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Linguagem, língua e fala

Qual a diferença?
Linguagem, língua e fala são três
conceitos indissociáveis no
processo comunicativo, porém
individualmente diferenciáveis
entre si.
A linguagem é um sistema de signos
ou símbolos usados na transmissão
de uma mensagem. É a capacidade
de comunicação de ideias,
pensamentos, opiniões,
sentimentos, experiências, desejos,
informações…
Existem dois tipos de linguagem:
linguagem verbal, recorrendo a
palavras como forma de
comunicação; e linguagem não
verbal, utilizando outros meios
comunicativos, como gestos,
sons, imagens…
Linguagem verbal:

● Palavras escritas
● Palavras faladas
Linguagem não verbal:

● gestos
● sinais
● sons
● cores
● imagens
● desenhos
● expressões faciais
● expressões corporais
Língua
A língua é um conjunto de
palavras organizadas por
regras gramaticais específicas.
É uma convenção que permite
que a mensagem transmitida
seja sempre compreensível
para os indivíduos de um
determinado grupo. Assim,
tem um caráter social e
cultural, sendo usada por uma
comunidade específica.
Fala

A fala é a forma pessoal de


expressão de cada indivíduo,
que possui uma organização
própria de pensamentos,
ideias, opiniões… A fala segue
as regras gramaticais da
língua, mas deixa margem
para a criatividade e
diferenciação na comunicação
em função de quem fala.
É influenciada pelo contexto,
vivências, personalidade e
conhecimentos linguísticos do
falante, apresentando diversos
níveis, desde o mais informal
ou coloquial, até o mais
formal ou culto.
Níveis da fala
● Nível formal ou culto;
● Nível informal,
coloquial ou popular;
● Nível regional;
● Nível vulgar;
● Nível gíria.
Nível formal ou culto
A linguagem formal é uma linguagem menos pessoal. É usada quando se
escreve para fins profissionais ou acadêmicos, como atribuições
universitárias. A linguagem formal não usa coloquialismos, abreviações ou
gírias.

A linguagem formal é utilizada sobretudo ao escrever, como em artigos


acadêmicos, e-mails comerciais ou relatórios, e também em casos de
palestras ou apresentações.
Características da linguagem formal
● Usada em situações formais, principalmente na escrita;
● É uma linguagem planejada, cuidada e elaborada;
● Privilegia a correção gramatical;
● Apresenta um vocabulário rico e diversificado;
● Utiliza estruturas sintáticas complexas;
● Ensinada na escola e usada na comunicação social.
Exemplo de linguagem formal
“Toda a civilização de massa em sistema de economia concentrada é
idêntica, e o seu esqueleto, a armadura conceptual daquela, começa
a delinear-se. Os dirigentes não estão mais tão interessados em
escondê-la; a sua autoridade se reforça quanto mais brutalmente é
reconhecida. Filme e rádio não têm mais necessidade de serem
empacotados como arte. A verdade, cujo nome real é negócio,
serve-lhes de ideologia.” (HORKHEIMER Max; ADORNO Theodor, A
indústria cultural como mistificação de massas, 1947. São Paulo:
Paz e Terra, 2002, p. 169)
Exemplo de linguagem formal
-“Tudo era matéria às curiosidades de Capitu. Caso houve, porém, no
qual não sei se aprendeu ou ensinou, ou se fez ambas as coisas,
como eu. É o que contarei no outro capítulo. Neste direi somente que,
passados alguns dias do ajuste com o agregado, fui ver a minha
amiga; eram 10 horas da manhã. Dona Fortunata, que estava no
quintal, nem esperou que eu lhe perguntasse pela filha.” (ASSIS,
Machado de.Dom Casmurro. São Paulo: Abril Educação, 1978, p.
218-20.).
Nível informal, coloquial ou popular

A linguagem coloquial, linguagem informal ou linguagem


popular, é aquela falada em situações cotidianas de
comunicação e em conversas descontraídas entre
familiares, amigos, conhecidos, vizinhos,...,
Características da linguagem informal
● Usada em situações informais ou familiares;
● É uma linguagem falada, espontânea e despreocupada;
● Responde a necessidades de comunicação imediata do dia a dia;
● Aceita a existência de algumas incorreções linguísticas;
● Há um maior relaxamento em relação às regras gramaticais;
● Apresenta um vocabulário simples e expressões populares;
● Ocorre o uso de gírias e de palavras não dicionarizadas;
● Utiliza estruturas sintáticas simples;
● Permite a liberdade de expressão do falante;
● Está sujeita a variações regionais, culturais e sociais.
Exemplo de linguagem informal
Caramba mãe, parece que essa foto foi
ontem. A vida era tão boa e eu sabia. Você
sempre me salvando, eu tava em Espinho
jogando, morrendo de saudade dos meninos
e você deu um jeito de levar eles pra
passarem uma semana comigo. Só vc sabia
o quanto ver eles ia me fazer bem.
Amanhã eu chego em Portugal, pra aonde
todas as lembranças me levam pra você e
nossas andanças. (Trecho de um texto do
Instagram de Carol Solberg, 9 de julho 2023)
Nível regional

A linguagem regional está relacionada


com as variações ocorridas,
principalmente na fala, nas mais
variadas comunidades linguísticas.
Essas variações são também
chamadas de dialetos. O Brasil, por
exemplo, apresenta uma imensa
variedade de regionalismos na fala
dos usuários nativos de cada uma de
suas cinco regiões.
Exemplos de linguagem regional
Mineiro: “Esse trem tá bão demais da conta, sô!”

Baiano: “Oxente, pegue lá um capote (agasalho) que hoje vai fazer frio.”

Gaúcho: “Meu café da manhã foi cacetinho (pão francês) com tererê (chimarrão).”

Paulista: “Achei que fosse tomar breja na faixa (cerveja de graça), tá embaçado (ruim).”

Amazonense: “Esse lugar está até o tucupi (cheio demais), e o pior é que estou brocado
(faminto).”

Goiano: “Não vou sair, tô na pindaíba (sem dinheiro) e essa casa tá um pizeiro
(bagunçada).”
Nível vulgar

A linguagem vulgar pode ser considerada o oposto radical da


linguagem formal. Nesse tipo de linguagem as regras
gramaticais são totalmente ignoradas e não há concordância
nominal ou verbal.
Exemplos de linguagem vulgar
Nóis vai junto lá
Nóis precisa cumê
A gente vamo junto
Nóis fala sobre isso mais tarde
É pra mim ler
Nível gíria
A gíria é um estilo associado à linguagem coloquial/popular como
meio de expressão cotidiana. Ela está relacionada ao cotidiano de
certos grupos sociais e podem ser incorporadas ao léxico de uma
língua conforme sua intensidade e frequência de uso pelos
falantes, mas, de maneira geral, as palavras ou expressões
provenientes das gírias são utilizadas durante um tempo por um
certo grupo de usuários e depois são substituídas por outras pelas
novas gerações.
Exemplos de antigas gírias
Calhambeque: carro velho
Patota: galera, turma
Sebo nas canelas: apressar-se
Grilado: chateado
Tutu: dinheiro
Pindaíba: falta de dinheiro
Mangar: rir da cara de alguém
Jururu: palavra indígena que significa desânimo, falta de alegria

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