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A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS

Introdução:

Apesar de haver um consenso geral sobre a inspiração da Bíblia, há uma variedade de


conceitos a respeito do que ela vem a ser. Alguns se concentram na ação dos autores, outros
nos escritos e outros nos leitores. Alguns relacionam a inspiração à mensagem central
da Bíblia, outros aos pensamentos e outros às palavras.
Essas diferenças, frutos dos infindos ataques que a Bíblia recebeu nos últimos dois séculos,
tornam necessário o estudo acerca da “inspiração da Bíblia”.

DEFINIÇÃO DE INSPIRAÇÃO
Uma definição abrangente de inspiração seria: Deus supervisionou os autores humanos da
Bíblia para que compusessem e registrassem, sem erros, sua mensagem à humanidade
utilizando as palavras de seus escritos originais.
Isso significa que Deus não ditou as palavras da Bíblia (algumas vezes até o fez) para os
escritores, mas os supervisionou soberanamente para que, no uso de suas capacidades mentais
e habilidades, compusessem um material que fosse verdadeiro (Jo 17.17) e que fosse o que
Deus desejava nos revelar.
Inspiração e a ação divina que cria uma identidade entre uma palavra humana e uma palavra
divina.
O termo “INSPIRADA” e encontrado somente uma vez na Bíblia, em 2Timoteo 3:16. Nesta
passagem traduz um termo grego que etimologicamente, significa “EXALADO POR DEUS”
(Imagine um perfume sendo Exalado por Deus). A ideia seria provavelmente melhor expressa
como “EXPIRADA”.
Exalar palavras e fala-las. Assim, dizer que uma profecia ou um livro (Como em 2Timoteo
3:16) e “INSPIRADO” significa que é o próprio discurso de Deus, que as palavras em questão
são a palavra de Deus.
Por isso o liberalismo e progressismo ataca a inspiração da escritura, se não foi inspirada
por Deus automaticamente se torna um livro qualquer e sem nenhum valor espiritual!!

Sob o nome de Escrituras Sagradas, ou palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os
livros do Antigo e do Novo Testamento, que são os seguintes:
*Todos esses livros são dados por inspiração de Deus para ser
a regra de fé e pratica.

01 -INSPIRAÇÃO ORGANICA DA ESCRITURA


Inspiração orgânica significa que a inspiração de um livro da Bíblia começou muito antes
de qualquer livro ser escrito. Tomando o livro de Eclesiastes como um exemplo, inspiração
orgânica significa que Deus começou a obra de inspirar esse livro, não movendo Salomão a
escrevê-lo (2Pe. 1:21), mas preparando todas as circunstâncias sob as quais Salomão
escreveria, e preparando o próprio Salomão como seu escritor. Deus começou a inspiração de
Eclesiastes quando centenas e mesmo milhares de anos antes, ele arranjou as circunstâncias
da história de forma que todas as coisas em Israel e entre as nações fossem exatamente como
Salomão as encontrou quando escreveu o livro. Deus começou a inspiração de Eclesiastes
quando centenas de anos antes, ele estabeleceu a nação judaica e as doze tribos, uma das quais
era a tribo de Judá, a qual mais tarde incluiria a família de Jessé. Deus estava preparando
aquele livro quando Davi se tornou rei e estabeleceu sua dinastia, de forma que Salomão se
tornasse rei após ele. Deus estava preparando aquele livro mesmo quando Davi viu Bate-Sebá
tomando banho, cometeu adultério com ela e conspirou o assassinato do seu marido, para se
casar com a mesma. Deus arranjou todas as circunstâncias da vida do próprio Salomão, de
uma forma que ele fosse não somente o mais sábio de todos os homens vivos, excetuando-se
Cristo, mas também um que caiu em terríveis pecados. Isso aconteceu de tal modo que o livro
de Eclesiastes, quando escrito, foi o registro do arrependimento de Salomão e um testemunho
da vaidade da vida sem Deus.
02 - A INSPIRAÇÃO VERBAL DAS ESCRITURAS
A doutrina da inspiração verbal está intimamente relacionada com a doutrina da inspiração
plenária. Ela enfatiza que as próprias palavras da Escritura foram inspiradas por Deus. A
Escritura não é apenas a Palavra de Deus, mas também as palavras de Deus.
A doutrina da inspiração verbal é ensinada na Escritura em passagens tais como Salmo 12:6,
Provérbios 30:5 e Apocalipse 22:18, 19, bem como muitas passagens da Escritura que se
referem às palavras que Deus falou e fez serem escritas (Sl. 50:17; Sl. 119:130).
Há muitos exemplos extraordinários na Escritura da importância desta doutrina – do fato que
as palavras exatas faladas por Deus são importantes. Em alguns casos a palavra escolhida faz
enorme diferença. Se Gênesis 17:7 dissesse descendências e não descendência, uma diferença
apenas entre plural e singular, a passagem não seria uma profecia sobre Cristo.

