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"OS EXAMES ESPECIAIS DA PSICOMOTRICIDADE NO I. S. O. P.

"

ROBERT F. E. SUCHANEK

Um Instituto de psicologia aplicada tem como finalidade em suas


atividades quotidianas, diagnosticar, prognosticar, orientar:
Sendo o ISOP um Instituto de Psicologia Aplicada põe em prática
os resultados teóricos da psicolo~ia, já experimentados, verificados, apu-
rados e daí se tornando necessario em certas ocasiões a aplicação das
Provas de Psicomotricidade. Pensamos aqui em primeiro lugar no tra··
balho, seja trabalho da indústria, ou seja como meio de educação,
ou com outras palavras: na Seleção industrial, na Orientação vocacional,
na Orientação profissional (a recuperação na profissão aprendida; a
adaptação ou readaptação para a vida profissional em geral).
Na seleção industrial: o exame psicomotor deve revelar se um
indivíduo possui as aptidões e capacidades necessárias (adequadas) para
um certo cargo, certa atividade: se o indivíduo dispõe ou não das apti-
dões exigidas no grau conveniente.
Na Orientação: as provas de psicomotricidade devem verificar as
aptidões e capacidades existentes para, em conjunto com os resultados
das provas de personalidade e de inteligência, servir como base para o
conselho vocacional ou profissional.
Para saber a tarefa e o valor das provas de Psicomotricidade deve-
mos saber primeiro o que significa a palavra "PSICOMOTRICIDADE".
Lendo ou ouvindo êsse têrmo associamos: "uma série de movi-
mentos ligados provàvelmente à parte íntima de nosso ser" e realmente
trata-se de um assunto desta índole. Mas na literatura esta palavra
ainda não está muito usada embora de fato seja bem reconhecida.
Fala-se das "atitudes psicomotrices" ou mais vago, mas mais comum
do "conjunto psicofísico". Até na literatura quotidiana está muito pouco
relatado sôbre "Psicomotricidade".
Para facilitar o seu próprio trabalho o autor procurou nos livros
atuais como no "Vocabulário de Psicologia" de Pieron, mais num livro
correspondente em Inglês e nada encontrou. Só numa tradução em
espanhol do "Dicionário de Psicologia", êle encontrou as frases seguin-
tes (em tradução livre) :
Psicofísica é a ciência das relações funcionais, ou relações de
dependências, entre o corpo e a alma (FECHNER). - Estudo das rela-
ções quantitativas entre estímulo e sensação ou outra experiência que
se segue (W. WIRTH define a psicofísica incluindo nela tôda a psico-
logia quantitativa). (*)
(0) Se alguém dos prezados leitores q,uer saber mais sôbre êsse assunto deve estudar
os livros sObre a Ps1coflsiologia, Ps1cologla experimental e procurar na fonte, isto é,
nas obras de WUNDT, que já no fim do século passado tem escrito muito sôbre isso.
210 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOTÉCNICA

