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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA

Departamento de Engenharia Mecânica

SEMINÁRIO II

ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL

18 de abril 2023

Ética e Deontologia Profissional Rev. 0 – Abril 2022 1


Revisões ao Conteúdo dos Slides
Data Descrição

Rev 0 – 04-04-2022 Novos slides redigidos a partir do artigo “Uma ética para as empresas”, da autoria de Igor Caldeira, in Ética –
Teoria e Prática, Coordenação Cristina Beckert et al., Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, 2012 (pp.
605-618)
As imagens e fotografias apresentadas nestes slides estão disponíveis na internet e podem ter direitos de
autor, pelo que não podem ser copiadas ou exploradas comercialmente por terceiros, destinando-se única e
exclusivamente a fins didáticos.

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Uma breve introdução
à ética empresarial

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1. Porquê uma ética empresarial?

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• Lawrence Kohlberg nasceu em 1927;

• Licenciado e doutorado em Psicologia;

• Ensinou nas Universidades de Yale,


Chicago e Harvard;

• Expandiu as teorias de Piaget sobre o


desenvolvimento cognitivo

• Contribuiu significativamente para o


campo do Desenvolvimento Moral

• Faleceu em 1987.

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Modelo dos Estádios Morais de Lawrence Kohlberg
Nível Descrição Estádio
A Moralidade determinada pelo 1 - Punição e obediência
Pré-convencional interesse e pela necessidade 2 - Projeto instrumental
individual; troca
Respeito por normas e 3 - Expetativas mútuas e
B expetativas sociais interpessoais; relações,
Convencional conformidade
4 - Manutenção da consciência e
do sistema social
C Reconhecimento de princípios 5 - Direitos fundamentais;
Pós-convencional universais contrato social ou utilidade social
6 - Princípios éticos universais
Adaptado de Jürgen Habermas e Samuel Mercier

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R. Eric Reidenbach

Donald P. Robin
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Modelo de Desenvolvimento Moral*
Estádio I Amoral As preocupações são apenas de custo-benefício
Estádio II Legalista O cumprimento das normas legais visa não sofrer
penalizações
Estádio III Responsivo Emergem situações de índole filantrópica (“amor à
humanidade”) e ações de mecenato
Estádio IV Eticamente As preocupações éticas adquirem maior
emergente consistência, plasmadas em códigos éticos ou noutro
tipo de mecanismos de institucionalização
Estádio V Eticamente Elaboração e adoção de princípios éticos fazendo
desenvolvido parte da vida das organizações e da sua forma de
trabalhar, e sendo interiorizados pelos funcionários e
reconhecidos pelo meio envolvente
* Proposto por Eric Reidenbach e Donald Robin
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Nível Estádios
Interno Externo
Pré-convencional Amoral Punição e obediência
Instrumentalidade
Convencional Legalista Conformidade
Responsivo Manutenção da consciência
e do sistema social
Pós-convencional Emergente Direitos fundamentais
Desenvolvido Princípios éticos universais

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Limitações ao desenvolvimento de processos de ética empresarial?

1 – Sociedade cujo ordenamento básico (constituição e legislação)


é baseado em princípios democráticos e respeitadores das
liberdades individuais.

2 – Toda a empresa deve estar disponível para empreender um


caminho que supere os interesses imediatos.

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2. Os sujeitos da ética empresarial

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O que é uma empresa?

Somatório de recursos – humanos, financeiros,


objetos, maquinaria – que se articulam, se
estruturam, com vista a atingir um fim comum.

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Terá a empresa uma identidade?

Se o negarmos pomos em causa a ética


empresarial: como afirmar que uma empresa se
guia por valores se ela não tem identidade?

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As empresas têm um ethos*, um conjunto de
características tangíveis e intangíveis que a
compõem. Quem tem um ethos tem capacidade
para atuar moralmente.

* Carácter moral, credibilidade, reputação, identidade

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Na ética empresarial, o sujeito é a própria
empresa.

A ética empresarial não se confunde com a


consciência individual e com a deontologia
profissional dos seus recursos humanos.

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Há pois um sujeito coletivo principal.
Há também sujeitos individuais – cada
pessoa envolvida com uma empresa é
uma parte interessada (“stakeholder”).

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Convém não confundir o conceito de
“stakeholder” com o de “shareholder”
(acionista)!

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O comportamento ético nas empresas não se
reduz apenas ao comportamento dos indivíduos
que nela trabalham face aos proprietários;
envolve todas as partes que com eles contactam
– trabalhadores entre si, fornecedores, entidades
públicas, etc.

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As partes interessadas podem ser categorizadas
em dois grupos:
– as que se integram no processo de produção
ou no fornecimento de serviços;
– as entidades externas que regulam a atividade
da empresa.

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Outra divisão das partes interessadas poderá ser a
seguinte:
– elementos internos (proprietários, administração,
trabalhadores)
– elementos externos (Estado, ONGs, clientes,
fornecedores, etc. ).

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3. O Agir

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a) Fins da empresa

O fim de uma instituição é a satisfação


de necessidades.
Uma necessidade à qual as empresas
respondem é a produção de bens ou a
prestação de serviços.

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a) Fins da empresa

O facto de o produto A ou o serviço B


serem consumidos não torna menos
apropriadas atitudes irresponsáveis
dentro de uma empresa.

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a) Fins da empresa

A legitimação social é um processo


complexo na medida em que há
múltiplos fins a ser respeitados.

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a) Fins da empresa

Num primeiro nível, o fim de cada


empresa é a satisfação de
necessidades sociais.

