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Brazilian Journal of Development 103082

ISSN: 2525-8761

Trilhas de aprendizagem e elementos de acessibilidade digital na EaD


Amazônica

Learning trails and elements of digital accessibility in Amazonian EaD

DOI:10.34117/bjdv7n11-094

Recebimento dos originais: 13/10/2021


Aceitação para publicação: 08/11/2021

Adriele Maiara Carneiro Muniz


Discente do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão em Educação à Distância
do Instituto Federal de Rondônia Campus Porto Velho Zona Norte
e-mail: adriele.mcm@gmail.com

Aline Heveny Sousa Dias


Discente do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão em Educação à Distância
do Instituto Federal de Rondônia Campus Porto Velho Zona Norte
e-mail: alineheveny@gmail.com

Anabela Aparecida Silva Barbosa


Docente Mestre em Educação Escolar do Instituto Federal de Rondônia Campus Porto
Velho Zona Norte
e-mail: anabela.barbosa@ifro.edu.br

Rafael Nink de Carvalho


Docente Mestre em Matemática do Instituto Federal de Rondônia Campus Porto Velho
Zona Norte
e-mail: anabela.barbosa@ifro.edu.br

RESUMO
As Trilhas de Aprendizagem podem ser identificadas por estratégias utilizadas para estimular a
aprendizagem de discentes baseadas na personalização. Dentro da dinâmica de aprendizagem,
alguns elementos podem ser facilitadores. Os recursos de acessibilidade, em conjunto com as
classificações de trilha de aprendizagem, serviram de base para avaliar os ambientes virtuais de
duas instituições distintas de ensino particulares, de dois cursos diferentes, um focado na área de
tecnologia e outro na área da saúde. A metodologia utilizada baseou-se na análise das páginas dos
ambientes virtuais de aprendizagem, visando estabelecer os principais elementos de
acessibilidade apresentados e os formatos das trilhas utilizadas pelas instituições. Observa-se que
uma das plataformas possui alguns elementos de acessibilidade e a outra possui elementos de
acessibilidade mais intuitivos, o que favorece o uso das trilhas de formas diferentes, na busca do
melhor aproveitamento dos alunos nestas instituições. Dessa forma, a ampliação do tema no
presente estudo, torna-se essencial para o avanço do conhecimento científico sobre trilhas de
aprendizagem, como ferramenta de melhoria do percurso educacional em Ambientes Virtuais de
Aprendizagem e de Acessibilidade, contribuindo assim para a desmistificação e aplicabilidade
deste conceito no processo pedagógico entre as principais instituições de ensino superior.

Palavras-chave: Acessibilidade; Trilhas de Aprendizagem; AVA.

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ABSTRACT
Learning Trails can be identified by strategies used to stimulate learners' learning based
on personalization. Within the learning dynamics, some elements can be facilitators. The
accessibility resources, together with the learning trail classifications, served as a basis to
evaluate the virtual environments of two different private educational institutions, from
two different courses, one focused on the technology area and the other on the health area.
The methodology used was based on the analysis of the virtual learning environments'
pages, aiming to establish the main accessibility elements presented and the formats of
the learning paths used by the institutions. It is observed that one of the platforms has
some elements of accessibility and the other has more intuitive elements of accessibility,
which favors the use of the trails in different ways, in the search for the best use of
students in these institutions. Thus, the expansion of the theme in this study becomes
essential for the advancement of scientific knowledge about learning trails, as a tool to
improve the educational path in Virtual Learning Environments and Accessibility, thus
contributing to the demystification and applicability of this concept in the pedagogical
process among the main institutions of higher education.

Keywords: Accessibility; Learning Trails; VLE.

1 INTRODUÇÃO
Com a globalização do ensino EaD e a introdução de novas Tecnologias Digitais
de Informação e Comunicação (TDICs) nas práticas educacionais surge a necessidade de
serem adotadas novas metodologias, mais personalizadas, que contribuam e otimizem o
aprendizado em ambientes virtuais, como por exemplo, a utilização das trilhas de
aprendizagem.
A definição do termo trilha, em seu sentido literal, indica ato ou efeito de trilhar,
deixar vestígios por onde passa. Em seu sentido figurado, pode ser entendido como
caminho a seguir, exemplo a ser imitado, um modelo. Já o termo aprendizagem, vem da
palavra aprender, significando ficar sabendo, reter na memória, tomar conhecimento,
adquirir habilidade. Em resumo, trilhas de aprendizagem podem ser consideradas como
um modelo de aprendizagem (Lopes & Lima, 2019).
Segundo dados do Censo EaD BR 2018/2019 da Associação Brasileira de
Educação a Distância (ABED), o número de matrículas de alunos em todas as
modalidades EaD, passou de 7.773.828, em 2017, para 9.374.647, em 2018, ou seja, teve
um crescimento de 17%. Tal modalidade é a que mais cresce, totalizando mais de 9
milhões de alunos no Brasil.
Entretanto, um dos pontos que mais preocupam as instituições de ensino é a evasão
escolar, pois muitos estudantes abandonam os cursos de EaD no meio do processo. A