Psicomotor: refere-se aos fenômenos motores de processos psíqui-


cos e cerebrais ( têrmo genérico que abraça fenômenos sensoriomotores
e ideomotor).
Ideomotor: refere-se à sucessão de movimentos produzidos pelas
idéias.
Sensoriomotol': refere-se aos movimentos que seguem aos estímu-
los sensoriais.
Com uma pequena análise queremos agora mostrar como uma
"personalidade de trabalho" (esquematizada) se apresenta nos traba-
lhos "físicos não complicados". O trabalho seria colocar pregos (tirado
do livro de MOEDE): em primeiro lugar são necessárias certas capacida-
des ou exigências sensoriais e musculares da vista e da mão que traba-
lha, depois precisamos atenção para usar de maneira justa os objetos
(pregos e pranchas) e os instrumentos de trabalho (martelo) e cumprir
a tarefa segundo a ordem de trabalho por forma, tempo, fôrça.
Também, são às vêzes necessários processos intelectuais, pois
encontrando dificuldades precisamos de atos de pensamento e de inven-
ção para, às vêzes, preparar material, instrumentos auxiliares. Combinar,
conceber e julgar, são as funções básicas da inteligência do trabalho,
não esquecendo porém a memória lógica e a memória relacionada, que
coleta as experiências de trabalho anterior e apresenta estas experien-
cias de maneira ordenada e organizada para os trabalhos futuros.
Entram também de modo geral no trabalho certos fatôres emocio-
nais, isto é: atitude afetiva do trabalhador: gôsto pela atividade, prazer
de trabalhar em forma imediata (prazer em si) ou estimulado pelo
ordenado, o dinheiro; ou desgôsto (pela monotonia, falta de inte-
rêsse, etc.).
O caráter e a contemplação têm aqui também seus papéis
importantes.
Deficiências de caráter causam: usura no material por falta de
atenção, perda das ferramentas, aparelhos, máquinas (quebras, ferru-
gem, riscos evitáveis), diminuem a solidez do trabalho, criam dificulda-
des tanto para os colegas como para os superiores.
Em forma de tabela podemos mostrar:
FATÔRES DO TRABALHO
1 - Funções sensoriais - as funções dos 5 sentidos (ou mais?)
2 -Atenção
3 - Movimento - Forma 1. no momento I
Tempo em séries jl.
Fôrça em duração
4 - Funções intelectuais - Combinação
Concepção (idéia, percepção, compreensão)
Capacidade de discriminar (julgar), me-
mória
5- Fatôres emocionais
6 - Caráter - Contemplação (comportamento como "Personalidade",
"Filosofia particular").
MOEDE, um dos maiores e antigos mestres da Psicotécnica na
Europa (Alemanha) ainda não usa em seu livro "Lehrbuch der Psycho-
OS EXAMES ESPECIAIS 211

technik" (livro didático da Psicotécnica editado em 1930 em Berlim)


a palavra "Psicomotricidade", mas êle escreve - já bem perto - sôbre:
os fatôres da eficiência (ou do rendimento prático), faz uma
análise funcional da eficiência, o corpo e suas funções corporais;
percepção e imaginação espacial;
tempo, capacidade e habilidade;
atenção, 1nemória, inteligência (como capacidade de combinar, julgar
e concluir).
Em alguns livros de assuntos psicotécnicos ou da psicologia de
trabalho achamos uma fórmula "VHARF" e esta palavra, significa sim-
plesmente: Velocidade, Habilidade, Resistência e Fôrça. Os psicólog,9s
modernos sabem bem, que exatamente estas quatro qualidades nao
dependem sàmente da aptidão física, "técnico-mecanizada", a psicologia
atual inclui felizmente já a influência psíquica nas atividades chama-
das puramente física. E qualquer atividade de trabalho seja a profissão
que fôr é submetida desta complexidade psicossomática. Psico-somática
isso é psico-corporal, psico-motora.
E agora sabemos o que o ISOP entende quando se fala de psico-
motricidade: a relação complexa: psico-ideo-sensoriomotriz com outras
palavras a dependência: cérebro-senso-sentimento-músculo. Constata-
mos assim como é complexo êste trabalho simples de "colocar pregos".
Os Americanos também têm verificado que o trabalho (ou a ativi-
dade psicofísica) compõe-se de muitos fatôres diferentes. Da "lista dos
fatôres" temos tirado de um grande número de elementos, os seguintes
- mas não identificando-nos com a classificação:
Fatôres nas aptidões motoras:

a) habilidade manual
b) habilidade digital
c) manipulação
d) agilidade manual
e) coordenação motora
f) contrôle de movimentos
g) precisão
h) rapidez
i) ritmo
Fatôres nas aptidões não motoras:

a) visualização espacial
b) capacidade de percepção
c) inteligência pratica
Temos um conjunto bem compacto: fatôres de aptidões motoras
e fatôres de aptidões não motoras ou seja fatôres físicos e fatôres psíqui-
cos ou ainda com outras palavras a relação psicofísica e a visão psico-
motora do trabalho.
GIESSE (o grande psicotécnico alemão) define, por exemplo:
"a habilidade como capacidade de um indivíduo para alcançar gracas
a uma predisposição favorável, fins adequados a seus eSforços;' ... Pelo
têrmo "predisposição", entende êle o conjunto de fatôres hereditários
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que permitem pensar, sentir, agir, etc. Em outras palavras, trata-se de