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a) Fins da empresa
O segundo nível corresponde às quatro necessidades
primordiais que as empresas preenchem:
- Produção de bens ou prestação de serviços;
- Remuneração do investimento;
- Criação de postos de trabalho e respetiva
remuneração;
- Integração social dos indivíduos através do seu
trabalho.
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b) Além da lei e aquém da filantropia

O desafio ético da empresa face à


sociedade é obrigar-se a fazer mais
do que simplesmente cumprir as
normas às quais está obrigada, i.e.
colocar-se além da lei.

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b) Além da lei e aquém da filantropia

“Não chega pagar impostos”.


O recurso a sistemas de encobrimento de
lucros ou o aproveitamento de lacunas jurídicas
com vista à fuga aos impostos, mesmo que
legalmente possível, poderá ser eticamente
contestável.
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b) Além da lei e aquém da filantropia

A ética empresarial tem de estar aquém da


filantropia.
Isto não significa, contudo, pôr de parte
qualquer cooperação com instituições sociais
(públicas ou privadas).

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b) Além da lei e aquém da filantropia

A cooperação ética (não filantrópica) obedece


a critérios específicos relacionados com o
cumprimento dos fins da empresa, da
satisfação das necessidades da qual resulta a
sua legitimação social.

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c) O lucro

O lucro é a contrapartida que o investidor


tira do dinheiro que aplicou.
Portanto, o lucro não é um fim em si
mesmo, mas um meio.

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c) O lucro

A ganância, a usura ou a avareza são


substantivos associados à noção de lucro
ou tomados como seus sinónimos.

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c) O lucro

Eticamente, não fazendo sentido os


proprietários serem forçados a ter lucro,
também não faz sentido proibi-los de o ter.

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c) O lucro

Regra geral, é o lucro que permite a realização


de novos investimentos e, por conseguinte, a
continuação do negócio, a sua melhoria
contínua, a sua adaptação às mudanças, etc.

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4. Instrumentos de institucionalização
da ética empresarial

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Âmbito Instrumento Nível
Código profissional
Normativo Código de conduta Micro
Código ético
Conselho de Empresa, Comissão de
Orgânico trabalhadores, … Macro
Provedoria/Ombudsman
Associações e Centros de Estudo
Institucional especializados Molar
Organizações patronais, Sindicatos,
Associações de consumidores, ONGs, etc.

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Código de Hammurabi,
1750 AC, Louvre, Paris

“o forte não oprima o fraco”

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Normativo

Código profissional ou deontológico

Conjunto de normas de comportamento


que deverão ser seguidas pelos
profissionais de um determinado sector
de atividade.

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Normativo
Código de conduta

Conjunto de regras para orientar e disciplinar


a conduta de um determinado grupo de
pessoas de acordo com os seus princípios.
É geralmente utilizado por empresas,
organizações, classes profissionais ou
grupos sociais.
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Normativo
Código de ética

Fixa os direitos e deveres de uma


empresa – a partir da explicitação da sua
missão, visão e valores –, obrigando as
pessoas que nela trabalham a comportar-
se de acordo com o respetivo enunciado.

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Orgânico

Instrumentos que se concretizam em


órgãos que dão tratamento adequado às
reclamações das partes interessadas e
realizam assessorias éticas.

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Institucional

Instrumentos que se concretizam em


organizações patronais, sindicatos,
universidades, centros de I&D, ordens
profissionais, etc.

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5. Três desafios para a empresa ética

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a) O desafio organizacional

Apela à construção de relações internas que


permitam uma incorporação de princípios.
Não se trata de algo visível (não faz manchetes).

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a) O desafio organizacional

As organizações sofrem muitas vezes do


fenómeno da entropia (perda de energia em
sistemas fechados), em que as múltiplas partes
que as compõem deixam de comunicar.

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b) O desafio social

O combate ético centra-se em definir regras


mínimas de partilha de um espaço comum.
“Estratégia oceano vermelho” “Estratégia oceano azul”

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c) O desafio ambiental

A economia e a ecologia remetem-nos para a


oikos (“casa”) que partilhamos – o planeta Terra.
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b) O desafio ambiental

Segundo Peter Singer, «não há já


velhos nem novos mundos; temos
apenas Um só mundo».
O mundo único é finito, pelo que
os recursos têm de ser geridos
com parcimónia.

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c) O desafio ambiental

As empresas tem o dever de permitir que


as gerações futuras possam desfrutar de
bem-estar na oikos.

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6. Áreas conexas à ética empresarial

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a) “Corporate governance”

O relatório Cadbury define o governo das


sociedades como «o sistema através do qual
as empresas são dirigidas e controladas por
conselhos de administração que respeitem as
leis, as normas internas e o interesse dos
acionistas» (1992).
Disponível em: http://cadbury.cjbs.archios.info/report

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b) Responsabilidade social

A responsabilização das empresas pode ser


operacionalizada a quatro níveis: económico,
legal, ético e discricionário (a filantropia).
Os dois últimos formam o corpo principal da
responsabilidade social das empresas.

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c) Desenvolvimento sustentável

Preocupação de ter em conta o impacte ambiental do


desenvolvimento económico:
- Cimeira de Estocolmo (1972): articular o
crescimento económico e a proteção ambiental
- Cimeira do Rio (1992): integrar a equidade social
no conceito de desenvolvimento sustentável
(Agenda 21).
- Acordo de Paris (2015): manter aquecimento < 2ºC
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