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taxa de evasão em 2018 ficou entre 26% e 50%, sendo que em 2017, esse número era de
6% (ABED, 2019). Possíveis explicações para esse aumento significativo são o excesso
de oferta de cursos e o crescimento vertiginoso no número de matrículas que,
consequentemente, elevam a probabilidade de evasão.
Além disso, no ensino EaD existe muita flexibilidade de tempo e espaço, onde os
alunos precisam definir horários fixos de estudo em casa e/ou no trabalho para se dedicar
ao curso. Também a distância física entre professor e aluno, muitas vezes pode causar
uma sensação de isolamento por parte do aluno. Com isso, as diversas trilhas de
aprendizagem podem ser utilizadas como estratégias de intervenção e ações
personalizadas, evitando assim a tendência de evasão.Para contornar essas situações as
instituições de ensino precisam utilizar estratégias diferenciadas especialmente com o
intuito de gerar soluções práticas que atendam às necessidades e expectativas de
professores e alunos de cursos EaD. Uma destas alternativas pedagógicas é a utilização
das trilhas de aprendizagem, como uma ferramenta potencialmente eficaz no estímulo da
criatividade, da autonomia, do interesse e do estímulo à permanência e êxito no curso.
Considerando o contexto da EaD é importante investigar como as diferentes
trilhas de aprendizagem e os elementos de acessibilidade podem contribuir para o
processo de ensino aprendizagem?
Parte-se da hipótese de que, a noção de trilhas de aprendizagem parece ajustar-se
melhor à lógica das competências no processo de ensino aprendizagem na EaD, por
considerar não apenas as expectativas da instituição em relação ao desempenho de seus
alunos, mas também, ritmos, estilos de aprendizagem e preferências pessoais.
Tendo como base modelos de trilhas de aprendizagem, juntamente com a
indicação dos melhores recursos ou elementos a serem utilizados, estes deverão ser pontos
bastante relevantes na busca de um ensino personalizado e inovador, com foco no
desenvolvimento de novos modelos de aprendizagem.
Com isso, o objetivo desta pesquisa é comparar duas trilhas de aprendizagem em
dois sistemas de Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), analisando critérios de
acessibilidade, no processo educativo na EaD para diferentes públicos.
Para tanto, foram delineados os seguintes propósitos: descrever as principais
características de trilhas de aprendizagem de acordo com as produções científicas da área;
comparar 02 (duas) trilhas de aprendizagem em ambientes virtuais de aprendizagem
(AVA) de instituições diferentes e; relacionar a interdependência entre as trilhas de
aprendizagem na EaD e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs).

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O procedimento metodológico de investigação que norteará o presente artigo é o


dialético qualitativo de natureza básica, visando interpretar a dinâmica total da realidade,
com objetivo descritivo, por meio de pesquisa bibliográfica. As comparações das
diferentes trilhas de aprendizagem foram feitas em dois ambientes virtuais de
aprendizagem, com foco principalmente em elementos de acessibilidade e sob critérios
de avaliação como o Design Instrucional, Modelo Pedagógico, Arquitetura das Trilhas de
Aprendizagem, Tipo da Plataforma.

AS TRILHAS DE APRENDIZAGEM
Com a expansão da Educação a Distância, o crescimento exponencial da
informação e do conhecimento, e a incorporação de novas tecnologias, é que as trilhas de
aprendizagem vêm sendo bastante utilizadas como uma ferramenta para viabilizar
processos de aprendizagem de pessoas, principalmente no meio corporativo das
organizações.
Vale ressaltar que, tanto no meio organizacional quanto no meio educacional, o
uso das trilhas tem o mesmo intuito: a formação, com base em competências. Porém, as
organizações têm avançado muito mais do que as instituições educacionais, pois nesse
caso é contratada uma empresa de consultoria que monta um plano de capacitação, para
que os profissionais, técnicos e gestores escolham a trilha de aprendizagem mais
adequada aos objetivos da empresa.
Muller (2012), destaca a utilização de trilhas de aprendizagem como recurso
estratégico para a excelência do desempenho das organizações, juntamente com a
conscientização dos gestores, principalmente daqueles que se incumbem de planos de
capacitação e qualificação de seus colaboradores. Desse modo, com a possibilidade de se
conduzir programas de formação, sem a imposição deste ou daquele modelo, é dada a
oportunidade aos profissionais de decidirem e serem protagonistas do seu próprio
caminhar, ao escolher o melhor percurso ou trilha que atenda às suas necessidades
pessoais e corporativas.
Como exemplo de utilização de trilhas a nível local, pode-se citar a implementação
do Projeto Trilhas de Aprendizagem, da Escola da Magistratura do Estado de Rondônia
(Emeron), para a capacitação e desenvolvimento de servidores do judiciário rondoniense.
O programa, publicado na edição de 24 de maio, resolução nº 142/2020, encontra-se
alinhado à Política Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Servidores do Poder
Judiciário.