disposições ou tendências consideradas como determinados conteúdos
psíquicos ou corporais.
E exatamente, a relação existente entre os conteúdos psíquicos
ou corporais, para nós: psíquicos e corporais são os objetivos da "Psico-
motricidade". Nosso conceito da Psicomotricidade deixa-se então mostrar
assim:

PSICOMOTRICIDADE
Psico l\Iotricidade Corporal
Mental Manual (braço-mão)
Digital (pulso-dedo)

Afetivo
Emocional
Sensorial

Precisão Rapidez
PercepÇão Agilidade
Inteligencia prática ? Manipulação
Inteligência espacial Movimentos dirigidos, harmoniosos,
Imaginação espacial controlados
Coordenação motora

~
Ritmo (natural, adaptado)

Atenção

Adaptabilidade
Capacidade de aprendizagem Treinamento
\inteligentemente) (automático)

Qualidade ,Quantidade
Interêsse
Vontade
Personalidade

Neste esquema o leitor terá podido observar que as linhas de


direção para as palavras "atenção" sao acompanhadas por pontos inter-
rogativos. Por que? A atenção sem dúvida, deve ser colocada na coluna
"mental", mas influem aqui muitos fatôres das outras regiões do ser
humano, como por exemplo: perturbações passageiras ou permanentes
- insônia antes da execução de uma atividade; deficiência visual ou
auditiva; distúrbio gástrico; mêdo, choque do exame; fadiga física, etc.
O grau da atenção deve ser verificado no exame psicomotor por várias
provas, diferentes no objetivo e critério do julgamento.
Mais uma referência para o esquema: a primeira parte em cima
do traço duplo, inclui os critérios para a seleção, a parte abaixo da linha
(interêsse, personalidade, vontade) representa um critério adicional para
qualquer motivo de uma orientação.
OS EXAMES ESPECIAIS 213

5 FATÔRES FUNDAMENTAIS
Conhecendo agora os fatôres de trabalho, e também algumas apti-
dões motoras e não motoras que compõem a "Psicomotricidade", seria
interessante saber como julgar as atividades que formam o trabalho:
Em geral, o "trabalhador", emprega tempo e esfôrço para "ganhar
o pão para a vida". ~le pode exercer uma atividade em formas diferen-
tes: um usa os braços, um mais o cérebro, um terceiro braços + cérebro,
etc. E o rendimento prático de trabalho depende da Habilidade e da
Rapidez com que o "trabalhador" opera, como êle usa inteligente!llen~('
a força necessária (manual ou mental), como êle pode perceber e Imagi-
nar à que êle deve fazer. Realmente querendo comparar o rendimento
do nosso trabalho com a capacidade ou a, eficiência com no,ssos .cole~~s
mais estimados pelo chefe perguntamos: ele - o colega - e maIS habll
ou mais inteligente? êle sabe melhor o que a tarefa (ou o chefe) manda,
êle imagina melhor do que eu, êle percebe mais rápido do que eu o que
e, necessano
, . ?
....
E quais são os critérios de julgamento, quando devemos classifi-
car nossos auxiliares? ... É verdade - RAPIDEZ, HABILIDADE, INTE-
LIG~NCIA PRÁTICA, PERCEPÇÃO e IMAGINAÇÃO; são os 5 pontos
básicos de um julgamento. É ainda verdade: êsses 5 pontos abrangem,
no mínimo parcialmente, a maioria das profissões e dos cargos, pois
usando uma frase sintomática: com a PSicomotricidade, podemos ver
como um indivíduo "peg'a o trabalho".
Claro não podemos falar da inteligência como uma aptidão moto-
ra, mas na aplicação, como inteligência "prática", os dedos são os instru-
mentos usados para transferir as conclusões mais ou menos lógicas
do cérebro para os atos mais ou menos hábeis na realização prática.
As peças de um "puzzle" não se movem sozinhas pela fôrça do pensa-
mento, precisamos em geral, para isso, a mão.

