envolvendo mecanismos de coesão. Ainda assim, as
outras informações, que são as mais densas, não são tão acessíveis
assim, mesmo que se estude a fundo cada uma dessas apostilas.

Dica de especialista para um texto nota 1.000


Continua depois da publicidade

Daniel Lima, professor de redação, separou cinco dicas para gabaritar a


redação. Confira:

1. Desenvolva o hábito de leitura

Você pode conhecer toda a teoria de como fazer uma boa redação, mas,
se não souber escrever, seu texto não terá a qualidade desejada. Para
demonstrar o domínio da modalidade escrita formal, é necessário
desenvolver sua competência textual. Então, comece a ler livros de
assuntos que lhe interessem. Não exija muito de si no início, duas ou três
páginas diárias são um bom começo e, à medida que for desenvolvendo
essa habilidade, aumente, gradativamente, a quantidade de páginas por
dia.

2. Escreva com regularidade

Esse exercício proporcionará vários benefícios, como melhorar a


qualidade da letra, acostumar-se com o tamanho do texto e aumentar a
velocidade da escrita. Se você é uma pessoa que tem muita dificuldade
de escrever, comece transcrevendo textos; depois, elabore paráfrases; e,
por último, leia sobre determinado assunto atual e escreva a redação em
seguida.

3. Observe com atenção os comandos da prova

Não é raro o candidato fazer uma abordagem tangencial ao tema, ou até


mesmo escrever sobre um assunto paralelo, que é fuga ao tema. Se isso
for constatado, sua nota será zero. Assim, na hora da prova, recomendo
gastar alguns minutos para tentar interpretar o que a banca do Enem
espera que você escreva.

4. Adote uma tese e selecione argumentos que a defenda

Texto dissertativo-argumentativo é um tipo textual que defende algo,


sustenta determinado ponto de vista. Como a maioria dos textos que
consumimos são expositivos, temos uma tendência a produzir redações
informativas. Portanto, ao praticar, pergunte-se: meu texto está
afirmando algo ou está informando? Se estiver afirmando, você está no
caminho certo.

5. Dedique-se à proposta de intervenção

Esse aspecto garantirá 200 pontos na nota. Dessa forma, apresente uma
solução para a problemática, um ator que irá executá-la, um modo de
implantação e os efeitos desse projeto. Por exemplo, se o tema fosse
“meio ambiente”, poderíamos desenvolver um parágrafo assim:

"Um meio ambiente limpo e equilibrado é direito e responsabilidade de


todos. Para que isso seja alcançado, é necessário que cada cidadão faça
sua parte com atitudes, como separar o lixo reciclável do não reciclável e
economizar água potável. Ações simples como essas ajudam a preservar
o meio ambiente e a garantir um planeta mais saudável para as futuras
gerações."

Confira plataformas gratuitas para ajudar nos estudos

O Eu, Estudante selecionou fontes de conteúdo gratuito para ajudar na


preparação para o Enem.

Stoodi

Com o covid-19, muitas escolas e cursinhos preparatórios tiveram de ser


fechados para não prejudicar a educação dos alunos. O Stoodi,
plataforma de curso online, disponibilizou 30 dias gratuitos de videoaulas
no site.

Explicaê

A startup de educação Explicaê criou o projeto “Todos juntos contra o


covi-19” no canal do YouTube. A plataforma publica semanalmente o
cronograma do curso com videoaulas, exercícios, apostilas e horário de
estudos para você não parar de estudar durante a quarentena e até
depois dela. Para receber o cronograma, inscreva-se no site.

Escola Sesc de Ensino Médio

Revisional Enem é um projeto da escola Sesc criado para ajudar os


estudantes da rede pública de ensino que estão se preparando para
fazer o Enem. Em um ambiente totalmente virtual de aprendizagem, os
alunos inscritos poderão acessar as aulas, que serão postadas
semanalmente nas segundas-feiras às 8h, trazendo questões de todas
as disciplinas por meio de recursos como exerci%u0301cios, slides,
podcasts e videoaulas. São 60 vagas para estudantes das escolas
públicas de todo país. As inscrições estão abertas este sábado (30/5)
no site.

Conhece mais alguma plataforma gratuita? Compartilhe nos


comentários.

Bons estudos!

*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

Você também pode gostar