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De acordo com TJRO (Tribunal de Justiça de Rondônia), a proposta das trilhas


encontra-se no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) da Emeron e as capacitações
dos servidores efetivos e comissionados, ficam organizadas em trajetórias alinhadas com
o desenvolvimento pessoal e profissional, por segmento de atuação, temas e perfis
associados a matrizes de competências e de desempenho, necessárias ao alcance de
objetivos estratégicos.

A IMPORTÂNCIA DOS AVAS NAS TRILHAS DE APRENDIZAGEM


De acordo com Ramos (2017), foi por meio do uso de novas Tecnologias Digitais
de Informação e Comunicação (TDICs), que surgiram os Ambientes Virtuais de
Aprendizagem (AVA), ferramenta na qual discentes e docentes podem interagir de forma
síncrona e assíncrona. Assim, a EaD passou a utilizar o AVA como principal ferramenta
para mediar a relação entre alunos, professores e conteúdo.
Como exemplos de Ambientes Virtuais de Aprendizagem, podemos citar a
plataforma Moodle, Blackboard, TelEduc, LMS, Teleduc (desenvolvido pela Unicamp),
AulaNet (criado pela PUC Rio), E-Proinfo (Desenvolvido pelo MEC mas
descontinuados).
Normalmente, os Ambientes Virtuais de Aprendizagem, além de serem formados
por diversas ferramentas que potencializam o processo de ensino-aprendizagem, também
coletam dados sobre os usuários. Neste sentido, o monitoramento do aprendiz pode ser
realizado por meio da observação das ações que ele executa dentro do sistema, sendo
estes caminhos também conhecidos como Trilhas de Aprendizagem.
A partir dos dados armazenados em registros, isto é, de como o aluno utilizou o
ambiente virtual, é possível desenhar uma trilha de aprendizagem para auxiliar o docente
a identificar que ajuda é necessária para um aluno ou uma turma.

Para o acompanhamento, é preciso fornecer dados relevantes para identificar


que ajuda é necessária para um aluno específico. Nesse contexto, a análise do
comportamento do aluno e a coleta de informações, que permitam melhorias
no aprendizado, também podem ser obtidas das trilhas de aprendizagem [...]
(RAMOS, 2017)

Assim, o docente, ou o próprio AVA, por meio de processos de mineração de


dados (BARBOSA, CARVALHO, 2020), pode personalizar o aprendizado, com
informações úteis para definir o perfil do aprendiz, o seu comportamento e identificar
suas dificuldades e necessidades, mantendo-se um acompanhamento em tempo real.
Porém, quando se trata de utilizar informações dos usuários, em geral, estes processos

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precisam ser acessados por meio de ferramentas específicas ou modelos baseados em


dados pré-definidos, além do que, poucos trabalhos científicos relatam este recurso de
forma visual como na forma de grafos, como pode-se observar em buscas no portal da
CAPES ( Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
De maneira geral, as trilhas de aprendizagem nada mais são do que a
sistematização do modo de aprender, ou seja, um conjunto integrado e contínuo de ações
destinadas ao desenvolvimento de pessoas e profissionais. Entretanto, vários autores
definem esta metodologia de aprendizagem baseada em pontos específicos relacionados
à forma e ao objetivo das trilhas de aprendizagem.

Quadro 1: Alguns conceitos de trilhas de aprendizagem.

Fonte: Autoras, 2021/Genially.

Segundo Lopes & Lima (2019), as trilhas de aprendizagem podem ser


categorizadas de acordo com suas peculiaridades, como pode ser visto na figura 1.

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Figura 1: Categorias de trilhas de aprendizagem.

Fonte: Lopes & Lima (2019).

Nesta primeira etapa, foi realizada ainda uma pesquisa bibliográfica e uma análise
preliminar sobre o tema de trilhas de aprendizagem, em plataformas de periódicos e
artigos científicos, para ampliação e aprofundamento sobre a temática em todos os seus
aspectos. A partir disso, tentou-se identificar quais seriam os possíveis elementos
adotados nas trilhas de aprendizagem, mais pertinentes para a definição dos critérios a
serem comparados nas trilhas das duas instituições.
Após esse levantamento da pesquisa bibliográfica, foram elencados três elementos
essenciais para a elaboração de trilhas de aprendizagem: design instrucional, modelo
pedagógico e acessibilidade. Entretanto, para a comparação dos ambientes virtuais, o
critério da acessibilidade ficou definido como o principal elemento de coleta de dados,
visando-se assim avaliar se estes ambientes possuem recursos que possam ser utilizados
por portadores de necessidades especiais. Diante deste propósito é importante apresentar
alguns aportes conceptivos dos elementos que serviram de análise.

● Design Instrucional (DI)


Um elemento bastante importante, considerado hoje como um dos grandes
recursos de tecnologia na educação, é o Design Instrucional (DI). A expressão design
instrucional, de acordo com Filatro (2007), vem do termo em inglês instructional design
e busca o mesmo significado do francês ingénierie pédagogique ou engenharia
pedagógica. Pode-se dizer ainda, que o design instrucional é um campo de estudo que
trata do processo de aprendizagem, em qualquer modalidade de ensino presencial,
semipresencial ou a distância.