03 - A INSPIRAÇÃO PLENÁRIA DA ESCRITURA


Como temos observado, a palavra plenária significa “plena”. Falamos de inspiração plenária,
portanto, para enfatizar o fato que a Escritura é plenamente inspirada.
Contra todas as alegações contrarias, cremos na inspiração plenária, o que significa várias
coisas:
01 - Inspiração plenária significa que todos os livros da Escritura (e nenhum outro) são
inspirados por Deus. Não há nenhum deles que tenha qualquer autoridade ou necessidade
menor que outro.
02 - Significa que a Escritura é inspirada nos diferentes tipos de literatura que apresenta.
História, poesia, cartas, profecias: tudo foi “dado por inspiração de Deus, e [é]… proveitos[o]”
(2Tm. 3:16).
03 - Inspiração plenária significa que a Escritura é inspirada também em todas as
questões de ciência, biologia, história e geografia. De fato, existem alguns exemplos notáveis
disso. A Escritura sempre ensinou, por exemplo, que a Terra é circular, mesmo quando os
homens não acreditavam nisso (Is. 40:22). Ela ensinava o ciclo hidrológico antes desse ser
entendido pela ciência (Sl. 104:5-13). A crença que Deus é o inspirador da Escritura e o grande
Criador exclui qualquer possibilidade de a Escritura ser incorreta, mesmo nos seus mínimos e
mais insignificantes detalhes.
04 - Significa que a Escritura é plenamente inspirada em todas as questões que
pertencem às nossas vidas. Não existem mandamentos ou requerimentos da Escritura que
sejam antiquados ou culturalmente condicionados. Embora registrada por homens, tudo o que
a Escritura diz procede do Deus eterno e não pode ser descartado como não tendo aplicação
para nós.
05 - Inspiração plenária significa que mesmo a gramática, vocabulário e sintaxe da
Bíblia são inspirados. Faz diferença que Deus tenha dito descendência, e não descendências
em Gênesis 17:73 (veja também Gl. 3:16). Faz toda a diferença do mundo o fato de sermos
justificados pela fé ou mediante a fé, mas não por causa da fé. Cada letra, palavra e sentença
são importantes e devem, portanto, ser cuidadosamente traduzidas.
Por causa da inspiração plenária, não aceitamos paráfrases da Escritura, e nem mesmo
versões da Bíblia que seja uma mistura de tradução acurada e paráfrase, tal como a New
Internacional Verson (NIV).
Nossa fé na inspiração plenária é testada por se damos a esse ensino um mero serviço
labial, ou se recebemos a Escritura como a inspirada e infalível Palavra de Deus em todas as
coisas, não duvidando, não colocando de lado nenhuma parte, mas submetendo-nos,
obedecendo e crendo em tudo o que Deus disse, e fazendo isso embora o mundo todo esteja
contra nós.
04 - INSPIRAÇÃO MECANICA
“um ditado” Autores, meramente passivos.
Se Deus tivesse ditado as Escrituras, o seu estilo seria uniforme...
Teria a dicção e o vocabulário do divino Autor, livre das idiossincrasias (maneira de agir
específica de uma pessoa.) dos homens (Romanos 9.1-3; 2 Pedro 3.15-16). Na verdade, o autor
humano recebeu plena liberdade de ação para a sua autoria, escrevendo com seus próprios
sentimentos, estilo e vocabulário, mas garantiu a exatidão da mensagem suprema com tanta
perfeição como se ela tivesse sido ditada por Deus. Não há nenhuma insinuação de que Deus
tenha ditado qualquer mensagem a um homem além daquela que Moisés transcreveu no monte
santo, pois Deus usa e não anula as suas vontades. Esta teoria, portanto, enfatiza sobremaneira
a autoria divina ao ponto de excluir a autoria humana.
05 - INSPIRAÇÃO DINÂMICA
“Autores foram inspirados, mas não os seus escritos”. Versos já vistos não comportam essa
compreensão.
Afirma que Deus concedeu uma revelação gradual que não difere em essência, mas em grau,
ou seja, que alguns livros não seriam inspirados na mesma medida que seriam os livros
doutrinários. Isto os tornou infalíveis em questões de fé e prática, mas não nas coisas que não
são de natureza imediatamente religiosa, isto é, a inspiração atinge apenas os ensinamentos e
preceitos doutrinários, as verdades desconhecidas dos autores humanos.
Esta teoria tem muitas falhas: ela não explica como os escritores bíblicos poderiam mesclar
seus conhecimentos sobrenaturais ao registrarem uma sentença, e serem rebaixados a um nível
inferior ao relatarem um fato de modo natural. Ela não fornece a psicologia daquele estado de
espírito que deveria envolver os escritores bíblicos ao se pronunciarem infalivelmente sobre
matérias de doutrina, enquanto se desviam a respeito dos fatos mais simples da história. Ela
não analisa a relação existente entre a mente divina e a humana, que produz tais resultados.
Ela não distingue entre coisas que são essenciais à fé e à pratica e aquelas que não são. Erasmo,
Gropius, Baxter, Paley, Doellinger e Strong compartilham desta teoria.
Frases sobre a Bíblia:

Eu aprendi a atribuir àqueles livros que são de classificação canônica, e somente a eles tal
reverência e honra, afirme crença de que em nenhum deles ocorre um único erro devido ao
autor. E, quando sou confrontado nestes livros com qualquer coisa que pareça estar em
desacordo com a verdade, não hesito em atribuir isso quer ao resultado da utilização de um
texto incorreto, quer ao fracasso de um comentarista em explicar as palavras ou à minha
própria compreensão equivocada da passagem.
Agostinho (354-430)

O reformador francês, enfatizou particularmente a auto autenticação das Sagradas


Escrituras e a atuação do Espírito Santo neste processo. Ele defendeu que, por serem
autopistas, ou seja, “autenticada de si mesma”, as Escrituras dispensam a necessidade de
qualquer comprovação racional, “[…] porquanto, a certeza que ela nos merece obtém-na
do testemunho do Espírito”.
João Calvino (1509-1564)

As palavras da Sagrada Escritura são chamadas palavras de vida eterna, pois são
instrumentos de Deus, ordenadas para o mesmo fim. Elas têm poder para converter
mediante a promessa de Deus, e são eficientes por causa da assistência de Deus; e sendo
recebidas em um coração fiel, elas têm sempre uma obra celestialmente espiritual em si.
Thomas Cranmer (1489-1556)

É a sabedoria por trás de suas palavras. A Bíblia é direta e atinge em cheio o nosso
coração.
Há uma complexidade tremenda por trás de cada pequeno texto. Os elementos teológicos,
filosóficos, existenciais e psicológicos estão entremeados de forma complexa e poderosa.
Nunca vi nada igual. Como gosto de dizer quando prego, se eu fosse vocês, eu leria a Bíblia
todos os dias…
Luís Sayão (1963)

A Bíblia não é um livro simplesmente; é um Ser vivo que tem o poder de conquistar os seus
adversários.
Napoleão Bonaparte (1769-1821)
Autor Otto Santos

Bibliografia:

Hodge, Charles. Teologia Sistemática. 1a edição. São Paulo: Hagnos, 2001.

BAVINCK, Herman. Dogmática Reformada. Prolegômena: Volume 1 Edição. São Paulo: Cultura Cristã,

2012.

FERREIRA, Franklin, MYATT, Alan. Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para

o contexto atual. São Paulo: Vida Nova, 2007.

BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2. ed. São Paulo: Cultura. Cristã, 2001.

SPROUL, R.C., Bíblia de Estudo da Fé Reformada: 1 Edição. São Paulo: Editora Fiel, 2021.

THOMPSOM, Frank Charles. Bíblia Thompson. Tradução João Ferreira de Almeida. São Paulo: Editora Vida,

2014.

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