AS PROVAS PSICOMOTRIZES NO r. S. O. P.
Quando queremos agora compreender a Psicomotricidade como
a :elação, UIl!a ligaçã? ou a "ponte" entre a psique e o trabalho dos
musculos (seja dos ml'.sculos dos dedos ou seja do corpo inteiro) então
temos como. primeira prova psicomotora no ISOP o PMK; e outras provas
desta maneIra podemos encontrar em nossa Seção de Seleção dos Moto-
ristas. Sôbre a conhecida prova miocinética do Dl'. MIRA e sôbre as
p!'ovas para os motoris~as o prezad~ leitor_acha informações e explica-
çoes nos trabalhos publlcados pela dIta Seçao. No "Laboratório de Psico-
mO~,ricidade" d~ ISOP ~nde sªo feitas as "provas de aptidões psicomoto-
ras para Seleçao ou Onentaçao em geral, servem exatamente os 5 pontos
citados para o julgamento. São usadas por exemplo para a "Rapidez":
os "Discos" de Leon Walther; para a "Habilidade Manual": o Tweezer =
prova de habilidade manual com a pinça de O'Connor; para a "Inteli.
gência prática: o p'uzzle do Dl'. Mira; para a "Percepção de formas":
o Formboard (carreIra de formas) adaptado pelo Dr. Mira; para a "Ima-
ginação espacial": o Cubo vennelho - cubo de superfície vermelha com-
posto de 27 cubos do mesmo tamanho e de vários lados pintados. Estas
cinco provas formam para nós a "bateria padrão de Psicomotricidade".
214 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOTÉCNICA
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o Laboratório também dispõe de outros aparelhos e provas, pois
a clientela se compõe de crianças, adolescentes e adultos (até idosos),
do analfabeto ao universitário; de casos de seleção industrial comum
e especializada, orientação vocacional em geral até a readaptação,
recuperação do acidentado e aleijado pelo trabalho ou do "normal"
até o "anormal" no sentido da capacidade de aprendizagem e treina~
mento, etc. Para os fins diferentes são aplicadas provas diferentes e
adequadas à necessidade. ("Tôrno" e "Omega" de Lahy, "Minnesota
Manipulation Test". Testes das relações espaciais, Stromberg Dexterity
Test, Testes da coordenação bimanual, a "Bomba de Schulz", Ambidexti-
metro, etc., etc.)
o JULGAMENTO
Como julgar e classificar os resultados? Dois componentes formam
a base para o resumo das aptidões examinadas:
1 - o critério objetivo (o resultado numérico)
2 - a observação pelo aplicador durante o exame (isso depende da capa-
cidade do técnico até qual ponto êle pode "olhar para ver" e é um
critério mais subjetivo).
Rigorosamente devem ser anotados os resultados (cronometra~
gem de tempo e contagem de erros) e comnarados com as tabelas
estabelecidas. <

Ao mesmo tempo o aplicador deve notar as observações sôbre


comportamento e atitude de trabalho. Para nós é importante coordenar
o "o que" do resultado com o "como" da execução. Existe para o apUca-
dor-principiante o perigo de entusiasmo, constatando coisas que não
existem, e fazer conclusões antecipadas. A "primeira impressão", que
temos de um candidato seduz-nos às vêzes para um julgamento preci-
pitado; ficamos depois decepcionados pois os resultados obtidos não
concordam com as nossas imaginações do "sucesso previsto". O valor
das provas da psicomotricidade como exame individual depende muito
da segurança e da firmeza do aplicador: por exemplo: trata-se de uma
môça bonita e simpática ou trata-se de um rapaz com uma áurea de
animosidade e cheio dos complexos, o aplicador deve dar a instrução
sempre na mesma maneira e o início com palavras de estímulo e de
calma, pela própria atitude nem prejudicar nem favorecer o candidato,
e sentir-se obrigado a trabalhar com uma "responsabilidade objetiva"
possível de mais. É o único jeito: tomar e anotar os resultados efetivos,
as conclusões só depois!
Com os resultados obtidos já podemos mostrar um perfil com os
valores numéricos através da contagem de tempo em segundos. Mas
nas provas de Psicomotricidade entram, como ja diz o nome, sempre
o trabalho mental relacionado ao trabalho manual.
Quanto à predominância da atividade mental ou da atividade
sensorial-motora o Dr. MIRA Y LOPEZ estabeleceu no seu livro "Manual
de Orientación Profesional" os seguintes grupos:
a) Psíquico: atividade mental predominante;
b) Psicofísico: atividade equilibrada mental e física (psico-sensorial
e motora);
OS EXAMES ESPECIAIS 215