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De forma mais aprofundada, o design instrucional é “o processo sistemático de


planejar, desenvolver e aplicar métodos, técnicas e atividades de ensino, a partir dos
princípios de aprendizagem e instrução conhecidos, a fim de facilitar, através de materiais
e eventos educacionais, a aprendizagem e a compreensão humana”. (FILATRO, 2007,
p.65)
Para entender de fato essas premissas, faz-se necessário reconhecer alguns
conceitos atrelados ao design instrucional: a pedagogia, que se refere à aprendizagem de
crianças e adolescentes; a Andragogia, que diz respeito à aprendizagem de adultos; e a
Heutagogia, que trata da aprendizagem autônoma, independente da faixa etária. Conhecer
bem cada um desses conceitos como perfis distintos, torna-se fundamental para um
designer instrucional trabalhar de forma eficiente e prática de acordo com o público-alvo.
Kenski (2019) afirma que o mercado de trabalho para quem deseja fazer design
instrucional para cursos online é bastante promissor, pois trata-se de uma modalidade
geralmente voltada a um público adulto, que muitas vezes não tem tempo e recorre aos
estudos para atender a uma necessidade profissional. Por isso, é necessário inovar para
cativar o aluno de EaD. Assim, para superar a complexidade e as exigências desta
modalidade, o designer instrucional deve apresentar uma maior versatilidade para
trabalhar com outros especialistas, devendo também conhecer de educação, tecnologia,
produção e gestão de ensino.
Munhoz (2016) propõe o que chama de projeto instrucional, em que há o
detalhamento de cada unidade didática com recomendações práticas, ou seja, se haverá a
utilização de materiais impressos, ambientes digitais, gamificação, aprendizagem baseada
em problemas, sala de aula invertida, entre outras. Assim, considera o projeto instrucional
essencial para as instituições de ensino superior e elemento necessário para preparar e
planejar todas as atividades de um ambiente virtual de aprendizagem.
Mattar (2014) sugere o design educacional como um modelo pedagógico mais
flexível e menos rígido, incluindo planejamento, elaboração e o desenvolvimento de
projetos. Para isso, sugere materiais educacionais e ambientes colaborativos,
incorporando-se bastante elementos de interatividade, design de games, por exemplo, e
modelos de avaliação para o processo de ensino e aprendizagem.

• Modelo pedagógico
Behar (2009), afirma que para a definição de um modelo pedagógico adaptado a
EaD, as competências que o aluno precisa desenvolver e que são muito importantes para

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participar de um curso a distância são: competência tecnológica, saber aprender em


ambientes virtuais de aprendizagem e o uso da comunicação escrita. Assim, estudos sobre
construção do conhecimento, autonomia, autoria e interação contribuem para a
construção de um espaço heterárquico, sendo este pautado pela cooperação, pelo respeito
mútuo, pela solidariedade, por atividades centradas no aprendiz e na identificação e na
solução de problemas.
Todavia, como ressalta Filatro (2018), para a elaboração de um modelo
educacional é preciso ter em mente quem é o seu interlocutor, criar uma Persona para
pensar como esse aluno, a fim de estabelecer com ele um diálogo didático que simule a
comunicação real em sala de aula, e então ajustar sua linguagem e suas orientações às
suas características e necessidades.
Carbone (2016) destaca ainda, a importância de conhecer as abordagens teóricas
e metodológicas da utilização das trilhas de aprendizagem na gestão de competências, em
função da exaustão dos modelos de produção, o que desafia as organizações a repensarem
suas práticas, tanto em função das possibilidades quanto das exigências e do dinamismo
impostas pelo mercado. Assim, entre as metodologias para a capacitação de pessoas, a
construção de trilhas de aprendizagem proporciona a flexibilidade de poder optar por
caminhos diferentes, reduzindo custos, aumentando a satisfação do usuário e ao mesmo
tempo em que desenvolve competências nas organizações.
O modelo pedagógico depende da vertente filosófica que a instituição declara ou
possui subliminarmente. Pode variar de acordo com tendências pedagógicas (LIBÂNEO,
1985) ou afiliar-se a alguma prática educativa específica sobre aprendizagem baseada em
algum fundamento ou abordagem psicológica, genética, social tais como montessoriana,
construtivista, sócio-interacionista, behaviorista (KNUD, 2013) entre outras, cuja
nomenclatura pode ser diferente inclusive.

● Acessibilidade
O termo acessibilidade significa incluir a pessoa com deficiência na participação
de atividades como o uso de produtos, serviços e informações. O artigo 9, do decreto n°
6949, 2009 é dedicado à acessibilidade. O direito à educação superior está fundamentado
nos princípios e diretrizes contidos na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência (ONU 2006) e nos Decretos n°. 186/2008, nº 6.949/2009, nº 5.296/2004, nº
5.626/2005 e nº 7.611/2011.

