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ISSN: 2525-8761
DOI:10.34117/bjdv7n11-094
RESUMO
As Trilhas de Aprendizagem podem ser identificadas por estratégias utilizadas para estimular a
aprendizagem de discentes baseadas na personalização. Dentro da dinâmica de aprendizagem,
alguns elementos podem ser facilitadores. Os recursos de acessibilidade, em conjunto com as
classificações de trilha de aprendizagem, serviram de base para avaliar os ambientes virtuais de
duas instituições distintas de ensino particulares, de dois cursos diferentes, um focado na área de
tecnologia e outro na área da saúde. A metodologia utilizada baseou-se na análise das páginas dos
ambientes virtuais de aprendizagem, visando estabelecer os principais elementos de
acessibilidade apresentados e os formatos das trilhas utilizadas pelas instituições. Observa-se que
uma das plataformas possui alguns elementos de acessibilidade e a outra possui elementos de
acessibilidade mais intuitivos, o que favorece o uso das trilhas de formas diferentes, na busca do
melhor aproveitamento dos alunos nestas instituições. Dessa forma, a ampliação do tema no
presente estudo, torna-se essencial para o avanço do conhecimento científico sobre trilhas de
aprendizagem, como ferramenta de melhoria do percurso educacional em Ambientes Virtuais de
Aprendizagem e de Acessibilidade, contribuindo assim para a desmistificação e aplicabilidade
deste conceito no processo pedagógico entre as principais instituições de ensino superior.
ABSTRACT
Learning Trails can be identified by strategies used to stimulate learners' learning based
on personalization. Within the learning dynamics, some elements can be facilitators. The
accessibility resources, together with the learning trail classifications, served as a basis to
evaluate the virtual environments of two different private educational institutions, from
two different courses, one focused on the technology area and the other on the health area.
The methodology used was based on the analysis of the virtual learning environments'
pages, aiming to establish the main accessibility elements presented and the formats of
the learning paths used by the institutions. It is observed that one of the platforms has
some elements of accessibility and the other has more intuitive elements of accessibility,
which favors the use of the trails in different ways, in the search for the best use of
students in these institutions. Thus, the expansion of the theme in this study becomes
essential for the advancement of scientific knowledge about learning trails, as a tool to
improve the educational path in Virtual Learning Environments and Accessibility, thus
contributing to the demystification and applicability of this concept in the pedagogical
process among the main institutions of higher education.
1 INTRODUÇÃO
Com a globalização do ensino EaD e a introdução de novas Tecnologias Digitais
de Informação e Comunicação (TDICs) nas práticas educacionais surge a necessidade de
serem adotadas novas metodologias, mais personalizadas, que contribuam e otimizem o
aprendizado em ambientes virtuais, como por exemplo, a utilização das trilhas de
aprendizagem.
A definição do termo trilha, em seu sentido literal, indica ato ou efeito de trilhar,
deixar vestígios por onde passa. Em seu sentido figurado, pode ser entendido como
caminho a seguir, exemplo a ser imitado, um modelo. Já o termo aprendizagem, vem da
palavra aprender, significando ficar sabendo, reter na memória, tomar conhecimento,
adquirir habilidade. Em resumo, trilhas de aprendizagem podem ser consideradas como
um modelo de aprendizagem (Lopes & Lima, 2019).
Segundo dados do Censo EaD BR 2018/2019 da Associação Brasileira de
Educação a Distância (ABED), o número de matrículas de alunos em todas as
modalidades EaD, passou de 7.773.828, em 2017, para 9.374.647, em 2018, ou seja, teve
um crescimento de 17%. Tal modalidade é a que mais cresce, totalizando mais de 9
milhões de alunos no Brasil.
Entretanto, um dos pontos que mais preocupam as instituições de ensino é a evasão
escolar, pois muitos estudantes abandonam os cursos de EaD no meio do processo. A
taxa de evasão em 2018 ficou entre 26% e 50%, sendo que em 2017, esse número era de
6% (ABED, 2019). Possíveis explicações para esse aumento significativo são o excesso
de oferta de cursos e o crescimento vertiginoso no número de matrículas que,
consequentemente, elevam a probabilidade de evasão.
