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ISSN 2317-3793 Volume 12 Número 1 (2023)

AS REDES SOCIAIS E O IMPACTO DA VISÃO DO OUTRO NO PROCESSO DE


CONSTRUÇÃO DA AUTOESTIMA DOS ADOLESCENTES DO ENSINO MÉDIODO
COLÉGIO ESTADUAL DULCINA CRUZ LIMA

SOCIAL NETWORKS AND THE IMPACT OF THE OTHER'S VIEW ON THE


PROCESS OF CONSTRUCTION OF SELF-ESTEEM OF HIGH SCHOOL
ADOLESCENTS OF COLÉGIO ESTADUAL DULCINA CRUZ LIMA

Abson Otávio Alves do Nascimento1


Any Roberta Silva Vieira2
Beatriz dos Santos Silva3
Marcia Ferraz da Silva4
Lucimary Bezerra Florentino Alves Serapião5
Maria Jackeline Gomes dos Santos6

RESUMO
O seguinte estudo apresenta caráter quanti-qualitativo exploratório, tendo como objetivo geral analisar o impacto das redes sociais e da
visão do outro no processo de construção da autoestima dos adolescentes do ensino médio do Colégio Estadual Dulcina Cruz Lima, na
cidade de Rodelas-BA, através da aplicação de uma entrevista estruturada, contendo um questionário de 9 questões objetivas e uma questão
subjetiva, aplicadas em sala de aula para obter a análise de dados sobre o tema. Com uma amostra de 69 indivíduos, sendo 39 do sexo
feminino e 30 masculinos, entre 14 e 20 anos. Tendo como demais objetivos avaliar o nível de autoestima dos adolescentes desse colégio,
avaliar o impacto das redes sociais na construção da autoestima e apurar a dimensão da influência da visão do outro sobre a autoestima
desses jovens. A análise dos dados apresentou diferenças bastante significantes entre os sexos e suas preocupações.
PALAVRAS-CHAVE: Adolescência. Autoestima. Redes socais. Visão do outro.

ABSTRACT
The following study presents an exploratory quanti-qualitative character, having as the general objective analyzing the impact of social
networks and the vision of others in the process of building the self-esteem of high school teenagers at Colégio Estadual Dulcina Cruz
Lima, in the city of Rodelas-BA, through the application of a structured interview, containing a questionnaire of 9 objective questions and
an open question, applied in the classroom, to obtain and analyze the data on this very theme. With a sample of 69 individuals, of which
39 were female and 30 were male, between 14 and 20 years old. Other objectives were also to evaluate the level of self-esteem of the
teenagers from this school, to evaluate the impact of social networks in the construction of self-esteem and to ascertain the dimension of
the influence of the view of another on the self-esteem of these young people. The data analysis showed quite significant differences
between the sexes and they priorities.
KEYWORDS: Adolescence. Self-esteem. Social networks. Other's view.

1
Graduanda em Psicologia pela Faculdade de Ciências Humanas e Exatas do Sertão do São Francisco – FACESF.
abson.alves@gmail.com.
2
Graduanda em Psicologia pela Faculdade de Ciências Humanas e Exatas do Sertão do São Francisco – FACESF.
annyroberta880@gmail.com.
3
Graduanda em Psicologia pela Faculdade de Ciências Humanas e Exatas do Sertão do São Francisco – FACESF.
abson.alves@gmail.com.
4
Graduanda em Psicologia pela Faculdade de Ciências Humanas e Exatas do Sertão do São Francisco – FACESF.
abson.alves@gmail.com.
5
Pós-Graduação em Administração Escolar e Planejamento Educacional pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),
Pós-Graduação em Neuropsicologia pela CPHD-CPN/UNIFESP, Formação em Reabilitação Neuropsicológica pelo INAP-
CPN/UNIFESP, Pós-Graduação em Terapia Cognitivo-Comportamental pela NTCBA-FACCAT, Graduada em Psicologia
pela Faculdade de Ciências Humanas Esuda (FCHE). Atua como como docente do ensino superior no curso de Psicologia da
Faculdade de Ciências Humanas e Exatas do Sertão do São Francisco (FACESF) e coordenadora do Serviço-Escola de
Psicologia da Faculdade de Ciências Humanas e Exatas do Sertão do São Francisco (FACESF); além de atuação na clínica
particular como Psicoterapeuta Cognitivo-comportamental e Neuropsicóloga. lucimarybfas@gmail.com.
6
Especialização em Saúde Mental e Intervenção Psicossocial pela Universidade de Pernambuco, graduação em Psicologia e
Licenciatura pela Universidade de Guarulhos. Diretora do setor de Vigilância Socioassistencial Monitoramento e Avaliação
da Secretaria de Assistência Social do Município de Cabrobó-PE, atua também como docente do ensino superior no curso de
Psicologia da Faculdade de Ciências Humanas e Exatas do Sertão do São Francisco- FACESF; além de atuação como
Psicóloga no setor Psicossocial do Sistema Prisional de Pernambuco. maryjk4@hotmail.com.
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INTRODUÇÃO