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Tais normativas listam algumas orientações para oferecer acessibilidade,


especialmente o Decreto n.6949/2009 artigo 24, item 2:

c) Adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais sejam


providenciadas;
d) As pessoas com deficiência recebam o apoio necessário, no âmbito do
sistema educacional geral, com vistas a facilitar sua efetiva educação;
e) Medidas de apoio individualizadas e efetivas sejam adotadas em ambientes
que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta
de inclusão plena. (BRASIL, 2009)

Na internet, a acessibilidade refere-se principalmente às recomendações do


WCAG (World Content Accessibility Guide) do W3C e no caso do Governo Brasileiro
ao e-MAG (Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico) (BRASIL, 2013). Ainda
o Programa Incluir traz algumas indicações, das quais se destaca às destinadas ao
currículo, comunicação e informação:

A garantia de pleno acessso, participação e aprendizagem das pessoas com


deficiência, dá-se por meio da disponibilização de materiais didáticos e
pedagógicos acessíveis; de equipamentos de tecnologia assistiva e de serviços
de guia-intérprete e de tradutores e intérpretes de Libras. (BRASIL, 2013)

Assim, de acordo com as diretrizes destacadas, dentre as ações para promoção da


acessibilidade em sistemas educacionais encontram-se:
● Aquisição de recursos de tecnologia assistiva para promoção de acessibilidade
pedagógica, nas comunicações e informações;
● Aquisição e desenvolvimento de material didático e pedagógico acessíveis.
Nesse sentido a EaD possibilita que a educação seja democrática, com tendências
inclusivas, devendo o aspecto da acessibilidade ser um item bastante importante a ser
buscado. De acordo com dados do IBGE (2010), a cada 100 (cem) pessoas, 19 (dezenove)
possuem deficiência visual, 7 (sete) deficiência motora, 5 (cinco) deficiência auditiva e 1
(um) com deficiência mental ou intelectual, tornando-se um grupo de pessoas
considerável em que deve ser pensado em como se fazer educação à distância.
Pessoas com dificuldades motoras e de mobilidade encontram na educação à
distância a vantagem de não necessitar de deslocamento para o acesso à educação,
podendo estudar em suas próprias casas. Pessoas cegas também podem ter autonomia em
seu processo na busca de conhecimento. Dessa maneira, para que a educação a distância
seja considerada realmente inclusiva e acessível, ela deve garantir ao aprendiz que o
Ambiente Virtual de Aprendizagem seja autônomo, garantindo seu acesso e utilização de
todos os seus recursos.

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Salton (2014), refere-se ao aspecto da acessibilidade alinhado ao conceito de


Tecnologia Assistiva (TA), que tem como propósito aparelhar todas as áreas de contexto
social das pessoas com deficiência, tornando-se essencial para a utilização do ambiente
virtual de aprendizagem, proporcionando uma melhor independência, qualidade de vida
e inclusão social. Na educação, a utilização de recursos de Tecnologia Assistiva por
pessoas com deficiência ou com alguma limitação torna-se essencial, fazendo toda a
diferença para que as mesmas possam interagir com o ambiente e com os materiais na
EaD. Portanto, é preciso pensar em espaços, recursos e materiais que permitam um bom
nível de interação. Neste contexto, alguns dos recursos de Tecnologia Assistiva mais
utilizados são os que permitem ou facilitam o acesso ao computador e à Web. Entre os
recursos de acesso estão dispositivos de entrada, como mouses, teclados e acionadores;
bem como os dispositivos de saída com resposta sonora ou informação tátil, por exemplo.

TRILHA METODOLÓGICA
O procedimento metodológico utilizado para a realização da pesquisa, caracteriza-
se como um estudo de caso, baseado em uma abordagem qualitativa, com a finalidade de
fazer um estudo comparativo entre dois AVAs (Ambientes Virtuais de Aprendizagem),
de duas Instituições de Ensino Superior.
O primeiro ambiente virtual escolhido foi do curso de graduação em
Farmácia/EaD, da Faculdade da Amazônia/UNAMA, Pólo Porto Velho - RO, que adota
a plataforma Blackboard. A faculdade da Unama integra o grupo SER EDUCACIONAL
voltado para a educação a distância ou híbrido, constituído pelas instituições
UNINASSAU, UNIVERITAS, UNIVERITAS/UNG, UNAMA E UNINABUCO. O
segundo ambiente virtual, da instituição ESAB (Escola Superior Aberta do Brasil), possui
uma plataforma própria denominada SGEI (Sistema Gestor de Educação Integrado),
registrada no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial e Intelectual).
A partir destas definições, das análises sobre trilhas de aprendizagem e com base
em Tecnologias Assistivas (TA), como critérios de avaliação em cada ambiente virtual
foram considerados seis elementos: Design Instrucional, Modelo Pedagógico,
Arquitetura das Trilhas de Aprendizagem, Tipo da Plataforma, e características de
Acessibilidade , tais como: orientação, atividades previstas nas trilhas, imagens com
descrição, diferenças de contraste, vídeos com legenda ou áudio com transcrição, textos
com clareza, dentre outros elementos.

