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Quais são os tipos de intertextualidade?

A intertextualidade pode ser expressa sob diferentes formas. Os tipos mais


comuns são:

▪ Alusão: recurso que faz referência a elementos presentes em outros

textos de forma indireta, ou seja, por meio de características


simbólicas. Exemplo: Ele é muito narcisista.

▪ Citação: quando um autor acrescenta partes de outras obras na sua

produção textual ocasionando uma intertextualidade direta. Por


vezes, ocorre a transcrição das palavras do texto fonte e, por isso, dá
credibilidade à nova construção. Normalmente, a citação é inserida
em itálico e entre aspas, além de citar o nome do autor original a fim
de evitar plágio. Exemplo: Analisando a rotação do osso sobre a base,
pode-se, segundo Kapan (2001), “descobrir até que ponto haverá o
desenvolvimento do paciente”.

▪ Epígrafe: acréscimo de parágrafo ou frase que se relacione com o

texto que está sendo escrito. O recurso é bastante utilizado em


trabalhos científicos e obras, sendo colocada em seu início. Exemplo:
“O mais corajoso dos atos ainda é pensar com a própria cabeça.”
(Coco Chanel)

▪ Paráfrase: do grego paraphrasis, que significa “repetição de uma

sentença”, a paráfrase é a recriação de um texto que já existe


mantendo a mesma ideia, porém utilizando outras palavras. O
objetivo é reafirmar as ideias do texto fonte, porém com estrutura e
estilo próprios. Exemplo: Música “Monte Castelo”, do grupo Legião
Urbana, que cita Camões (Sonetos) e a Bíblia (Coríntios, capítulo
13).
▪ Trecho bíblico: 1. Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos

anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o
prato que retine. 4. O amor é paciente, o amor é bondoso. Não
inveja, não se vangloria, não se orgulha.

▪ Soneto de Camões

Amor é um fogo que arde sem se ver,


é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
▪ Monte Castelo

Ainda que eu falasse a língua dos homens


E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece
O amor é o fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria
É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É um não contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder
É um estar-se preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É um ter com quem nos mata a lealdade
Tão contrário a si é o mesmo amor
Estou acordado e todos dormem, todos dormem, todos dormem
Agora vejo em parte, mas então veremos face a face
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade
Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria

▪ Paródia: muito presente em programas humorísticos, a paródia

consiste na subversão de um texto original, porém sob forma crítica


ou satírica. O objetivo é a ironia, crítica e reflexão.

▪ Bricolagem: processo encontrado na música e artes plásticas que

consiste na montagem de um texto a partir de fragmentos de


outros. Exemplo: o filme Shrek ao abordar diferentes contos de
fadas, mesmo que de forma irônica.

▪ Tradução: como o próprio nome já diz, a tradução é o ato de passar

um texto de língua estrangeira para a nativa. A intertextualidade


está nas diferentes interpretações possíveis e possibilidade de
expressões que sejam adequadas à nova língua. Exemplo: “Hay que
endurecerse, pero sin perder la ternura jamás.”
Português: “É preciso ser duro, mas sem jamais perder a ternura.”
Ou “Há que endurecer-se, mas sem nunca perder a ternura”

▪ Crossover: aparição de personagens ou encontro daqueles que

pertencem a universos fictícios diferentes em volumes, edições ou


capítulos. Exemplo: filmes da Marvel que misturam heróis de outras
produções em uma só obra, como o Homem de Ferro, Thor e Viúva
Negra.
▪ Transliteração: técnica linguística que usa o mesmo fundamento da

tradução na qual termos, expressões e normas são adequados de


uma língua para outra, adaptando-os para algum alfabeto que
possui letras diferentes de seu original. Exemplo: house – casa
(tradução) – ráuse (transliteração). Moi – eu (tradução) – muá
(transliteração).

Tipos de Coerência Textual

Coerência Narrativa
Nesse tipo de texto é obedecida uma lógica entre ações e personagens.
Cada ação obedece a um tempo que permite conhecer a ordem dos
acontecimentos sem contradições.

Exemplo:
Ele ligou à noite para acalmar o desespero dela. Sentou no sofá de couro já
gasto, acendeu a luz do abajur na sala já escura. Chamou por querida,
clamou por perdão. Relatou o dia e prometeu reduzir os hiatos que os
separava. A conversa deu fome. Ele levantou e procurou os últimos
vestígios do jantar. Ela ficou saciada com um copo de leite quente
preparado enquanto ele lhe fazia juras que seriam quebradas na manhã
seguinte.

Coerência Argumentativa
São apresentados exemplos, opiniões e dados utilizados como argumento
para sustentar a conclusão.
Também é preciso obedecer a uma sequência lógica de acontecimentos
para sustentar a argumentação e possibilitar a compreensão da conclusão.

Exemplo:

A violência escolar é um problema que envolve toda a comunidade. Do


núcleo familiar ao convívio em sociedade. É o Estado, contudo, o
responsável por oferecer as condições necessárias para a redução do
problema até a sua quase eliminação.

Cabe à sociedade interferir para que o Estado desempenhe de maneira


satisfatória o seu papel e evite que problemas como a violência na escola
prejudiquem o desenvolvimento da comunidade. Em suma, o problema só
terá fim com o envolvimento conjunto da sociedade e Estado.

Coerência Descritiva
Nesses textos é promovido um retrato das pessoas, coisas e ambientes
com detalhes sobre suas particularidades.

São usadas figuras que condizem com a cena, o ambiente e o tempo onde
estão situados os personagens e acontecimentos.

Exemplo:
Fazia tão calor naquele dia, que as roupas pareciam aderir à pele. Cada
passo na calçada era um desafio ao bem-estar devido à temperatura do
ladrilho. Mesmo assim, saiu mais cedo e foi fazer as compras de
aniversário para a surpresa da noite. Nem mesmo o calor seria suficiente
para impedir a festa.

Princípios da Coerência Textual


Princípio da não-contradição
Ocorre quando as ideias não se contradizem e a lógica do texto não é
interrompida.

Princípio da não-tautologia
Ocorre quando um mesmo termo não é repetido exaustivamente,
prejudicando a mensagem e tornando o texto inteligível.

Princípio da relevância
Ocorre quando o interlocutor percebe a obediência à relação de ideias em
uma sequência. Não há quebra.
Quando o ordenamento é incorreto, ainda que as mensagens tenham
significado isoladas, a compreensão dos sentidos do texto é prejudicada.

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