c) Físico: atividade predominante corporal ou muscular (sensorial-


motora) .
Outros aspectos de julgamento são: os fatôres temperamentais
(vivacidade, lentidão, espírito de independência, insegurança, etc.) ou
as qualidades intelectuais e tiramos do mesmo livro em cima citado:
- Quanto à predominância de certos aspectos temperamentais:
a) Determinado: atividade predominante automatizável, extracons--
ciente sem constante renovacão dos planos de ação;
b) Variá~el: atividade predominante sujeita a modificações freqüen-
tes, exigindo constante reajustamento dos planos de trabalho.
- Quanto à predominância do tipo de inteligência (ou da atividade
intelectual) :
a) Abstrato: atividade mental que se realiza à base de ponderação
e combinação de essências significativas ou conceitos em que
predominam as relações entre símbolos e idéias mais do que
causas concretas;
b) Verbal: atividade mental à base de linguagem falada, escrita
ou mímica;
c) Espacial: atividade mental que se realiza à base de compreensão
de formas e de movimentos.
Em geral não entram num exame de psicomotricidade assuntos
que exigem "inteligência verbal" da parte do candidato. Queremos mais
saber como o examinando resolve o problema de "o que" e do "como"
na execução das tarefas através dos testes. Aqui entram os fatôres de
trabalho que pertencem da inteligência abstrata e inteligência espacial
(conclusões, percepção de formas e imaginação espacial).
Cada trabalho manual é feito no espaço de três dimensões, seja
uma dimensão pequena (relojoeiro, dentista) ou seja uma dimensão
maior (carpinteiro, pintor). Os conceitos respectivos são segundo o
Dl'. MIRA.
- Quanto ao campo dimensional do trabalho:
a) Micro-espaço: atividade que se processa preferencialmente com
os dedos, em pequenas dimensões e conseqüentemente à curta
distância dos olhos, estando o trabalhador geralmente sentado;
b) Médio-espaço: atividade que se conduz através de braços e mãos,
em dimensões tais, que podem exigir o deslocamento do indivíduo
em tôrno do campo de trabalho;
c) Micro-espaço: atividade que exige amplo campo visual, condu-
zindo a necessidade de movimentação do indivíduo para fins de
rapidez, intensidade e segurança.
Nas classificações das profissões pelos outros citamos aqui o Enge-
nheiro Roberto MANGE, o grande pioneiro suiço-brasileiro do ensino
216 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOTÉCNICA

industrial no Brasil. Resultante da divisão de trabalho na indústria êle


estabeleceu 5 classes:
- Braços anatômicos: movimentos simples, uniformes, constantes, que
se prolongam por horas seguidas (carregadores, transportadores de
mercadorias, etc.);
- Braço atento: operações industriais simples, que já exigem certo dis-
cernimento de ordem mental (atenção, memória e acuidade senso-
rial) , o trabalho consiste em reações habituais de acôrdo com indica-
ções visuais, auditivas e outras (manipuladores, operadores de prensa,
atendentes de caldeira, etc.);
- Braço pensante: operações industriais em máquinas ou mesas de
trabalho e que solicitam, a um tempo, energia física ou muscular e
atividade mental para planejamento e contrôle das várias operações
a executar (todos os artífices, tais como mecânicos, marceneiros,
eletricistas, etc.);
- Cérebro executor: achamos aqui os denominados "técnicos" ou seja
por aquêles que dispõem, sob a forma prática de ser executado certo
trabalho e controlam seus efeitos práticos, mas não teóricos. O campo
de ação é muito mais amplo que o das classes anteriores, sendo o
trabalho mais mental, de orientação e contrôle (auxiliares imediatos
dos engenheiros, que põem em funcionamento o sistema de produção
por êstes idealizado);
- Cérebro idealizador: trabalho predominantemente mental, que se
baseia tanto em dados técnico-científicos, como no conhecimento das
condições práticas de produção, manutenção e contrôle (Engenheiros
ou profissionais altamente qualificados, que estabelecem o planeja-
mento das instalações, de máquinas e das técnicas de trabalho).
A maioria dos casos, submetidos às provas de Psicomotricidade
no ISOP, são as da Orientação individual. Para êsses fins está mais
indicado usar a classificação do Dl'. Mira: Psíquico - psicofísico -
físico. Mas fàcilmente deixam-se comparar as duas classificações em
gerais:
Psíquico: corresponde ao "cérebro idealizador".
Físico: cOlTesponde ao "braço anatômico".
Psicofísico: segundo a qualidade da parte psíquica:

psíquico e físico = equilibrado correspondente ao


"braço pensante";
Mais psíquico do que físico então assinala o técnico,
o "cérebro executor'"
Menos psíquico do que' físico pode ainda dar um
"braço atento".
Começando a parte final de nosso trabalho sôbre o "Exame de
Psicomotricidade" queremos falar agora sôbre a tabela de classificação.
Anos e anos temos acompanhado com cuidado, atenção e com
observação exata os resultados e com esta coleta dos resultados numé-
ricos tem o serviço estatístico do r. S. O. P., com nossa orientação, esta-
belecido uma tabela provisória de trabalho. Não há aqui lugar para
OS EXAMES ESPECIAIS 217

mostrar as dificuldades "científicas" que são surgidas até podermos colo-


car agora as conclusões teóricas, à disposição para o trabalho prático.
Basta de dizer que as dispersões entre o resultado melhor e o pior resul-
tado (o insuficiente) divergem muito, p. ex.: num teste de 100 até 200
segundos e num outro teste de 106 até 1.276 segundos.
Em 9 grupos são distribuídos os diversos ranques e lá pode~
agora os resultados igualmente ser classificados. A linha aqui exempl1-
fica os trechos de classificação:
PSICOMOTRICIDADE

! ZONA NORMAL
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e a Tabela com os ranques é a seguinte:


ESCALA PROVISÓRIA PARA AS PROVAS DE PSICOMOTRICIDADE
V ALORES EM .. SEGUNDOS"

I I I 1
Classificação I
i Tweezer 'I Form I Cubos \ Discos de I Puzzle
I
! Board I Vermelhos I Walther i
I I I I I
I I I I I
Excelente ............ 200-216 100-110 100-122 100-102 106-143
Muito bom .......... , 217-251 II 111-133 I 123-168 I, 103-109 ! 144-219
Bom o. 252-308 134-170 169-242 110-122 I 220-342
••••••

Normal para bom ....


0.00.0 •••

i 309-377
I
171-215 I 243-334 123-138 343-493
i I
i
I i
i
I 1
I
i 378 216 335 139 494
Média ............... :!
418 242 11
386 147 I
579
468 I 306 I 497 I
156 704
i I I ! I

I I I I
Normal para regular , I 469-559 11
307-421 I 498-693 157-172 705-928
Sofrível .... , .......... 560-632 I 422-514 694-853 I 173-185 929-1109
Mau para sofnvel .... I 633-677 I 515-571 854-951 I I 186-193 ! 1110-1220
; 1221-1276
Insuficiente .......... . 678-700 I 572-600 I 952-1000 194-197
I I I I I