Além disso, no ensino EaD existe muita flexibilidade de tempo e espaço, onde os
alunos precisam definir horários fixos de estudo em casa e/ou no trabalho para se dedicar
ao curso. Também a distância física entre professor e aluno, muitas vezes pode causar
uma sensação de isolamento por parte do aluno. Com isso, as diversas trilhas de
aprendizagem podem ser utilizadas como estratégias de intervenção e ações
personalizadas, evitando assim a tendência de evasão.Para contornar essas situações as
instituições de ensino precisam utilizar estratégias diferenciadas especialmente com o
intuito de gerar soluções práticas que atendam às necessidades e expectativas de
professores e alunos de cursos EaD. Uma destas alternativas pedagógicas é a utilização
das trilhas de aprendizagem, como uma ferramenta potencialmente eficaz no estímulo da
criatividade, da autonomia, do interesse e do estímulo à permanência e êxito no curso.
Considerando o contexto da EaD é importante investigar como as diferentes
trilhas de aprendizagem e os elementos de acessibilidade podem contribuir para o
processo de ensino aprendizagem?
Parte-se da hipótese de que, a noção de trilhas de aprendizagem parece ajustar-se
melhor à lógica das competências no processo de ensino aprendizagem na EaD, por
considerar não apenas as expectativas da instituição em relação ao desempenho de seus
alunos, mas também, ritmos, estilos de aprendizagem e preferências pessoais.
Tendo como base modelos de trilhas de aprendizagem, juntamente com a
indicação dos melhores recursos ou elementos a serem utilizados, estes deverão ser pontos
bastante relevantes na busca de um ensino personalizado e inovador, com foco no
desenvolvimento de novos modelos de aprendizagem.
Com isso, o objetivo desta pesquisa é comparar duas trilhas de aprendizagem em
dois sistemas de Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), analisando critérios de
acessibilidade, no processo educativo na EaD para diferentes públicos.
Para tanto, foram delineados os seguintes propósitos: descrever as principais
características de trilhas de aprendizagem de acordo com as produções científicas da área;
comparar 02 (duas) trilhas de aprendizagem em ambientes virtuais de aprendizagem
(AVA) de instituições diferentes e; relacionar a interdependência entre as trilhas de
aprendizagem na EaD e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs).
AS TRILHAS DE APRENDIZAGEM
Com a expansão da Educação a Distância, o crescimento exponencial da
informação e do conhecimento, e a incorporação de novas tecnologias, é que as trilhas de
aprendizagem vêm sendo bastante utilizadas como uma ferramenta para viabilizar
processos de aprendizagem de pessoas, principalmente no meio corporativo das
organizações.
Vale ressaltar que, tanto no meio organizacional quanto no meio educacional, o
uso das trilhas tem o mesmo intuito: a formação, com base em competências. Porém, as
organizações têm avançado muito mais do que as instituições educacionais, pois nesse
caso é contratada uma empresa de consultoria que monta um plano de capacitação, para
que os profissionais, técnicos e gestores escolham a trilha de aprendizagem mais
adequada aos objetivos da empresa.
Muller (2012), destaca a utilização de trilhas de aprendizagem como recurso
estratégico para a excelência do desempenho das organizações, juntamente com a
conscientização dos gestores, principalmente daqueles que se incumbem de planos de
capacitação e qualificação de seus colaboradores. Desse modo, com a possibilidade de se
conduzir programas de formação, sem a imposição deste ou daquele modelo, é dada a
oportunidade aos profissionais de decidirem e serem protagonistas do seu próprio
caminhar, ao escolher o melhor percurso ou trilha que atenda às suas necessidades
pessoais e corporativas.
Como exemplo de utilização de trilhas a nível local, pode-se citar a implementação
do Projeto Trilhas de Aprendizagem, da Escola da Magistratura do Estado de Rondônia
(Emeron), para a capacitação e desenvolvimento de servidores do judiciário rondoniense.