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Em relação aos procedimentos de coleta e análise dos dados em questão, foram


realizadas leituras dos textos e a observação de imagens dos ambientes virtuais, como
forma de levantamento de informações qualitativas e relevantes para a construção de um
quadro comparativo, no intuito de estabelecer uma revisão sistemática dos múltiplos
aspectos da realidade.
Com isso, não houve a tentativa de estabelecer qual é o melhor ambiente virtual de
aprendizagem, apenas foram definidos os elementos que identificam a instituição que
possui elementos de fácil utilização por parte dos discentes.

REFLEXÕES TRILHADAS
O ensino à distância permite aos seus usuários a flexibilidade de acessar os
recursos dos ambientes virtuais no momento e local desejados. Assim, a EaD tem se
apresentado como uma modalidade potencialmente inclusiva, capaz de possibilitar às
pessoas com deficiência, o acesso ao computador e à Web de forma prática e
independente.
Os conteúdos em EaD podem ser desenvolvidos à luz dos Princípios de Design
Universal para Conteúdo Web, dentre outras diretrizes, buscando que as plataformas
atendam aos padrões de acessibilidade, pois esta deve ser considerada desde o início do
projeto de criação de um objeto de aprendizagem, e não uma adaptação posterior à sua
criação (MACEDO, 2010).
As plataformas foram avaliadas em relação ao design instrucional, modelo
pedagógico, arquitetura das trilhas de aprendizagem, tipo de plataforma e elementos de
acessibilidade, visando a comparação das duas plataformas.
Neste sentido, foram analisados dois Ambientes Virtuais de Aprendizagem, assim
denominados: Plataforma A e Plataforma B.

● Plataforma A
O primeiro ambiente virtual analisado, foi o da Faculdade da Amazônia/UNAMA,
do curso de graduação em Farmácia/EaD, que utiliza o Sistema Blackboard (denominado
de Plataforma A).
Como forma de análise inicial da Plataforma A, observou-se a estrutura de
organização do ambiente apresentado pela instituição, que conta com atividades de
percurso (desafio colaborativo), questionário e atividade contextualizada (relatório de
aula prática).

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Figura 2: Página inicial do Blackboard.

Fonte: Site da instituição, 2021

Este desafio colaborativo, possui moldes de um fórum, em que é obrigatório uma


postagem voltada ao tema proposto e pertinente à disciplina, sendo determinante para a
nota a interação com mais 3 postagens. As disciplinas possuem 4 (quatro) questionários,
referente a cada unidade do livro auxiliar da disciplina em curso. A atividade
contextualizada é apresentada por um tema e deve-se dissertar, na maioria dos casos, por
30 (trinta) linhas.
Na página inicial do Blackboard, há ainda a informação, dada pela própria
instituição, de que esta possui liderança no mercado, no quesito de acessibilidade em seus
produtos, pois são definidas por diretrizes internacionalmente reconhecidas.

Figura 3: Ferramentas de acessibilidade Blackboard

Fonte: Site da instituição, 2021

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No ambiente da Plataforma A, também pode-se observar que este apresenta uma


ferramenta de ajuda, onde o usuário pode ter acesso facilmente, clicando no botão de “seta
para baixo” ao lado do ícone de interrogação, como demonstrado na figura 4 abaixo.

Figura 4: Ferramenta de ajuda do ambiente Blackboard.

Fonte: Site da instituição, 2021.

Abre-se assim uma janela, que funciona como central de ajuda ao usuário, onde
os recursos de acessibilidade estão presentes. Dessa forma, ao clicar em “Acessibilidade”,
podemos observar outras informações sobre os diversos recursos do sistema, como por
exemplo, “legendar conteúdo de vídeo”, “participação em discussões”, “visualizar suas
notas”, entre outras funcionalidades, conforme figura 5.

Figura 5: Algumas funcionalidades do recurso de Acessibilidade do ambiente Blackboard.

Fonte: Site da instituição, 2021

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Ao escolher a opção desejada, o usuário é direcionado para os recursos de


