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DIREITO ADMINISTRATIVO

Prof: Matheus Carvalho


RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
O surgimento e a evolução do Estado de Direito faz nascer a ideia de que a Administração
Pública se submete ao direito posto, assim como os demais sujeitos de direitos da sociedade.

Esse dever de ressarcir particulares por danos causados é manifestação da responsabilidade


extracontratual, haja vista o fato de que não decorre de qualquer contrato ou vínculo anterior
com o sujeito indenizado.

Essa responsabilização decorre, ainda, da aplicação do princípio da isonomia, inerente ao


ordenamento jurídico constitucional pátrio, uma vez que quando, em benefício de toda a
sociedade, o Estado causa um dano específico a alguém ou a pequeno grupo de pessoas, nada
mais justo que os sujeitos prejudicados sejam indenizados, como forma de reparar a
desigualdade causada pela atuação estatal.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NA CFRB/88 (Art. 37, §6°, da CFRB/88 c/c art. 43, do
CC/02).
A responsabilidade do Estado, estampada no texto constitucional, é objetiva, mas a
responsabilização do agente, perante o Estado, é subjetiva, decorrendo de comprovação de
dolo ou de culpa.

Responsabilidade Objetiva
Conduta - A conduta deve ser de determinado agente público que atue nesta qualidade ou,
ao menos, se aproveitando da qualidade de agente para causar o dano.
ATENÇÃO!

Entendimento majoritário da doutrina é que a conduta que enseja a responsabilidade


objetiva do ente público é a conduta comissiva.

Agente público abarca todos aqueles que atuam em nome do Estado, ainda que
temporariamente e sem remuneração, seja a qualquer título, com cargo, emprego,
mandato ou função.

Dano - O dano a um bem tutelado pelo direito, ainda que exclusivamente moral
(inovação da CFRB/88).
Quando o dano decorre de um ato lícito a responsabilização do ente estatal depende da
comprovação de que estes danos são anormais e específicos. Isso porque o dano deve ser certo,
valorado economicamente e de possível demonstração.

Nexo de causalidade - Como regra, o Brasil adotou a teoria da causalidade adequada, por meio da
qual o Estado responde desde que sua conduta tenha sido determinante para o dano causado ao
agente.

Teoria do Risco Administrativo - O ente público é garantidor universal e, sendo assim, a simples
existência do dano e do nexo causal é suficiente para que surja a obrigação de indenizar para a
Administração, pois não se admite aqui nenhuma das excludentes de responsabilidade.
Responsabilidade por omissão do Estado - Basta a comprovação da má prestação de
serviço ou da prestação ineficiente do serviço ou, ainda, da prestação atrasada do serviço
como ensejadora do dano (Culpa anônima).

ATENÇÃO!

A responsabilização, neste contexto, depende da ocorrência de ato omissivo ilícito, ou


seja, a omissão do agente deve configurar a ausência de cumprimento de seus deveres
legalmente estabelecidos.
Teoria do Risco Criado (Risco Suscitado) - Dependerá somente da comprovação de que a
custódia é uma condição sem a qual o dano não teria ocorrido, mesmo que situações
supervenientes tenham contribuído para o dano. Trata-se da chamada teoria da conditio
sine qua non.
ATENÇÃO!

O Estado responderá ainda que haja uma situação de caso fortuito, bastando a
comprovação de que este fortuito só foi possível em virtude da custódia do ente estatal.
Tal situação é o que a doutrina designa fortuito interno (ou caso fortuito).

Não há responsabilização do Estado se o dano decorrer de um fortuito externo (ou força


maior), ou seja, totalmente alheio e independente da situação de custódia.

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