O programa, publicado na edição de 24 de maio, resolução nº 142/2020, encontra-se
alinhado à Política Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Servidores do Poder
Judiciário.
Nesta primeira etapa, foi realizada ainda uma pesquisa bibliográfica e uma análise
preliminar sobre o tema de trilhas de aprendizagem, em plataformas de periódicos e
artigos científicos, para ampliação e aprofundamento sobre a temática em todos os seus
aspectos. A partir disso, tentou-se identificar quais seriam os possíveis elementos
adotados nas trilhas de aprendizagem, mais pertinentes para a definição dos critérios a
serem comparados nas trilhas das duas instituições.
Após esse levantamento da pesquisa bibliográfica, foram elencados três elementos
essenciais para a elaboração de trilhas de aprendizagem: design instrucional, modelo
pedagógico e acessibilidade. Entretanto, para a comparação dos ambientes virtuais, o
critério da acessibilidade ficou definido como o principal elemento de coleta de dados,
visando-se assim avaliar se estes ambientes possuem recursos que possam ser utilizados
por portadores de necessidades especiais. Diante deste propósito é importante apresentar
alguns aportes conceptivos dos elementos que serviram de análise.
• Modelo pedagógico
Behar (2009), afirma que para a definição de um modelo pedagógico adaptado a
EaD, as competências que o aluno precisa desenvolver e que são muito importantes para
● Acessibilidade
O termo acessibilidade significa incluir a pessoa com deficiência na participação
de atividades como o uso de produtos, serviços e informações. O artigo 9, do decreto n°
6949, 2009 é dedicado à acessibilidade. O direito à educação superior está fundamentado
nos princípios e diretrizes contidos na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência (ONU 2006) e nos Decretos n°. 186/2008, nº 6.949/2009, nº 5.296/2004, nº
5.626/2005 e nº 7.611/2011.
TRILHA METODOLÓGICA
O procedimento metodológico utilizado para a realização da pesquisa, caracteriza-
se como um estudo de caso, baseado em uma abordagem qualitativa, com a finalidade de
fazer um estudo comparativo entre dois AVAs (Ambientes Virtuais de Aprendizagem),
de duas Instituições de Ensino Superior.
O primeiro ambiente virtual escolhido foi do curso de graduação em
Farmácia/EaD, da Faculdade da Amazônia/UNAMA, Pólo Porto Velho - RO, que adota
a plataforma Blackboard. A faculdade da Unama integra o grupo SER EDUCACIONAL
voltado para a educação a distância ou híbrido, constituído pelas instituições
UNINASSAU, UNIVERITAS, UNIVERITAS/UNG, UNAMA E UNINABUCO. O
segundo ambiente virtual, da instituição ESAB (Escola Superior Aberta do Brasil), possui
uma plataforma própria denominada SGEI (Sistema Gestor de Educação Integrado),
registrada no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial e Intelectual).
A partir destas definições, das análises sobre trilhas de aprendizagem e com base
em Tecnologias Assistivas (TA), como critérios de avaliação em cada ambiente virtual
foram considerados seis elementos: Design Instrucional, Modelo Pedagógico,
Arquitetura das Trilhas de Aprendizagem, Tipo da Plataforma, e características de
Acessibilidade , tais como: orientação, atividades previstas nas trilhas, imagens com
descrição, diferenças de contraste, vídeos com legenda ou áudio com transcrição, textos
com clareza, dentre outros elementos.
REFLEXÕES TRILHADAS
O ensino à distância permite aos seus usuários a flexibilidade de acessar os
recursos dos ambientes virtuais no momento e local desejados. Assim, a EaD tem se
apresentado como uma modalidade potencialmente inclusiva, capaz de possibilitar às
pessoas com deficiência, o acesso ao computador e à Web de forma prática e
independente.
Os conteúdos em EaD podem ser desenvolvidos à luz dos Princípios de Design
Universal para Conteúdo Web, dentre outras diretrizes, buscando que as plataformas
atendam aos padrões de acessibilidade, pois esta deve ser considerada desde o início do
projeto de criação de um objeto de aprendizagem, e não uma adaptação posterior à sua
criação (MACEDO, 2010).