acessibilidade, que são iniciados através de novas janelas, com os materiais de conteúdo
acessível.
Ao acionar o recurso de “Legendar conteúdo de vídeo”, por exemplo, essa
ferramenta poderá auxiliar o usuário com deficiência auditiva, não nativos da língua, com
problemas auditivos ou que estão sendo alfabetizados, a interagirem com os recursos de
Tecnologia Assistiva que está sendo utilizado. O Blackboard não cria legendas
automáticas, mas oferece suporte para todos os tipos de mídia que possam ser carregadas.
Neste contexto, presume-se que os textos devam possuir informações suficientes
de audiodescrição. E, as imagens com descrições de forma sucinta, caso sejam simples, e
detalhadamente, caso sejam complexas.
Para auxiliar o usuário com deficiência ou limitações visuais, a Plataforma A
oferece o recurso de Leitor de tela JAWS (acrônimo para Job Access With Speech), que
é um software desenvolvido pela empresa americana Freedom Scientific considerado, um
dos mais populares no mundo, utilizado pelas instituições governamentais inclusive.
O leitor de tela JAWS é utilizado principalmente por pessoas cegas, que fornece
informações através de síntese de voz sobre os elementos exibidos na tela do computador.
Esse tipo de software interage com o sistema operacional, capturando as informações
apresentadas na forma de texto e transformando-as em resposta falada através de um
sintetizador de voz. Pessoas com baixa visão e pessoas com dislexia também podem fazer
uso dos leitores de tela.
Dessa forma, observa-se que o ambiente da Plataforma A, possui a ferramenta
“Blackboard Learn com o JAWS”, o que possibilita a leitura de tela para o usuário com
deficiência visual. Entretanto, o sistema não é intuitivo, sendo necessário a instalação de
um aplicativo de leitura de tela para que seja executada essa função. Portanto, apesar do
Blackboard possibilitar a utilização destas ferramentas de acessibilidade, este porém,
apresenta certa dificuldade para sua utilização.
Em relação às trilhas do sistema Blackboard, estas são apresentadas de forma
linear, como na classificação de Lopes & Lima (2019). As atividades podem ser
executadas na ordem determinada pelo aluno, porém, todas devem ser cumpridas para
composição da nota final.
Na plataforma A observa-se que o design instrucional é voltado para o
desenvolvimento do conteúdo. O aluno desenvolve o conteúdo a partir do conhecimento
prévio do discente.

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Em resumo, a Plataforma A possui várias ferramentas de interação para o aluno buscar


seu próprio método de aprendizagem, porém, para pessoas com deficiências visuais, por
exemplo, pode não ser tão fácil localizar informações desejadas no sistema
disponibilizado.

● Plataforma B
O segundo ambiente analisado, da instituição ESAB (denominado Plataforma B),
produziu seu próprio ambiente virtual de aprendizagem. A apresentação do ambiente
possui um “campus virtual (AVA)”, com as principais funções acadêmicas, e outro
ambiente denominado “sala de aula”, com as disciplinas e atividades que podem ser
executadas pelo aluno, como mostra a figura 7 e 8.

Figura 7: Página inicial da ESAB, visão geral.

Fonte: Site da instituição, 2021

Figura 8: Página inicial da ESAB, canto superior.

Fonte: Site da instituição, 2021

A metodologia avaliativa da instituição consiste em atividades dissertativas,


banco de questões objetivas e avaliação final. As atividades dissertativas de cada

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disciplina são propostas de 5 (cinco) temas, em que o aluno pode escolher no mínimo 3
(três) temas. O aluno decide qual tema pesquisar e dissertar.
O ambiente virtual da Plataforma B, possui ainda recursos de acessibilidade logo
na sua página inicial, que são de aumento, diminuição ou tamanho normal de letras,
conforme a figura 9.

Figura 9: Localização dos recursos de acessibilidade.

Fonte: Site da instituição, 2021

Este ambiente também dispõe de recursos de contraste, como o AVA em preto e


branco, conforme demonstrado na figura 10.

Figura 10: Utilização do recurso de acessibilidade AVA em preto e branco.

Fonte: Site da instituição, 2021

Além disso, a Plataforma da ESAB também disponibiliza o recurso de Libras,


conforme a figura 11.

Figura 11: Recurso de libras presente no portal da ESAB.

Fonte: Site da instituição, 2021

Dessa forma, a trilha de aprendizagem observada na Plataforma B, pode


ser descrita como a elaborada por Fung, Tam e Lam (2011). As atividades estão dispostas
em módulos, composto por 3 (três) ou 4 (quatro) disciplinas. As atividades consistem em
questionários (banco de questões) e atividades dissertativas com temas relacionados às
disciplinas e podem ser escolhidas de acordo com o interesse do discente, e de acordo
com suas preferências e habilidades.

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Na plataforma B, o design instrucional é baseado no conteúdo e memorização do


mesmo, todos de maneira assíncrona, substituindo totalmente elementos síncronos.
O Design Instrucional garante a qualidade da instrução desenvolvidos a partir de
suas especificidades, com base em teorias educacionais. Está atrelado ao design
instrucional o desenvolvimento de material, atividades e avaliações de aprendizagem.
(FILATRO, 2007).

Quadro 2: Quadro comparativo entre plataforma A e plataforma B.


Elemento de Análise Plataforma A Plataforma B
Tipo de Plataforma Plataforma comercial. Plataforma elaborada pela
própria instituição.
Orientações Didáticas O texto da instituição A instituição não esclarece se
determina que está de acordo possui diretrizes para quem
com diretrizes para alunos com possui baixa capacidade
baixa capacidade intelectual. intelectual.
Elementos de Apresenta alguns recursos de Apresenta recursos de
acessibilidade e formas acessibilidade, como descrição acessibilidade, como recursos de
de acesso aos mesmos de vídeos. libras, alto contraste entre letras
e aumento de letras.
Design Instrucional Não possui elementos de Não possui elementos de
audiodescrição. Os elementos audiodescrição. Possui
de contraste devem ser elementos de contraste de cores.
acionados por comandos.
Modelo Pedagógico Construtivista Montessoriano 1
Arquitetura das Trilhas Visam absorção de Visam absorção de
de Aprendizagem competências específicas e competências específicas e
profissionais. profissionais
Fonte: as autoras, 2021.