O presente artigo contempla dados de uma pesquisa realizada no Colégio Estadual Dulcina Cruz
Lima, na cidade de Rodelas-BA. Tendo como objetivos avaliar o nível de autoestima dos adolescentes
desse colégio, avaliar o impacto das redes sociais na construção da autoestima e apurar a dimensão da
influência da visão do outro sobre a autoestima desses jovens.

Considerando que a adolescência é uma fase de grandes mudanças físicas, sociais e psicológicas,
em que o jovem fica muito vulnerável a influências dos outros e das redes sociais, despertou o interesse
em desenvolver essa pesquisa, assim, ampliando o conhecimento de todos sobre um assunto de grande
importância.

Tendo como público-alvo adolescentes entre 14 a 20 anos, pode-se afirmar que a adolescência é
entendida como uma fase de transição que acontece entre o fim da infância e o início da vida adulta e
caracteriza-se por mudanças físicas, mentais, sexuais, sociais etc. No entanto, podemos encontrá-la com
diversos significados e níveis de idades, definidos por diferentes teóricos e autores. A Organização
Mundial da Saúde (OMS), delimita limites cronológicos da adolescência entre 10 e 19 anos. Já para a
Organização das Nações Unidas (ONU), tal fase acontece entre os 15 e 24 anos de idade.

Segundo o livro “Adolescência” de John W. Santrock (2014, p. 37), G. Stanley Hall foi um dos
primeiros nos estudos científicos mais aprofundados sobre a adolescência. Bastante influenciado pelas
teorias de evolução de Charles Darwin, Hall expôs que o desenvolvimento é influenciado,
essencialmente, por fatores biológicos. Em seu conceito “Modelo de turbulência e estresse,” Hall destaca
que na adolescência o jovem passa por diversos confrontos e mudanças de humor.

David Levinsky (1995) conceitua a adolescência como sendo uma fase do desenvolvimento
evolutivo, em que a criança passa para a vida adulta de acordo com as condições ambientais e de
história pessoal. Levinsky entende a adolescência como de natureza psicossocial, no entanto, ao
debater o surgimento da fase, vincula-a à puberdade e ao desenvolvimento cognitivo. (BOCK,
2007, p. 64, vol. 11, nº 1)

Dentre o que já foi citado sobre adolescência, cabe destacar a puberdade, período que marca essa
fase. Começando simultaneamente com a mesma, a puberdade também pode ser vista paralelamente, já
que na maioria dos casos tem seu fim bem antes do fim da adolescência. A puberdade é um período de
maturação caracterizado por mudanças hormonais e físicas, tendo início nos primeiros anos da
adolescência e com grande impacto no desenvolvimento psicológico do jovem que ainda é muito
suscetível à influência externa, principalmente da internet e as novas redes sociais que reforçam os
estereótipos e padrões de beleza. Essa é tida como uma das fases mais importantes no desenvolvimento
da identidade de cada sujeito por muitos teóricos.

Aos 11 anos se inicia o estágio operatório formal, segundo Piaget, caracterizado pela aquisição
da habilidade de pensar em termos abstratos, possibilitando assim não só entender o sentido literal das
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coisas, mas também as ver de outras formas, podendo interpretar e associar símbolos, levantar hipóteses
com base em experiencias, interpretar e elaborar metáforas. (PAPALIA, FELDMAN, 2013, p. 404).