As plataformas foram avaliadas em relação ao design instrucional, modelo
pedagógico, arquitetura das trilhas de aprendizagem, tipo de plataforma e elementos de
acessibilidade, visando a comparação das duas plataformas.
Neste sentido, foram analisados dois Ambientes Virtuais de Aprendizagem, assim
denominados: Plataforma A e Plataforma B.
● Plataforma A
O primeiro ambiente virtual analisado, foi o da Faculdade da Amazônia/UNAMA,
do curso de graduação em Farmácia/EaD, que utiliza o Sistema Blackboard (denominado
de Plataforma A).
Como forma de análise inicial da Plataforma A, observou-se a estrutura de
organização do ambiente apresentado pela instituição, que conta com atividades de
percurso (desafio colaborativo), questionário e atividade contextualizada (relatório de
aula prática).
Abre-se assim uma janela, que funciona como central de ajuda ao usuário, onde
os recursos de acessibilidade estão presentes. Dessa forma, ao clicar em “Acessibilidade”,
podemos observar outras informações sobre os diversos recursos do sistema, como por
exemplo, “legendar conteúdo de vídeo”, “participação em discussões”, “visualizar suas
notas”, entre outras funcionalidades, conforme figura 5.
● Plataforma B
O segundo ambiente analisado, da instituição ESAB (denominado Plataforma B),
produziu seu próprio ambiente virtual de aprendizagem. A apresentação do ambiente
possui um “campus virtual (AVA)”, com as principais funções acadêmicas, e outro
ambiente denominado “sala de aula”, com as disciplinas e atividades que podem ser
executadas pelo aluno, como mostra a figura 7 e 8.
disciplina são propostas de 5 (cinco) temas, em que o aluno pode escolher no mínimo 3
(três) temas. O aluno decide qual tema pesquisar e dissertar.
O ambiente virtual da Plataforma B, possui ainda recursos de acessibilidade logo
na sua página inicial, que são de aumento, diminuição ou tamanho normal de letras,
conforme a figura 9.
2 CONSIDERAÇÕES
No início desta pesquisa, constatou-se que havia a necessidade de as instituições
de ensino a distância estimular a autonomia, o interesse e a permanência dos alunos nos
cursos ofertados, devido ao aumento das taxas de evasão. Para contornar estas e outras
situações, as instituições precisam utilizar estratégias e soluções práticas, tais como as
Trilhas de Aprendizagem e elementos de acessibilidade, que atendam às necessidades e
1
O modelo pedagógico foi informado pela instituição.
plataforma B do que na plataforma A, pois apesar desta descrever que possui tais
elementos, estes não demonstram ser de fácil acesso para os discentes.
Quanto às limitações, um dos fatores que dificultaram o encontro de elementos
para a análise dos ambientes virtuais foi o número reduzido de publicações sobre trilhas
de aprendizagem voltadas ao meio educacional. Diante deste cenário, percebe-se que o
trabalho poderia ser realizado com uma pesquisa mais ampla na bibliografia para analisar
outros aspectos, tais como a integração de novas tecnologias no ensino a distância, a
análise dos caminhos percorridos por alunos dentro de uma plataforma virtual com a
análise de grafos e a elaboração de objetos de aprendizagem a partir do conhecimento
científico sobre o tema, entre outros.
Para desenvolvimento futuro, sugere-se a combinação de coleta de dados
quantitativos junto ao departamento técnico da instituição a ser analisada, com maior
horizonte de tempo para as observações de todo o processo, além da aplicação prática da
nova proposta de ensino e aprendizagem. Assim, este estudo de caso vem corroborar
como é possível utilizar as trilhas de aprendizagem e a adoção de elementos de
acessibilidade nas práticas pedagógicas das diversas instituições de ensino a distância,
otimizando a aprendizagem e o estudo personalizado, bem como a implantação de novas
metodologias e novas contribuições para o meio científico.
REFERÊNCIAS
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