Diante de tais elementos, observa-se que ambas as Plataformas A e B tem como


objetivo principal o desenvolvimento de competências específicas e profissionais nas
Trilhas de Aprendizagem. Porém, o fato de possuir alguns elementos de acessibilidade,
não garante que o design instrucional, o modelo pedagógico e sua arquitetura,
proporcionem autonomia suficiente ao aprendiz na utilização dos recursos disponíveis,
principalmente no ambiente virtual da Plataforma A.

2 CONSIDERAÇÕES
No início desta pesquisa, constatou-se que havia a necessidade de as instituições
de ensino a distância estimular a autonomia, o interesse e a permanência dos alunos nos
cursos ofertados, devido ao aumento das taxas de evasão. Para contornar estas e outras
situações, as instituições precisam utilizar estratégias e soluções práticas, tais como as
Trilhas de Aprendizagem e elementos de acessibilidade, que atendam às necessidades e

1
O modelo pedagógico foi informado pela instituição.

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expectativas de professores e alunos de cursos EaD. Trilhas que trarão autonomia no


processo de ensino e aprendizagem dos alunos.
Diante disso, a pesquisa partiu da hipótese de que a noção de trilhas de
aprendizagem ajustava-se melhor à lógica das competências no processo de ensino
aprendizagem na EaD. Durante o trabalho, verificou-se que esta proposta foi confirmada,
pois a utilização de trilhas de aprendizagem durante o processo pedagógico, juntamente
com a indicação dos melhores recursos e elementos de acessibilidade, forma um conjunto
de ferramentas bastante eficazes na busca de um ensino personalizado e inovador.
A pesquisa teve como objetivo comparar duas trilhas de aprendizagem em dois sistemas
de Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), analisando critérios de acessibilidade no
processo de ensino e aprendizagem na EaD. Constata-se que o objetivo geral foi atendido,
porque efetivamente foi demonstrado no decorrer do trabalho que cada instituição
particular organiza seu ambiente virtual de acordo com seus parâmetros próprios e suas
especificidades.
Para descrever as principais características de trilhas de aprendizagem, de acordo
com as produções científicas da área, foram realizadas pesquisas bibliográficas de artigos
sobre o tema na plataforma da CAFe (Comunidade Acadêmica Federada). Assim,
verificou-se que existem poucas publicações e estudos, em especial sobre trilhas de
aprendizagem como ferramenta de apoio voltada ao ensino personalizado da educação a
distância. Ao contrário do meio corporativo das organizações, que já adotam há algum
tempo as trilhas de aprendizagem por meio de treinamentos e desenvolvimento de
competências de pessoas.
O propósito de comparar 02 (duas) trilhas de aprendizagem, em AVAs de
instituições diferentes, foi realizado através do estudo do ambiente virtual do curso de
Farmácia/EAD da Faculdade da Amazônia/UNAMA e do ambiente virtual da instituição
ESAB (Escola Superior Aberta do Brasil). Com isso, foram identificados os diversos
elementos de acessibilidade, design instrucional e modelo pedagógico adotados por cada
instituição, denominadas de Plataforma A e Plataforma B.
No tocante às relações de interdependência entre as trilhas de aprendizagem na
EaD e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) em análise, tal critério foi
atendido com a elaboração de um quadro comparativo com informações relevantes e
qualitativas sobre diversos aspectos da realidade encontrada. De forma mais específica,
verificou-se que os elementos de acessibilidade são utilizados mais intuitivamente na

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plataforma B do que na plataforma A, pois apesar desta descrever que possui tais
elementos, estes não demonstram ser de fácil acesso para os discentes.
Quanto às limitações, um dos fatores que dificultaram o encontro de elementos
para a análise dos ambientes virtuais foi o número reduzido de publicações sobre trilhas
de aprendizagem voltadas ao meio educacional. Diante deste cenário, percebe-se que o
trabalho poderia ser realizado com uma pesquisa mais ampla na bibliografia para analisar
outros aspectos, tais como a integração de novas tecnologias no ensino a distância, a
análise dos caminhos percorridos por alunos dentro de uma plataforma virtual com a
análise de grafos e a elaboração de objetos de aprendizagem a partir do conhecimento
científico sobre o tema, entre outros.
Para desenvolvimento futuro, sugere-se a combinação de coleta de dados
quantitativos junto ao departamento técnico da instituição a ser analisada, com maior
horizonte de tempo para as observações de todo o processo, além da aplicação prática da
nova proposta de ensino e aprendizagem. Assim, este estudo de caso vem corroborar
como é possível utilizar as trilhas de aprendizagem e a adoção de elementos de
acessibilidade nas práticas pedagógicas das diversas instituições de ensino a distância,
otimizando a aprendizagem e o estudo personalizado, bem como a implantação de novas
metodologias e novas contribuições para o meio científico.

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