Você está na página 1de 2

- Considerações sobre

‘’NEOCONSTITUCIONALISMO E CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO (O triunfo tardio do


direito constitucional no Brasil) Luís Roberto Barroso’’

Página 3

• ‘’A reconstitucionalização da Europa, imediatamente após a 2a. Grande Guerra


e ao longo da segunda metade do século XX, redefiniu o lugar da Constituição
e a influência do direito constitucional sobre as instituições contemporâneas. A
aproximação das ideias de constitucionalismo e de democracia produziu uma
nova forma de organização política, que atende por nomes diversos: Estado
democrático de direito, Estado constitucional de direito, Estado constitucional
democrático. Seria mau investimento de tempo e energia especular sobre
sutilezas semânticas na matéria.’’

- Foi necessária uma reforma após os desastres da Segunda Guerra, onde ocorre a
implementação de ideias mais ‘’humanas’’ na norma que rege o povo, as constituições
foram renovadas incidindo uma reorganização com democracia.

Página 27

• ‘’Nesse ambiente, a Constituição passa a ser não apenas um sistema em si –


com a sua ordem, unidade e harmonia – mas também um modo de olhar e
interpretar todos os demais ramos do Direito. Este fenômeno, identificado por
alguns autores como filtragem constitucional, consiste em que toda a ordem
jurídica deve ser lida e apreendida sob a lente da Constituição, de modo a
realizar os valores nela consagrados. Como antes já assinalado, a
constitucionalização do direito infraconstitucional não tem como sua principal
marca a inclusão na Lei Maior de normas próprias de outros domínios, mas,
sobretudo, a reinterpretação de seus institutos sob uma ótica constitucional.’’

Página 5

• ‘’O marco filosófico do novo direito constitucional é o pós-positivismo. O debate


acerca de sua caracterização situa-se na confluência das duas grandes
correntes de pensamento que oferecem paradigmas opostos para o Direito: o
jusnaturalismo e o positivismo. Opostos, mas, por vezes, singularmente
complementares. A quadra atual é assinalada pela superação – ou, talvez,
sublimação – dos modelos puros por um conjunto difuso e abrangente de ideias,
agrupadas sob o rótulo genérico de pós-positivismo.’’

Página 11

• ‘’A interpretação jurídica tradicional desenvolveu-se sobre duas grandes


premissas: (i) quanto ao papel da norma, cabe a ela oferecer, no seu relato
abstrato, a solução para os problemas jurídicos; (ii) quanto ao papel do juiz, cabe
a ele identificar, no ordenamento jurídico, a norma aplicável ao problema a ser
resolvido, revelando a solução nela contida. Vale dizer: a resposta para os
problemas está integralmente no sistema jurídico e o intérprete desempenha
uma função técnica de conhecimento, de formulação de juízos de fato. No
modelo convencional, as normas são percebidas como regras, enunciados
descritivos de condutas a serem seguidas, aplicáveis mediante subsunção22 .’’

Página 17

• O estudo que se vem empreendendo até aqui relata a evolução do direito


constitucional na Europa e no Brasil ao longo das últimas décadas. Este
processo, que passa pelos marcos históricos, filosóficos e teóricos acima
expostos, conduz ao momento atual, cujo traço distintivo é a constitucionalização
do Direito. A aproximação entre constitucionalismo e democracia, a força
normativa da Constituição e a difusão da jurisdição constitucional foram ritos de
passagem para o modelo atual32. O leitor atento já terá se dado conta, no
entanto, de que a seqüência histórica percorrida e as referências doutrinárias
destacadas não são válidas para três experiências constitucionais marcantes: as
do Reino Unido, dos Estados Unidos e da França. O caso francês será analisado
um pouco mais à frente. Um breve comentário é pertinente sobre os outros dois.’’

Você também pode gostar