São diversas mudanças, tanto físicas quanto emocionais que ocorrem durante a adolescência, e
elas podem ser muito difíceis de lidar, tendo grande impacto no processo de desenvolvimento da
autoestima e imagem corporal. O ganho de peso que ocorre no início da puberdade, por exemplo, é algo
que pode acabar indo contra os padrões de beleza reforçados pelas redes sociais, afetando negativamente
a forma como as garotas se veem, gerando insatisfação com relação ao seu corpo. (LIRA, et al. 2017)

Segundo Cloutier e Drapeau (2008) a autoestima seria o valor dado a si mesmo após uma
autoavaliação. Estimula o jovem a procurar uma preservação ou aumento desse valor por meio da
exposição e reafirmação de suas qualidades. O adolescente é muito suscetível à visão do outro e é
esperado que ele procure entrar em grupos nos quais se encaixe ou tenha similaridades de interesses.
Entretanto, também é normal que o jovem acabe cedendo a pressões, mesmo que não explícitas, mas que
são estão subentendidas como requisito para se encaixar no grupo almejado ou padrões impostos.

Ao se filiar a um grupo, os adolescentes passam a exercer um papel social dentro desse grupo. O
papel social deve ser percebido como um conjunto de atividades e relações esperadas da pessoa
que ocupa determinada posição na sociedade, isto é, como ela deve agir e como os outros devem
atuar na relação com ela. (BRONFENBRENNER apud. HABIGZANG; DINIZ; KOLLER,
2014, p. 121).

As redes sociais são gigantes meios de comunicação da era digital atual. Elas são responsáveis
por aproximar e facilitar a comunicação entre grandes grupos de pessoas do mundo inteiro. Segundo
Martins (2010), tais ferramentas aumentam também a possibilidade de expressão e junto a facilidade de
fingir ser algo que não é. A influência das redes sociais é algo que deve ser considerado ao se estudar a
construção da identidade e autoestima do jovem já que está cada vez mais presente na vida dos mesmos,
muitas vezes tomando grande parte do seu tempo.

METODOLOGIA

Este artigo com caráter de pesquisa quanti-qualitativa exploratória, busca avaliar as redes sociais
e o impacto da visão do outro na construção da autoestima dos adolescentes do ensino médio do Colégio
Estadual Dulcina Cruz Lima, na cidade de Rodelas-BA.

Segundo Prodanov e Freitas (2013, p. 51-52) Pesquisa exploratória é quando a pesquisa se


encontra na fase preliminar, tem como finalidade proporcionar mais informações sobre o assunto que
vamos investigar, possibilitando sua definição e seu delineamento, isto é, facilitar a delimitação do tema
da pesquisa; orientar a fixação dos objetivos e a formulação das hipóteses ou descobrir um novo tipo de
enfoque para o assunto.
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Os dados pertinentes a tentativa de compreensão sobre o impacto das redes sociais na vida dos
adolescentes, foram obtidos por meio de questionários com dez questões, sendo nove objetivas e apenas
uma subjetiva aplicadas em sala de aula para obter a análise de dados sobre o tema. Com uma amostra
de 69 indivíduos, sendo 39 do sexo feminino e 30 masculino. A coleta ocorreu em abril de 2019.

Os procedimentos para o desenvolvimento da pesquisa foram aplicados somente após o


recolhimento dos termos de consentimento livre e esclarecido (TCLE), com as assinaturas da diretora da
escola, dos pais e dos alunos maiores de 18 anos.

A análise dos dados foi quanti-qualitativa, seguindo as seguintes etapas:

A) Coleta de dados;
B) Organização dos conteúdos que permitam a compreensão mais específica;
C) Organização dos dados obtidos em tabelas;
D) Discussão dos dados selecionados em coerência com os objetivos do trabalho.
ANÁLISE

Grande maioria, 69,2% da parcela feminina da amostra e 63,3% da masculina escolheu a opção
"às vezes", e 10,3% de F e 1 3,3% de M respondeu "sempre", quando questionados sobre se importarem
com a visão do outro sobre seu corpo e ao responderem a questão 2, "faz coisas que não gosta para
agradar outras pessoas" grande maioria de ambas as amostras responderam "às vezes", sendo 74,4% de
F e 70,0% M e 5,1% de F e 6,7% de M. O gráfico 1º apresenta essas porcentagens através das quatro
colunas dispostas no quadro, referentes às duas questões citadas acima e também presentes no quadro,
com as opções: “sempre”, “às vezes” e “nunca”.
Gráfico 1º:

1. você se importa com a visão do outro sobre seu


corpo?
2. Faz coisas que não gosta para agradar as pessoas?
80,00%

60,00%

40,00%

20,00%

0,00%
Sempre As vezes Nunca

Feminino1 Masculino1 feminino2 masculino2

Uma das questões em que é possível notar maior diferença entre os gêneros é a 3º onde ao serem
pedidos para delimitar de 1 a 5 o quanto estavam satisfeitos com o próprio corpo, sendo 1 totalmente
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insatisfeito, 2 um pouco insatisfeito, 3 normal, 4 um pouco satisfeito e 5 totalmente satisfeito, nela o nº


1 obteve 5,1% e o nº 2 obteve 30,7% para F contra 3,3% e 10,0% respectivamente para M, enquanto 4
resultou em 38,4% para F e 26,7% para M, enquanto 5 recebeu apenas 18% para F e 46,7% para M, a
diferença no número de membros do grupo masculino que está completamente satisfeita com seu corpo
para o feminino é considerável. Conforme a disposição do gráfico 2, pode-se notar essas diferenças
através das colunas que indicam cada opção dada para ser delimitada de 1 a 5. Cada dupla de coluna -
sendo uma feminina e outra masculina-, representa uma dessas opções, visíveis logo abaixo de cada
coluna.
Gráfico 2º:

Delimite de 1 a 5 o quanto você esta satisfeito com o


seu corpo/aparência
50,00%
45,00%
40,00%
35,00%
30,00%
25,00%
20,00%
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%

Feminino Masculino2

Na quarta pergunta voltamos a ter resultados parecidos em números para ambos os sexos. A
maioria respondeu que não mudaria nada em seu corpo, mas um número considerável de jovens
respondeu "sim" (38,4% F e 30% M) ou "talvez" (10,3 F e 16,7 M), o que diferencia os gêneros nesse
caso são as partes de seus corpos que mudariam.
Apesar da grande maioria considerar-se feliz, 66,7% para F e 73,% para M na questão 5º, a
maioria também diz já ter sofrido bullying por sua aparência, 56,4% F e 43,3% M, na sétima questão os
"não" foram predominantes quanto a se considerarem populares sendo 43,3% F e 33,3% M, seguidos
pelo "talvez" 33,3% F e 33,3% M.
Grande parte desses jovens afirmaram não se sentir influenciado pelo que vê nas mídias sociais
na questão 9, sendo 46,2% F e 46,7% M, mesmo na questão anterior 46,2% da amostra feminina tendo
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assumido usar redes sociais por mais de 8 horas por dia e 40% do grupo masculino mais de 5 horas por
dia, o que são números consideráveis. O gráfico 3º responde à questão, demonstrado, a cada dupla de coluna
-sendo uma coluna feminina e a outra masculina- a frequência que esses jovens usam as redes sociais,
aproximadamente, convertidas em horas.
Gráfico 3º:

Com que frequência você usa as redes sociais diariamente


50,00%
45,00%
40,00%
35,00%
30,00%
25,00%
20,00%
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%
Mais de 1hr mais de 3hrs mais de 5hrs mais de 8hrs

Feminino Masculino

DISCUSSÃO

Ao se obter a resposta “às vezes” na maioria dos casos, nas perguntas 1 e 2, é possível reafirmar
a importância e influência da visão do outro sobre si e na construção da autoestima do adolescente.
Segundo Habigzang, Diniz e Koller (2014), é costume entre os jovens procurar as chamadas tribos
urbanas que compartilhem dos mesmos gostos e visões e estabelecer contato com elas, encontrando lá
seus “grupos de amigos”, uma vez incluídos nesses grupos é esperado dos jovens comportamentos e
padrões e muitas vezes o jovem é pressionado a tal para continuar no grupo. Para Cloutier e Drapeau
(2008) adolescentes com amigos se sentem valorizados e a partir do ponto de vista dos mesmos
estabelecem uma autoavaliação sobre a imagem que passam aos outros, o que é de grande importância
na constituição da autoestima.

Enquanto uma considerável maioria da amostra masculina afirmou estar completamente


satisfeito com seu corpo, 46,7%, apenas 18% da amostra feminina afirmou o mesmo, tendo como
maioria, 38,4%, a resposta “um pouco satisfeito”, seguido por um “pouco insatisfeito” com 30,7%, que
são números consideráveis.

A mídia e a sociedade têm imposto cada vez mais padrões de beleza difíceis de ser alcançados.
Segundo estudo realizado por Silva, Taquette e Coutinho (2014, p. 440) com estudantes de quatro escolas
da rede de ensino público, os jovens tem um padrão de beleza formado para cada sexo:
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O corpo masculino perfeito foi relatado como sendo musculoso, alto, bronzeado,
ombros largos, bíceps definidos e abdômen “tanquinho”. O corpo feminino
idealizado foi o esbelto, ao mesmo tempo com curvas, e de estatura mediana.