A "Escala Provisória" que vale para nós como um instrumento


de trabalho é baseada sôbre os resultados de 653 examinados. Como o
ISOP tem de orientar também certos casos de incapacidade (debilidade,
mutilados, etc,) claramente os resultados de alguns ultrapassam o limite
que nós achamos ainda aceitável. Por isso foram excluídos resultados
de demora excessiva, mas para o número de freqüência esta diminuição
não é significativa. Em cada caso a restrição não atingiu 5%, em geral
só 2 ou 3 %. O número da freqüência ficou sempre acima de 620.
Pedimos aos nossos nobres colegas da profissão nos vários insti-
tutos do país e do mundo comparar nossos resultados com as experiên-
218 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOTÉCNICA

cias próprias e informar-nos se êles concordam e onde êles discordam.


Muito grato. Nós também continuamos observar e verificar a escala
provisória e pensamos durante o próximo ano poder publicar nossa nova
experiência.
O resumo dos resultados das provas da psicomotricidade deve ser
redigido conforme o pedido: Para a
- Seleção em forma de diagnose relacionada aos pontos exigidos ou à
média geral ou à média do grupo.
- Orientação também em forma de diagnose, mas acrescida de certos
aspectos prognósticos, e quando há necessidade ou oportunidade tam-
bém com conselhos para o departamento que exigiu as provas.
As provas de psícomotricidade podem ser aplicadas, às vêzes em
forma parcial, quando se trata de verificar só uma ou duas aptidões
especiais e já por um técnico auxiliar ou ajudante ("Registrador"), e
deixar a interpretacão para o técnico responsável. Nos casos onde a
prova da psicomotr{cidade está a "ultima ratio" do exame psicológico,
a aplicação e interpretação devem ser feitos só por um técnico de conhe-
cimentos da psicologia g'eral e das experiências altas.
RESUMO
Entende-se por "Psicomotricidade" no ISOP uma unidade da rela-
ção dos conteúdos psíquicos e corporais no ser humano. Os exames da
psicomotricidade devem incluir no julgamento das atividades psicofísi-
cas, fatôres motores e não motores e se basear em 5 pontos funda-
mentais: Rapidez, Habilidade (manual), Inteligência prática, Percepção
(de formas), Imaginação (espacial). No ISOP as tarefas do exame psico-
motriz são tríplices:
- para a Seleção (industrial): Medir as aptidões para determinadas
profissões;
- para a Orientação profissional: constatar as aptidões psicofísicas;
- para a Readaptação ou Recuperação: investigar as possibilidades para
os casos excepcionais.
BIBLIOGRAFIA
E. 3'Iira y Lopes - Manual de Orientación Profesional - Editorial Kapelus'z, Buenos Aires.
" " - Psicologia Evolutiva da Criança e do Adolescente, Editõra Cientí-
fica - Rio - No apêndice pág. 241: escala métrica do desenvolvimento da Psico-
motricidade na criança e no adolescente. O leitor recebe uma certa nocão: o que
é a psicomotricidade e o desenvolvimento desde criança até adolescente:
Arlindo Ramos - PsicOlogia Aplicada ao Trabalho - Companhia Brasileira de Artes
Gráficas - Rio de Janeiro.
l\1onoj{rafia SENAI, n.o 7 - ClaSSificação psicocicológica das profissões para fins de orien-
tação profissional - Dep1rtamento Nacional do SEN AI (Serviço de Aprendizagem
Industrial) - Rio de Janeiro.
Marco Capol - Léon Walther - Contribuição ao Estudo da Habilidade Manual - SENAC,
caderno 2 - maio - 1954.
W. Moede - Lehrbucl1 der PS~'chotccl1nik - Verlag von Julius Springer, Berlim,
OS EXAMES ESPECIAIS 21!:1

f"t!"'llo,' ap~"dôe~ moforo5: ai"dc ac.eiro'veis ma~c., 14 co. 0' qlo bo 1


op+rdões men~al5 : por (oHa do c.o"c.lusõo '~9;CQ. (p,ol. e vItal)
ddic.uldode de adaptaç.ão, contra impubo5 rl!:pelcrde do 1~ Q!r1QSIO,

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