Ainda com relação ao estudo de Taquette e Coutinho (2014), é possível afirmar que as meninas
têm uma tendência maior a se cobrar com relação a padrões de beleza.

Segundo Papalia e Feldman (2013) o adolescente passa por grandes mudanças físicas que podem
ter grande importância e um grande impacto na psique desses jovens, considerando-se que a maior
parcela dos adolescentes se preocupa mais com a própria aparência e não gosta do que vê, o que por sua
vez pode desencadear diversos problemas, entre eles a baixa autoestima.

Os números com relação à questão de quererem mudar algo no próprio corpo são bem similares,
sendo 38% sim e 10,3% talvez para a amostra feminina, contra 30% sim e 16,7% talvez para a amostra
masculina. O maior diferencial nessa questão, a única com opção subjetiva, foi o que eles mudariam em
seu corpo: no caso masculino, a grande maioria gostaria de ter um maior porte físico e poucos queriam
mudar outras coisas como cabelo ou nariz; já a parcela feminina foi mais detalhista, apontando como
maior preocupação respostas variadas como boca, seios, dentes, pele, peso.

Na Adolescência o jovem está suscetível a várias mudanças, entre elas o estirão de crescimento,
um aumento repentino de altura que geralmente ocorre nas garotas dois anos antes dos garotos. Além
disso, tem também surgimento de acne em ambos os sexos e ganho de peso e aumento da mama nas
meninas após o estirão, o que pode gerar desconforto, principalmente quando comparadas a outras
garotas e padrões de beleza. (PAPALIA, FELDMAN, 2013).

Segundo Silva, Taquette e Coutinho (2014) Existe uma cobrança maior relacionada às meninas
com relação à padrões de beleza, exigindo-se delas mais com relação aos cuidados com à aparência e
peso.

De acordo com Cloutier e Drapeau (2008) meninos apresentam diferenças quando a questão é a imagem
corporal, enquanto as meninas se analisam mais minunciosamente, escolhendo partes de seu corpo, como
cabelo, quadris, nariz, rosto etc., os meninos falam de maneira mais geral sobre seu corpo focando no
porte físico.

Segundo pesquisas, a insatisfação com o corpo nas meninas na adolescência está, na maioria das
vezes, ligada ao desenvolvimento pubertário, enquanto nos meninos é o contrário, aumentando a sua
satisfação com relação ao seu corpo de acordo com o surgimento das mudanças. (CLOUTIER,
DRAPEAU apud STICE,2008, p. 79)

O número de jovens que diz ter sofrido bullying por sua aparência é também consideravelmente
grande, 56,4% para F e 43,3% para M. Nesta fase a imagem corporal atua como grande fator
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influenciador no processo de desenvolvimento da autoestima do adolescente e torna-o muito suscetível


à opinião do outro, o que pode acabar acarretando em diversos problemas, dentre eles ansiedade e
distúrbios alimentares, com relação a isso ter apoio da família e tato é de grande importância.
(CLOUTIER, DRAPEAU, 2008)

Com relação a redes e mídias sociais, a maioria em ambos os sexos afirmou não se sentir
influenciado pelo que vê nas mídias sociais, sendo 46,2% F e 46,7% M, o que não anula o fato de uma
boa parcela afirmar se sentir influenciado, 30,8% F e 33,3% M. Em contrapartida, o tempo de uso das
redes sociais é consideravelmente alto, sendo que 46,2% F afirma usar por mais de 8hr por dia e 40% de
M afirma usar por mais de 5hr por dia. A rede social mais usada por F e M, em uma questão de múltipla
escolha, onde poderiam escolher mais de uma opção, é o WhatsApp, rede social usada principalmente
para troca de mensagens, sendo respectivamente 100% e 80%; seguido pelo Instagram com
respectivamente 69,2% e 66,6%.

Segundo Cloutier e Drapeau (2008) os padrões de beleza vinculados hoje na sociedade ocidental
são quase impossíveis de se atingir, tendo como maior precursor e veículo a mídia, o tempo todo somos
expostos a mulheres extremamente magras e homens de corpos esculturais que não condizem com a
realidade da sociedade, mas são impostos como ideais e nos são dados métodos e instruções, para
consegui-los.

De acordo com estudo de Lira, et al. (2017), realizado com 454 garotas adolescentes de São Paulo
capital e 140 de Marília, o acesso diário de mais de 10 vezes ao Facebook ou Instagram aumentaram
consideravelmente as chances de ter insatisfação com relação a sua imagem corporal, a imagem mental
que cada um tem do seu próprio corpo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com os dados obtidos pôde-se chagar a uma conclusão satisfatória com relação à
importância da visão do outro no desenvolvimento da autoestima do jovem durante a adolescência, assim
como entender de forma mais clara como esses jovens se sentem com relação a si mesmos.

Pôde-se notar que os adolescentes têm estado bastante suscetíveis a influências de padrões que
não representam nossa sociedade e, consequentemente, cada vez mais se importando com a visão do
outro sobre ele. Outro fator notável é a diferença nas preocupações entre os gêneros. Adolescentes do
gênero feminino têm maior preocupação com rosto, pequenos detalhes e o ganho de peso; e os do gênero
masculino, estão mais votadas para a questão da virilidade, ambicionando corpos fortes e musculosos e
planejando fazer academia.
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Mas quanto a questão da influência das redes sociais, concluiu-se que estes jovens estão cada vez mais
envolvidos com este mundo tecnológico, gastando boa parte do seu tempo nas mesmas e provavelmente
sendo influenciados por tais. No entanto, os dados obtidos foram limitados e acabaram deixando um
resultado inconclusivo, tanto por falta de mais perguntas direcionadas à influência das mídias sociais no
processo de desenvolvimento da autoestima dos adolescentes, quanto à dificuldade para encontrar artigos
atuais sobre.

Em caso de possíveis estudos futuros aconselha-se que sejam adicionadas mais questões
relacionadas às redes sociais e o relacionamento entre jovens através delas, ou até mesmo um estudo
com as redes sociais e sua influência no desenvolvimento da autoestima como único foco, já que é uma
área consideravelmente nova e que está em constante evolução e mudanças de acordo com os avanços
da nossa sociedade, tecnologia e surgimento de novas redes sociais.

REFERÊNCIAS

BOCK, Ana. A Adolescência Como Construção Social: Estudo Sobre Livros Destinados A Pais E
Educadores. Adolescência Como Uma Construção Social. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/pee/v11n1/v11n1a07. Acesso em: 09 de maio de 2019.
CLOUTIER, Richard; DRAPEAU, Sylvie. Psicologia da Adolescência. Tradução de Stephania
Matousek. 3ª ed. – Petrópolis, 2012, ed. Vozes Ltda.
Eisenstein E. Adolescência: definições, conceitos e critérios. Adolesc Saúde. 2005;2(2):6-7. Disponível
em: http://adolescenciaesaude.com/detalhe_artigo.asp?id=167. Acesso em 07 de maio de 2019.
HABIGZANG, Luísa F.; DINIZ, Eva; KOLLER, Sílvia H. Trabalhando com Adolescentes: Teoria e
Intervenção Psicológica. Artmed Editora Ltda, 2014.
LIRA, Ariana Galhardi; GANEN, Aline de Piano; LODI, Aline Sinhorini; ALVARENGA, Marle dos
Santos. Uso de redes sociais, influência da mídia e insatisfação com a imagem corporal de adolescentes
brasileiras. J Bras Psiquiatr, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v66n3/0047-2085-
jbpsiq-66-3-0164.pdf. Acesso em: 21 de maio de 2019.
PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth D. Desenvolvimento Humano. Tradução de Carla Filomena
Marques Pinto Vercesi. 12 ed. – Porto Alegre: AMGH, 2013.
RODRIGUES, Aroldo; ASSMAR, Eveline M. L.; JABLONSKI, Bernardo. Psicologia Social. 31ª ed. –
Petrópolis, RJ, 2000. Ed. Vozes Ltda.
SANTROCK, John W. Adolescência. Tradução de Sandra Mallman da Rosa. 14ª ed. AMGH Editora
Ltda, 2014.

SILVA, Maria L. de Abreu; TAQUETE, Stella Regina; COUTINHO, Evandro S. F. Sentidos da imagem
corporal de adolescentes no ensino fundamental. Rev. Saúde Pública, 2014. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rsp/v48n3/pt_0034-8910-rsp-48-3-0438.pdf. Acesso em: 21 de maio de 2019.

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